27.11.08

Afinal...

imagem: google
A resposta prometida pelo V. ao post anterior foi entregue… AQUI. Devo admitir que fico sempre meio admirada ou surpreendida por, de vez em quando, ver que as coisas que me passam pela cabeça não andam assim tão fora da lei, por assim dizer. Eu sou uma gaja pacata. Já fui menos, já fui mais. Sou, como ainda há pouco tempo uma amiga me disse, “muito dona do meu nariz” (pode haver quem lhe chame teimosia…). Tenho bem cientes em mim os meus valores, convicções, princípios, as minhas “causas”. Chego a roçar o boring, o previsível. Admito igualmente que cada vez mais me vejo como uma gaja meio a atirar para o “antiquado”. Exigem-me modernidade, mas eu, dado não entender muito bem o que há de “moderno” em certos comportamentos ou atitudes, mantenho sempre bem presentes as coisas que me fazem sentir segura de mim e dos outros, as coisas que me orientam e não me deixam perder o caminho. Às vezes, faço isto olhando para o que tenho, quero e sou, outras vezes olho para as outras pessoas e tento ver o que há para ver. Às vezes, sinto-me validada nas minhas crenças, outras não. Às vezes sinto-me meio perdida. Outras não. A tal fotografia dos Sábados à noite, como disse o V. no post de resposta, pode ter sido exagerada, mas é o que vejo quando pratico o meu desporto favorito de “People Watching”. E não é preciso ir a sítio nenhum num Sábado à noite para “ver” estas coisas. Existe sempre e em todo o lado. É claro que as lentes que uso (os meus tais princípios, ideais, crenças, etc.) dão ou mudam a cor do que vejo. É o que EU vejo, e não necessariamente o que há para ser visto. Ele é homens e mulheres mal casados/amados/resolvidos que leiloam um momento de honestidade sobre o que realmente querem e precisam a quem oferecer mais pelo esquecimento ou adormecimento imediato de tais problemas. Trocam o que são, querem e precisam por aquilo que uma outra pessoa qualquer lhes pode fazer sentir naquele momento em que o tal vazio está prestes a engoli-los. O abanar de mamas e coçar de virilhas são apenas elementos de sinalética que gritam uma espécie de “Salvem-me, nem que seja por minutos”. Pode não ser sempre o caso, mas… O que eu acho realmente perverso no meio disto tudo é que “antigamente” os homens eram vistos (pelas mulheres) como sendo uns cabrões por terem certos comportamentos, por terem certas atitudes, por serem capazes de dizer “Ok, já me sinto salvo o suficiente, agora pira-te que a minha mulher deve estar a chegar”. Hoje em dia, as Mulheres fazem o mesmo. E não há problema nenhum com isso! Cada cabeça, sua sentença… O perverso da questão é que as Mulheres não o admitem. Recusam admitir que o fazem, mesmo que consigam perceber que o que estão a fazer cai directamente na mesma categoria daquilo que tão vivamente criticavam nos homens. Não temos de ser melhores do que os homens (nem melhores nem piores em nada, muito menos em relação a este assunto), atribuindo causas mais nobres para justificar o que sabemos perfeitamente que faríamos de qualquer das formas, mas também não podemos negar que o fazemos exactamente da mesma forma que eles. De caçadas queixosas e infelizes no dia a seguir, passamos a caçadoras sem piedade por nada nem ninguém (muito menos por nós). Ainda nos estamos a adaptar a este “novo” papel que agora é impossível disfarçar que assumimos? É provável.
A memória é uma coisa gira. Esquecemo-nos tão rápido daquilo que não nos convém lembrar. Tão rápido. Àquilo que convém, agarramo-nos com unhas e dentes. Ao menos que sejamos capazes de admitir e viver bem com a pele que agora vestimos e começamos a mostrar. Talvez aí não seja preciso abanar tanto as mamas e as saias e decotes possam voltar ao tamanho “normal”? Talvez.

25.11.08

Oh, freguês! É pró menino e prá menina!

imagem: google Após momentos lúdicos com homens giros, giros, giros e leitores batoteiros (ainda aguardo chegada de duas respostas… se não vão responder, digam… no problem!!), voltemos ao que interessa. Há duas palavras pelas quais nutro um especial carinho: fodível e quecável.
São palavras que apenas surgem volta na vira, quando o contexto assim o exige. Não são para ser utilizadas ou pensadas de ânimo leve… são directas, objectivas e cruas. Somos fodíveis? Ou somos quecáveis? Temos dias… Todos temos pessoas para quem olhamos e pensamos “É fodível”… ou então, numa outra escala “É quecável”. Olhamos para alguém, deixamos de a ver e passamos apenas a pensar na libertação de uma vontade quase animalesca de a possuir e mais nada. Depois de possuída (se o chegar a ser sequer…), que se “despossua”. Vemos a experiência. Não a pessoa… E depois há aquelas pessoas que, sendo adeptos da publicidade radical, informam tudo e todos que elas próprias são fodíveis ou quecáveis.
Caso haja alguém distraído, elas fazem o favor de pavonear os atributos, ou falta deles, mostrando ao mundo que entre aquele bater de pestanas e uma cama, com direito a guinchos de “Siiim meu fodilhão!!”, pode ser apenas uma questão de minutos. Fico sempre cheia de curiosidade quando, por exemplo, vou a certos locais de diversão nocturna e de repente dou por mim no meio de uma espécie de guerra pelo melhor naco de carne da noite.
Adoro ver mulheres crescidas a mexerem-se como se aquilo não lhes fosse doer no dia seguinte. Adoro ver homens crescidos a distribuírem olhares previamente ensaiados ao espelho como se aquele ar de suposta sensualidade representasse o quão bom são na cama. Adoro. Já houve inclusivamente alturas em que me tive de desviar da linha de disparo de uma qualquer quarentona vestida como se tivesse vinte aninhos, não fosse a “moçoila” espalhar-se dos saltos e rasgar a mini-mini-saia enquanto tenta chamar a atenção de um qualquer puto de vinte anos a mandar atitude como se tivesse quarenta. Perigoso sair à noite. Nestes contextos, quer-se lá saber que a pessoa que ali se está a comer com os olhos seja alguém com vida, interesses, princípios, ideias… Não interessa para nada. Quer-se ser desejado. Quer-se ser olhado. Quer-se que se queira. A satisfação fica por aí (muitas ou demasiadas vezes - pelo ar com que depois se vão embora sozinhos e sozinhas, só pode…). Fica a memória daquele gajo que olhou com aqueles olhos e que ia coçando a virilha involuntariamente de propósito como quem não queria a coisa. Fica a memória da gaja que sorria insinuantemente enquanto abanava as mamas como se não houvesse amanhã. Memórias. Até mesmo os fodíveis e quecáveis que o chegam a ser ficarão apenas para a memória. Seja pela “vergonha”… pelo embaraço… pelo desconforto que vem depois… Nunca são limpas estas situações. Nunca. De tanto nos querermos sentir desejados, vendemo-nos ao desbarato. De tanto querermos desejar, compramos tudo às paletes. Não olhamos a meios. É preciso preencher o vazio. É urgente preencher o vazio. Seja como, onde e com quem for, queremos é que aquele vazio desapareça durante aqueles minutos que às vezes nos custam anos. Vale tudo. O dia seguinte, com as dores a instalarem-se, com o olhar mais manso, com o corpo mais moído, pensamos “Porra, tenho de me deixar disto…” mas voltamos, uma semana depois, para ver quem cai na rede, na certeza de que alguém o fará se não formos nós a cair primeiro. Ou não fossemos nós tão fodíveis e quecáveis como gostamos de pensar que os outros o são.

24.11.08

24º?

imagem: google
Eh, pá… Sou só eu ou o facto deste homem ter sido votado o 24º mais sexy do mundo num qualquer programa sobre os sei lá quantos homens mais sexy do mundo que deu ontem à noite na televisão é a mais disforme e horrível injustiça deste mundo? Sou só eu ou nesse tipo de competição, não haveria sequer lugar a mais concorrentes? Talvez seja mesmo só eu... Fico triste.

Desafiado O Inconformado responde ao Desafio

E eis que temos mais uma resposta ao Desafio… Desta feita, d’O Inconformado (do blog "Sopa no Bidé"... Link aqui ao lado). A ele tenho também a agradecer o lindo banner novo que agora embeleza o Merda Qualquer. Ao Paco agradeço a tirada sobre as moscas ficarem… Isto do trabalho em equipa tem muito que se lhe diga.
Até agora, reina a batota nas respostas… mas que vão ficando mais interessantes, vão! Muito obrigada, Inconformado. Mesmo. Foto Individual
Banda/ artista de eleição: Depeche Mode Comentário: se for ao baú serão de certeza os Depeche Mode, agora se falarmos da “actualidade mais actual” tipo artista do mês ou coisa do género… eh pá, é complicado pois ando a ouvir tanta coisa booooa :D
És homem ou mulher? "Boys Don't Cry" (The Cure) Comentário: Gajo, pelo menos do que me recordo ter visto hoje quando tomei banho (hoje em dia uma pessoa já não sabe quando é raptada por extra-terrestres que nos operam e fazem mudanças de sexo só pelo prazer de chatear!) Descreve-te: “Everbody have fun tonight” (Wang Chung) Comentário: hmmmm… duas pernas, dois braços, ou seja, formato humanóide com umbigo, e unhas que crescem todos os dias. E ainda por cima acredito que rir é o melhor remédio! O que é que as pessoas acham de ti? “No one like You" Scorpions) Comentário: As pessoas pensam que eu sou parvo, tonto, idiota, infantil, imberbe, babaca, totó, parvo (sim… 2x), inoportuno, insensível, camelo, “inganorante” e mais uns quantos nomes que me chamam no trânsito. O que essas pessoas não sabem é que eu sou muito bom actor :D Como descreves o teu último relacionamento? “Alive and Kicking” (Simple Minds) Comentário: Doutoramento em psicologia. Digamos que conheci de perto a maior parte das patologias da actualidade. Estão a ver uma montanha-russa…? Descreve o estado da tua actual relação:I Still Haven't Found What I'm Looking For” (U2) Comentário: eh pá… qual estado? Onde querias estar agora?La Isla Bonita” (Madonna) Comentário: AQUI O que pensas a respeito do amor?Love in an elevator” (Aerosmith) Comentário: Hmmm… segundo Miguel Esteves Cardoso, o “Amor é fod*do”. Segundo o Camões “Amor é fogo que arde sem se ver”. Entre as duas visões há um mar infinito de possibilidades :) Como é a tua vida?Girls on Film” (Duran Duran) Comentário: Juntando o útil ao agradável :) nada melhor que fotografar umas raparigas bem fotografadas, certo? Que pedirias se pudesses ter só um desejo:Mony Mony” (Billy Idol) Comentário: dava jeito para depois realizar muitos mais desejos daqueles bons e tal Escreve uma frase sábia: “The Sun Always Shines on TV” (A-ha) Comentário: brilha o sol e a vida é bela… na TV :)
--- Já só faltam duas… Vá gente Desafiada. Isto de Blogs participados é fixe… Tipo tempo de antena sob a forma de tortura psicológica prévia… Estou esperando… e gostando!

23.11.08

Desafiada Ana responde ao Desafio

Aqui fica a resposta da Desafiada Ana ao Desafio (terribilis) que eu fiz o favor de encaminhar… O meu grande e enorme obrigada para ti, Ana. Tankiú! --- Foto individual…. também só um parcial, mas sou euzinha!

Banda/ artista de eleição – é uma escolha difícil… mas eu vou tentar escolher um dos favoritos que tenha títulos à altura das respostas… 'xa cá bere…

The Cranberries – (Desde o primeiro dia em que os ouvi com o inigualável "Linger" que me tornei fã. De modo que escolhi esta banda para responder a este questionário) És homem ou mulher? Woman [without pride] (O único título que revela género, daí o parêntesis recto, pois o título completo é mesmo 'Woman without pride')

Descreve-te Pretty eyes (Juiz em causa própria…)

O que é que as pessoas acham de ti? The sweetest thing (Não existe uma canção sobre gente com mau feitio)

Como descreves o teu último relacionamento? Empty
Descreve o estado da tua actual relação. Uncertain
Onde querias estar agora? New New York (Entre 'Bosnia' e 'Cape Town', ainda prefiro ir ver o Ground Zero)
O que pensas a respeito do amor? Disappointment /Still can't …(recognize the way I feel) (Difícil encontrar apenas uma canção que defina a minha relação com esse conceito…)
Como é a tua vida? Dreaming my dreams / Free to decide (Mais uma vez foi muito difícil escolher apenas uma canção…)
Que pedirias se pudesses ter só um desejo. Never grow old
Escreve uma frase sábia. Wake up and smell the coffee
---
Faltam 3... vá não custa nada... Perguntem à Ana e vão ver...
Bom início de semana minha gente. Bom início de semana.

22.11.08

Desafios...

Na estreia do Il Lato Nero em desafios, também o Outra Merda Qualquer o foi. Estreia, por estreia, aqui vai.
Regras: colocar uma foto individual (fiz batota, mas sou eu… ou pelo menos parte de mim…); escolher uma banda/artista de eleição (fácil); responder às perguntas com títulos de canções da banda/artista escolhido (não tão fácil); e desafiar 4 bloguistas para passarem a outro e não ao mesmo (esta última parte, vou transgredir quase por completo…) Banda: LIVE (claro) 1) és homem ou mulher? She (começa-me a chatear esta cena do desafio)
2) descreve-te: Call me a Fool (pois claro… mau… desafios… pois)
3) o que as pessoas acham de ti? Heropsychodreamer (bem, tendo em conta as opções…)
4) como descreves o teu último relacionamento: Feel the Quiet River Rage (ok, agora estou desconfortável... as opções são tentadoras)
5) descreve o estado actual da tua relação: The Ride (de entre tantas opções, escolho a que mais correctamente diz “no comment” e a que mais correctamente me impede de escolher aí umas 20, nem que seja para vos chatear)
6) onde querias estar agora? Home (no sentido lato e puro do termo… começo a não gostar mesmo desta coisa dos desafios... para a próxima tenho mesmo de ler tudo antes de aceitar... ai...)
7) o que pensas a respeito do amor? Lightening Crashes/All I Need (ninguém disse que não podia dar duas respostas…)
8) como é a tua vida? I Alone/Meltdown/Mystery (ninguém disse que não podia dar três respostas… certo, certo seriam aí umas 6, mas pronto)
9) o que pedirias se pudesses ter só um desejo? Heaven (boa resposta esta…)
10) escreve uma frase sábia: Não aceitem desafios sem antes lerem bem as perguntas (minha); Forever may not be Long Enough (Live) - ninguém explicou de quem seria!!!! Passar o desafio? Bem…
Não passo a mais Bloguistas… sou demasiado simpática… Se quiserem, passo o desafio a: - K (ok, também tem blog… pronto…) - O Inconformado (ok, ok, também tem blog mas enfim) - Ana (visita assídua… e adoro tê-la por cá) - Zé Ramalho (idem, idem)

Respondam, se desejarem, por e-mail que eu depois publico tudo certinho direitinho... isto para quem não tem blog, claro... Se não aceitarem, penso que ninguem vos levará a mal... muito a mal, pronto... Il Lato Nero, tu pá! :) Para referência, ficam os títulos das músicas dos Live de onde tive de escolher as respostas… Cabrões…

Selling The Drama I Alone Iris Lightning Crashes Top All Over You Shit Towne T.B.D. Stage Waitress Pillar Of Davidson White, Discussion Rattlesnake Lakini's Juice Graze Century Ghost Unsheathed Insomnia And The Hole In The Universe Turn My Head Heropsychodreamer Freaks Merica Gas Hed Goes West The Dolphin's Cry The Distance Sparkle Run To The Water Sun Voodoo Lady Where Fishes Go Face And Ghost Feel The Quiet River Rage Meltdown They Stood Up For Love We Walk In The Dream Dance With You Simple Creed Deep Enough Like A Soldier People Like You Transmit Your Love Forever May Not Be Long Enough Call Me A Fool Flow The Ride Nobody Knows Ok Overcome Hero Of Love Heaven She The Sanctity Of Dreams Run Away Life Marches On Like I Do Sweet Release Every Time I See Your Face Lighthouse River Town Out To Dry Bring The People Together What Are We Fighting For? The River Mystery Get Ready Show Wings Sofia Love Shines Where Do We Go From Here Home All I Need You Are Not Alone Night Of Nights

21.11.08

Decidi

Decidi, agora mesmo, que vou mudar o aspecto aqui do Merda Qualquer. O resto mantém-se. Bom fim-de-semana, minha gente. Bom fim-de-semana.

20.11.08

Ali

imagem: google
Sou Ribatejana. Quem já falou comigo, reconhece-o de imediato. Seja pelo sotaque, seja pela forma de estar, é nítido que quando estou fora do Ribatejo dizer “Eu não sou de cá” é a mais pura das verdades. Ribatejo. Terra do touro e do campino. Terra das festas bravas. Terra de uma das mais fortes tradições portuguesas. Terra dos forcados. Forcados. Enfrentam os touros, armados apenas com braços e pernas. Agarram-se àquele bicho com unhas e dentes. Sabem que a única forma de chegar ao fim é fazendo a viagem agarrados à cara do touro. Há, assim sendo, o Forcado da Cara, os Ajudas (primeiro, segundo… etc) e o Rabejador. Uma equipa que, junta, vence o medo pela união e o touro pelo peso bruto de todos aqueles corpos. Cansam-no. Cegam-no. Vencem-no. Há uns tempos atrás, estive a falar com uma amiga minha que se dizia farta de ser o Forcado da Cara. Que lhe faltava o resto do Grupo. Onde estavam os Ajudas? E o Rabejador para melhor colocar o bicho? Dizia que estava farta de ser o Forcado da Cara, o que leva com o impacto brutal de uma locomotiva versão quatro patas e que depois, sozinha, tem de amansar a fera o suficiente para se poder libertar em segurança. Disse-me, contou-me, confidenciou-me que lhe doíam cada vez mais os embates. Que já não aguentava as voltas à praça, as pancadas contra as barreiras. Que de cada vez que ajustava o barrete, preparando-se para mais uma saga, sentia-se cansada e sem forças. Isto de viver no Ribatejo permite certas analogias que, se não as percebermos e sentirmos mesmo bem, não fazem sentido. Sou Ribatejana. Tenho um orgulho muito grande de viver nesta zona de Portugal. É algo que não troco por nada. As pessoas. As gentes. O ambiente. É o sentimento “Home” que me bate em cheio de cada vez que penso na hipótese de sair daqui. No Domingo, fui fazer uma visita ao meu Avó. Ele vive numa pequena terriola a aí uns 25 kms de Samora, para os lados de Coruche. É essa a terra que me pertence de origem. É daquela terra que eu sou. Pequena e esquecida, mas forte no peito de quem a ela pertence.
Quando lá fui, estive com umas pessoas que já não via há muito tempo. Conhecem-me desde bebé. Têm um filho, 24 anos, que também estudou fora e que também trabalha fora. Conversa puxa conversa, histórias puxam histórias, novidades puxam novidades. Adorei estar com eles. Tratam-me pelo diminutivo do meu nome (poucos, muito poucos o fazem), tal como os meus avós. O filhote deles, às tantas, virou-se para mim e disse-me que tinha tido um momento na infância que o tinha marcado muito e que era comigo. Riu-se e explicou-me que foi quando um dia apareci com um boião de gel e lhe espetei o cabelo todo (tal como hoje em dia se usa…). Disse-me que ficou tão contente que sempre que se lembrava de ser pequeno, se lembrava do deslumbramento do gel, do cabelo espetado e de mim a dizer-lhe que assim é que ele ficava mesmo bem, que um dia ia ser normal andar com o cabelo assim. Fiquei tão sensibilizada por ele me ter dito aquilo, por ter percebido que aquele rapaz que não me é nada, tem lembranças que lhe são queridas e que fui eu que as criei para ele, que me vieram lágrimas aos olhos enquanto ríamos e passávamos de história em história. Às tantas, após sumário histórico dos últimos anos em que não nos vimos, disse-me que achava que isto de sermos Ribatejanos nos preparava de uma forma diferente para a vida. Que ficávamos mais preparados por comparação a quem não tem à mão as experiências que tivemos e temos. Concordei. Aconcheguei-me no braço do sofá, olhei aquelas três pessoas e senti tantas saudades daquele clima, daquele ambiente, daquele carinho, daquela vida que até sorri. Saudades boas. Das que enternecem. Home, pensei. É esta a minha gente. Eles conhecem-me. Sabem quem eu sou. Não quem eu me tornei. É aqui que me sinto em casa. Home. Por momentos, senti que tinha os primeiros e segundos ajudas atrás de mim, a segurarem-me no ar, a não permitirem que caísse, que não me perdesse da cara do touro. Por momentos, senti-me ali. Mesmo ali. Presente a cem por cento. Existi apenas eu. Apenas eu sob a forma de diminutivo. Apenas eu, sem o resto que vem atrás de mim ou à minha frente. Só eu. Não uma amostra de mim, mas sim Eu. Adorei.

19.11.08

A pedido de várias famílias...

imagem: google
- Ouve lá… queres ir comigo às compras?, perguntou ele, como quem não queria a coisa. - Para comprar…?, perguntou Ela desconfiada. - Sapatos. Preciso de sapatos. Vá-lá-por-favor-vem-comigo-preciso-que-vás-vá-lá-não-digas-qe-não-vá-lá, suplicou. - Eh, pá, porra pá. Detesto ir às compras contigo. És esquisito. Demoras montes de tempo. És indeciso. Tudo te fica mal. E depois ter de carregar tudo é uma chatice. Porque não levas uns amigos teus? Hmmm? Tenho mais que fazer. Tenho de ir actualizar o meu blog “The Passaroca Knows Best”, versão portuguesa “A Passaroca Sabe Melhor”. Tenho lá uns quantos totós que aproveitam o blog como escape cobarde para as frustrações. Tenho de ir meter ordem naquilo. - Oh, pá. Mas eu não gosto de ir com eles! São piores que eu. E eu não confio na opinião deles! Vem comigo! O blog pode esperar, bolas! - Chato, pá. ‘Tá bem então. Ficas-me a dever esta. - Boa, Mariazinha!, guinchou ele enquanto a arrebanhava nos braços e a beijava. Fingido, pensou Ela. Mas não fazia mal. O blog podia esperar. Saíram e foram para o centro comercial onde tiveram que andar com cuidados especiais por causa da quantidade de gente. Como só faltavam 7 dias para o Natal, estava a abarrotar. - Vamos àquela sapataria ali. Tem umas coisas tão giras! - Mas tu nunca compras nada naquela. Dizes que a empregada é uma besta que te aleija os pés quando te tenta enfiar os sapatos! - Oh, vá lá. Têm coisas tão giras…! Váaaaaaaaa láaaaaaaa… por favooooooor!, suplicou. - És sempre a mesma coisa. Foram. Lá escolheu um par que queria experimentar. - Olhe, desculpe. Queria experimentar aquele par ali. Tem o número 42? - Olá! Tenho pois! Vou só buscar! Que cor quer?!, respondeu a empregada. - Preto. Quero preto. Mas traga também em castanho e camel. Nunca se sabe. Olhe… já agora… traga 50 pares. Quero ver como me ficam em todos os pés… desculpa lá…, disse ele. - Quer-o-quê-quantos?, exclamou a empregada - Pois. Olhe, e traga mais umas empregadas dessas suas amiguinhas. Temos de despachar aqui a coisa, se não você vai fazer horas extraordinárias 'miguinha, respondeu ele, na maior. - Oh, valha-me caredo, exclamou Ela.
- Olhe, traga lá os pares que eu já sei como enfiá-lo nos sapatos de uma só vez. É uma questão de coordenação, enfiar-lhe uma meia na boca para não fazer muito barulho e depois rezar que sirvam todos à primeira. Sabe rezar, menina? Comece já. A empregada lá foi, arrebentando balão de pastilha atrás de balão de pastilha, excitadíssima com a comissão que ia ganhar naqueles 50 pares de sapatos. Quando voltou, já Ela o tinha preparado para experimentar os sapatos. Tinha-o enrolado à volta da cintura, tipo bóia. Pediu à empregada que alinhasse os sapatos, par após par. Quando estava tudo a postos, foi desenrolando-o para cima dos sapatos. Ele, conhecedor da técnica, esticou as pernas e lá foi dando o jeito. A empregada estava contentíssima. Estava tudo a correr muito bem. - Então, gostas?, perguntou Ela. - Não sei se me ficam assim tão bem nesta cor. Acho que gostava de experimentar o castanho. Sabendo que isto ia acontecer, ela pegou nele, sacudiu-o violentamente até todos os sapatos lhe voarem dos pés. Depois repetiram o processo. - E estes?, perguntou. - Ohhh… hummm…. Não sei….. ahhhhh…. - Ouve á. Queres-te decidir se faz favor? Não podemos estar aqui até amanhã! - Achas que gosto de estar indeciso? Oh, pá. São ambos tão lindos! Não me consigo decidir!!, resmungou ele. - Já me estás a fazer lembrar aquele dia em que fomos aos correios e me obrigaste a lamber 42 selos até achares que a cor ficava bem com o envelope. Graças aos santinhos que estão a acabar com os selos lambidos. Bolas. Nada revoltada contra os CTT, eu! - Lá estás tu. Só te sabes queixar. Não entendes nada. És uma insensível!, respondeu ele, cruzando os braços e fazendo beicinho. - Ahh, vá lá. Deixa-te de cenas. Sabes perfeitamente que tenho razão. Tal como daquela vez que não quiseste ir experimentar aquele fantástico par de calças que te iam ficar bem porque disseste que não tinhas trocado de cuecas nessa manhã. Obrigaste-me a alambar contigo até à outra ponta da cidade para ir mudar de cuecas e voltarmos. - Mas é importante andar sempre lavadinho! E nessa manhã, se bem te lembras, tu estavas cheia de pressa para te ires embora! Nem me deixaste tomar banho! Tanta coisa, tanta coisa e depois nem conseguimos chegar a tempo ao estádio da luz para ver os autocarros a arder. - Ehhh. Experimenta lá esses, vá., respondeu Ela, chateada. - Os camel, por favor!, solicitou ele. Lá repetiram o processo. - Fantásticos! Levo estes! Acho eu… ai… não sei…, duvidou. - Mau!, disseram Ela e a empregada ao mesmo tempo. - Eh, pá. É importante que tenha a certeza! Já viram se não tivesse? Seria como o inverno não anteceder a primavera! E isso é muito importante!, suplicou ele, desesperado. - Deixa-te de merdas. Vamos mas é embora, disse Ela pegando na mala e tirando o multibanco para pagar. - Estes-gajos-pá-chegam-aqui-reviravoltam-tudo-depois-acham-que-uma-pessoa-ganha-mais-que-o-ordenado-minimo-para-andar-aqui-de-cu-para-o-ar-a-apanhar-lixo…., resmungou a empregada por entre balões e como quem não quer a coisa. - Vai mas é trabalhar, ó tu aí! O Cliente tem sempre razão!, gritou ele enquanto se escapava pela porta apressado. - Vamos embora, por favor! Já viste a quantidade de caixas que temos para carregar?! Deixa-te dessas coisas! É sempre a mesma coisa!!, refilou Ela enquanto se dirigia para o elevador. A empregada, chateada, ainda foi a tempo de lhe mandar com a porta no rabo. - Ahh, pois é, bebé. Toma lá para não seres gajo totó., sorriu ela enquanto foi para o computador da loja consultar o seu blog preferido. Gostava de desabafar as suas coisas naquele blog. A gaja que era dona do blog parecia ser tão sensível e compreensiva! Adorava. THE END.

18.11.08

Vi

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Hoje à tarde, ia eu a pé a caminho do escritório quando vi um rapaz, jovem, a andar na rua com um sorriso nos lábios e olhar ausente. Cruzamos caminhos, ele olhou-me e parou de sorrir. Quase como se tivesse sido apanhado num acto ilícito. Disse-lhe “Quem me dera”. Acho que percebeu. Continuou no seu caminho com novo sorriso. E eu continuei o meu, roída por uma inveja saudosa que me partiu o coração quando a senti. Quem me dera.
(PS: é possível que tire este post daqui a uns dias... hoje não foi um bom dia... não foi mesmo... e vocês não têm culpa)

12.11.08

I'm Bored

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I’m bored. Quem quiser post, que sugira tópico, please. Mas que seja interessante e no mínimo… “giro”... bored já eu estou... Eu sei que isto é um risco do caraças… “quem quiser post”… corro o risco de ninguém me responder… enfim. Arrisco. Oh, well. Fico à espera. Tankiu.

11.11.08

Coisas novas

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Coisas novas que descobri recentemente: 1. Lençóis térmicos são fixe. É tão bom esticar as pernas e os braços e não sentir lençol frio… aquele tecido todo fofinho… tão bom. Especialmente quando se chega a casa às 5 da manhã depois de um dia e noite de trabalho… cheios de frio… fome… mau feitio… coisas para fazer… stress… Sabe bem. Mesmo que apenas possamos passar lá umas 4 horitas… São bons. Gosto. 2. As câmaras de filmar da Canon que funcionam por cartão são muita fixe. Mesmo. Leves, pequenas, bonitinhas… E o cartão é do melhor. Transfere-se logo tudo para o pc… Simples. Muito bom (estão em promoção na FNAC como eu descobri…) 3. Por força de estar a dar formação e tendo-me calhado umas coisas giras chamadas autoscopias (ou simulações pedagógicas iniciais… que são filmadas…)… aprendi o seguinte: - como fazer bolo de fubá com goiabada, incluindo o seguinte pormenor: Qual a temperatura do forno? 35 minutos. (não perguntem) - como colocar uma mesa como deve ser e regras de etiqueta básicas (não estava assim tão desactualizada) - como dobrar guardanapos em forma de gravata - como dizer cavalo, mãe e uma data de outras coisas que agora não me lembro em mandarim - como fazer malabarismo com 3 nozes (fazem muito barulho quando caem no chão) - princípios básicos da reciclagem - como falar com um capitão de um iate (não perguntem…) 4. Que a Nestlé tem umas maquinas com sopas e outras coisas boas que dão um jeitão quando a marmita que trouxemos de casa acaba 5. Que aquelas cenas de Nestum nuns frasquinhos são boas, boas, boas… 6. Que por muito que eu explique à minha Mãe que não passo os meus dias a jogar à sueca e a beber “mines”, ela nunca vai acreditar que existe mesmo necessidade de ficar a trabalhar durante várias noites seguidas até às tantas. Mãe é Mãe. Trabalho é Trabalho. Acho que nunca hei-de trabalhar com a minha Mãe… 7. Que tenho “plano de férias” desde as 4 da manhã de ontem para gastar dias de 2007 e de 2008. O mesmo foi decidido com base no princípio do euromilhoes entre mim e as duas Chefes-Mor. Não sei se acertamos nalguma coisa, mas que ficou bonito, ficou! 8. Que não posso de facto deixar aqui tudo quanto me apetece (mas agradeço o envio dos contactos dos psiquiatras na mesma!)

10.11.08

Quando???

imagem: google
Ai, ai, ai… mau, mau, mau… Quando é que sabemos que a coisa anda mesmo bera??? Fácil. Quando o “Talk to the Hand” é para nós próprios… Quando falamos e imediatamente nos mandamos calar. Quando pensamos e imediatamente nos mandamos sossegar e parar com isso. Quando sonhamos e imediatamente nos queremos acordar. Quando o som da nossa voz nos irrita. Quando a nossa imagem num espelho nos transtorna. Quando ouvimos os outros falar de nós e parece que estão a falar de alguém muito, muito, muito estranho que não conhecemos. Quando nos chamam pelo nome e só nos apetece dizer “Nopes… essa não sou eu…” Quando sentimos que precisamos de férias de nós próprios. Quando o nosso lado bom e mau (etc) andam à chapada e ninguém parece ganhar a merda da briga. Ehhh.

6.11.08

E?

Isto não anda lá muito famoso por estes lados… Excesso de tudo. Tudo mesmo. Ando com uma espécie de mau feitio latente que assusta. Assusta mesmo. E explico porquê. Situação hipotético-real-semi-inventada 1 – Gajo em carrinha peugeot entra à estrada, sem fazer pisca e obrigando o carro que ia à minha frente a uma violenta guinada e travagem.
Reacção hipotético-real-semi-inventada 1 – Apitar, buzinar, apitar mais um pouco… Enviar, com todo o amor e carinho, meia dúzia de insultos e perguntas sobre a existência de olhos, inteligência e capacidade de condução para o universo (vidros fechado… ninguém ouviu…)
Situação hipotético-real-semi-inventada 2 – Dizem-me que ando a precisar de descanso
Reacção hipotético-real-semi-inventada 2 – Refiro que o descanso é relativo e que nunca ninguém terá vivido melhor a vida por passar 10 horas por noite a dormir; acrescento que há coisas mais importantes na vida do que descansar, sendo uma delas arranjar coisas para nos cansar; adiciono um qualquer roncar, cruzar de braços e amuo de beiços e imagino a minha almofada a ser delicadamente enfiada pela boca da pessoa que me acabou de dizer o que disse.
Situação hipotético-real-semi-inventada 3 – Dizem-me que devia ter mais cuidado com a forma como falo e com o que digo
Reacção hipotético-real-semi-inventada 3 – Respondo que isso são tudo merdas sem nexo, que as pessoas gostam é de ouvir o que gostam de ouvir e não o que precisam de ouvir, acrescento um “vão todos barda merda” e retomo o que estava a fazer enquanto tento visualizar como seria passar os próximos 10 minutos a dar com a cadeira na cabeça de quem falou
Situação hipotético-real-semi-inventada 4 – Pedem-me para acalmar/ter calma
Reacção hipotético-real-semi-inventada 4 – !()#&&%!#”! !(/%#$! !)(#&/&$%!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
Situação hipotético-real-semi-inventada 5 – Perguntam-me “’Tão, e ‘tá tudo bem contigo?”
Reacção hipotético-real-semi-inventada 5 – Responder com uma lista extensa de coisas que não estão bem, comparar com lista de coisas que poderiam e deveriam estar bem e depois devolver a pergunta para a outra pessoa responder por ela própria (chama-se a isto ser-se pedagogicamente correcto) e, porque consigo fazer mais do que uma coisa ao mesmo tempo, imagino a pessoa a receber um breve e leve esticão sempre que carregar no botão do “café curto”
Situação hipotético-real-semi-inventada 6 – Confidenciam-me mágoas e dúvidas existenciais e etcs
Reacção hipotético-real-semi-inventada 6 – Oh-pelo-amor-do-vosso-deus-deixem-me-em-paz-quero-lá-saber-dessa-merda-para-alguma-coisa-calem-se-não-quero-saber-de-nada-disso-porque-isso-são-tudo-merdas-sem-jeito-que-amanhã-estarão-resolvidas-depois-de-se-ler-a-secção-dos-horóscopos-do-sapo-deixem-se-de-cenas-e-parem-de-inventar-sarna-para-se-coçarem-foda-se-para-esta-merda-nunca-ninguem-anda-satisfeito-barda-shit
Situação hipotético-real-semi-inventada 7 – Dizem-me que AFINAL tinha razão em relação a A, B ou C
Reacção hipotético-real-semi-inventada 7 – !”/(#&%!$” !!!!!!!!!!!! »!”#>)(“&#$!$% !!!!!!!!!!!!!!!!!!!! >”#$”##(/”#$$%!?=#(#/ !!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
Situação hipotético-real-semi-inventada 8 – Dizem-me que me preocupo demasiado com as coisas, que penso demasiado nelas
Reacção hipotético-real-semi-inventada 8 – Largar um belo e redondo Foda-se, semicerrar os olhos, inclinar a cabeça, baixar a voz para um nível quase inaudível, levantar a sobrancelha esquerda e responder com um absolutamente sintético “E?”
Ehhh. Estes gajos é que têm razão: OrsonAnd I'd rather be anyone but Here
And any place else but Me.
I'll just climb inside my head a while
My demons have a date with me.”

5.11.08

Mãozinhas?

imagem: google Sou, por motivos profissionais, visita assídua à Cidade de Braga. Na cidade de Braga, há um parque de estacionamento muito, digamos, sui generis. Um barracão enorme convertido em estacionamento para carros. Até aqui, tudo normal. Tem uma entrada própria, bem junto a uma zona comercial pedonal onde passam as pessoas. Até aqui tudo bem também. Pormenor de relevância: quem quer lá deixar o carro, pura e simplesmente deixa o carro. Pára o bólide na fila, se a houver, sai e vai embora. Simples. Chaves na ignição e tudo para que os Técnicos de Arrumação possam pegar na viatura e arrumá-la no sítio. Muito bom. Muito bom para quem é de lá… A primeira vez que eu e a Chefe-Mor fomos fazer uso destas instalações, ficamos dentro do carro, a aguardar pacientemente que a fila andasse para podermos entregar as chaves ao Técnico de Arrumação. Reparamos que as pessoas dos outros carros não estavam a fazer o mesmo. Em plena rua, com montes de gente a passar, o pessoal saía dos carros e pirava-se. Estranhamos. Pouco depois veio o tal Técnico de Arrumação ter connosco para literalmente nos mandar embora. “Podem ir, podem ir! Deixe estar tudo. Podem ir!” É claro que não fomos. Ficamos especadas a olhar até ele explicar como a coisa se processava. De todas as vezes que lá fomos, repetimos o processo (até já nos conhecem e tudo… as meninas de Lisboa onde o estacionamento é muito mais caro…). Da última vez que fomos, na passada segunda-feira, tive oportunidade de levar o Leon. Sendo da empresa (com pequena quota minha…) lá fomos de viagem até Braga. Chegadas ao estacionamento, o carrito teria de ficar a aí uns 3 carros da entrada do estacionamento… ou seja, na rua. Fiquei reticente em o abandonar. A Chefe-Mor, rindo-se, disse-me “Pois… quando é com o nosso custa sempre, né?”… Eu ri-me, nervosa… Lá saí do carro… a medo. Fomos embora. 10 metros à frente, lembrei-me que o carro tranca automaticamente… voltei para trás, tirei as chaves do compartimento onde as tinha deixado (fora da ignição, portanto), tranquei-o (alívio) e fui entregá-las ao Técnico de Arrumação, referindo que as chaves eram DAQUELE LEON PRATA ALI FORA… AQUELE ALI… ‘TÁ A VER??? (acho que ele percebeu que eu não estaria muito à vontade… mas pronto… tinha vindo de Lisboa… desculpam-nos tudo…) Fui novamente. Os mesmos 10 metros à frente, Chefe-Mor recorda-me que eles deixam as chaves dentro dos carros depois de os arrumar… Voltei para trás. Fui informar Técnico de Arrumação de tal pormenor. “’Tá bem, menina… pode ir, pode ir” e lá me despachou ele. Depois de fazermos o que tínhamos a fazer, voltámos. Fomos ter com o senhor e eu disse que queria o carro que correspondesse àquele porta-chaves ali pendurado (apontei para as chaves). O Técnico de Arrumação olhou para nós, fez uma cara e foi buscar o bólide. É claro que quando pegou no carro deu uma pequena puxadela pelo motor… lá parou o carro e quando saiu, virou-se para mim e no mais belo e puro sotaque Bracarense, disse: “Oh, menina, você tem mãozinhas para isto?” Eu, não estando à espera de tal iniciativa, olhei-o e não consegui emitir som. Ele perguntou uma segunda vez, mas desta vez já ia a caminho da caixa onde a Chefe-Mor estaria a efectuar pagamento. Fez-lhe a pergunta a ela. Responde ela “Mãozinhas? Claro. E não só um par, mas dois. O dela e o meu. Sabe, é que sendo carro da empresa, temos todas de ter mãozinhas para ele…”. Bem. Digamos apenas que o senhor ficou com um melão… Olhou-nos, deixou de sorrir e lá foi tratar da arrumação de outro carro qualquer. Um Leon FR carro de empresa? Bolas!!
Mãozinhas para o meu Brutus??? Dasse!!! Of course!!! E pés?? Ui. :)