26.2.11

Limito-me.


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De vez em quando, tudo pára. E quando tudo pára, resta a música, as vozes, as palmas, as batidas, os pedidos, as vozes que se unem nos refrãos, as que se destacam e deixam as restantes reduzidas a suspiros.
Há quem tenha a sorte de nascer no mundo dos sons, no mundo que se expressa por acordes e notas, por doces laivos de guitarra, de viola, de voz. Por fortes batidas que estremecem o ar, por suaves silêncios que suspendem a respiração, tornando-os quase violentos de tanto se querer continuar a ouvir e ouvir e ouvir. Por letras e poemas que, somos capazes de jurar enquanto cada palavra nos inunda o cérebro e o coração de memórias e sentimentos, foram escritos a pensar em nós. Há quem, e por simplesmente ter nascido com a inata capacidade de conseguir meter os outros a sonhar enquanto se deixam envolver por uma qualquer melodia ou toque de corda, consiga fazer com que se transponha o mundo do apreciar algo, para aquele outro em que o peito se torna demasiado pequeno para as emoções que surgem e em que os olhos se fecham de modo a que nenhuma delas possa ser perturbada pela visão quase dolorosa, curiosamente, de quem as puxou e com elas brinca como se fossem berlindes aos tombos numa palma de mão.
Dizem, e bem, que quando falham as palavras, é aí que surge a música. Dizem, e mais que bem, que quem consegue viver isso e trazer essa falta de palavras dentro de si com uma graciosidade e aceitação tal que por vezes se é capaz de escolher exactamente como e quando as mesmas devem falhar, são seres abençoados, superiores, que carregam o fardo de sentir tudo a um ponto tão minuciosamente delicado que a única forma de não enlouquecerem é permitir que a música saia e seja entregue ao mundo, ao universo e às almas de todos quanto consigam e desejem partilhar o bem-dito fardo.
Fado, expliquei-lhe, significa Destino. Fado, continuei, é amor ouvido, são corações partidos que gritam, são amores perdidos que não se calam e que choram por se encontrar. Fado, acrescentei, é a emoção e o sentimento em forma de som arrancado de sítios que por vezes se desconhece que se tem. E é tão forte que para o bem cantar e tocar, fecha-se os olhos, olha-se para dentro, rebusca-se o de mais doloroso ou o de mais doce e tranquilo, agarra-se e atira-se isso tudo cá para fora, direitinho a todas as dores e doçuras enterradas em quem o ouve.
Agradeceu-me a explicação. Disse que, como não era de cá, já conseguia começar a entender melhor o porquê daquele clima, daquele ambiente que, de um momento para o outro, saía do registo de palmas e de cantoria geral para um silêncio tão profundo que quase parecia que ninguém respirava. Entendo-vos melhor, disse, enquanto me passou a mão pela cara e me sorriu. Até para o explicar se emocionam, acrescentou. Vê-se nos teus olhos.
Daquela mulher, quase que senti uma certa pena por ela, já com alguma idade, nunca antes ter tido a experiência do que é, por uma noite, calar as palavras que há em nós e permitir que os abençoados, os Destinados, os Fadistas, nos invadam as almas sem o mais pequeno pudor ou respeito pelas consequências de tal acto. Correm lágrimas? Que corram. Alegram-se corações? Que sorriem. Contorcem-se caras, incapazes de suportar, sem o mostrarem, o devastador peso de tudo quanto de repente se sente a mexer em nós? Que assim seja.
Disse-lhe que sentia que deveria agradecer a algo ou alguém a sorte absolutamente avassaladora de, de vez em quando, me encontrar em sítios onde tudo quanto se ouve é para se sentir. Que me sentia tão grata, mas tão grata, que só me apetecia gritar um enorme Obrigada a quem o quisesse fazer seu.
Tenho uma das sortes mais bonitas que se pode ter: um grupo de amigos que se expressa por, para e pela música. Um grupo de amigos que, em noites de copos, fazem as delícias dos presentes ao trazerem certas canções, certas músicas, certos cantares para a mesa como convidadas de honra. E depois, como se isto não bastasse, tenho a suprema das sortes mais bonitas que é, de vez em quando, poder vê-los em contexto de “actuação”, em que puxam ainda mais pelas vozes e pelas mãos, pela arte, mostrando exactamente até que ponto a música vive neles. E é aí que eu, recostada num enorme e confortável sofá, numa espécie de adega mal iluminada e com lareira a arder ali ao lado, me limito a olhá-los com ar embevecido, com peito a explodir de orgulho e vaidade e enquanto luto por encontrar outra palavra que não “Obrigada” para lhes dizer, me limito a deixá-los inundar-me com todas as dores e doçuras deles, certa de que encontrarão as minhas e que juntas se fazem ouvir e provam que nestas coisas do Destino, há mesmo quem nasça Fado. 

18.2.11

Portem-se mas é bem!


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Desculpem lá, mas vamos ter que bater mais um cadito no velhinho.
Como é que é possível que ainda se acredite no amor a partir de uma certa idade ou experiência de vida quando quanto mais tempo cá andamos, mais provas temos em como isso é tudo um granda balde de merda mal cagada????
Eu podia, mas nem vale a pena falar das traições, das ilusões, das mentiras, das expectativas, das decepções… de todas as merdas que as pessoas fazem umas às outras e que apenas provam que são pequenas, inseguras, incapazes de amar ou de ser amadas.
Mas porque é que as pessoas fazem tanta, tanta, tanta merda e depois reclamam que não têm o que mais querem e desejam? Que se sentem sós? Que não se sentem amadas?
Porque é que as pessoas metem os pés na merda até ao pescoço e depois ainda reclamam que a confusão gerada só provém do excesso de controlo da outra pessoa (claro… não tinha nada que ir ver onde andava a menina às 5 da manhã quando devia estar em casa  - dela – e não estava… mas o que é isto?)?
Porque é que se mente e dissimula e engana? Porquê?!?! Aliás, para quê?? O que é que se ganha com isso? A oportunidade de saber o que é sentir remorsos e arrependimento? É isso que se ganha? Uma história para contar? Farta de ouvir histórias e de as ver a desenrolar à minha frente. Informação a mais!!!!
Conheço tanta gente que anda cabisbaixa, infeliz, miseravelmente triste com as vidas que levam e que, em vez de as mudarem, não. Cagam em tudo e todos, perdem toda a noção de respeito e de amor-próprio e desatam numa espécie de corrida até aos submundos da estupidez humana para ver até que ponto conseguem dar cabo deles próprios e da outra pessoa. Quase como se fosse um desafio! Uma medalha de honra, partir o coração a alguém!
As pessoas, ao que parece, esquecem-se que gostam umas das outras! Foda-se! Esquecem-se! Andam tempos e que tempos atrás de alguém e passadas as primeiras semanas ou meses de folia da boa-boa-boa, esquecem-se! Já não interessa! Mas qual amor, qual carapuça! Já nem se lembram que quem ali têm ao lado era a pessoa mais maravilhosa de sempre e que lhes fazia suar de fininho de cada vez que chegava dois minutos atrasada a um encontro marcado. Esquecem-se o que tiveram de fazer para ganhar a confiança e amor da outra pessoa. ‘Tá no papo, ‘tá no papo e pronto! Quase que parece que fazem de propósito para depois poderem andar a fazer merda atrás de merda, mas com rede de segurança!
Foda-se. Farta de gente mal estruturada e mal formada que dá tanto valor à pessoa da qual gostam (Pois! Imagine-se se não gostasse!) como eu dou às ervas daninhas que crescem nos campos da Mongólia. C’um caralho.
C’um caralho para esta merda.
Eu ainda acredito, mas foda-se, não me testem a fé! Assim não!
Portem-se bem, foda-se. Portem-se mas é bem.

17.2.11

Hmmm...


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Sabemos que algo não está bem quando os 4 Ps do Marketing passam a ser aplicáveis à vida das pessoas.
Hmmmm… 

11.2.11

Mini-Pesquisinhas Deprimentes… Só para matar saudades.


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Dentro do espírito masoquista que tão bem caracteriza o Tasco, só que em versão “small is beautiful”, ei-las:
  
Secção: Tasco transforma-se em Plataforma Anti-Governo/Oráculo/WC
o dia em que sócrates ha-de virar merda – Ora, bem. Ainda que seja sobejamente conhecido que o OMQ não toma posição política em relação a seja o que for ou quem for, admite-se uma certa curiosidade em ver tal coisa a concretizar-se. Há os sapos que viram príncipes. Porque não um político que vira merda? Why, not?, I say!! Why not?!

Secção: Google - O motor de busca mais incompreendido do mundo
mostrar seu filha da puta canais Funtastic – Calma, pá! Calma! Esse tom não te vai levar a lado nenhum! Caredo! Pede lá como deve ser, vá. Pede como deve ser!
castrado ver Priberam – Inteira ver Porto Editora. Toma!

Secção: Sou mentalmente perturbado e no spik do portugêz
animais comendo a rata das mulheres – Há rações muito proteicas e cheias de vitaminas das boas, boas, boas… Eukanuba, por exemplo. Não é preciso recorrer a este tipo de alimentação. Coitadinhos dos animais. Qué dê a Liga Protectora dos Canitos quando se precisa dela?! Hein?!

Secção: Ouvi dizer que havia um blog onde se aprendia a fazer estas coisas
como felaciar – Não digo! Não digo! Não digo!

Secção: Sou um gajo cheio de esperança e gosto de saber que não gasto o meu tempo em vão
bater punhetas faz crescer a pila? – Ouve lá, se assim fosse, onde é que tu já ias?? Hmmm?

Secção: Como ser boa dona de casa
como tirar a mancha de merda de um vibrador de silicone – Oh, pá. Caga nisso. Mete na máquina.

E pronto. Assim vai o mundo.
Bom fim-de-semana, minha gente. Bom fim-de-semana.

9.2.11

Ainda


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“Ainda acreditas no amor?”, perguntou-me.
Resistindo ao instinto de responder com um “Não” seco e redondo, prova de que a falta de fé teria ganho mais uma batalha nesta guerra dos amores e desamores, respondi: “Sim. Mas não como dantes. Nem na parte do amor, nem na parte do crer. Mas, sim. Acredito”.
Ora bem.
E eis que se descobre, com uma simples pergunta, que existem dois problemas eventualmente a necessitar de resolução: um referente ao amor e outro referente ao crer.
Periclitante problemática.
Isto já quase que parece aquela questão da galinha e do ovo: o que veio primeiro? O Amor ou a Crença? Há Amor sem Crença? E Crença sem Amor? É como aquela outra cena dos extraterrestres? Que não existem mas que os há, há?
Há pequenas perguntas que me baralham. Pequenas respostas que baralham ainda mais.
E isto tudo para não falar nas “responsabilidades” que temos em perpetuar ou não o sistema… Se apanharmos com alguém Descrente, transformamo-lo num Crente? Mesmo que seja à custa do nosso próprio Crer? E os Crentes? Deita abaixo para aprenderem a não ver o mundo tão cor-de-rosa? Imbuir-lhes com um bocado de “tough love”?
Às vezes pergunto-me se não será por andarmos todos trocados com estas coisas do acreditar no amor e no crer e no amor dos outros e no nosso e no do raio que o parta, que andamos sempre ou meio passo atrás ou meio passo à frente uns dos outros. Sempre desencontrados. Nunca coordenados. Sempre descentrados.  
Acho que é uma boa pergunta para se fazer a seja quem for. Talvez as respostas ajudem a que se acertem os passos, os andamentos, os caminhos, os movimentos, as idas e vindas. Nem que seja a música. Ao menos que dancemos todos à mesma música.
Periclitante, de facto. 

3.2.11

Ilusões de Óptica


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Levem-no e apontem-no para onde mais quiserem, desejarem ou precisarem.
Há grandes verdades nos sítios mais improváveis. C'um catano. 

Bom fim-de-semana, minha gente. Bom fim-de-semana.