6.11.12

Nos entretantos, escrevem-se Desafios

imagem: google

E então, lá decidi participar em mais um concurso do Escrita Online.
A coisa até que não começou mal em termos de motivação e entusiasmo. Mas, e muito rapidamente, descambou. Estou, nesta fase, agarrada ao último lugar. Tentem lutar pelo primeiro e vão ver como é difícil; tentem guerrear pelo último (no meu caso, pouco ou nenhum esforço requerido) e vão ver o stress que é.
Aqui ficam os textos já entregues de acordo com cada um dos desafios requeridos.
Boas (HA!) leituras.

Desafio 1 - História de Encantar


Aqui a Je, cantou e não encantou com a seguinte:


Tinham demorado anos a encontrarem-se. Décadas. Meses e semanas e minutos e segundos passados na busca de algo que se sentia ter que existir. Encontraram-se.

Tomarem conhecimento das mais pequenas coisas, no meio das maiores, parecia uma aventura de piratas, com reviravoltas e mapas mal desenhados e praias paradisíacas, desertos intermináveis, noites quentes cheias de estrelas. Era o caminho que valia a pena. O nascer da paixão, do arrebatamento, das manhãs sonhadas em braços entrelaçados, as noites adormecidas ao som de respirações calmas e profundas. Os olhares cúmplices, o sossego de alma, a calma urgente no toque. Encontraram-se e depois disso, todos os dias, encontravam-se um pouco mais. Segredos contados e adivinhados, mágoas choradas ao serem traduzidas em palavras, alegrias gritadas e saltadas, envoltas em abraços fortes que prometiam muito mais de tudo o que pudesse haver.
Depois da deliciosa tempestade, depois da imaculada tormenta que é descobrir o mundo a quatro olhos e duas bocas, veio a desejada calmaria. A confiança cega e tão segura de si própria que não lhes era preciso saber ao certo para saberem o que era certo. Vidas anteriormente divididas tinham renascido para o mundo e este, em troca, tinha-se mostrado sincero e honesto, atirando-lhes com tudo o que houvesse para que o bom fosse realmente maravilhoso e o mau apenas um meio para se fortalecerem e se apegarem ainda mais, garantido assim a utilidade das décadas de busca, presenteando a missão com o mais sublime dos tesouros. Calmaria. Época de paz. De olhos fechados por já saberem o caminho.
Sem que nada o fizesse prever e sem aviso, um dia tudo mudou.
Estava a pentear-se ao espelho quando reparou que só a si se via. Uma cara, carne e osso. Nada mais.
Perguntou-se para onde tinha ido, para onde tinha fugido, para onde se tinha abandonado a ela própria após tanto tempo de enamoramento, após tanto esforço para se descobrir e encontrar. Tinha-se fugido a ela própria. Tinha confiado que se teria sempre ali, segura e salva, quase como de mão dada. No dia que se esqueceu de se encontrar, perdeu-se. Escapou-se.
Ficou só, repleta daquela solidão que só quem se perde a si próprio conhece.
Continuou a procurar, aqui e ali, na esperança de voltar para ela mesma. Mas era inútil. Se já nem ao espelho se reconhecia, como haveria de ser reconhecida por quem se perdeu dela sem olhar para trás? 

E pronto. Armei-me em esperta e... consegui. Falhanço nº1 - Done!

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