27.6.07

Que vergonha!! Tenho dinheiro!

imagem: www.google.com
Há uns tempos, em conversa entre amigos, disse que ter dinheiro é motivo de vergonha em Portugal; vergonha ou motivo para o esconder do resto das pessoas. Não se pode ser rico em Portugal. Quer dizer, ou se é rico ao ponto de não o conseguir disfarçar ou então não se pode ter dinheiro “à vontade”, por assim dizer. Uma pessoa é promovida, compra carro novo porque o que tinha antes já tinha 12 anos e peças a menos no motor, e o que se ouve logo é “Ena! A vida corre-te bem, huh? Carrinho novo e tal? Bolas! Que fizeste tu para o comprar?!” Ou então, uma pessoa lá faz um sacrifíciozinho e decide comprar uns trapinhos novos porque há já 1 ano que não tinha condições para o fazer e ouve-se o seguinte, “Ena! Roupa nova! Então? Dinheiro a mais? Quanto foram essas calças??? Parecem caras!”. Responde-se “Ahhh… hehehehhe… coff, coff… nada disso! Fui ao mercado e encontrei-as! São giras, não é? Basta ter olho e andar atento!” quando na verdade as ditas custaram €120 e um pesado suspiro na altura da compra… Ou então, compra-se casa. Regateia-se com o banco. Decide-se não sair para tomar café tantas vezes de forma a poupar dinheiro para se ter tecto sob o qual viver. Deixa-se de comprar calças a €120 e passa-se, de facto, a ir ao mercado para comprar a roupa. Ouve-se logo “Ena! Casa nova! Elas andam tão caras! Ganhaste o euromilhões, não?” Isto tudo como se as pessoas tivessem alguma coisa a ver com a vida dos outros. Isto tudo como se tudo quanto se faz se tenha de justificar publicamente para que ninguém pense que se anda a trabalhar para se ter o que se tem. Isto tudo como se o vizinho ou vizinha do lado fosse grande autoridade moral para poder julgar as decisões que os outros tomam para as suas próprias vidas. Isto tudo como se tudo quanto se faz fosse para se provar ser melhor do que os outros, obrigando-os a retaliar com comentários e críticas maldosas em relação à “origem duvidosa” (só pode) da “fortuna”. Depois também temos os casos das pessoas realmente ricas que andam de Saxo, por exemplo, e que são vistas como pilares da moralidade e bons costumes porque não mostram directamente o dinheiro que têm (têm vergonha). Podem andar com relógios de €1500 no pulso, camisas de €200 nas costas (pobre não sabe ver a diferença entre um pequeno crocodilo verde verdadeiro ou falso, por isso, assume logo que o mesmo é do mercado e pronto) e viver em apartamentos (e não vivendas… vivenda é demonstração de poder económico elevado, mesmo que custe o mesmo que certos apartamentos) de €250 000, mas como até vão tomar café à chafarica da esquina e se misturam com a plebe, só podem ser boas pessoas. Simples e boas. Por mim, adoraria comprar casa nova, comprar carro novo, relógio novo, roupa nova, tudo novo. E quando alguém me mandasse uma boca foleira, o que iriam fazer mais tarde ou mais cedo, responderia apenas que a inveja é uma coisa muito feia e sacava logo de uma moedita de 50 cêntimos do bolso e acrescentaria: Tome lá este dinheirito para ir tomar ali um café na chafarica da esquina para poder ir já contar a toda a gente que eu o mandei à merda por se estar a meter onde não é chamado. Quem me dera.

15.6.07

Hear no Evil, See no Evil, Say no Evil

Ainda hoje, e devendo eu saber melhor do que isso, fico sempre “admirada” quando elementos de uma suposta espécie mais avançada simplesmente não conseguem fazer o mesmo. Eu sei que deve ser difícil encontrar algo que ocupe a cabecinha de gente com vidas vazias a não ser pela promessa da queca semanal à 4ª feira… para os que ainda podem confiar nessa promessa … porque outros, nem isso. Tenho uma sugestão. Por que é que, em vez de gastar tanta energia cerebral e até física (meus senhores, admitamos uma coisa: ir à janela de 10 em 10 minutos para ver o que os vizinhos andam a fazer ou ir a correr para o café de cada vez que se pensa ter algo para contribuir para o caldeirão das cusquices-verdadeiras-ou-falas-não-interessa, é cansativo, bolas) neste tipo de actividade recreativa sem fim lucrativo rigorosamente nenhum, as pessoas não se dedicam a outras causas mais nobres? Para quê gastar tanta criatividade e imaginação a inventar a vida dos outros quando se pode, por exemplo, sei lá, olhar para o que se tem dentro de casa e tomar mais atenção a, por exemplo, qualquer coisa como as marcas que os filhos têm nos braços… as idas dos maridos para “jogar snooker” com os amigos três vezes por semana (assim já aquela tal promessa da queca semanal fica com outro significado, não é? Um homem não é de ferro…) … as constantes dores de cabeça que, por vezes, acabam com a tal promessa à 4ª feira mas que, incrivelmente, são compensadas com “reuniões de chá” com as amigas… as reuniões de trabalho sempre tão inesperadas e prolongadas… ou as horas que o filhote, tão inteligente e bom com os computadores, passa ao mesmo, enchendo o disco rígido com coisas que depois a polícia judiciária vai usar para o meter atrás das grades durante uns bons anos… ou então à filhota, tão boa rapariga, que parece ter sempre tanto dinheiro para gastar onde mais lhe apetece… sem nunca se saber muito bem de onde ele vem ou onde ela vai naquelas saídas nocturnas tão demoradas… ou as mensagens de telemóvel escritas às escondidas e recebidas com cara de pânico que podem conter outro tipo de sugestão mais… ahh… digamos… sugestiva. Eu sei, minha gente, que deve ser difícil para estas pessoas sentarem-se sozinhas, apenas com aquele fedor a podridão de pecados nunca admitidos, apenas com aquela corzinha amarelo-esverdeada por anos de cobardia escondida atrás dos cortinados, com os ouvidos a zumbir com a réplica de todas as conversas tidas em que supostamente se desmascarava um qualquer horror da vida alheia e com as mãos a tremer devido à falta de coragem de dizerem a elas próprias que vivem uma vida insignificante e colorida a belos e magníficos tons de castanho-merda. Eu até compreendo que a única diversão que reste a esta gentinha seja tentar fazer com que mais gente os acompanhe até este patamar de vida triste, infeliz, rasgada, morta, sem medirem sequer as consequências que meia dúzia de palavras pode ter nas vidas dos outros. Eu compreendo que queiram companhia para partilhar da merda em que vivem. Compreendo isso tudo. E, ainda que agora me apeteça deixar aqui um belo rol de asneiras bem direccionadas e especificas ao ponto de indicar qual o local exacto que determinados objectos deveriam ser colocados, não o vou fazer. Não vou. O pior que lhes posso fazer é sorrir-lhes, dizer-lhes “Bom dia! Como vai? Está muito bonita hoje! Cumprimentos à família linda que tem!”, sorrir novamente, virar-lhes costas e sorrir uma vez mais por saber que aquela minha pequena frase deu azo a que dezenas de memórias esquecidas ganhassem de novo vida para atormentarem a ressequida, encolhida e inactiva mente dessas lindas pessoas que nos passam pela vida querendo, à força, deixar as suas marcas. E pronto.

6.6.07

Vemde-se II

E também não constitui “técnica de venda” sugerir que o proprietário reduza o preço da casa como forma de o tornar mais atractivo aos compradores. Porra, pá. Se fosse para isso, colocava eu um preço que de certeza até iria provocar guerras entre o pessoal feliz e contente (os compradores) e livrava-me daquilo num instante. Chama-se a isso “Desbarato”. Para além disso…. Os bancos não costumam perdoar uma coisa do género: Ahh, minha Sra., não se preocupe. Pediu X mas vendeu a casa por X – 1? Não se preocupe!! Nós vamos perdoar essa diferença. É tão boa pessoa! De certeza que depois quando comprar outra também lhe vão perdoar o dinheiro que tem a menos! É a vida e o pessoal tem de compreender, não é? Isto não anda fácil para ninguém!!” Oh ca porra. Devia existir uma imobiliária especialista em vender/comprar casas em segunda mão, onde as pessoas pudessem ir sem correr o risco de serem empurradas para os negócios que as imobiliárias têm com os construtores e afins. E não me venham cá com merdas a dizer que não é bem assim porque é exactamente assim. E prontes. Era só isto.

5.6.07

Vemde-se

Bem, como o prometido é de vidro, vou continuar com a temática quase iniciada em post anterior: gajas. Agora, assim que comecei a debruçar-me sobre este assunto, encontrei logo uma dificuldade: qual a abordagem a fazer? Tentar “tipificar” ou “agrupar” (segundo determinadas características) as diferentes gajas? Mas, aqui, que características escolher? Físicas? Psicológicas? Ambas? Ou também podia “revelar” o que realmente se passa na cabeça de uma gaja em certas situações… segundo o que já ouvi dizer, claro... Também podia fazer a abordagem pelas formas de estar: trabalho, amor e … e… ahhh…. pois. Não está fácil. Por isso, não vou, hoje, falar de nenhuma destas coisas! Fácil.
Vou falar de Deus. Vou falar DO Deus. O ÚNICO Deus que me interessa. O Deus do Mercado Imobiliário. O Deus que vende/compra/arrenda casas e apartamentos e sei lá que mais. O Deus que parece andar um bocado distraído lá com um certo 3º esq… e não só. O Deus que parece apenas encaminhar as pessoas para os apartamentos novinhos em folha, mais caros, mas também mais giros por terem uma parede azul, outra vermelha e o raio que o parta… deve ter a mania que é ilusionista... "oh que cores tão lindas para tapar paredes com 0,025 cm de espessura!" O Deus que, durante a acção de formação que deu aos seus Apóstolos, as Santas Imobiliárias do Coração Sangrado, se esqueceu de dar o módulo “Como fazer mais alguma coisita para vender uma casa do que apenas colocar fotos num site”. O Deus que se esquece de informar as Santas Imobiliárias do Coração Sangrado que 2 comissões são melhores do que apenas 1, porque se alguém vende uma casa, e a não ser que queira ir para o olho da rua, vai ter que comprar outra. O Deus que permite às Santas Imobiliárias do Coração Sangrado proferir blasfémias como, apenas a título de exemplo, sei lá, qualquer coisa como: Pois, sabe… o tempo está a melhorar… faz sol… as pessoas andam mais felizes… passeiam mais… compram mais casas. O Deus que faz os Pobres Proprietários com Casas à Venda ficarem em casa a rezar para que não chova. O Inferno desta gente deve ser uma terra com casas cheias de placas a dizer “Vendido” sem terem sido eles a tocar na chicha. O Demo das Casas Vendidas por Aqueles que Realmente se Esforçam por Fazer Qualquer Coisita deve ter a paróquia mais pequena do universo, mas bolas, deve ser um gajo muita feliz. Tenho de marcar uma angariação com ele. Até lhe dava a porra da comissão de 5% que Certas Outras Santas Imobiliárias dizem ser justa devido ao trabalho que desenvolvem (que eu saiba, meter um papel numa montra com fotos e esperar que algum pobre coitado agnóstico bata lá com a cabeça, não constitui “técnica de venda”). Mas pronto. Só lhes desejo é sorte. Até porque eu sou uma gaja chata comó caraças. Para a semana ainda começo a tirar as placas. Depois quero ver como é que eles se desenrascam. Sol, bom tempo, gente feliz na rua, e nada de placas a dizer “Vende-se”. HA! Ainda teriam de tirar as bundas dos escritórios com ar condicionado para realmente irem MOSTRAR a porra das casas às pessoas felizes e contentes. Sim, porque os tristes e infelizes estão em casa a rezar à frente de um tijolo burro com uma vela para que não chova... Cruzes-Credo!

1.6.07

Desancar.

E agora para algo completamente diferente da programação habitual!! E ‘tou-me pouco marimbando para as sensibilidades dos que aqui vêm! Hoje vou desancar!!! APETECE-ME!!! Desancar no seguinte: - O tempo. É reflexo do país que temos. Ninguém se decide, ninguém toma uma posição, ninguém assume nada. Nos entretantos, andamos neste “veste t-shirt e leva blusão de penas pelo sim pelo não”. Alguém se deve ter esquecido de entregar a merda da requisição de 25 linhas para convidar o Exmo. Sr. Verão a fazer-nos uma visita este ano. - Dinheiro. Bem, aqui é mais na falta de gosto usada na distribuição do mesmo. Que há muito dinheiro por aí é irrefutável. Que devia estar muito mais dinheiro aqui, deste lado, nomeadamente na minha esfalfada, esfomeada e raquítica conta (aceitam-se donativos para acabar com esta péssima distribuição. Pedir NIB para outramerdaqualquer@yahoo.com). - Trânsito. Mais uma vez, não pela existência ou excesso do mesmo! Não! Apenas pelo simples facto de o raio do “trânsito” estar sempre no caminho que faço para Lisboa e de volta a casa! Só isso!! Reparei, um dia destes, que passo uma média de 3 horas no carro por dia. Há quem passe mais, mas, para essas pessoas, ‘tou-me marimbando! Acho que vou passar a viver no carro. Era só arranjar torradeira que ligue ao isqueiro e ‘tava pronta! Caredo… - Arrumas. Esta semana, por obra dos Deus dos Arrumas e outras profissões de igual proveniência, o sítio onde costumo deixar o carro (até agora à borla) passou a ser abençoado com a presença de um destes Srs. da Vida Difícil que, com toda a sua mestria, conhecimento, competência e sentido de oportunidade, enquanto vai comendo uma sandoca bem embrulhada em guardanapo e sorvendo o seu pacotinho de leite com chocolate logo pela manhã (dasse… eu também como no escritório… ok. Aqui ‘tou a ser injusta), nos vai indicando para a zona do estacionamento que, pasmem-se!, não tem carros nenhuns, indo, de seguida, a correr para nos ajudar a fazer a manobra mais que difícil de enfiar o bólide num, mais uma vez, espaço completamente vazio de carros e do tamanho de um campo de futebol. Depois, como se o facto de ser quase atropelado por ser o único objecto num raio de 500 metros que dá vontade de atropelar não bastasse, ainda fica com cara de mau se não dermos moeda! Não dou moeda. Se acontecer alguma coisa ao carro, passo o gajo a ferro e roubo-lhe o leite com chocolate. - Bancos. Mais uma vez, não por serem responsáveis pela falta de equidade na distribuição do dinheiro, mas por terem a mania que o nosso dinheiro é deles! É vê-los a descontar 5 euros/mês em “despesas de manutenção de conta”. Dasse! Como se tivéssemos de pagar aos gajos para fazerem o trabalho deles que é, incrivelmente, manter as contas! É o trabalho deles!! Pagamo-lo quando abrimos a conta mas depois temos de ir pagando porque pode ser algo que já não lhes apeteça fazer mais! - Taxistas. Deviam de os ter visto no dia da greve esta semana. Cheios de importância, todos cagões, todos de ego preenchido e inchado por serem o (quase) único meio de transporte que as pessoas podiam usar com maior facilidade. Piscas??? O quê? Sinais vermelhos????? WHAT?????? Na cabecinha daqueles seres mascadores de cigarros e coçadores de virilhas apertadas, apenas eles andam na estrada a trabalhar. Só eles! Mais ninguém! - Gajas. Especialmente as que andam de Alfa Romeo 159 com matrícula do mês passado ali na zona da Expo e que criam fila porque, claro está, conduzir e colocar o batom ao mesmo tempo requer algum cuidado. E não me vou prolongar mais porque só este assunto das “gajas” merece um post completamente independente. - As árvores que largam uma flor manhosa lilás e que se pegam a tudo quanto seja superfície (cabelo, camisolas, casacos, sapatos, tudo) e que estão presentes aqui nesta zona de Lisboa onde trabalho. Ai… que bonito… passeio e chão cheio de flores bonitas. UMA OVA! Pisem-nas! Vão ver que uma semana depois ainda andam com as gajas (lá está!) agarradas aos pés (ai… já sei o tema do próximo post). DASSSSEEEE!!!!