23.7.12

Merdas que me chateiam



imagem: google 


Fotos de gajas com poses à lá estrela de soft porn e escancaradas pela net fora como se de anúncios a serviços se tratassem (depois admiram-se de assim serem tratadas...).
Fazer um esforço para responder a anúncios de trabalho de forma individualizada mesmo sabendo que do outro lado, ninguém vai ter o mesmo respeito ou sequer responder-me. 
Esquecer-me de comprar leite.
Gajas que se armam aos cucos em nome de uma qualquer lealdade mal colocada e fundamentada, há muito ultrapassada só porque querem fazer bonito junto de terceiros. 
Que finjam que não percebem que eu percebi.
Ter que fingir que não percebi dando assim mais uma hipótese à pessoa de pensar bem antes de falar novamente (tenho um lado permissivo... e compreensivo... às vezes...).
Pacotes de coisas que não podem apanhar ar (batatas fritas, cereais, etc.) mal fechados.
Gente que se queixa de estar numa situação muito má mas que nada faz para sair dela (ao menos que parem de se queixar, foda-se).
Aquelas cenas de amizade e o diabo a sete que as gajas enviam umas às outras pelo facebook, com corações e imagens de gatinhos e cães a rebolar nas ondas e com juras de eterno amor e amizade das mais puras até serem velhinhas e cheias de rugas e incapazes de reter a própria urina.
Ficar sem o meu café tipo solúvel e ter que comprar ou usar outro para meter no leite do pequeno-almoço (que, por vezes, me esqueço de comprar). Drama do caraças. 
Instigadores do Complexo Zé Maria (Oh! Vamo-nos todos armar em beneméritos condescendentes e paternalistas estendendo a mão da pena a quem se saiu menos bem de uma qualquer situação porque assim mostramos o tipo de ser humano que somos – nada menos que excelente – e apaziguamos a consciência pesada que nos resta por sabermos que tudo quanto fazemos é, de facto, em nome de uma qualquer pena e não em nome de verdadeira amizade ou seja lá o que for! Butes!).
Receber contas.
Pagar contas.
Gente que usa e abusa da boa vontade dos outros para não se sentirem na merda.
Gente que não percebe que está a ser usada para que os outros não se sintam na merda.
Quem não sabe bem usar o verbo “haver”, atirando com “à três horas atraz (outra!)” para traz (mais uma vez!) e para a frente como se não ouvesse (!) amanhã.
Peixe e carne mal passados.
Decisões tomadas pensando nos outros e não em nós.
A merda do teclado do telemóvel que de vez em quando "força shutdown".
Divagações existenciais fundadas em demasiadas leituras de romances do Paulo Coelho ou Nicholas Sparks ou Margarida Rebelo Pinto ou, pior ainda, livros de auto-ajuda (Medo. Muito medo).
O esquentador demorar tanto tempo a “produzir” água quente.
Quem não se manca.
Quem não ajuda, podendo, a que os outros se manquem.
Comida salgada.
Gente incapaz de dizer asneiras. 
Sorrisos forçados, risadas arrancadas a ferros e perguntas parvas só porque não se sabe ficar em silêncio. 
Ser, por vezes, uma besta intolerante e demasiado exigente, picuinhas, até, com as merdas que me chateiam. 
E pronto. 

10.7.12

Prémio para 1º Lugar - Quero um Engate só para Me

imagem: google 
Para o vencedor do "Quero um engate só para Me", um engate resposta, qual despique.
Emanuel, parabéns. 


Sendo agradável à vista e suave nos restantes sentidos, aproximar-me-ia de ti, devagarinho, como quem não quer a coisa, mas querendo-a, ansiando-a até, mas nunca revelando-te tal facto.
Aproximar-me-ia, devagarinho, tentando, de alguma forma, captar um pouco do ar que te tenha passado por cima, por entre a roupa, junto ao peito, pescoço… fosse de onde fosse, para poder respirar e inspirar-te, saber-te pelo cheiro, pela reacção provocada em mim. Depois, devidamente inspirado, respirado, tomaria em atenção outros pormenores. As mãos… Conseguiria imaginá-las a percorrerem-me o corpo? A agarrarem-me? A puxarem-me contra o teu peito? Seria capaz? Calma… Sim, conseguiria. Calma…
Os teus olhos receberiam especial atenção logo de seguida. Inquisitivos ou nervosos? Atentos ou dispersos? Suaves e gentis ou duros e perscrutadores? Iriam perceber que te olhava de forma tão intensa ou nem dariam pela minha presença ali tão perto?
A boca. Carnuda e voluptuosa ou de lábios finos e envergonhados? Conseguiria imaginá-los a dizerem o meu nome? A chamarem-me? A aproximarem-se para… Calma. Calma. Conseguiria. Sem calma.
Não diria uma única palavra. Ficaria ali, pacientemente paciente, à espera que desses por mim, que me olhasses e entendesses que, se ali estava, era porque já tinha visto tudo o que precisava ver para poder passar a começar a saber o resto, o que interessa saber.
E darias por mim. Olharias. Muito. E irias querer falar mas não te deixaria. Irias querer estragar o momento perguntando-me o meu nome ou cumprimentando-me. Não. Shhhh… Levaria a mão até à tua boca, tapando-a suavemente enquanto te sorria com o olhar. Tocar-te-ia nos lábios, sentindo neles as certezas que os olhos já me tinham garantido.
E ali ficaríamos durante longos minutos, apenas olhando e tentando decifrar cada inflexão do olhar, cada movimento, cada respirar mais fundo, cada semicerrar dos olhos.
Depois de nos entendermos neste silêncio em que tudo é dito e deixado por dizer, aproximava-me de ti, encostando-me, enterrando a cara no teu pescoço, respirando-te de perto, lutando contra a vontade de abrir a boca junto da tua pele para te saborear. Resistindo com todo o meu ser para não te provar logo ali, sem mais nem menos.
E tu, percebendo e sentindo o mesmo, porias uma mão na minha anca e puxar-me-ias para junto de ti, obrigando-me a respirar-te ainda mais fundo. Não falarias. Nem eu falaria.
Não iria haver necessidade disso.
Viravas-me ao contrário, aninhando-me de costas em ti e levar-me-ias dali, guiando os meus passos com os teus. Encostarias a tua boca ao meu pescoço, respirando fundo para que te sentisse ali ainda mais junto de mim, quente e tão próximo que nos diria um corpo só. Entrelaçaria a minha mão na tua, entregue a ti, e iria contigo fosse para onde fosse, disposta a descobrir o resto de ti e disposta a deixar-te descobrir o resto de mim. Mas não haveria dúvidas.
E nem uma palavra seria partilhada entre nós. Não haveria necessidade disso.
Ali não.
O resto depois logo se via. Sem pressas e sem medos, o resto depois logo se via. 

6.7.12

Amanhã.

imagem: google 


Hoje é dia de despedidas.
Amanhã é dia de apresentações.
Amanhã começa tudo outra vez.
Hoje, festeja-se o que houve e foi.
Amanhã, o que será e haverá.
Amanhã. Amanhã tudo é novo.
Venha. 

3.7.12

Destranca-te e dir-te-ei quem sou…

imagem: google


Há uns tempos atrás, recebi visita de amiga. Ela estava triste, em baixo, com enorme maralhal de coisas más e ruins a encherem-lhe a mente e peito (apertadinho, apertadinho). Mal a podia olhar (quanto mais tocar) que começava logo a ficar de olhos cheios de lágrimas.
Eu, adepta do “tough love” e porque prefiro evitar cenas de choro quando um bom grito pode resolver a questão de forma muito mais eficaz (muito mais libertador se realmente tivermos o cuidado de gritar tudo o que nos vai na alma como deve ser e de uma só vez, tipo golfada de ar quando se passa demasiado tempo por baixo de água, só que ao contrário, para fora), empreguei o meu melhor tom sarcástico e transformei a coisa numa competição para ver quem teria, afinal, a “pior” vida. Ela dizia uma coisa, eu atirava-lhe com duas. Ela mandava outra e eu nem a deixava acabar. Lembro-me de ter usado a palavra “falhada” muitas vezes. Lembro-me de certas coisas me terem doído. Lembro-me de ela se resignar, desistir da batalha, sorrir meio derrotada e ir dali com nova luz. Não foi curada, mas agradeceu-me a dose de bom senso que a obriguei a engolir. Não sejas totó, respondi-lhe.
E eu, a que ganhou a batalha por tecnicalidades, voltei para dentro de casa e fechei a porta do sítio onde guardo certas ideias que só solto quando sei que podem servir para alguém se sentir melhor. Ignoro-as até onde e sempre que me é possível, mas só o facto de ter que andar sempre com a chave por perto…
Tudo isto para dizer que, de vez em quando, temos de nos mostrar para que os outros se vejam melhor.
Mais ou menos isso.