5.12.12

Castigo por ausência… Pesquisinhas Deprimentes para todos os gostos (mesmo que não o meu…).


imagem: google (claro…)

Quando tudo o resto falha, é bom saber que se pode sempre contar com as intermináveis Pesquisinhas Deprimentes para alegrar uns minutos do dia. Ou não…

Secção: Inchaços e afins.
O que incha mais sagres ou super bock
Esta pesquisa só pode ter sido feita por uma gaja. Nenhum gajo se iria alguma vez preocupar com isto. Isso só se sabe experimentando, ‘miga. Vai-te medindo durante a piela e logo saberás. É a única maneira de saber (vai alternando entre uma e outra).

merda incha na agua?
Pergunta ali à amiguinha de cima para ela te dizer qual funciona melhor – cerveja ou água.

como dizer merda em grande?
MER-DA. MERDA. MERDA. MERDA. GRANDE MERDA.

porque aparecem marcas de fezes na cueca de idosos
Uma questão territorial, claro. As cuecas dos idosos pertencem às fezes. Isso e a urina, composta por água, faz com que inchem e se escapem para as ditas cujas com maior veemência.

Secção: Google é Deus – tudo sabe, tudo revela.
Como tirar o vicio de chuchar no dedo
Ora vamos lá então. O melhor para esse vício é arranjar algo que substitua o dedo para que haja uma fase de desmame menos violenta. Podia oferecer sugestões mas vou-me ficar pelos chupa-chupas. É melhor assim.

a arte da chupada
Cala-te que ninguém te perguntou nada! Mau!

imagem de mensagem que mexe um aspirador
Isso será para enviares alguma indirecta a alguém? Espero bem que sejas gaja…

o verdadeiro ditado do passarinho cagando no proprio ninho
O verdadeiro ditado relacionado com essa questão, muito antigo, reza assim:
Passarinho, Passaroco. Se cagas no ninho, és um porco!

google por favor me deixa assistir um filme porno gratis de mulher metendo com animal
Todos sabemos que o google responde melhor e com mais links quando se diz por favor. Muito bem!

por quanto tempo a pessoa aguentaria no maximo um walkman? pode ter consequencia no futuro
Pois claro que pode e é exactamente para prevenir esse tipo de perigo que existe o google!

truque para abrir a bagageira do hyundai getz
Ahhh! São uns brincalhões! O truque envolve um martelo, um pé de cabra e um primo de um vizinho de um amigo lá da terra. Trust Me.

www.galinhasvideosprono.com.br
A certeza, senhores. A certeza.

fotos de minetes sexuais
Alto e para o baile! Mas há outros minetes que não os sexuais?! As coisas que eu tenho por aprender, vosso deus!

rapazes nus com a pila de fora
Então, mas assim sendo, é possível vê-los nus sem a pila de fora? Onde é que a escondem? ………………………. Ahhhhhhhhh! Ok, ok. Siga. Siga, porra!

quero ver peitos de mulheres de samora correia
Queres os cornos é que queres! Ai a MER-DA!

SECÇÃO: I see almost dead people
colt 1.1 faz barulho a frio
Tens de mandar uns tirinhos para a coisa aquecer. É como quase tudo na vida. Oh aí a pontaria a frio, ‘tá?

SECÇÃO: Foda-se que isto não é o msn!
sempre te vi como um engatatao e casa nova
Nós mulheres temos uma certa tendência (absurda, claro) de perceber que um gajo é engatatão e pensar logo em casa nova. Mudar de ares e tal. Um cadito de terapia através do design de interiores. Visitas ao Ikea. Coisas assim.

fodasse a merda do fogao nao aquece a puta da agua
Há fogões que simplesmente não colaboram! Deitam aquelas chamas piquenas-piquenas-piquenas e nada! Água fria, panelas geladas, comida congelada. Cabrões!

parece que estás bem é caladinha
Ahhh vai-te lixar que o blog é meu e respondo o que quiser às pesquisinhas.

me amas e nem sequer te apresentaste
É assim. O amor tem destas coisas. Primeiro, há que o declarar junto da amada e só depois, com jeitinho, fazer apresentação de coração que bate e lateja. As gajas são mesmo picuinhas.

keep calm and porra nenhuma, hoje tem caralho
Aí ‘tá! Keep calm, o caralho que hoje há caralho! Vê lá se esta precisa de apresentações, oh piquinhas!

SECÇÃO: Tenho alma de poeta, visão de águia (ou seja, continuação do “foda-se que isto não é o msn”)
soja losing my mind se fosse fácil assim , pessoas vão e vem sentimentos são pr sempre
Verdade verdadeirinha (sei lá o que dizer sobre isto. Fiquei na parte do “soja losing my mind”)

a verdade é que nunca se esquece o que não tem motivo p ser esqueceido
Mais uma grande e bela verdade! Até mesmo o que queremos esquecer, se não houver motivo para tal esquecimento, not gonna happen. Já dizia o outro… “não esqueçeras… sem que haja motivo decente para isso, claro está e nem mesmo que queiras que isso não é motivo para nada”.

ninguém nos pode ofender sem o seu consentimento - roosevelt
Então, que se fique sabendo que dou o meu consentimento para que todos se possam devidamente ofender quando quiserem e bem entenderem seja lá com quem for, até mesmo com esse tal Roosevelt.

quando fores grande vais ter um corpao
Quando fores apanhado, vais para a prisão.

a pressa vai a merda fica
Inchada e nas cuecas dos idosos. Eles que o digam. Não há pressa que lhes valha!

SECÇÃO: Vou usar o google como corrector ortográfico
distrai me
Desculpa?

distrai-me
Para quê? Como?

distraí-o-me
Acho que estás a fazer um bom trabalho sozinho/a. Siga!

SECÇÃO: São estas dúvidas e questões que não me deixam dormir.
impotencia sexual masculina não assumida
O gajo é virgem e não gosta de ti. Espetou-te essa peta da impotência. Calha a todas.

lesma engraçada
Mais uma pesquisa sobre impotência sexual. Esta MER-DA é um flagelo!

forcado arranca pregos
Aí ‘tá! Homem! Viril! Macho! Até arranca pregos quanto mais pegar touros! É assim mesmo! Olé!

tipo de roupa que as espanholas usam
De Espanha, nem boa venta, nem boa vestimenta. Esquece lá isso.

esposa se bronzea com esperma
Ou isso ou adormeceu ao sol…

os caranguejos sao intuitivos
Tanto que o google vai criar uma nova opção de busca “I’m Feeling Crabby”…

SECÇÃO: Prémio para melhores Pesquisas.
[quero marcar um retorno]
A gravidade com que tal é dito leva-me a crer que falas de um tipo de retorno que todos os mortais almejam. Também quero, porra. Vou, mas volto. Onde é que me inscrevo?

ohohohohohohohohoh ohhhh ohio
Mêri Crissmash!! E um forte abraço para a malta do Ohio, nos EUA! (e não se fala mais no assunto que o espírito natalício não entra aqui).

Assim vai o google. Boa semana, minha gente. Boa semana. 

14.11.12

Desafio IV - Emigrar. Para longe.

imagem: google

Resultado do III Desafio - Último lugar. Sucesso! A minha luta pelo último está a correr bem.
Para o IV Desafio, tínhamos de escrever sobre emigrar para bem longe. Como até nem foi algo sobre o qual escrevi há relativamente pouco tempo aqui no tasco, fiquei tão contente por poder voltar a insistir neste assunto. Aqui fica o texto submetido a avaliação. 

"Mesmo a fervilhar de vida e de gente, vejo as ruas vazias.
Mesmo que o sol brilhe e me aqueça a pele, apenas me faz lembrar que noutro sítio, longe, brilha com mais força e beleza. Que este sol aqui é fraco, diluído, impotente na sua missão de iluminar a mente de quem suplica por luz.
Penso em me ir embora para bem longe. Emigrar. Ir para um sítio demasiado longe que não me deixe na pele a comichão de saber poder voltar a qualquer altura caso as coisas não resultem. Tão longe que esquecerei de onde vim; apenas saberei para onde vou.
Nem a comida tem o sabor de antigamente. Agora, serve apenas o propósito de abastecer o corpo, de o alimentar para cá continuar nesta vida que não vai para lado nenhum.
Talvez deva pegar nesta vida e levá-la para um sítio onde possa ser nutrida e cuidada como deve ser. Onde possa florescer e ser vivida com tudo a que tem direito. Onde a minha mente e os meus pensamentos não a façam sentir-se inútil e gasta, sobrevivida num dia-a-dia vazio de sentido e de valor.
Bem longe, lá do outro lado do mundo, o mais longe que se possa ir. Talvez aí, tão desenraizada das origens e tudo quanto se conhece e se sabe, talvez aí se consiga nascer de novo, como se uma longa viagem de avião fosse o meio para uma segunda hipótese de viver tudo o que ficou em stand-by há tanto tempo atrás. Talvez aí perca a sensação que me assola o estômago, a quase certeza de aqui não poder ficar, de aqui não conseguir continuar, de aqui não merecer estar se tudo o que daqui retiro é a vontade de me ir, a sensação de estar a ser repelida para outro lugar, empurrada e puxada até chegar àquele ponto de ruptura em que as evidências são tão fortes que tudo quanto se pode fazer é, de facto, ir.
E vou. Todos os dias vou para aquele sítio em que sei haver uma vida melhor para mim. Todos os dias faço a viagem, navegando por ruas desconhecidas, por caras estranhas, por sítios inexplorados. As malas há muito que foram feitas, o plano delineado. O avião espera-me. A viagem aguarda-me. Não posso esperar mais pelo que não vem. Vou. Para longe e para me esquecer do que nunca foi."

Ansiosa pelos resultados!  

6.11.12

Desafio III... tentou-se escrever.

imagem: google

Para este mais recente desafio, havia palavras proibidas. As instruções foram: Escrevam uma história sem usar artigos definidos e indefinidos. Os textos não devem conter nenhuma das seguintes palavras: o, a, os, as, um, uma, uns, umas. 
Ora, aqui a Je, esperta que nem aço, pensou logo: Foda-se. 
A razão do Foda-se? Nunca estudei gramática portuguesa na minha vida (voltei para cá demasiado tarde para essas coisas, pelos vistos). Não fosse listagem e lá teria eu de ir ver e aprender a coisa num instante antes de poder escrever texto. 
Ora, após dois brilhantes falhanços, pensei: E se tentar um terceiro? Eu lá sou escritora como aquela malta que vai ganhando os desafios e que são criativos e imaginativos e conseguem responder aos desafios como se nada fosse? Eu, como já me disseram, no meu melhor, terei algo de "cronista". Cronista e besta. Nem vale a pena lutar contra o destino. Siga!
Ora vejam com o que contribuí para a causa.


Há coisas difíceis de fazer. Escrever, por vezes, é. Escrever com limitações é ainda mais difícil. Para quem não se quer ou se vê escritora e que manifestamente não percebe simples instruções para elaboração de textos, desafios deste calibre são pura tortura. Ainda que agora haja melhor entendimento, mantém-se sentimento de espécie de tortura que impede dedos de fluírem livremente sobre teclado atento, sedento por infindáveis “tack-tack-tack” que dão som à artificial inspiração de alma.
Participar é bom, faz crescer e dá que pensar, dizem.
Participar é, de facto, bom, mas, por vezes, crescer e pensar faz acordar partes cerebrais pouco ou nada utilizadas. E custa. Muito.
Mas, há que participar e enviar texto, cumprindo com pedido tão cuidadosamente feito.
E cumpre-se com clara vantagem de, como se vê, não haver tanto espaço para grandes dissertações sobre coisas mal entendidas e compreendidas, poupando esforço adicional por parte de Júri em compreender coisas mal entendidas e expressadas.
Pensando-se melhor, agora que jeito foi apanhado, talvez se fale mais sobre isto e aquilo, torturando-se tal referido jeito até à exaustão, tal como quem se tortura para se aproveitar dele para nada (de jeito) produzir.
Ou não.
Haja coerência. 

Olé!!!! Falhanços 3 - Desafios 0.
Amanhã saberei qual o IV Desafio... Aguardo ansiosamente para ver o que a minha falta de inspiração me vai obrigar a (não) produzir para o tema escolhido.
E pronto. Assim vão os desafios (desculpem-me...).

Desafio II... Escreveu-se.

imagem: google

O II Desafio referia-se à Dicotomia Nascimento/Morte, devendo os participantes fazer uso da imagem acima para maior inspiração. 
E eu, imbuída do espírito criativo, produzi esta obra de arte. 


Vir, ir, voltar.
A cama era dura e desconhecida. Acordou sem saber onde estava. Olhou para o tecto e não reconheceu a cor. Olhou para o lado. Viu uma janela e uma mão que se aproximava da sua cara. Reconheceu a voz que lhe falava baixinho perguntando se estava bem. Tentou sorrir. Olhou um par de olhos que chorava em silêncio enquanto a boca, mais abaixo, mexia. Não percebia os sons. Tentou levantar a mão para aquela boca, para sentir o que lhe dizia. Não conseguiu.
O corpo que em tempos lhe obedecia estava agora envolto numa terrível teimosia de inacção. Recusava-se a obedecer. Estava cansado, farto.
Eu já fui assim, pensou enquanto olhava os olhos que choravam, a boca que mexia e sentia a mão que lhe roçava a pele enrugada e gasta pelo tempo. Respirou fundo.
Já fui assim, pensou, dando continuidade às lembranças que agora lhe enchiam a mente de cores e formas e o peito de dor e desespero.
Tinha voltado a não se conseguir mexer como deve ser, a não perceber o que lhe diziam, a não entender o que lhe faziam. Nessa altura, era jovem, demasiado jovem para perceber como funcionava o mundo. Sabia lá o que se passava. Sabia lá que um dia iria conseguir saltar e pular e correr. Que iria conseguir rir e chorar por exactamente as mesmas razões. Que iria descobrir o amor e a deliciosa dor de amor que é ter um filho. Estava a voltar para o ponto de partida, de novo numa cama e seguida por quem lhe poderia prestar cuidados.
Será que, no fim, se volta ao início?, pensou. Será que se vive numa espécie de círculo que se estende e encolhe até voltar ao sítio onde tudo começa?
Levantou a mão e sorriu para quem lhe beijava a fonte e lhe limpava as lágrimas da cara.
Cheguei ao início, ao sítio de onde vim, de onde parti para ir viver. Voltei ao início para que o fim não seja tão assustador, para que lhe reconheça os contornos, sinta familiaridade nas suas formas. Percebi. Finalmente.
Tocou na boca que mexia, emitindo sons incompreensíveis. Viu preocupação e amor. O seu filho. O que marcou o apogeu da sua vida e cujo crescimento lhe ditou o declínio.
Tudo tem o seu tempo, reconheceu. Respirou fundo. Sossegou.
Vim, fui, voltei e agora, no fim, só me resta

Sim, o texto acaba assim mesmo. Não está incompleto. O/A personagem morre a meio do pensamento. Muito bom, huh? Pois... nem por isso. Ao que parece, a coisa circular da vida, dos túneis e das luzes que brilham passaram-me ao lado. A alta velocidade.
Falhanço número dois no papo!

Nos entretantos, escrevem-se Desafios

imagem: google

E então, lá decidi participar em mais um concurso do Escrita Online.
A coisa até que não começou mal em termos de motivação e entusiasmo. Mas, e muito rapidamente, descambou. Estou, nesta fase, agarrada ao último lugar. Tentem lutar pelo primeiro e vão ver como é difícil; tentem guerrear pelo último (no meu caso, pouco ou nenhum esforço requerido) e vão ver o stress que é.
Aqui ficam os textos já entregues de acordo com cada um dos desafios requeridos.
Boas (HA!) leituras.

Desafio 1 - História de Encantar


Aqui a Je, cantou e não encantou com a seguinte:


Tinham demorado anos a encontrarem-se. Décadas. Meses e semanas e minutos e segundos passados na busca de algo que se sentia ter que existir. Encontraram-se.

Tomarem conhecimento das mais pequenas coisas, no meio das maiores, parecia uma aventura de piratas, com reviravoltas e mapas mal desenhados e praias paradisíacas, desertos intermináveis, noites quentes cheias de estrelas. Era o caminho que valia a pena. O nascer da paixão, do arrebatamento, das manhãs sonhadas em braços entrelaçados, as noites adormecidas ao som de respirações calmas e profundas. Os olhares cúmplices, o sossego de alma, a calma urgente no toque. Encontraram-se e depois disso, todos os dias, encontravam-se um pouco mais. Segredos contados e adivinhados, mágoas choradas ao serem traduzidas em palavras, alegrias gritadas e saltadas, envoltas em abraços fortes que prometiam muito mais de tudo o que pudesse haver.
Depois da deliciosa tempestade, depois da imaculada tormenta que é descobrir o mundo a quatro olhos e duas bocas, veio a desejada calmaria. A confiança cega e tão segura de si própria que não lhes era preciso saber ao certo para saberem o que era certo. Vidas anteriormente divididas tinham renascido para o mundo e este, em troca, tinha-se mostrado sincero e honesto, atirando-lhes com tudo o que houvesse para que o bom fosse realmente maravilhoso e o mau apenas um meio para se fortalecerem e se apegarem ainda mais, garantido assim a utilidade das décadas de busca, presenteando a missão com o mais sublime dos tesouros. Calmaria. Época de paz. De olhos fechados por já saberem o caminho.
Sem que nada o fizesse prever e sem aviso, um dia tudo mudou.
Estava a pentear-se ao espelho quando reparou que só a si se via. Uma cara, carne e osso. Nada mais.
Perguntou-se para onde tinha ido, para onde tinha fugido, para onde se tinha abandonado a ela própria após tanto tempo de enamoramento, após tanto esforço para se descobrir e encontrar. Tinha-se fugido a ela própria. Tinha confiado que se teria sempre ali, segura e salva, quase como de mão dada. No dia que se esqueceu de se encontrar, perdeu-se. Escapou-se.
Ficou só, repleta daquela solidão que só quem se perde a si próprio conhece.
Continuou a procurar, aqui e ali, na esperança de voltar para ela mesma. Mas era inútil. Se já nem ao espelho se reconhecia, como haveria de ser reconhecida por quem se perdeu dela sem olhar para trás? 

E pronto. Armei-me em esperta e... consegui. Falhanço nº1 - Done!

24.10.12

História de Embalar.

imagem: google


Isto não tem andado fácil.
No essencial, tem estado tudo na mesma (tirando o facto de haver pouca coisa que me apeteça, incluindo visitas mais assíduas aqui ao estaminé). E é precisamente esse o problema. Tudo na mesma.
Quer dizer… Não. Não está tudo na mesma.
O que dantes eu achava completamente impossível começa agora a tomar a forma de algo bastante real e, infelizmente, quase inevitável.
Emigrar. É-mí-grar. Só de escrever a palavra fico meio enjoada.
E porque não o quero fazer? Porque já o fiz.
Fui, aos quatro anos, levada deste país para outro pelos meus pais. Um daquelas que fica muito longe. E foi esse país que me fez e criou quase como se fosse uma Mãe adoptiva simpática e benevolente que trata de igual forma todos os seus filhotes, sem olhar a cor de pele, idade ou proveniência. E andámos, os quatro (tenho uma irmã), durante uns belos anos, a chamar “casa” a Portugal e a fazer casa por lá. Nem dum sítio, nem doutro. Sempre ali ao meio.
Voltámos, uns dez anos depois, porque aquela, em verdade, não era a nossa casa. Era de cá que éramos, que sempre fomos. Os primeiros tempos no país deixaram isso bem claro – quatro alminhas, duas delas minúsculas, à aventura num país onde não se falava a língua, não se tinha onde viver, não se tinha trabalho, não se tinha nada a não ser umas garantias de ajuda por parte de instituições sociais. Fomos, vivemos e quando chegou a hora, voltámos. Dissemos adeus à Mãe adoptiva, agradecemos a hospitalidade, pegámos nos certificados de nacionalidade e, de novo com as vidas empacotadas em meia dúzia de malas de viagem, voltámos para a Mãe biológica de braços abertos e cheios de saudades do que era bom. A comida… ahhh, a comida. Nada se compara, vos garanto. De resto? Há pouco mais que possa dizer ser melhor cá do que lá. Mas viemos e o objectivo era ficar. De novo emigrantes mas desta vez, no próprio país. Habituei-me a isso, de não ser de lado nenhum em concreto. A minha identificação cultural, de valores, princípios e, de certa forma, social, mais parece uma manta de retalhos. Vou buscar um pouco daqui, um pouco dali e lá me vou mantendo minimamente integrada onde preciso estar.
Nunca foi, até há pouco tempo, uma opção plausível voltar para a Mãe adoptiva com uma expressão de “mea culpa” na cara. Nunca foi, não era e, de certa forma, continua a não ser. Mas é. E isso deixa-me doente.
Os meus pais voltaram para cá depois de dez anos num país que, ao menos, nunca nos cortou as pernas, na esperança de as filhas (e eles próprios) puderem fazer algo mais no país que os viu nascer e aprender a andar e falar. Na altura, há 30 anos, Portugal não era o melhor dos anfitriões para quem quisesse construir vida e, ainda por cima, tivesse duas crianças pequenas. A pensar em nós, foram e depois de novo a pensar em nós, voltaram. Formamo-nos cá. Começámos a trabalhar cá. Aprendemos as coisas da vida cá. E, durante tudo isto, sentíamos que era por cá que tínhamos de estar, na nossa língua, na nossa terra, com a nossa gente, tradições, cultura, família… tudo o que lá nos diferenciava, cá abraçava-nos. Emigrar? Outra vez? Não. Custa demasiado. Dói. É duro. O lado emocional da coisa, para quem nunca experimentou, é dolorosamente cruel.
Desde que cá estou que sempre ouvi, sempre me perguntaram porque não voltava. E eu sempre respondi que não, quase de mão no coração e de lágrimas nos olhos enquanto imaginava a bandeira portuguesa a flutuar numa gentil brisa e ouvia o hino baixinho nos ouvidos. Sou Portuguesa, pertenço cá, daqui ninguém me tira. Finquei pé até ficar com a leve ideia de que ou era muito mais Portuguesa que o resto dos Portugueses ou, então, havia realmente alguma razão para cá não dever estar. E ainda que essa parte racional da questão sempre tenha prevalecido na famosa contagem de prós e contras (o melhor sistema financeiro do mundo, segurança social, edução, saúde… é o que se quiser), na parte emocional, nada se compara. Nada. Sei bem o que é não se ser do sítio onde se está e tal, acreditem, não é das melhores sensações que se possam ter.
E agora, a pensar nos meus pais que me sustentam, na família que se preocupa, nos amigos que não entendem por que carga de água ainda cá estou quando tenho uma saída tão fácil na mão, começo a pensar de forma muito séria sobre ir-me embora.
Penso em mim e no que têm sido os últimos dois anos e meio. No que perdi, no que perdi de mim mesma por ter levado com tantos nãos, tantas negas, por me terem feito sentir que não sou suficiente e não presto. Penso no dia em que me inscrevi para receber o subsídio de desemprego e no dia em que o mesmo acabou. Penso nas contas e no raspar o tacho para ver se não tinha de pedir ajuda e sobrecarregar mais alguém. Penso em mim e sinto-me empurrada contra uma parede, quase como se testassem esta minha crença em ser Portuguesa e em tudo o que isso significa e representa. Penso em tudo o que vejo no dia-a-dia, nas notícias de mais desemprego, mais falências, mais fome, mais miséria, mais de tudo aquilo que não devia existir sequer. E penso e penso e penso.
E depois penso nos filhos que ainda não tenho. Penso neles e tento imaginá-los cá. Penso neles e no tipo de Mãe que teria de ser para que a vida deles fosse minimamente decente. Penso neles e, de coração a arrebentar, imagino-os a crescerem nos sítios onde eu cresci, a receberem a educação que eu recebi, a terem as experiências que eu tive e percebo que nenhuma das que fazem real diferença, foram cá. Eu cheguei (voltei) cá já feita. E ainda que isso me sossegue, deixa-me absolutamente revoltada sentir que, trinta anos depois, Portugal está em exactamente o mesmo sítio, o que levou a que um casal com vinte e dois e vinte e seis anos com duas filhas deixasse tudo para trás para lhes garantir mais do que a semana seguinte.
Destrói-me por dentro conhecer a dor que foi para os meus pais tomar esta decisão. Corrói-me pensar constantemente nisto. Mata-me pensar que a única maneira de eu me manter Portuguesa é noutro país. Cá não somos nada. Nada. Nem Portugueses. Somos o “povo”. Somos outra coisa qualquer que apenas conta como estatística, como fonte de rendimento para uma classe soberana gulosa e viciada que deixou o vício ir longe de mais. E isso, para quem pertence a um país de alma e coração, não chega. É vergonhoso. É algo impossível de explicar por palavras.
Se me for embora, ao menos terei oportunidade de voltar a adorar o meu país. Talvez, se estiver longe de quem o mata e sangra, possa voltar a vê-lo como dantes via, como a Pátria-Mãe que me deu o nome e a raça que mais nenhuma do mundo poderia dar. Mas, acima de tudo, se me for embora, poderei ensinar aos filhos que um dia espero ter o que realmente é o meu Portugal, sem ter que me referir a quem o destruiu ao ponto de passar a ser apenas uma história de embalar para criança dormir.
Nunca serei capaz de descrever as saudades que tenho do país que nunca cheguei bem a viver. É uma saudade visceral, doentia. Tem sido ela a que me tem mantido cá mas, ironicamente, é provável que seja precisamente ela a que me faz ir embora. De novo. 

25.9.12

Não somos de cá.

imagem: google


Tenho um amigo que sofre de uma doença genética que, apesar dos apesares, também lhe confere um quoficiente de inteligência superior. A relação, existente, ainda não possui explicação científica suficiente que permita determinar, sem dúvidas, a relação entre uma e outra. Mas que já foi provado, já foi.
Dizia ele, num destes dia, que tem dificuldade em se “inserir” no meio no qual está inserido. O meio não puxa por ele. O potencial que possui é como um motor a trabalhar ao relantin para poder acompanhar os outros que tanto se esforçam para se colocarem em marcha. Considerado, por nós, como muito inteligente, e ainda que ele também o saiba, sente-se mal e deslocado, sedento por algo que o desafie e o faça sentir-se “em casa”. Dizia ele que o meio, no caso dele, não ajuda, tal como não ajuda seja quem for que necessite de estímulo para atingir e usufruir de todo o potencial que possui.
Eu, sem doença que me aumente a inteligência e tendo que me safar com a que me calhou, e como costumo dizer, pura e simplesmente não sou de cá. É o meio, sempre o meio, que me deixa num extremo ou outro – deslocada por excesso ou défice. Ou me sinto a mais, ou me sinto a menos. Ou fico pasmada com a incompreensão alheia, ou espantada com a minha própria incompreensão para com o que parece tão fácil e simples aos outros. Frustro-me comigo e com os outros, ajusto posições, medeio opiniões, resguardo pensamentos e resfrio acções. Não sou de cá e já me habituei tanto a ver-me como outsider que, temo, mais tarde ou mais cedo, vou ter que fazer algo para que o meio seja mais confortável. Ou me mudo a mim; ou mudo-me.
Não sou de cá. Não pertenço. Safo-me, mas não pertenço no verdadeiro sentido da palavra.
O amigo de que falei pensa emigrar para sítio onde possa finalmente sentir-se confortável. Ao que parece, Portugal não é para os inteligentes. Eu, teimosa e burra, provavelmente, ainda não cheguei a esse ponto, mas já estive mais longe. E é triste viver-se num sítio em que os sucessivos nãos que se vão levando às tantas apenas nos ajudam a colocar-nos a nós próprios em questão, especialmente depois de o cansaço das batalhas se tornar tão pesado que mal se tem vontade de falar, quanto mais insurgir contra ou a favor de seja o que for. As sucessivas más notícias que se vão recebendo, os constantes cortes de pernas que se vão levando, as inúmeras lâmpadas que se vão apagando ao fundo do metafórico túnel… Tudo cansa e destrói qualquer tipo de esperança ou fé no intangível, numa coisa chamada futuro.
E acho que estamos todos assim. Mais ou menos resignados, mais ou menos adormecidos, demasiado ou de menos inteligentes para fazer o que é preciso, expectantes com algo que apareça e nos salve de nós próprios. Temos vozes que fazem barulho. Mas as mãos e os pés arrastam-se pacificamente, mesmo que em protesto, fugindo da eminente humilhação de se ter que admitir que não há mais por onde construir e criar desculpas para nada. Nem para nós, quanto mais para o eles.  
Não somos de cá. Os portugueses que Portugal tem não são de cá. Parece que fomos transplantados para vir cá destruir isto, aos poucos, de dentro para fora. Não fazemos honra ao país e muito menos a nós próprios. Portugal merecia melhor. O nosso filtro falhou. Deixamos passar para diante quem nunca devia sequer ter entrado à porta. Falhamos ao nosso país. Falhamos o nosso país.
Não somos de cá.  

10.9.12

Calem-se.

imagem: google

Mais valia estarem calados. Calados, caladinhos e de bico fechado. 
Mais valia não andarem com certas conversas e certas insinuações e certas perguntas e frases que começam com insultos e remédios para todos os males, incluindo os que hão-de vir e que fazem sofrer por antecipação. 
Mais valia não proferirem palavra, não mostrarem emoção, não despejarem sentimento para cima do próximo. Mais valia. 
Todos sabemos que ninguém vai fazer seja o que for, ninguém vai mexer palha, ninguém se vai levantar do lugar (quanto mais a voz) para insurgir contra tudo o que se acha mau e injusto e cruel e ruim. Todos sabemos que vamos fazer os possíveis para passar o mais despercebido possível, para não levantar ondas, para não falar mais do que o que se deve. Todos sabemos que faremos exactamente o que é esperado que se faça – nada. 
Mais valia estarem calados. Não encherem os cafés com conversas de ocasião que se atrapalham entre a mais recente subida de impostos e a última vitória da selecção. Não cansarem os colegas de trabalho com contas feitas ao ordenado que, afinal de contas, vai ficar ainda mais pequeno. Mais valia ficarmos todos caladinhos, de bico bem apertadinho, para depois não sofrermos com a certeza de que se as coisas estão assim, foi porque deixámos e se vão ficar pior, é porque vamos deixar que fiquem. 
Mais valia estarem calados. Todos. 
As conversas que deprimem e assustam, que enervam e enraivecem, todas elas misturadas com relatos de férias mal passadas a jantar em casa ou a levar sandoca para a praia, os queixumes do preço dos combustíveis, do IVA, da Segurança Social, dos cabrões que têm motorista, das finanças que roubam tudo e não deixam nada, dos filhos da puta que recebem o rendimento mínimo e não fazem nenhum… Calem-se. Parem com isso. Calem-se. Calem-se! 
Mais vale assim. Se não há intento de acção por detrás das palavras que se cospem e tossem e se arrancam da garganta, mais vale o silêncio. Se os pés e mãos não estão preparados para seguir o que a boca proclama, calemo-nos. 
Caladinhos é que estamos bem. 
Calem-se.  

3.9.12

Viagens – Partes II e III e IV


(o mais comprido post de sempre no OMQ. Aguentem-se.)

Precisava mudar de roupa. Liguei para Mummy Dearest para ver se iria estar em casa. Disse-me que não. Então mudo de roupa na estação de serviço e aproveito para comer qualquer coisa, disse-lhe eu. Então, mas foste a um baptizado e não comeste?, perguntou-me ela. Saí quando foram para o almoço para poder chegar a horas do funeral da tua Madrinha, irmã de Mummy-Mor, minha Avó (que está cá de visita após muitos anos de ausência), mas a quem eu e minha irmã também sempre chamámos de Madrinha, vá-se lá perceber porquê, mas que, de certa forma, sabia bem e elevava o papel dela para um nível muito mais nobre (penso eu de que…), respondi-lhe eu, mais coisa, menos coisa.  Ahhh, respondeu-me ela. ‘Tá bem. Então, vá. Anda.
E lá fui.  
Tendo estado fora de casa durante uns dias, tinha mala com roupa no carro. Parei na estação de serviço que ficava a caminho para trocá-la, à roupa, e aproveitar para comer qualquer coisa, como tinha dito que faria. Entrei no local feita femme fatal amolgada e de pé cagado com mochila às costas e saí de barriga cheia, calça de ganga e sandaleca rasa e limpa, qual versão feminina, e muito mais atrapalhada na mudança de vestimenta, do Super Homem.
Ainda cheguei a tempo de ir à Igreja, beijar a minha Avó e Mãe e família da Madrinha.
Sendo o primeiro funeral de alguém chegado a que ia, estava algo apreensiva com a minha reacção a tudo aquilo (os comichões ainda não tinham começado mas temia que o alívio das calças de ganga levassem a pele a pensar que estava livre… o que não estava, apesar da falta de creme se sentir cada vez mais…). Andei com a devida calma e sem dores nos pés, tentando absorver ao máximo o que me parecia mais importante em todo aquele evento. O padre que falava para esta comitiva tinha ar mais trabalhador que o anterior. As vestes eram mais pobrezinhas, não tão vistosas e pesadas. Mas não havia leveza nas suas palavras. Era um mestre de cerimónia, puro e simples, de discurso estudado e decorado, com timings e ritmos bem definidos. E tinha agenda a cumprir.
Falava-se de mais uma viagem, de um abandono e, em simultâneo, de mais uma entrada no tal reino (talvez para zona VIP?). Mas, desta feita, parecia-me que o discurso não era dos mais convidativos e que Deus, em vez do Director de Recursos Humanos a quem se fez prova de aptidão na parte da manhã, era referido mais como sendo Mordomo uma espécie de centro de acolhimento de fim da linha. A diferença de tom foi violentamente entristecedora; a diferença de manifestação de fé, tristemente violenta. Disse o Sr. Padre quando terminou a Missa: Convido-vos a acompanharem a Madrinha até ao Cemitério, oferecendo em troca o sacrifício do calor que se faz sentir. Pareceu-me, de alguma forma, incomodado com tudo se estar a passar naquele dia, com aquele calor, àquela hora. Para Padre, deve ter os fins-de-semana bem planeados e não deve gostar de surpresas, mesmo que seja Deus himself a chamar até si mais um elemento do rebanho.
Fui para o cemitério, onde Mummy Dearest me pôs a par dos acontecimentos das últimas 24 horas desde que tínhamos sabido do falecimento da Madrinha. Lembrou-se que eu nunca tinha ido a funeral de alguém da família (ao do meu avô, há dois anos, não pôde ir. Não é fácil apanhar um avião para o outro lado do mundo e chegar a tempo da cerimónia. De resto, tenho tido sorte… e a malta bons genes…). Eu anuí. Não me largou mais. Andava entre mim e a minha Avó mas esta, como pertence a quem tem outra idade e mentalidade, estava muito melhor preparada para os acontecimentos do que eu.
Eu só queria mandar aquela gente toda à merda. Estava estupefacta com aquilo e a minha cara de parva, a minha impaciência, a minha incredulidade, mostrava-o bem.
Ele era beijos e abraços entre gente que já não se via há anos (sempre com o lamento de ser “nestas circunstâncias” em pano de fundo). Ele era velhotes e velhotas a compararem idades e anos de nascimento e falando de sei lá quem (“que Deus tem”) como se tudo aquilo fosse uma grande e enorme fanfarra, um encontro de amigos, um bailarico sem música, um convívio sobe 32 graus de calor e sem as minis para refrescar.
É sempre assim?, perguntei.
Sim, é., respondeu Mummy Dearest.  
Mas isto é uma falta de respeito!, proclamava eu, indignada enquanto olhava para o caixão e ouvia as conversas do lado.
Há pessoas que só se vêem nestas alturas, explicou.
E isso não deveria servir para que se começassem a ver noutras?, perguntei.
Não houve resposta. Apenas um sacudir de ombros e olhar ternurento.
Estava fula. Zangada. Uma pessoa a ser levada para a terra, coberta dela, e outras a recordarem os bons velhos tempos e a fazerem contas às idades uns dos outros.
Lembrei-me de dois funerais a que fui quando muito nova. Foram ambos de gente muito jovem. Acidentes. O ambiente não era aquele. Havia pesar. Havia dor. Havia silêncio. Havia mãos e braços dados. Corpos amparados e abraçados. Havia respeito por o que tinha havido e pelo que nunca mais poderia haver.
Aqui? Nem uma coisa, nem outra. Apenas a família mais imediata estava lá de corpo e alma enquanto os restantes faziam a sua presença notar-se cumprimentando tudo e todos sem a mais pequena consideração pelo motivo que ali as levara (pareceu-me).
(As rogas e rezas e orações da manhã… as que pavimentaram o caminho para que pequeno ser humano fosse simbolicamente aceite em algo supostamente muito maior do que tudo o que algum dia compreenderá, segundo dizem, pareciam fracas frases feitas de vendedor de banha de cobra. Roga-se “olhai por nós”, reza-se “santificado seja vosso nome”, apela-se à bondade dos santos e santas e renuncia-se a satanás. E depois, um dia, quando se roga que uma vida seja salva por mais uns momentos, que seja prolongada por mais uns tempos, que dure mais um bocadinho que seja, a única resposta que se ouve é “estava na sua hora”. Não compreendo tais lógicas, tais formas de pensamento, tais crenças em algo que, espremido e puxado ao limite, não faz o que se pede (e se roga, se ora, se reza, se suplica, se pede de joelhos) que se faça, mesmo depois de se ter cumprido com tudo o que é necessário fazer para se ter direito a tais pedidos. Chega a nossa hora e pronto. Nada mais a dizer. Contrato expirado. Venha outra alma, outro filho ou filha, para ocupar o lugar vazio deixado por quem entrou num reino e se viu, uns anos mais tarde, a ser levado para a cave do mesmo sem direito a coffee break pelo caminho).
Desliguei os ouvidos e olhei a campa tal como tinha feito quando baixaram o caixão e eu, de frente para o mesmo, conseguia ver perfeitamente quem lá estava dentro. Agradeci à memória que tenho da Madrinha, agradeci e senti-me grata por a ter conhecido, enviei-lhe um enorme beijo, abracei-a e despedi-me. E não teria sido preciso padre e discursos e flores para o fazer. Aliás, tendo por base o que se estaria a passar à minha volta naqueles momentos, duvido que essas coisas sequer interessassem. Estava feito, a hora chegou, apareceu gente para ver e pronto. Fim.
Fui ao meu primeiro “verdadeiro” funeral numa tarde que seguiu uma manhã leve e bela, onde uma criança foi baptizada e aceite como Filha de Deus para tomar o lugar de outra Filha de Deus que perdera lugar aqui, mas ganhara ingresso directo no Além.
O contraste entre os dois, mesmo com episódio de mudança de vestimenta pelo caminho tipo interlúdio a meio do espectáculo, deixou-me perplexa e meio ressentida com uma data de coisas que há muito aprendi a resvalar para a tal dita couraça da minha indiferença. Mas fez-me diferença. E acho que sempre fará.

Saímos do cemitério ainda a campa não estava devidamente tapada e posta como deve ser. Acompanhei a minha Mummy e sua Mummy até casa. A vida teria o início da sua continuação logo ali. Banhos tomados (ambas passaram a noite a velar o corpo e não pregaram olho) e energias repostas, a vida tinha de continuar. Lá mudei de roupa mais uma vez. Calções e chinelos. Estava calor. Besuntei-me de novo com creme. Estava nova.
Fomos ver da bicharada, ver se tinham água e comida. Recolher os ovos. Ver as crias mais recentes. E enquanto eu andava de capoeira em capoeira a chamar Assadinho a um pato, Fricassé a uma galinha e Grelhadinha a outra, pensei, mais uma vez, no contraste que era estarmos ali, eu de regueifa refrescada e pézinho ao léu, a ajudar a que se criem bichos que, depois de mortos, nos ajudarão a manter-nos vivos por mais uns tempos. Tudo é vida e morte, bem sei, mas vir de um funeral de quem perdeu tal batalha e enfiar-me num sítio onde, logo à partida, a batalha também estaria perdida, pareceu-me no mínimo, irónico e meio parvo, até.
Mas vá… a vida continua e para que tal aconteça, a malta precisa de comer.
Voltamos para casa para tratar da janta. Peguei numa faca para descascar cebolas e reparei que a mesma estava tão bem afiada que quase ia cortando a cebola ao meio sem querer.
É justo que assim seja, pensei eu. Com tudo o que há para fazer, deve haver muito pouca paciência para coisas que não funcionem bem e como deve ser.
Lá estávamos nós, as três, a tratar da janta e a falar de nada em particular, mas com uma espécie de pressa difícil de decifrar. Ao meu lado, estava a minha Mãe a arranjar a galinha. Vi-a, pelo canto do olho, a atirar um pedaço de carne para dentro de um alguidar mas a falhar, fazendo com que o mesmo aterrasse dentro do lava-louça. Respeita a comida, disse-lhe eu, toda imbuída do espírito de gratidão que deveremos ter para com bichinhos que sacrificam as vidas para nós enchermos o papo. Olhei-a e vi que tinha um facalhão enorme, maior que o braço dela, na mão e que estava, de cada vez que deixava cair o mesmo sobre a carcaça da bichana, a cortá-la em pequenos pedaços para guisar. Ri-me. Respeito é uma coisa, eficácia e eficiência são outras. Cortei a cebola e ela a galinha, ambas com facas demasiado produtivas para o requerido mas, de certa forma, perfeitamente adequadas à falta de paciência para certas sensibilidades.
Comemos, e, mais tarde, quando fui para lavar a louça, cortei o dedo na tal faca demasiado afiada. Justiça poética, pensei. E dei por terminado esse dia, ainda com a regueifa a arder e com dedo a pulsar.

Existe a forte possibilidade de não mais ver a minha Avó depois de ela voltar para o outro lado do mundo. Existe a forte possibilidade, tal como no caso do meu Avô, de não conseguir estar presente quando chegar o dia dela. Em ambos os casos, custa-me mais pela minha Mãe, saber que ela, muito provavelmente, não voltará a ver a sua Mummy Dearest e que, em relação ao Pai, apenas visita a cemitério onde ele jaz poderá valer como tal.
Sei que nunca baptizarei nenhum filho ou filha meu, caso os venha a ter. Prefiro que suas almas fiquem entregues a eles próprios, sem lobbies daqui ou de ali que lhes atormente as decisões e lhes assombre os pensamentos.
Sei que, a não ser que expressem vontade em contrário, nunca deixarei entregue a nenhum Padre, dentro de nenhuma igreja, a tal viagem que os meus pais um dia terão de fazer para onde quer que seja que cada um deles acredite que vá. E sei que nunca obrigarei nenhum filho ou filha minha a despedirem-se de mim dessa forma, com frases feitas e citadas em galope, como se eu fosse apenas mais uma das criaturas de um enorme rebanho que mudou de pasto, indo desta para melhor, numa enorme torrente de viajantes que ora estão cá, ora não estão.
Talvez a vida de campo, como se diz por aí, para além de obrigar a facas mais afiadas, também obrigue a que haja uma visão bastante diferente do que realmente significa andar-se por cá e ir-se para lá. Talvez, ao deliciar-me com os patinhos bebé ou com os coelhos que ainda nem abriram os olhos e que são tão lindos e brincalhões ao mês de idade, saiba que os tais mimos que lhes dou, indo buscar erva verde e limpando-lhes a casa, são, na verdade, o meu agradecimento por saber que um dia, estarei a deliciar-me com eles de outra forma. Talvez os velhotes e velhotas preocupadas com a idade e com os anos de nascimento estivessem apenas a fazer contas à vida, como se tudo isto fosse uma espécie de lote de apostas e de probabilidades mais ou menos certeiras, cuja estatística necessita de constante actualização.
Talvez, enquanto penso que nunca vi ninguém por estas bandas com escaldões no rabo, andemos todos em busca de algo que talvez nem saberemos de onde venha mas que sabemos, ao certo, para onde vai. E talvez seja esta certeza que, por vezes, faça com que nos esqueçamos que o entretanto não é eterno, não dura para sempre e que há-de chegar o dia em que se terá de ir a um funeral que nos coloca no devido sítio, cara-a-cara com a nossa própria mortalidade e, para mim, acima de tudo, com a mortalidade dos outros cuja ausência seria, para nós, como se parte de nós também ficasse enterrado por baixo da tal terra movida pela pá eficiente do coveiro.
Há uns anos, ouvi dizer algo bizarro a senhora que, pelos vistos, sabia muito bem o que dizia. Disse ela para o Marido: Que vás tu primeiro que eu! Ele, meio surpreendido, fez cara de chocado e perguntou porquê. Respondeu-lhe ela que era por ela saber muito bem tomar conta dele e que sabia muito bem que ele, sozinho, não seria nada sem ela, que não seria capaz de superar a ausência dela e que ela não queria que ele sofresse dessa forma quando ela se fosse. Ele remoeu a questão e, encostando-se a ela, concordou. Ela, de lágrimas nos olhos, afagou-lhe a mão e sorriu.
Parece-me que tiveram, aqueles dois, um excelente “entretanto”.
E tudo isto porque passei três dias na praia, a entreter o meu entretanto, queimei a regueifa, fui a um baptizado e a um funeral antes de comer o que a Mummy Dearest criou, desde nascença, para nos alegrar os dias que vamos ignorando apenas representarem menos um que temos para cá andar, durante visita prolongada de minha Avó cujo luto pelo meu Avô se manifesta nas roupas pretas que ainda usa (e há-de usar).
Tudo isto porque me apercebi que, apesar dos apesares, prefiro que seja eu a ir antes de certos outros e outras irem (muito lá para a frente… daqui a muitos e bons anos…). Ficar sozinha no entretanto que deixarem não me agrada nada.
E pronto. Era só isto. 

28.8.12

Viagens – Parte I

imagem: google


Fui para a praia. Três dias. Só fui à água no último dos três (não acredito em me castigar com águas gélidas só porque sim). Foi também nesse dia que apanhei escaldão na regueifa por me ter distraído com livro que já não pegava há dois anos (mais coisa menos coisa). Praia é praia. Escaldão é escaldão. Mas o livro até que é bom.
Fui a um baptizado. As calças que ia levar, ao experimentá-las dois dias antes do evento (ao segundo dia de praia, portanto), não me serviam da mesma forma que me serviam da última vez que as vesti (dois anos meio, mais coisa, menos coisa). Fui ao baptizado apertada e devidamente moldada numas calças de seda preta que, apesar dos apesares, foram de extremo alívio para nalguedo vermelho e sensível a tudo quanto fosse roupa ou toque.
No baptizado, a que fui com nalgas a ferver e calças moldadoras (granda Massimo Dutti, passe a publicidade, que em tempos era estaminé que frequentava assiduamente – nos saldos – antes de o Universo me ter renegado a aproveitar a prata da casa, sirva ela da melhor forma ou não), consegui o enorme feito de pisar a única bosta de cão num raio de quinhentos metros, tendo cagado, literalmente, a sola da bela sandaloca (fechadas e bicudas à frente que isto de andar com o dedinhos dos pés ao léu é só para quem lhes pinta as unhacas), também elas Massimo Dutti e compradas no mesmo dia das calças (ver parêntesis acima), de uma cor de creme leve (cor de burro quando foge), sem sequer perceber como o fiz. Apercebi-me quando tentei aliviar os pés das dores provocadas pelos saltos colocando a planta do pé em cima de passeio mais baixo e deixando salto pregado no chão mais abaixo (excelente técnica). Depois de absorver a imensidão de tal novidade, lá andei a raspar com belas solas (“true leather”) contra relva e outros passeios até me libertar de substância malvada, espremida e empurrada com zelo do cu de um qualquer Bobby passeado aos fins-de-semana e obrigado a cagar à pressa enquanto dono, impaciente, o chama e tenta disfarçar a vergonha que é ter canídeo defecador a defecar em espaços públicos.
E o creme? Os litros que me tenho visto obrigada a espalhar languidamente (na medida do possível e gosto eu de pensar tendo por base as caretas que faço…) pela regueifa de modo a evitar que as primeiras camadas de pele sequem e se soltem num infinito festival de comichão apenas passível de ser sossegado enfiando mãos calças abaixo para aliviar tais solturas? Sofre-se muito por um bom livro “New York Times Best Seller – 2009”. As Dezenas Sombras de Grey (ou sejam lá quantas forem) que se lixem. Eu e os meus cinco ou seis tons de vermelho fazemos melhor figura (mesmo que regueifa não seja das mais magras e esculpidas possível, isso apenas faz com que me orgulhe de pertencer a um grupo de gente que, quais anjos inspiradores, conseguem motivar a que se escreva sobre elas – as regueifas não escanzeladas e respectivas donas – com tanta paixão e afinco… Haja inspiração, venha ela de onde vier, mesmo que seja dos pequenos demónios interiores que, literalmente, vão consumindo certas pessoas de dentro para fora…).
Depois das fotografias da praxe, lá se foi para a cerimónia em si. Mãe da pequena a ser proposta para o Reino de Deus enganou-se na porta da igreja e lá andámos rua acima, rua abaixo, à procura da bem-dita entrada (qual porthole para outra dimensão) onde ansioso Padre aguardava comitiva ambulante. Lá andei, de pé bem calçado e cagado, calçada acima e calçada abaixo, ansiosa (também eu) por chegar a destino que me permitisse aliviar dores dos pés, mesmo que corresse o risco de arrebentar com calças amolgadoras (nesta altura, já o tinham passado a ser) no processo. Chegou-se, sentou-se e, logo de seguida, levantou-se porque, ao que parece, a entrada no Reino de Deus faz-se de pé, estando o mesmo cagado ou não.
Sofre-se muito nisto de acompanhar as viagens dos outros para aqui e para ali (ou além…). Eu, que supostamente dei entrada no tal Reino aos sete anos (a minha proposta de sócia demorou a ser analisada), não me ofereci como guia sequer. As dores que tinha nos pés, para não falar na regueifa amolgada que latejava a cada passo dado, impediram-me de tal acção voluntariosa, com muita pena minha, claro está. Isso e o facto de há muito ter pedido asilo político e espiritual a outro tipo de Reino menos castigador e com melhor sentido de olfacto. Mas isso, por ora, não interessa nada.
E lá se untou isto e aquilo, acendeu-se e apagou-se uma vela (a cerimónia da tocha olímpica passou-me pela mente…). Sentou-se e levantou-se toda a comitiva uma meia-dúzia de vezes, orou-se e rezou-se, molhou-se testa de pequena estagiária (tendo tal acto provocado a inveja de todos dado o calor que se fazia sentir), rogou-se ao tal Deus feito Director de Recursos Humanos por uma manhã e sofreu-se. Muito. De pé devido às sandálias (lindas) torturadoras de pés e sentada, devido a regueifa ávida de cremes e mais cremes mas devidamente acondicionada em calça de seda (da boa e muito bem cosida, diga-se de passagem).
Acabada e terminada a viagem da pequena para o tal Deus feito Director de Recursos Humanos por uma manhã, comitiva desfez-se e todos seguiram para almoço. Eu, com fome mas contente por ter participado em tais andanças, não podia acompanhar mais as festividades. Tinha outro assunto a tratar, outro sítio onde estar.
O funeral começava as três da tarde, mas eu, se acelerasse um pouco para fazer os sessenta quilómetros que me separavam de me ir juntar a outra comitiva para outra viagem, conseguia chegar com meia hora de atraso e ainda apanhar a malta na igreja (outra, com uma só entrada de modo a não baralhar as pessoas e viajantes). E lá fui, perplexa com a ironia da ordem dos eventos do dia, mas ciente de que em ambos, a minha presença fazia um certo sentido (nem que fosse para testar a minha capacidade de sofrimento e resiliência perante os obstáculos que o Universo me ia atirando para debaixo dos pés…).

(continua) 

21.8.12

Não se faz questão.

imagem: google


Enviei CV a candidatar-me a um trabalho. A empresa é Alemã. O trabalho era no Porto.
Obtive esta resposta:
First of all, we would like to thank you for your interest in our company and your application.
After careful examination of your application, we regret to inform you that we cannot take your application into further consideration. Please notice that we receive a great many great applications and therefore decisions are often based on minor differences. Please be assured therefore, that we do not question your qualifications or you as a person.

Thank you again for your application and we wish you all the best in your future career. …”


“… we do not question your qualifications or you as a person.
Primeiro que tudo, responderam (mesmo sendo resposta igual para todos, tinha lá o meu nome e deram-se ao trabalho de enviar uma resposta. Para quem já não espera resposta sequer…) e depois, como se isso não bastasse, ainda me asseguram que não colocam em questão as minhas qualificações e que também não me colocam em questão enquanto pessoa.
Pe-ssoa. Pessoa. Pe-ssô-a. Pessoa. Pessoa.
Após tanto tempo, após tantos nãos, após tanta falta de resposta, após tantas oportunidades perdidas, após tantos currículos enviados para o que parece ser um enorme vazio, dizerem isto quase que nos atira para um pranto sem fim. Esquecemo-nos que somos, de facto, Pessoas. Eu e centenas de milhares de outras Pessoas, não vivemos como tal. Somos números, e-mails. Somos cartas de apresentação em que esmiframos as qualificações e a experiência na esperança de que outra Pessoa nos veja no meio das linhas de texto e datas e médias e afins. Somos tudo e mais alguma coisa menos Pessoas. Como não trabalhamos, parece que perdemos o direito a tal “rótulo”. Passamos a ser um número de senha num qualquer centro de emprego, uma password para login num qualquer site de emprego… Passamos a ser um perfil, qual versão 3D e mal amanhada do LinkedIn.
Pessoa.
Deram-se ao trabalho de me tratar como tal e eu estranhei.
E isso, para mim, é possivelmente a pior coisa que me podiam ter feito numa altura em que as Pessoas, as verdadeiras Pessoas, estão de férias dos trabalhos que ainda têm, refilam das chefias que ainda aturam, e contam os tostões que ainda vão recebendo. As verdadeiras Pessoas tiram fotos na praia, fazem contagens decrescentes dos dias que faltam para as férias, chateiam-se por causa de subsídios a menos e trabalho a mais, por causa do preço da alface, dos combustíveis, dos bifes e dos preços dos restaurantes. Essas sim, as Pessoas, têm uma vida preenchida e cheia de temas de conversa quando vão tomar café com as Pessoas delas.
Eu, que passo a maior parte do meu tempo a tentar encontrar razões para não ficar em casa durante todo o dia a dar formas novas às almofadas do sofá, sinto-me roubada de algo que há muito, pelos vistos, perdi, mas não o sabia.
Foi a pior coisa que me podiam ter feito.
Preferia continuar na ilusão de ser apenas mais um CV, mais um aglomerado de anos de estudo e de trabalho, uma carreira cortada ao meio, uma vida em stand-by até aparecer algo que me empurre de novo em direcção a ela. Preferia continuar a pensar que nem resposta mereço, que nem sequer abrem o meu currículo, que nem sequer reparam no que passei a vida a fazer até de repente, ter ficado sem o que fazer.
Preferia continuar no doce esquecimento de que, em tempos, também fui Pessoa daquelas a sério, que têm recibo de vencimento para o provar junto do banco e tudo, que têm as chatices do trânsito, das horas de almoço e das idas à rua para fumar um cigarrinho.
Foi a pior coisa que me podiam ter feito.
É que agora não me posso esquecer mais disto e isso vai fazer com que não permita que outras Pessoas o esqueçam e isso só lhes vai complicar a vida.
Pessoa. Sou uma Pessoa. E esta, hein?

3.8.12

Pesquisinhas Deprimentes – A Rubrica Interminável.

imagem: google
(El Rei Dom Afonso Henriques a comunicar com as tropas da linha da frente da famosa batalha de Alverca) 


Vamos lá então rever o que se tem passado nos bastidores ao longo dos últimos meses…

Secção: Oráculo Google – Tudo adivinha, tudo sabe e tudo diz.
bom dia coiti mamae esta falando contigo onde estas
Bom dia! ‘Tá ali na casa de banho. É só um cadito que já vem!

melhor opção de depilação má circulação
A melhor opção? Uma mini-rebarbadora que acabe com os pelos enquanto massaja a pele e ajuda a activar a circulação. Experimenta e vais ver que nunca te sentiste tão bem.

filmes porno de toda a especie, animal, homem, mulher, etc.
Só te faltou “vegetal”… preguiçoso.

posições amorosas com imagens
É óbvio que o google te mandou para aqui… “Posições amorosas” equivale exactamente a outra merda qualquer que poderias ter escrito mas não escreveste porque estavas com vergonha de pesquisar “rabo empinado com ursinho peluche a espreitar por entre as bordas do cu”. Óbvio.

em que país os homens se cumprimentam com um beijo na boca
Mais uma faena inteligente do google. O que tu querias era ver homens a pinar. Vieste aqui parar. Bem feita.

Fotos de homens que se vestem de preto e lindos
Fosse o google da minha terra e receberias fotos de touros bravos todos assanhados e com olhar sedutor para o toureiro…

gajos bons sem boxers
Sem boxers? Já não os queres vestidos de preto? Hmmm… E se usarem tangas ou trusses?

gajos bons com a pila a mostra
Ahhhh! Muito melhor! Assim chegas lá! Qual vestidos de preto ou sem boxers! Mai’nada!

quando vai haver touradas?
Todos os santos dias, pelos vistos. Todos os dias. Mas se quiseres ver uma corrida de touros, vai ao Campo Pequeno e pergunta quando chegam os touros e os cavalinhos para brincarem à apanhada e jogarem bowling com os forcados. Vais gostar.
  
Secção – O que é isto dos Jogos Olímpicos?
tipos de medalhas
Existem vários tipos de medalha, de vários tamanhos e correspondentes a diferentes tipo de mérito em actividades que tal coisa mereça: há as de comida, orgulhosamente trazidas ao peito ou no colo por gente que se baba e tem pouca capacidade de reter sólidos e líquidos e há as de merda, trazidas mais discretamente na dita cueca ou boxer, por gente com iguais incapacidades. As outras? Mariquices.
  
Secção – Desconheço o meu próprio valor.
borbotos na pila desde criança
Esquece isso. Tantos dildos com relevos e afins. Já os tens incorporados? Vantagem competitiva. Usa-a.
  
Secção – Os animais são nossos amigos
coelho e urso a cagar no monte
Isso não é uma anedota? Aquela em que o urso vai cagar e depois medalha o coelhinho?

vale a pena viver mesmo que seja enterrado em merda até ao pescoço
Isso não foi o que disse o coelho quando percebeu que o urso não o iria comer?
  
Secção – OMQ Poliglota
мультяшный бык
Ai querias imagem de touro em cartoon? E és da Rússia? Оле, дерьмо!
(tentei traduzir “caralho” para russo e o resultado foi “para foder”. Google rules, ебать!)

"vas mal a la tête?"
Non, je ne vas mal à la tête. E toi? Tu vas mal a la tête? Tomê une comprimidô quice passá.
  
Secção – Tirei Urbanismo mas, na verdade, sou é tarado
placas sinaleticas foto eróticas
Isso é que é uma grande ideia! Imagina como seriam as nossas ruas se as placas tivessem fotos eróticas a indicar caminhos e proibições de circular e afins! Ui!
  
Secção – História de Portugal para Totós
ditado "queres ver um morcao da lhe wireless para a mao”
Ditado muito antigo criado pelo Rei Dom Afonso Henriques (século XII) como medida de segurança contra-terrorista para os jogos do Benfica-Porto no Estádio da Luz. Consta que mandou fazer milhares de modems e routers wireless e que os montou, tipo barricada, ali para os lados de Alverca. Ao ligar os aparelhos todos ao mesmo tempo, criava-se uma barreira invisível mas passível de ser sentida pelos infiéis devido a estrutura genética mais frágil. Assim, cada viajante levava com antena apontada para a zona das virilhas e quem se queixasse de dor era de imediato recambiado para os calabouços da Bobadela. Quem sorrisse e gostasse da sensação, mostrando evidentes evidências físicas em como captava o sinal wireless seria Alfacinha, podendo assim seguir viagem para assistir aos jogos.
Por motivos relacionados com uma terrível baixa da natalidade nas épocas 1135/36, 1136/37 e 1137/38 (em que o Benfica se sagrou Campeão Nacional com mais de cem pontos de vantagem sobre o segundo classificado, o Ouriquense, cansado e com muitas baixas na equipa devido às batalhas contra os Mouros no baixo Alentejo), El Rei decidiu alterar o procedimento e em vez de apontar as antenas para as virilhas (o que, aliás, a Declaração Universal dos Direitos Humanos veio a proibir a partir de 1139), passou a apontá-las para as mãos de quem quisesse entrar na área Metropolitana de Lisboa.
Foi assim que nasceram El Portagens d’Alverca e as estações de serviço de trinta em trinta quilómetros como tentativa de ir aguentando os infiéis o mais a norte possível (os aparelhos tinham um alcance muito maior naquela altura).
E assim se criou o belo ditado, ainda hoje em uso - queres ver um morcao da lhe wireless para a mao.
  
Secção - Interlúdio
mas há mais
Oh se há! Muito mais! Mas eu tenho de escolher as melhores porque as pesquisas com cavalos e póneis e galinhas e afins já começam a cansar (e não no bom sentido…).
  
Secção – A revista Maria não me respondeu.
trava caralho
Coisas que travem caralhos? Hmmm… há os pontapés… os murros… os aparelhos wireless…

clitoris esquisitos
Esquisitos como? Em vez de estarem atrás da orelha, estarem na testa? No sovaco? Terem borbotos? Tens de explicar melhor. Manda foto.

bate punheta todo dia cresce a pila
Sim, sim. Perfeitamente. É isso e a cena de as mulheres terem o clítoris na garganta… esquisito, né?

como lidar com um pessoa intolerante obtusa teimosa
E POR QUE CARGA DE ÁGUA VEIO ISTO PARAR AQUI?!?! Teimosa?! Intolerante?!?! Obtusa?!?! Euuuuu?! Vai-ta fuck! Vou-te sacar o ip e proibir-te de aqui vires!
  
Secção – Ainda vou a tempo?
Beija-me a boca, passa a língua no pescoço
O Concurso Quero um Engate só para Me já acabou. Temos pena. Viesses mais cedo.

Secção – Fui a uma oficina e vi uma coisa muita fixe
Calendário semanal latex
Esticadinho e dava para teres calendário anual…

Secção - Final
me-do! muito medo
Podes crer. Me-smo!


E assim vai o mundo. Оле!