imagem: google
Conheço uma menina e um menino.
Já os conheço há muito tempo. Ela aí há uns 15 anos. Ele aí há uns 12.
Fui quem instigou o menino a perder o medo que tinha de agarrar na menina e finalmente lhe espetar o beijo que ambos tanto queriam.
São as únicas pessoas que conheço que podem dizer ter testemunha do primeiro beijo que deram.
Fui quem ficou sozinha no meio de uma discoteca à espera que o mesmo terminasse para poder voltar para o meu lugar.
Fui quem ajudou a fazer as panquecas com chocolate que eram tão carinhosamente levadas embrulhadas em papel de alumínio ao local de trabalho do menino para lancharem.
Fui testemunha da alegria e puro contentamento, da paixão e amor que viveram durante o namoro.
Era comigo que ela se desculpava quando queria ir ter com ele (para os pais não chatearem).
Era deles que tinha inveja enquanto casal.
Fui quem a calçou e acendeu os cigarros no dia do casamento.
Era comigo que ela vinha ter quando discutiam.
Era a mim que ele perguntava coisas para a tentar perceber melhor.
Era na casa deles que eu andava como se fosse minha.
Era de mim que ela ouvia coisas que nem sempre sabiam bem.
Era dela que eu ouvia coisas que nem sempre sabiam bem.
Fui quem esteve com ela quando admitiu que não queria mais aquele casamento.
Fui quem esteve com ele nesses dias a tentar explicar as coisas, a tentar ajudar naquela dor que não compreendia e não queria.
Fui a primeira a “desaprovar” da forma como ela estava a resolver as coisas.
Foi com ele que briguei e falei, à socapa, para ver se ele não a afastava ainda mais.
Fui quem nunca se admirou por eles, seis meses depois, ainda não terem falado de divórcio.
Sou quem nunca perdeu fé que duas alminhas daquelas só podem acabar juntas, por muito afastadas que tenham de estar até entenderem isso.
Sou a que sempre sentiu que aquela história não vai ficar por ali.
Sou a que os vê apenas como desencontrados.
Sou a que espera que abram os olhos a tempo de se verem novamente.
Sou a que acredita que em certos casos, há afastamentos que vêm por bem, que não são fins, que são apenas isso: um afastamento.
Conheço uma menina e um menino. Ela aí há uns 15 anos. Ele aí há uns 12.
Andam desencontrados.
17 comentários:
Isto atenta ao meu coração de pedra. Vamos a parar com estas histórias.
É por estas e por outras que te gosto tanto!
Mas às vezes é mesmo assim, não é? As pessoas desencontram-se. Ou nem se chegam a encontrar.
:(
Miga, não desistas!
Os desencontros acontecem e é bem preciso ter alguém que nos faça ter a noção disso!
Beijo
Piston,
Tu, no fundo, no fundo, no fundo, és um Piston sensível e coração mole e lindo... Exactamente como os Pistons devem ser.
:)
K,
Às vezes é mesmo assim. Feliz ou infelizmente. Já dizia sei lá quem: better to have loved than never to have loved at all...
Beco Escuro,
Ohhhh. Concordo.
(obrigada pela visita...)
S,
Nada que eu possa fazer, nina. Já disse isto à menina em questão... o "destino" encarregar-se-á do resto (e se eu puder dar uma mãozinha como dei há 12 anos atrás...)
:)
Olá Me,
sinto que cada vez mais vivemos desencontrados. Umas vezes porque sim e outras porque precisamos que assim seja. Talvez os desencontros sejam uma forma de concedermos tempo a nós e sentirmos falta do outro, dos seus defeitos. Talvez seja um espaço necessário à re-construção da relação. Talvez os desencontros precisem de um tempo próprio para que se saiba aproveitar e reconhecer os encontros. Ou talvez as opções sejam erróneas e somos nós que ao adiarmos tanta coisa, principalmente os sentimentos e as emoções, sejamos os reponsáveis pelos desencontros.
Espero que os teus amigos se reencontrem :)
Olá Lizard!
11 anos de casamento... vida em comum... 11 anos onde, algures pelo caminho, as coisas se desencaminharam. Não deixou de haver amor, penso eu. Deixou de haver aquele tal terreno comum para o viver. Obras. Acho que precisam de fazer obras.
Também espero que se reencontrem, nem que seja num reconhecimento mútuo de que farão sempre parte da vida um do outro.
Tankiú por visita (sei que andas mais que atarefada).
Beijos, linda.
Chiça!
Tu és de facto uma alcoviteira.
Oh tu que borbulhas,
:P
(e tu não és nada cusco, não. até transcreves conversas inteiras para o teu blog...)
Cada vez que puseres o pé no acelerador, lembra-te que há muitos de nós envolvidos no processo (e que temos que ser bem rijos).
Não há cá tempo para sentimentos.
Achei o texto fantástico!
Na verdade, fala de ter esperança em algo em que hoje poucos acreditam...amor verdadeiro!
Também eu gosto de acreditar nele, mesmo quando a minha cabeça me diz o contrário...o coração continua a "arriscar"!
A ver se se encontram de novo... senão, há merda pela certa.
Piston,
É verdade... Mas nada tens a temer. Sou boa condutora, a "cool driver" cá do estaminé.
Tempo para sentimentos há sempre... nem que seja de fugida, à socapa... Mas vá... vou recalcular caminho para evitar buracos e coisas desconfortáveis do género...
:)
Elisabete,
Eu sempre acreditei e acredito nessa coisa do amor, por muito efémero que possa ser... Acredito mais naquela coisa de haver duas pessoas que, por muita água que passe por baixo da ponte, estarão sempre ligadas uma à outra. Estes dois estarão. Mesmo que nunca mais se encontrem. Acho que isso, a noção disso, por enquanto é o suficiente para eles... A paciência é uma virtude. O "timing", uma arte.
(um empurrão meu um bem essencial...)
:)
PKB,
Oh. Merda não haverá. Já houve! Ver se conseguem desinfectar tudo, deixar tudo limpinho e em condições... Só depende deles.
Beijos, Passaroca!
:)
Estou a atravessar uma fase na minha vida em que acredito pouco que essas coisas se reparem e limpem. Mas isto sou eu, que passei de pragmática a completamente cínica e sem qualquer esperança ou fé no amor ou lá o que isso possa ser. A ver se a vida faz com que mude de opinião. Estou cansadita, Me-zinha. Mesmo cansadita...
Desgarrado,
Nem mais.
PKB,
Se é uma fase... há-de terminar, vais ver.
:)
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