E então, lá decidi participar em mais um concurso do Escrita Online.
A coisa até que não começou mal em termos de motivação e entusiasmo. Mas, e muito rapidamente, descambou. Estou, nesta fase, agarrada ao último lugar. Tentem lutar pelo primeiro e vão ver como é difícil; tentem guerrear pelo último (no meu caso, pouco ou nenhum esforço requerido) e vão ver o stress que é.
Aqui ficam os textos já entregues de acordo com cada um dos desafios requeridos.
Boas (HA!) leituras.
Desafio 1 - História de Encantar
Aqui a Je, cantou e não encantou com a seguinte:
Tinham demorado anos a encontrarem-se. Décadas. Meses e semanas e minutos e segundos passados na busca de algo que se sentia ter que existir. Encontraram-se.
Tomarem conhecimento das mais pequenas coisas, no meio
das maiores, parecia uma aventura de piratas, com reviravoltas e mapas mal
desenhados e praias paradisíacas, desertos intermináveis, noites quentes cheias
de estrelas. Era o caminho que valia a pena. O nascer da paixão, do
arrebatamento, das manhãs sonhadas em braços entrelaçados, as noites adormecidas
ao som de respirações calmas e profundas. Os olhares cúmplices, o sossego de
alma, a calma urgente no toque. Encontraram-se e depois disso, todos os dias,
encontravam-se um pouco mais. Segredos contados e adivinhados, mágoas choradas
ao serem traduzidas em palavras, alegrias gritadas e saltadas, envoltas em
abraços fortes que prometiam muito mais de tudo o que pudesse haver.
Depois da deliciosa tempestade, depois da imaculada
tormenta que é descobrir o mundo a quatro olhos e duas bocas, veio a desejada
calmaria. A confiança cega e tão segura de si própria que não lhes era preciso
saber ao certo para saberem o que era certo. Vidas anteriormente divididas
tinham renascido para o mundo e este, em troca, tinha-se mostrado sincero e
honesto, atirando-lhes com tudo o que houvesse para que o bom fosse realmente
maravilhoso e o mau apenas um meio para se fortalecerem e se apegarem ainda
mais, garantido assim a utilidade das décadas de busca, presenteando a missão
com o mais sublime dos tesouros. Calmaria. Época de paz. De olhos fechados por
já saberem o caminho.
Sem que nada o fizesse prever e sem aviso, um dia tudo
mudou.
Estava a pentear-se ao espelho quando reparou que só a si
se via. Uma cara, carne e osso. Nada mais.
Perguntou-se para onde tinha ido, para onde tinha fugido,
para onde se tinha abandonado a ela própria após tanto tempo de enamoramento,
após tanto esforço para se descobrir e encontrar. Tinha-se fugido a ela
própria. Tinha confiado que se teria sempre ali, segura e salva, quase como de
mão dada. No dia que se esqueceu de se encontrar, perdeu-se. Escapou-se.
Ficou só, repleta daquela solidão que só quem se perde a
si próprio conhece.
Continuou a procurar, aqui e ali, na esperança de voltar
para ela mesma. Mas era inútil. Se já nem ao espelho se reconhecia, como
haveria de ser reconhecida por quem se perdeu dela sem olhar para trás?
E pronto. Armei-me em esperta e... consegui. Falhanço nº1 - Done!
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