28.12.09

Venha daí

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O ano de 2009 era, para mim, o ano da expectativa, da vingança contra o universo por me ter dado um 2008 tão merdoso, da esperança e da fé de que acontecem sempre coisas boas a quem é boa pessoa. Peguei nas minhas fichas todas e, num salto de puro crer e acreditar, apostei o que tinha e não tinha em tudo quanto eu achava necessitar de mudança e melhoria na minha vida. Não perdi a aposta por completo (acho que nunca se perde nada por completo), mas sinto que saio prejudicada. E muito. O ano termina em baixa, tal como 2008. Com uma sensação de tempo mal investido (mas não perdido). Com uma sensação de ter perdido mais do que ganhei, de a balança ter ficado desequilibrada (mas não vazia). Ao que parece, tenho uma vida um pouco cíclica e o último trimestre do ano é o que bórra a escrita toda. O último dia de 2008 foi, como tive oportunidade de dizer na altura, um abrir de portas e janelas que permitia antever que o futuro seria, no mínimo, risonho. E foi. Durante uns bons tempos, lutei e esforcei-me para meter bem o que estava mal, fui atrás de uma data coisas, incansável e teimosa, cheia de fé. Eu brilhava de antecipação e adorei a sensação de acreditar estar a escolher um caminho que não poderia dar errado, de estar a construir hoje o meu amanhã a vários níveis… a todos os níveis. Eu cuspia na cara da adversidade, fazia grandes manguitos ao universo, respirava fundo e quando olhava à minha volta, acreditava merecer tudo quanto me rodeava, mesmo que nada fosse perfeito (nunca é…). Meti os pés pelas mãos, troquei-me toda, andei perdida, fiz merda, enganei-me e possivelmente enganei outros, mas também acertei em muita coisa, fiz bem muita outra e tive alguns sucessos, tal como pertence ser a vida de uma pessoa normal. Foi um ano em que houve intervenção boa e má em todas as áreas da minha vida… sem excepção. O ano que agora termina é, apesar de tudo, de todo o bom que houve, o ano das expectativas goradas. O ano em que se deram as maiores mudanças na minha vida e em que eu me empolguei e vivi muita coisa até ao limite. Entusiasmei-me com tudo. Construí castelos no ar, enfeitei-os e andei a mostrá-los a toda a gente. Acreditei em demasia que teria o poder, a vontade e a força para que tudo corresse bem. Fui ingénua e mostrei-me como sendo muito mais forte e resistente do que o que realmente era. Acreditei plena e piamente que seria capaz de tomar as rédeas da minha própria vida e que tudo acabaria em bem. Deixei de acreditar quando começaram a haver noites em que me assolava um terrível medo de estar a falhar. De as coisas não estarem a bater certo... O pânico de sentir que se calhar não deveria ter feito tantos manguitos ao Universo… que o cabrão tem boa memória e não perdoa. O ano que agora termina é o ano em que descubro a menina que há em mim, a menina pequena e frágil que sempre cá esteve mas que era deixada a um canto enquanto se andavam a travar lutas e batalhas em prol daquilo que é ser Mulher bem orientada e resolvida. Não lhe dei atenção e ela, esperta, foi crescendo e crescendo até se conseguir levantar e dizer: Foda-se, agora quem manda aqui sou eu. Eu ainda tentei sossegá-la. Shhh, nina… Shhhh…. Agora não… vais estragar tudo, nina… shhhh… por favor… agora não… Demasiado tarde. Foi-se a Mulher, ficou a Menina a reclamar por tudo quanto tinha direito. Furiosa por todos os não-momentos que viveu, por todas as coisas que não sentiu, por todas as coisas que não viu, que não disse, que não fez. Furiosa. Cansada. Farta. Não deposito expectativa nenhuma em 2010, por assim dizer, mas pelo menos já não é 2009, o ano que veio depois de 2008 e que era suposto ser um marco daqueles enormes e bons que quando lembrados fazem sorrir e aquecem o coração. Posso até sorrir-lhe ao recordar-me, mas é de coração partido por tudo quanto não soube ter e fazer, por tudo quanto não soube ser, por tudo quanto achava que sabia e queria, por tudo quanto apostei e perdi, por tudo quanto pensava ser certeza e incerteza, por tudo quanto achava que era certo ou errado, por tudo quanto achava ser por direito, por tudo quanto achava que seria capaz de alcançar, por tudo quanto tive medo de falhar, por tudo quanto não agarrei por não me achar capaz ou digna. Venha daí então o novo ano. É mais que bem-vindo. Não para que possa haver vida nova, nada disso, mas para que venha finalmente algum sossego do rebuliço que caracterizou 2009 e para que eu, Menina Mulher, possa respirar por conta própria com os pés bem assentes na terra, o coração bem protegido no peito, os olhos bem abertos e postos em quem me acrescenta e as mãos dadas com quem sei que nunca me deixará cair. E sem castelos a voarem pelo ar, tapando o sol e fazendo sombra onde não faz falta nenhuma. Ficam aqui os meus votos para que todos pensem no ano que aí vem não como uma desculpa para deixar coisas para trás, mas sim como uma enorme oportunidade para levar tudo para a frente, por caminhos que normalmente não fariam, os menos óbvios, os mais compensadores. Bom ano, minha gente. Bom ano.

24.12.09

Estrelas

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"Está tanto vento que até as estrelas abanam".
Achei bonita a frase, apesar dos apesares. Que todos, nesta altura, tirem tempo para ver as estrelas a abanar... seja por haver vento ou não. Beijos a todos.

21.12.09

Vá-se lá saber.

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Não sou gaja de me zangar com as coisas ou com as pessoas. Posso ficar afectada, chateada, às vezes até irritada, de má cara… mas zangada de explodir, gritar, espumar, mandar vir… eh, pá… não. Consigo ser cáustica, brutalmente sarcástica e ruim, consigo meter o dedo até ao cotovelo exactamente onde dói… mas não me zango. Estranho isto, né? Tenho vindo a perceber que só tenho a perder com isso. Por muito que eu fique a remoer as coisas, por muito sono que perca, o facto de eu ser assim tão “pacífica” só me prejudica. O que não significa que não refile ou que não diga o que tenho a dizer… não. Apenas não sou de confrontos… de confrontar de forma agressiva ou de permitir que o façam comigo. Sou, para mal dos meus pecados, demasiado simpática. Foda-se. Mas depois sou eu quem fica com as merdas atravessadas na garganta (lá está… sou uma mulher dominada e o domínio começa na garganta) e os outros escapam-se na maior, como se nada fosse, sendo que a única coisa má que vêem é o meu virar de cara, o meu desprezo ou então meia dúzia de bocas meio foleiras que nunca chegam a fazer grande mossa porque eu tenho a mania de ser inteligente e isso, às vezes, é demais para certas pessoas, ou serei eu a evitar o confronto assim desta maneira preferindo dizer algo que não se entenda de modo a não ser mesmo entendida e evitando assim a coisa do coiso e tal??!?!? Ai a catrefada de berros que eu devo ao mundo. Punhados e punhados de gritos histéricos, de “Vai à merdas!”, de “Vai-te foderes!”, de “Desaparece-me da frente seu boi da beira/vaca leiteira!”, de “olha que levas nos cornos se não te calares oh furúnculo andante!”. E a quantidade de adjectivos que deviam ter sido cuspidos em raiva, braços a abanar e aos saltos e não foram? UI!!! E eu que consigo ser tão criativa com essas coisas! Em definitivo, eu só tenho a perder! Não exercito a mente, não treino a projecção de voz, perco oportunidades de fazer exercício… Realmente. Sou uma coração mole que prefere não ter chatices do que andar com as ditas atrás, ou à frente, ou em cima ou por baixo… seja onde for! Se as coisas correrem mesmo mal, prefiro fazer de conta que a pessoa não existe mesmo e pronto. Mas não me chego a zangar! Ainda fico é com pena! Não faço assim uma cena tipo teatro em que se atiram coisas e se levam com coisas em cima, por exemplo. Em que há lágrimas a voar, ataques de arrancares de cabelo, empurrões e estalos e pragas até à sexta geração e coisas assim que trazem pequenas alegrias aos vizinhos. Eu vou pelo caminho do racional, da conversação, do argumentar… do dar espaço, do pensar, da lógica e raciocínio… do perguntar e responder. Do entendimento, do perceber. Bem que me posso esmifrar toda às vezes, mas de facto há alturas em que não há entendimento possível! Admito que tudo isto possa ser uma bela perca de tempo quando o mais eficiente e eficaz seria um murro nas fuças, um ladrar de “Vai-ta para a enorme puta que te pariu!” e um empurrão qualquer que ajude a pessoa a seguir caminho para bem longe. Eu devia zangar-me mais vezes, mas não o faço. Às vezes penso que sou incapaz. Mas depois, quando o estômago se revira e o sono não chega, sei que há aqui qualquer coisita… tenho é problemas em partilhar. É isso. Tenho problemas em partilhar e de direccionar a coisa para o sítio certo. E depois, como não partilho, as coisas vão-se acumulando na garganta e quando se tornam mesmo más, descem para a porra dos brônquios e tenho princípios de broncopneumonias que me atiram para estados de graça em que respirar sem tossir e sem que o ar faça barulho no peito pareçam dádivas divinas. Eu sou uma mulher dominada pelo medo da partilha!!! E aí não há torrada com azeite que me valha!!! Mas pronto. Tenho de rever esta minha política… ou forma de estar. Treinar uns olhares zangados ao espelho… arranjar uns insultos pré-feitos para atirar assim que surgir oportunidade… treinar aqueles avanços aos saltinhos em que parece que se vai aterrar em cima da cabeça da pessoa… treinar umas caras de ameaça com esgares de dentes que prometem dor física extrema… Coisas assim de quem está muito zangado… Ou isso ou então estas droguices andam a deixar-me tão zen que me estou pouco a cagar para o que não interessa, a cena do não conseguir dormir tem a ver com o facto de não me andar a cansar (como é suposto) e a cena das voltas no estômago tem a ver exactamente com a quantidade de droguices que tenho andado a tomar. Vá-se lá saber.

16.12.09

Desculpe?

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Pois é, gente… quem não se cura bem à primeira, fica pior. Ontem à tarde, lá fui eu novamente para as urgências pronta para pedinchar as tão desejadas injecções. Nada feito. Em vez disso, fui presenteada com experiência surreal… Depois de me ter inscrito para consulta, decidi ir-me embora da sala de espera… estava cheia de gente, eu não estava nada bem e entre não estar bem e ficar pior, decidi ir aquecer-me para outras pastagens. O recepcionista assegurou-me que poderia voltar daí a uma hora que não ficaria sem a minha vez. Assim fiz e é claro que quando voltei, uma hora depois, já tinha passado a minha vez. Não vale a pena deixar aqui os pormenores entretanto passados e que me levaram a finalmente ser consultada. Digamos que eu precisava mesmo ser consultada e não descansei até me plantar à frente de um médico… Estando eu devidamente plantada à frente do médico, expliquei que tinha estado ali na quinta passada… informei o que andava a tomar… tudo certinho. Sr. Doctor – Amigdalite? Hmmm... Deixe cá ver… Eu – Ahhh… veja… o pus a escorrer, a garganta inchada… Sr. Doctor (apalpando-me os ouvidos) – Dói? Eu – O quê? Sr. Doctor – Se dói? Eu – Não… mas a garganta sim… Sr. Doctor (enfiando-me espátula quase até ao estômago) – Ahhh… pois… ‘tá bem… Eu – Amigdalite, certo? Daí os antibióticos que a sua colega me receitou, certo? Mas eu estou pior… e não devia estar… Sr. Doctor – Não. Você tem gripe. Eu – Gripe?! Desculpe?! Sr. Doctor – Diga-me lá uma pessoa neste país… uma pessoa que seja!... que não tenha gripe nesta altura…! Eu – Mas… as bolinhas de pus? Os inchaços? Gripe? Nem ranhosa estou! Nem espirro! Sr. Doctor – O que é que anda a tomar? Eu – Isto e aqueloutro e uma coisa para bochechar… a sua colega… Sr. Doctor – Pois… a minha colega… não devia tomar nada disso. Betadine para a garganta. É o que eu faço. Veja… está aqui… pego nisto e tipo biberão, é só bochechar… Isto é só nosso… não se empresta a ninguém… por acaso este estava lá por casa e a minha mulher e filhas disseram que era meu, mas podia não ser… não tenho problemas desses… Eu – Ahhh… Sr. Doctor – Aspegic. Eu – Desculpe? Sr. Doctor – Às refeições… Eu por acaso agora não ando a comer porque ando com diarreia… passei a noite para a frente e para trás e nem como. Nem se deve comer! Se sai logo tudo. Azeite. Torradas com azeite… O mundo anda das avessas… já ninguém faz o que é suposto. O mundo anda virado ao contrário. Azeite! Eu – Azeite… Sr. Doctor – Porque não está em casa? Eu – Em casa? Porque tenho de trabalhar… e porque a sua colega só me deu um dia para ficar em casa… na sexta… Sr. Doctor – Devia estar em casa. Na cama. Eu, qualquer coisinha que tenha, cama. Gripe? Cama. Diarreia? Cama. Você devia estar na cama. Eu – Mas eu tenho de ir trabalhar… não posso perder ordenado… e de qualquer das formas, não tenho justificação! Sr. Doctor – 7 a 9 dias em casa. Eu – O quê?! Sr. Doctor – Baixa. Vou pô-la de baixa. Até quando quer? Eu – Mas eu não quero sequer! Eu por mim levava as injecções e pronto! Sr. Doctor – Até sexta? Serve? Eu – Mas eu…!! Sr. Doctor – Betadine e aspegic a seguir às refeições. Três mais uma. Ceia. Torradas com azeite. Vai ver que cura logo essa gripe. Eu – Mas primeiro vou acabar de tomar os outros medicamentos… certo? Sr. Doctor – Como queira. E volta cá na segunda para eu a ver e para me dar razão quanto à minha terapia. Leite de burra… Também era bom… Eu – Leite de…? Sr. Doctor – Leite de burra, derrubar árvores e subir montanhas… Eu – Ahhh… desculpe? Sr. Doctor – Hehahehaheha!!! Não conhece? Eu – Ahhh… não… Sr. Doctor – Os antigos… leite de burra é o mais forte. Quem o bebe ganha tanta força que derruba árvores e sobe montanhas… hehahehahehaheha…!! Os antigos… esses sabiam perfeitamente como curar estas coisas… Eu – Pois… acredito… Sr. Doctor – Até o meu Pai… que era um alien… barriga cheia sempre. Comíamos até fartar e aí não havia nada que entrasse connosco… hehahehaheha!!! O mundo anda das avessas… Eu – Ahhhh… ok… então… a receita e a baixa… Sr. Doctor – Sim. Vai ver que tenho razão. Venha na segunda. Eu – Se me está a dar baixa até sexta, na segunda vou trabalhar, não posso vir cá… Sr. Doctor – Pode, pode. Até às oito. Deixo aqui o número de telefone na receita. Eu – Mas eu trabalho em Lisboa… não chego cá a horas… Sr. Doctor – Pois… Ahhhh! Nessa noite fico cá. Na pensão. Fica mais barato dormir aqui e eu até já conheço a senhora da pensão. Só na terça vou para o Carregado…Pode vir quando quiser. Eu – Ok…. Então…baixa até sexta… betadine e aspegic? Sr. Doctor – Quer mais? Eu – Eu nunca estive de baixa na vida! Você é que sabe o que é necessário! Mas por mim não ficava… Sr. Doctor – Vamos lá ver… tem problemas de coração? Eu – Ahhh… não… Sr. Doctor – Dores de cabeça? Eu - … Não… agora não… Sr. Doctor – Problemas de estômago? Eu – Ahhh… depende… às vezes… mas não, não tenho… Sr. Doctor – Dorme de boca aberta ou fechada? Eu – Desculpe? Sr. Doctor – É católica? Eu – Desculpe?! Ahhh… de boca aberta… Se sou quê? Sr. Doctor – Católica… Conhece esta cruz? (desenhou-me uma cruz com dois traços na horizontal.) É de um Santo daqui desta zona… devia conhecer… Eu – Ahhh… não… não conheço… Sr. Doctor – Boca aberta?! Você é uma mulher dominada! Tudo entra consigo! Bronquites! Asmas! Doenças respiratórias! Bronquiolites! Amigdalites! Faringites! Você tem de ir urgentemente a uma consulta de fisiologia para aprender a dormir de boca fechada… respirar pelo nariz! Você é uma dominada pela vida! Eu – Ahhhh… mas eu posso explicar porque é que- Sr. Doctor – Não precisa! Nem que contrate um guarda para a vigiar enquanto dorme! Tem de respirar pelo nariz! Eu – Ahhh… pois… e não, não sou Católica… Sr. Doctor – Isso… os antigos… a lei dos três A’s… Alimentar, abafar e aninhar (não me lembro do último A mas acho que era isto)… Tem de comer… torradas com azeite… chouriço assado… o que quiser e lhe apetecer… abafar… devia ir para a cama! E ficar lá… Aquecer-se e estar quente… Os antigos… esses é que sabiam! Eu – Pois… acredito… então… é tudo? Sr. Doctor – É. Vai ver que fica boa num instante. Tome lá os papéis. Eu – Obrigada. FIM --- Saí de lá numa espécie de estado de choque. Completamente estupefacta com tudo o que aconteceu. Ainda estou. O conceito de ser consultada passou a ter toda uma nova definição para mim. Qual Dr. House qual carapuça! E não, não estou melhor. Por muito bem alimentada e abafada, estou na mesma. Admito que ainda não fiz torradas com azeite e que ainda não contratei o guarda… talvez seja por isso. E assim vão as urgências deste país.

12.12.09

Se pudesse

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Os meus natais sempre foram um pouco diferentes do comum (vejam os posts…). Houve uma altura em que eram passados na companhia de amigos porque ninguém tinha família por perto. Lembro-me de árvores de natal tão atoladas de presentes que mal dava para ver a árvore em si. Gente por todo o lado. Camas feitas no chão… Lembro-me que cada ano se rumava para uma casa diferente onde todos se reuniam. Lembro-me que apesar de poderem estar aí uma 5 ou 6 famílias diferentes, havia sempre algo que as unia e que fazia com que o natal tomasse proporções inimagináveis. As refeições eram feitas a preceito. Nada era descurado. Nada. Era uma verdadeira festa em que o que realmente interessava era gente que se gostava estar junta e mais nada. Lembro-me de a minha Avó, uns anos mais tarde quando se juntou a nós, fazer tudo por tudo para que o nosso natal fosse o melhor possível em todos os aspectos. Ela conseguia transformar tudo num enorme festival de alegria. Lembro-me de ela fazer uma coisa em particular e que ainda hoje me dá uma saudade enorme. Nos presentes que oferecia incluía um pequeno embrulho onde colocava uma notinha… tínhamos de estar atentos para ver onde estava esta segunda surpresa. Uma espécie de caça ao tesouro que tornava tudo muito mais divertido. No final da noite, eu e a minha irmã tínhamos os nossos presentes e um pequeno monte de notas que prometia mais presentes… normalmente guloseimas ou berlindes ou gelados ou coisas importantes assim. A minha Avó dizia que aquilo nos ajudava a dar valor às coisas porque mesmo que houvesse algo de que não gostássemos muito, podia ser que lá pelo meio houvesse algo que, em jeito de surpresa, nos fizesse mudar de ideias. Uma lógica simples e directa que nos ajudou a perceber que, procurando, consegue-se sempre encontrar algo de bom no meio de algo menos bom, por assim dizer. Passei a dar valor a todos os presentes, nem que fosse por associar uma pequena nota àquele pijama que era feio que nem uma bota da tropa. Batota da minha Avó? Sim. Mas eficaz. Outra coisa que aprendi naquelas alturas foi agradecer antes de abrir os presentes. Recebíamos o dito, dávamos dois beijos e um abraço a quem o tinha oferecido e depois de aberto, repetíamos o processo. Dois agradecimentos por coisas diferentes: primeiro por se terem lembrado de nós, segundo por se terem dado ao trabalho de oferecer algo a pensar em nós. Ainda hoje é assim em minha casa. Se pudesse, oferecia pequenos embrulhos dentro de outros embrulhos a todos quanto quero bem e que fazem parte da minha vida. Oferecia presentes dentro de presentes. Oferecia surpresas dentro de surpresas. Oferecia viagens a boas recordações, idas directas a boas memórias, a bons momentos. Oferecia coisas que fizessem sorrir e rir, que fizessem brotar lágrimas de felicidade. Oferecia pequenos momentos de esquecimento de tudo quanto é mau. Oferecia pequenos abraços que assegurassem que tudo haverá de ser melhor. E para mim bastavam-me aqueles dois beijos antes e mais nada. Mais nada.

11.12.09

E prontes.

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E prontes. É assim.
Bom fim-de-semana, minha gente. Bom fim-de-semana.

10.12.09

Ora pois claro

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Pronto. Tinha de ser. Estou doentita (foda-se, doente mesmo). Amígdalas a largar substâncias impróprias. Cabeça a latejar e cada centímetro de pele a doer. Enjoada… tudo a que se tem direito. Fantástico. Maravilhoso. Já estava com saudades. Já vislumbro as famosas 3 injecções no nalgueiro… quase que as sinto… Ai que saudades das urgências... Vou tossir e doer para outro lado. Com licença.

Um dia especial

imagem: google 9 de Dezembro. É dia especial cá por casa. A minha Mãe faz anos e os meus pais fazem anos de casamento. Hoje foi dia 9 de Dezembro. A minha Mãe fez anos e os meus pais, 31 de casamento. Tivemos direito a jantar preparado em casa de amigos (aliás, família sem ser de sangue) para que fosse surpresa. Tivemos direito a ligação skype por o meu pai não estar cá. Tivemos direito a risos e sorrisos. Direito a tudo quanto se tem direito, menos à presença física conjunta de quem começou a construir vida há quase 40 anos… Tive direito a celebrar mais um aniversário de quem eu nunca terei palavras para descrever a gratidão, amizade e amor que sinto. Tive direito a, mais uma vez, verificar que há uniões que ultrapassam tudo e todos. Tive direito a ver o meu Pai todo embevecido por ver a esposa de 31 anos (mais meia dúzia de namoro) com as duas filhas e com gente boa que cuida e acarinha. A minha Mãe fez anos. Os meus pais celebraram o aniversário de casamento via skype. E eu sou uma sortuda porque nasci daqueles dois seres e posso vê-los, todos os dias, a darem vida a tudo quanto os rodeia. É um dia especial cá por casa.

7.12.09

Se...

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Há uns tempos atrás, escrevi (em blog alheio) que nas questões do amor, há sempre uma responsabilidade por parte de quem aceita ser amado por alguém. É preciso saber amar e saber deixar-se amar. Nem todos sabemos fazer isto, infelizmente. Nem é uma questão de dar e receber ou dar para receber… nada disso. É permitirmos que alguém nos ame. Aceitarmos isso para nós, assumirmos isso para nós, fazermos desse amor parte do nosso ser, tal como fazemos do amor que temos pela outra pessoa uma parte tão importante de nós. É, para mim, mais difícil aceitar que alguém nos ama do que aceitarmos e admitirmos que amamos alguém (podemos até ser os únicos a saber…). É uma responsabilidade muito grande. Sabermos que temos esse tipo de poder sobre alguém. Que uma palavra mal dita pode magoar, que um simples olhar pode alegrar, que um singelo toque pode reconfortar a alma. Sabermos isto e integrarmos isso em nós obriga-nos a certas coisas, a certos cuidados. Quem ama, cuida. E se nos sabemos e sentimos amados, mais há a cuidar ainda. Temos que cuidar da doçura no olhar de outra pessoa, não deixar que isso nos assuste… sabermos que é amor naquele olhar… cuidar do significado daquela mão estendida… da intensidade daquele beijo… do valor daquele silêncio… o tamanho daquele sorriso… da demora daquele abraço. A uns mete medo, a outros, terror. Preferem amar sozinhos, sem acreditarem no amor que alguém pode ter por eles. É mais fácil viver sem o peso dessa responsabilidade, tranquilos no sossego de que como não assumem esse peso, também não sofrem as consequências dos abusos. Há quem ame não se deixando amar porque não sabe lidar com o amor em si. Renegam-no para um lugar para onde vão os sentimentos menos nobres, como seja uma dor de cabeça que não mata mas mói, um pé torcido que faz coxear mas não imobiliza. Amar, por muito bom que seja, é uma chatice. Impede, restringe, bloqueia, prende… Retribuir amor? Dá trabalho, mostra-nos, fragiliza-nos, coloca-nos numa posição de fraqueza… é admitirmos que alguém tem poder sobre nós. E isso, para certas pessoas, é morte em vida. Mas depois há quem renasça por se saber amado, por se saber deixar amar. Por aceitar isso, querer isso. Por se saber o centro do mundo de outro alguém. Por saber que essa pessoa não terá nunca palavras suficientes para descrever o que lhes faz sentir, querer e desejar. Há quem renasça e ganhe nova vida quando se sabe amado, quando ama, quando aceita e integra para si que o amor, para o ser verdadeiramente, tem de ser recíproco, sentido livremente, demonstrado, mostrado, visível, até. Tenho uma amiga minha que tem feito a delícia dos meus dias. Está apaixonadíssima. Tenho uma amiga minha que está apaixonadíssima e que tem feito as delícias dos meus dias ao dizer-me que faz sol quando chove, que a vida é bela, que o mundo é redondinho e azul e lindo. Tem-me feito sorrir feita parva para um ecrã várias vezes ao dia, sempre que leio os e-mails dela. Tem-me feito ficar com os olhos cheios de lágrimas de tão contente que fico por ela. Por ser quem é e por gostar tanto dela, só consigo sentir-me feliz por aquela alminha ter encontrado outra que a faça voar e ver tudo de forma tão bonita. Que a faça amar e aceitar ser amada. Que a faça querer receber tanto como aquilo que quer dar. Coragem inesgotável. Para ela, e porque há quem seja mais eloquente com as palavras do que eu, deixo-lhe este poema que fala da aceitação do amor, do saber-se deixar amar. Da entrega que é necessária para nos deixarmos sentir amados e amarmos. Se partires, não me abraces Se partires, não me abraces - a falésia que se encosta uma vez ao ombro do mar quer ser barco para sempre e sonha com viagens na pele salgada das ondas. Quando me abraças, pulsa nas minhas veias a convulsão das marés e uma canção desprende-se da espiral dos búzios; mas o meu sorriso tem o tamanho do medo de te perder, porque o ar que respiras junto de mim é como um vento a corrigir a rota do navio. Se partires, não me abraces - o teu perfume preso à minha roupa é um lento veneno nos dias sem ninguém - longe de ti, o corpo não faz senão enumerar as próprias feridas (como a falésia conta as embarcações perdidas nos gritos do mar); e o rosto espia os espelhos à espera de que a dor desapareça. Se me abraçares, não partas. Maria do Rosário Pedreira
É o meu presente para ti.
Por seres uma grande Mulher, por teres um enorme coração e por, acima de tudo, saberes usá-lo. E agora chega destas coisas que isto até parece mal aqui no meio deste blog tão sem jeito. Bom feriado, minha gente. Bom feriado.

4.12.09

Pesquisinhas Deprimentes... Sim, há mais.

imagem: google... mais ou menos...
Como é óbvio, vou deixar de fora as centenas de pesquisas que envolvem animais, partes fodengas e práticas pouco saudáveis entre ambos. Same old, same old… Vamos lá ver o que se tem passado então… valha-me caredo. www.fodendo.com.um.pone.com.br cavalos a pinar Ok, pronto, não deixei estas de fora. Gostei da gentileza do “pinar” e da certeza no cagar do endereço de site… gente com certezas e gentilezas são outra coisa! Making love Ahhhh… que bonitinho… making love… fazer o amor… que fofinho… Não faço a mais pálida ideia porque veio esta parar a este blog. Enfim. Coisas do Google. Lamber o cu faz mal Isso é uma pergunta… um aviso? Gente. Fiquem sabendo que lamber o cu faz mal. E pronto. Umm artilhado Dois armado, três estilhaçado… quatro arrebentado, cinco estacionado… Camarão cozido vivo? Porquê? Ehh, pá… porque é um cadito difícil dar-lhes um tiro primeiro, não? Conheço-te tão bem. Mãe!?!?!?!? Fizeste de mim parva mas não fazem mais textos Vizinha de cima?!?!?!?!! Pinipons WTF?!?!?!? Quanto custa um Ferrari? ‘Migo…. Se não sabes, é porque não tens dinheiro suficiente… Não vou aguenta a falta do teu cheiro no meu ar. Penso na vida, sem você não compensa! Duvido que existia vida antes da tua presença; em cada dia acho uma nova cor, no memo amor que trouxe minha noção de valor. Onde for lembrar do que viso, que é não ser nada mais que a razão do seu sorriso? Tua ausência tira a bateria do relógio... Oh, meu amô! Tua ausência tira água da torneira! Tua ausência tira gás do fogão! Tira carro da garagem, tira a pedra do chão! Sem óçê pertchú de mim, pareci qui o tempo não tem fim! Volta logo para a minha beira, qui meu ar assim não cheira!!! As córis do inverno, bonitas e novas para mim… oh já chega. Vocês perceberam. Como se escreve “bory combat”? Assim não é de certeza. Mijando no collant Sem tocar na cueca?!?!?! …. …… …… …. Ahhhhh!!!!! Perversões sexuais com nutella 'Miguinho ou miguinha… isso não é nada… trust me. Leva pão. Estou-te mandando à merda Vai tu, olhá porra!! Oh-oh!! Parece que é parvo ou parva!!! Conheces-me de algum lado, por acaso?!?! Mas que merda é esta!?!? O pessoal chega aqui e tem a mania que pode dizer o que quiser?!?! Atão, mas o que é isto agora!?!? VAI TU!!! Mau, mau. A mulher do Vítor gostou de mim. Há por aqui algum Vítor cuja mulher seja uma oferecida que mete homens crescidos a usar a expressão “mau, mau”??? Hmmmm? Quando lembramos algo viramos a cabeça para que lado? Eu sei!! Eu sei!! Estou-me só a tentar lembrar!! Eu sei, eu sei!! Está na ponta da língua!! O que significa abanar a sobrancelha esquerda? Ser-se deficiente da sobrancelha esquerda. Veículo Brutus Exmos. Srs. da Brigada de Trânsito da GNR, com os mais cordiais cumprimentos. Fiquem sabendo que jamais me apanharão!! Jamais!!! NUNCA!!! Obrigada. É verdade que tudo é uma questão de hábito? Ehhh, pá… tudo, tudo, duvido… mas há coisas que ... pronto. Primeiro estranham-se, depois entranham-se… vai-te habituando. O que acontece se eu der o cu para um cavalo (animal)? Antes de mais, penso que o Google terá ficado agradecido pelo esclarecimento adicional em relação ao “cavalo (animal)”. Em relação ao resto, boa sorte. Há coisas que só mesmo passando por elas… questões de hábito… sei lá. Experimenta!! Depois conta como foi! Ok e porra. ‘Tá bem e bolas. (toma!) Eu quero mancar uma comsuta. Assim não chegas lá… experimenta lá outra vez. Quero marcar uma cosuta. ‘Tá quase… ‘tá quase… basta creres em ti… vá… mais uma… Quero marcar uma consulta no crer. Oh, pá! Não!! Mas que baralhação!! Atina, pá! Vá, experimenta de novo. Quero marcar uma orgia. Olha fode-te.
Por favor aguarde em fila. Ahhh barda shit. Se eu tenho relações sexuais e não sou casado, eu posso tomar a hóstia? Tecnicamente já a tomaste, ‘migo… Não digas nada ao Padre, pára de coçar o escroto e abre a boca. Siga! Se pode fazer promessa a um santo para outra pessoa cumprir? Isso soa-me um cadito a sub-contratação e olha que agora há novas leis em relação a essa coisa toda. Mas ouve, se o outro anda a pinar e toma hóstias… acho que devias tentar. Mal não pode fazer, né? Eu matar não gosto muito, mas a saudade é diferente. Podem-se rir à vontade, mas eu até entendo esta alminha. Matar também não é das minhas coisas preferidas, mas porra, a saudade é mesmo diferente. Mas é que é mesmo diferente!! Venha quem vier!! Técnicas para ultrapassar a desilusão, a revolta interior e o medo de ficar sozinha. Já me estou a arrepender de não ter incluído aqui as pesuisas sobre os animais de quinta… quer dizer… animais de companhia… Pelos pudicos na pila. Virgens!! Esses podem tomar a hóstia!! Um pónei comeu minha mulher. Fodaaaaaa-se. Há póneis carnívoros?!!? Metem-se com brincadeiras parvas com os animais e depois admiram-se de nascerem com estas alterações genéticas! Oh, ‘migo… os meus pêsames. Recebi um cheque da autoridade nacional de segurança rodoviária. E tiveste de ir para a net dizer a toda a gente, né? Gozares com o pessoal e tal. Gabarolas!! Ahhh e tal! Eu recebi um cheque dos gajos que por norma os descontam! HAHAHAHA!! Vai tomar a hóstia, pá. Gentinha do caraças. Porque é que as galinhas fodem de cabeça? Para galar os ovos para que nasçam pintinhos, olhá porra!!! Amo-te em fogo. Amo-te em terra. Amo-te em ar. Ar sem cheiro. Cara sem sorriso. Amo-te na água. E apago-te a porra da chama que ainda me queimas. Chega mas é para lá com essa merda antes que alguém se aleije. Brincadeiras de merda, oh, pá. Já não há chichen mythic no McDonalds. WHAT?!?!? O QUÊ?!?!?!?! DESDE QUANDO!?!?!? As cabronas metem-se a foder de cabeça e depois os ovos não ficam galados e dá nisto!! Mas será que ninguém neste país é capaz de fazer alguma coisa?!!? Educação sexual para as galinhas! JÁ!!! O McDonalds vai à falência e ninguém faz nada!?!?!? Mas onde é que vamos parar, vosso deus!??!!? Merda shit bosta cocó Esta só podia vir aqui parar. Cá para mim tenho admirador que me anda a perseguir (Cajó??? És tu, meu cabrão?!!? Já te disse para me deixares em paz! Mas quantas vezes tenho de te dizer que não vale a pena andares atrás de mim assim que eu não gosto de ti?!?!? Tu não me tiras a água das torneiras! Tu não me tiras o gás do fogão!! O meu ar até cheira melhor agora!! Chispa!!! Vai tomar a hóstia, pá!! Cura-te!!!) E prontes. Assim vai o Google.

2.12.09

OMQ

E prontes. Sejam todos bem-vindos a esta espécie de novo Outra Merda Qualquer, o OMQ. Mais sóbrio, mais refinadinho… não tanto in-your-face… mas, no básico, a mesma merda de sempre. Foram-se as moscas, ficou o resto. À boa continuação e o meu OBRIGADA, PÁ!! ao designer de serviço… PC, pá… ‘tás aqui… ‘tás aqui… Siga para bingo!

1.12.09

Sometimes

imagem: google
Sometimes you have to shut your eyes to really be able to see. Sometimes you have to listen to be heard. Sometimes, when you talk, you’re not really speaking. Sometimes you have to leap into nothing to really feel your feet on the ground. Sometimes you have to stay still to me able to move. Sometimes, when you can’t is when you have to. Sometimes, when you want, you have to need. Sometimes you look and can’t really see. Sometimes you have to be silent to be able to scream. Sometimes you have to let go to really hold on. Sometimes, when you hide is when you’re found. Sometimes you learn things the hard way. Sometimes, but only sometimes, you have to do everything backwards to get things right.
Sometimes all there is to do is admit that you’re just a little girl holding on tight to the things that won’t let you fall.