30.9.09

Make my day, Punks!!!

imagem: google
Isto de ter um blog (faz dia 10 de Outubro 3 anos… valha-me caredo) não é fácil. São precisas constantes doses de inspiração e transpiração para manter a coisa viva. É preciso um cadito de estalica para manter uma certa dinâmica e movimento. É preciso uma bela dose de paciência e bom senso para aturar alguns dos crazies que por aqui vão aparecendo (os bons e os maus… mas prefiro os maus… mantêm-me atenta e divertem muito mais). Eu visito outros blogs. Os que gosto vou quase diariamente (ainda que agora não os consiga comentar…). Os que não gosto vou menos vezes, mas vou (e esses ainda bem que não consigo comentar). Testemunho prosas intemporais que falam do poder interminável do amor ou do peso insuportável de um belo par de cornos… ou dois. Passo por intermináveis páginas de lamentos, fúrias e conselhos contra botões soltos, gordura presa e gases libertos. Cusco blogs de gajas-gajas que acham fantástico relatar episódios supostamente hilariantes com gatos e plantas em flor e vizinhas que usam cuecas demodé. Blogs de gajinhas que acham o máximo terem um blog para poderem relatar ao mundo o quão difícil é escolher por entre os 54 pares de sapatos que por sua vez combinam com as 23 saias e 89 malas ou para ditarem regras disto e daquilo, incluindo a melhor forma de lidar com colegas/amigos/saltos/cães/buracos na calçada e outras coisas úteis assim (incluindo os prós e contras da manteiga vs margarina, do óleo vs azeite, da canzana vs missionário… etc.). Mas também cusco blogs de gajos que acham o máximo serem gajos (“Tenho uma pila!!! Tenho uma pila!!!”, gritam eles nas entrelinhas) e que acham que falar sobre o tamanho das mamas da colega da contabilidade é sempre muito mais interessante que admitir que quando falam em sexo anal não é sobre o que têm com as gajas que engatam de forma tão eloquente nos bares que não frequentam mas que já ouviram falar, mas sim sobre as fodas que levam das mulheres se deixarem a roupa espalhada pela casa. Também gosto dos blogs das teenagers com as hormonas aos saltos e o português aos pulos… K saudades dos temps da scola e dos x-mês… dos keridos fofos e lindos k por sms enviam convites p partilhar pakot de batatas fritas do Mac…que axao o máximo descobrirem que têm mamas e que o papá tem kartao de krédito. E depois frequento Blogs, daqueles em que quase que dá para ver a alminha de quem lhe dá vida e, devidamente prostrada em vénia, leio, bebo de tudo o que posso e saio, mais contente do que quando entrei. Visito estes sítios todos e vejo-os como se fossem pequenas vilas com os seus próprios costumes e hábitos, com as suas próprias dinâmicas e tradições. Vejo o ritmo dos comentários, os conteúdos dos comentários, o gabarito dos comentadores. Dou mais atenção a esses do que a quem escreve o blog em si (uns invariavelmente reflectem o outro, por isso, às vezes é demasiado fácil ver o que por ali se passa, quase como se desse para entender quem se encontra atrás da igreja a meio da noite, quem está dentro da igreja a meio da noite e quem jura nem saber onde fica a igreja… especialmente a meio da noite). Armada em turista, visito estas vilas, tiro as minhas fotos e volto para o meu estamine para descansar, beber um copo e concluir que Home é mesmo Home Sweet Home e que, por muito que outros e outras possam dizer o mesmo, nenhum o sente bem-bem da mesma forma que eu (ou pelo menos eu não depreendo isso). Eu tenho mesmo um sentido de posse em relação a este espaço e a quem o frequenta. Vejo-o como uma entidade quase independente que vive e respira e que se zanga e que chora e que ri e que se caga… tudo. Eu vou é gerindo a coisa, protegida pelo balcão e armada com bom senso e sentido de humor suficiente para saber que as minis não devem ser abertas com os dentes e que os clientes, por muito que queiram, não têm sempre razão. Não há muitos blogs, por muitos prémios e livros que tenham originado, que eu não consiga ver como uma espécie de prolongamento do ego de quem o escreve. A busca do elogio fácil… do reconhecimento imediato… a bajulação instantânea. Há poucos que vejo de forma contrária a esta. E mesmo este não sendo exemplo para nada, convenhamos que de convencional, pouco ou nada tem… Com um nome destes espera-se o quê? Caviar???? Ele é visitas que brigam e se mandam à merda; ele é comentadores que apagam os seus próprios comentários em protesto a outros comentários; ele é gente anónima que manda bocas mas que se mantém anónima por medo de levarem na boca; ele é confissões e desabafos que por vezes me preocupam mas que outras vezes apenas me deixam numa de repetir sem fim “WTF?!?!?!? WTF?!?!?!?”… Ele é gente bem disposta e leve que sabe que isto de ter um blog não é fácil e que mais vale levar isto na boa, com descontracção e bom humor. Há um cadito de tudo. E eu não me nego a nada (daí permitir comentários anónimos… e não censurar ou apagar os que não me agradam). Li bem as letras miudinhas no fundo do contrato, por isso, só tenho é de me aguentar à bronca. Este blog é Meu, encho-o com o que quiser e bem entender, falo do que me apetece e não apetece (esta é a parte difícil) e deixo a porta aberta a todos quanto venham cá parar do nada ou apenas em busca de algum reconforto assistido por animais da quinta e afins. Quem não gostar, que vá barda merda que ninguém vos obriga a ficar. Quem gostar, vão barda merda também que ninguém vos perguntou nada… Realmente, isto de ter um blog não é nada fácil, mas acho que 3 anos depois, todos aprendemos qualquer coisita pelo caminho. Mas, foda-se gente, não me dificultem a vida!!! E prontes. Obrigada.

27.9.09

Quanto é que pesas?

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The only baggage you can bring, is all that you can't leave behind” – U2 Todos temos bagagem. Há quem lhe chame cicatrizes, feridas, mas bagagem parece-me melhor porque numa mala (ou várias), podemos arrumar tudo muito arrumadinho e podemos fechar essa mala, arrumá-la a um canto e esquecermo-nos dela até à próxima situação que nos leve a pegar nela para a carregar para outro sítio. Há bagagens que se vão tornando mais leves… talvez devido ao facto de nós nos irmos tornando mais fortes. E depois há bagagens que vão ficando mais pesadas… talvez devido ao facto de nos irmos tornando mais fracos. A bagagem que vamos carregando de um lado para o outro obriga-nos a fazer coisas estranhas. Andamos meio tortos sob o peso de tanta coisa e atrapalhamo-nos quando entramos em espaços mais reduzidos. A chatice é que não se pode (deve) pedir a alguém que segure nela durante um cadito enquanto se vai à casa de banho, por exemplo. Ninguém quer a nossa bagagem, ou porque já têm suficiente ou porque já se conseguiram livrar da deles e não querem voltar a ganhar peso assim de forma tão dramática. Aliás, quanto mais se tenta aliviar a carga para cima de outra pessoa, mais essa pessoa foge, mais corre e menos compreensiva se torna em relação à mesma. Seria como o aeroporto de Los Angeles pedir ao de Lisboa que segurasse as malas durante uma meia hora enquanto acabassem de lavar o chão… Até que se podia aceitar, mas a experiência faria com que se cortassem relações, para sempre, com todos os outros aeroportos do mundo não fosse mais algum lembrar-se de fazer semelhante pedido. Consoante o volume de bagagem e o conteúdo da mesma, cada um vai vivendo de modo a arranjar espaços para a guardar ou de modo a arranjar espaço para as despejar. Há quem prefira tê-la toda arrumadinha a um canto, não se esquecendo nunca que ela lá está (e não permitindo que os outros se esqueçam também) e depois há quem chegue, atire tudo para o meio da sala e despeje o conteúdo para o chão para todos verem. Depois de explicada a razão pela qual está por lá um guardanapo de restaurante datado de 1987, a razão de estar por lá um clip que em tempo segurou um documento importantíssimo durante sei lá quanto tempo, tenta arrumar tudo, mas quando o faz, há sempre alguma coisa que vai ficando para trás, esquecida por baixo do sofá ou debaixo dos pés de alguém. Com sorte, pode até haver alma caridosa que decida ficar com alguma das peças explicando ao anterior proprietário que aquela lata de edição limitada lhe faz lembrar um verão de folia com amigos que correu muitíssimo bem e não uma qualquer noite menos boa em que o mundo desabou e a única coisa que restou foi a resistente lata. Transferido o significado da coisa, a lata ganha novas cores e continua a sua vida noutro sítio onde há-de ser acarinhada e feliz e a mala onde viveu fica um pouquito mais leve, com um pouco mais de espaço. Quem não abre a bagagem às tantas já nem se lembra o que a mesma contem, mas sabe que tem de a carregar se não perde aquilo tudo e depois aí é que não se lembra mesmo. Perante a ameaça de não ter o que lembrar, prefere andar carregado com coisas que não se recorda muito bem mas que sabe estarem por lá, não vão as mesmas fazerem-lhe falta no futuro. É fácil ver quando alguém anda carregado com bagagem. Ou porque não vão a certos sítios (não cabe), ou porque não fazem certas coisas (não conseguem) ou porque não são certas outras (ficaram na mala). Para irem vivendo de forma mais ou menos sossegada, vão arranjando formas alternativas de ver a realidade, subtraindo ou adicionando elementos que minimizem os efeitos de uns ou maximizem os efeitos de outros. Vivem neste carrossel de ter que ir pelo caminho A de modo a não passarem pela rua B, de não poderem falar do assunto C não vá a conversa virar para o tema D… Dá logo para ver quando alguém anda carregado de bagagem… tente-se fazer check-in e vão ver o ar de desespero… a angústia… E ainda que todos nós tenhamos de viver com aquela que não podemos (ou conseguimos) deixar para trás, devíamos limitar a coisa a uma bolsinha minúscula com o essencial e mais nada. Para além de não pesar e atrapalhar, também não há necessidade de pedir a ninguém que segure nela. Talvez um dia a pergunta “Quanto pesa a tua alma?” seja tão fácil de fazer e responder quanto “Que idade tens?”, “Quanto pesas?” ou “Qual a tua altura?”. Talvez.

21.9.09

Alergias

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A inveja é algo que me faz espécie. Comichão. Alergia, até. Há poucas coisas que eu realmente invejo… se pensar mesmo bem no assunto, não há nada que eu inveje… poderá haver coisas que eu deseje, que eu gostasse de ter, fazer, ser, saber… seja o que for, mas a inveja não tem lugar por aqui. Para além de coisas, nem de pessoas eu tenho inveja. Tenho discernimento suficiente para saber que nem tudo é o que parece, que se deve dar o benefício da dúvida (para o bem e para o mal) e que nunca chegamos a saber a história toda, por muito bem que a mesma soe ou seja contada. Não tenho inveja de ninguém, nem de nada, mesmo que de vez em quando possa ter ataques de ciúmes em relação a certas coisas (não fosse eu humana, gaja e totalmente consciente de que o que é meu, é meu…). Eu estar-me pouco a cagar para a vida dos outros não é sinal de nobreza ou de superioridade ou de seja o que for de qualidade desejável. Não. Na verdade, não tenho paciência, nem tempo nem pachorra para me dar a esses trabalhos (lamento desiludir). Chamem-lhe preguiça, mas eu tenho mesmo demasiado em que pensar para me andar a preocupar com certas e determinadas coisas. Estou tão fora desse mundinho que acho que me tornei imune a certas coisas, nem reparo nelas, não as vejo, sinto, cheiro ou reconheço como existindo sequer. Por muita paz que isto traga à minha humilde e simples existência, admito que tais características ou traços ou posições causem precisamente o efeito contrário nos outros e outras. A inveja, essa vaca, é tão fácil de convidar para a mesa como um velho amigo que não se vê há décadas. Basta falar no novo emprego… no carro… na casa… na última ida às compras… na convivência que se teve com a pessoa X ou Y… aticem a inveja com bens materiais ou estatuto social e pimba, ela vem a correr que nem um louca para se juntar à festa. Aticem a inveja com outras causas mais nobres e a estúpida fica a olhar para nós com cara de parva, sem perceber que lhe acabamos de dar uma bela deixa para entrar em palco feita rainha. Provoquem a inveja com atitudes e actos dignos e a cabra mete aquele ar de quem acabou de se perder no meio de nenhures sem gps. Quando se prova realmente possuir motivos para que os outros tenham inveja de nós (não que seja com esse objectivo que se diga, faça ou seja o que se diz, faz ou é), reparamos que estão mais atentos aos metros quadrados da casa, à etiqueta das calças ou à marca da camisa que trazemos às costas. Captar a atenção desta gentinha e fazê-las ver o caminho é impossível. Explicar-lhes coisas do tipo: eu podia ter-te isto e aquilo tal como tu me fizeste a mim, mas não, em vez disso, eu isto e aquilo para que percebas a diferença e possas ter a honra de conhecer alguém diferente de ti e da tua laia, é difícil como cornos (aqui entra o ego… e faz muito bem). Explicar que nunca teríamos certo e determinado problema porque pura e simplesmente se pensa nas merdas antes de as fazer é igualmente uma missão impossível. A inveja, pobrezita, vive dos restos bolorentos que os que não a querem para nada vão deixando para trás. Vive das vidas fantasiadas a toque de novelas da TVi. Vive das últimas modas e fashions que ditam quem é quem enquanto hordas de gente se enfiam dentro de roupas demasiado pequenas ou ficam a nadar no meio de cenários demasiado grandiosos. A inveja, essa bulímica, engole a refeição de uma só vez e, quando ninguém estiver a olhar, vai e vomita tudo fora para de novo se ir encher com a última novidade da haute cuisine à lá McDonald’s Drive Thru. A inveja, imune aos ditados e ao bom senso do povo, cria fashion victims que vão enchendo as conversas de café, as deambulações antes de se adormecer e os pesadelos quando a noite vai longa. A inveja, esperta, mostra-se a quem a quiser ver, armada em exibicionista e feliz por actuar perante quem pagar bilhete para o espectáculo. Ela está num olhar rasgado, num sorriso forçado, num beijo assoprado, num toque demasiado pesado, num olá demasiado longo, num adeus demasiado curto. A inveja, para quem nunca conviveu com ela e sempre foi ensinado a ser auto-suficiente em termos de objectivos, quereres, vontades e desejos, é uma putéfia reles cheia de doenças venéreas que se pinta e embeleza toda para disfarçar que, tristemente, a única coisa que a mantém viva é o medo que se tem que não viva nos outros quando olham para nós. Faz-me espécie esta coisa da inveja. Mas certamente não tanto a quem já partilhou o seu leito, a quem já lhe dedicou preciosos minutos de vida, a quem já a abraçou e chamou razão de viver, a quem já a acarinhou e baptizou de filha. Acho que sou alérgica. Irremediável e incuravelmente alérgica. O que não significa que não possam ir rodopiando em meu redor, testando a sinceridade do meu sorriso, a transparência do meu olhar ou a gentileza do meu toque. Não vos falharei uma única vez, dando-vos cada vez mais, espero, motivos para se irem sentindo ocupadas nessas vidinhas vazias e ocas. O que eu não faço por certas pessoas. Caredo.

16.9.09

FELIZ NATAL!!!

imagem: google (até um Pai Natal apressadinho (!!!!) vos arranjei, porra.)
Já que anda aí tudo num stress, sem paciência e cheiinho de pressa, deixem-me ser a primeira a desejar-vos um
FELIZ NATAL!!!!
E MUITOS PRESENTES!!! E MUITOS BEIJINHOS E ABRAÇOS E MOMENTOS FELIZES COM A FAMÍLIA E AMIGOS!!
A ver se ninguém se atrasa com os presentes, hein! Vá! Deixem tudo para o último dia como sempre fazem, vá! Aí já não têm pressa, né? Eu a vocês punha já o bacalhau de molho!!! Apressadinhos e impacientes do caraças, pá. Ainda celebram a merda do natal no São Martinho!!!
FELIZ NATAL E PRÓSPERO ANO NOVO, FODA-SE!!!

11.9.09

Não faz mal!!

imagem: google Eu até que tinha aqui uma linha editorial toda pensadinha para hoje… até já tinha pensado no que iria proferir ao mundo com a minha infinita sabedoria, com a maior das eloquências possível. Mas, não. Entretanto aconteceu acontecimento digno de nota e pronto, lá se foram os pensamentos pensados e mais que bem pensados para serem devidamente partilhados. E atão, foi assim… Há bocado, em ida para tomar café com o pessoal… Saio do carro e olho para trás para ver se vinha alguém. Vinha. Corsa vermelho, de luzes apagadas. Vira no cruzamento, vindo na minha direcção. Mal tem tempo de passar a esquina quando, sem mais nem menos, vejo Cão de raça inidentificável (daqui em diante designado por Cãomikaze) a sair disparado do passeio onde estava com o dono, num chinfrim de ladrares e rosnares, apenas para se atirar contra a porta do carro, cabeça primeiro, como se tivesse fogo no cu. Aliás, creio que embate terá sido realizado meio em voo, tal era a fúria do bichano, visto corpo do mesmo ter deslizado novamente até ao nível da estrada após investida mais que bem sucedida e brindada com aplaudível efeito sonoro (Trózzzz!). Após embate, Cãomikaze, entalado entre a estrada e a parte de baixo do bólide, procedeu com elaboradíssimo processo de vira-que-vira-que-virou até, inevitavelmente, embater contra roda traseira do bólide. Nesta altura, e com certeza aturdido por ter amassado os cornos contra objecto intransponível e ter sido moldado, qual rolo de carne, até estar mais esticadinho, Cãomikaze ainda tem presença de espírito suficiente para largar ganido bem sonoro, como quem diz “Oh aí oh besta! Oh aí!!!!”, enquanto condutor de bólide colhido olha feito parvo para o passeio onde estavam mais pessoas em busca de algum tipo de explicação para o sucedido. Entretanto, Cãomikaze, com rabo entre as pernas e ar ofendido, encaminha-se com impressionante rapidez de volta para o dono e este, simpático e prestável, dirige-se ao dono do bólide gritando “Ahhh! Não faz mal! Não faz mal!!!” como quem está mais que habituado à brincadeirinha do canito, mandando-o seguir caminho como se nada fosse. Ora eu, também meio atordoada com acontecimento que acabará de testemunhar, certifiquei-me que Cãomikaze estaria bem de saúde e entrei no café rindo-me que nem uma tola e assim continuei durante aí uns 5 minutos até conseguir sossego suficiente para conseguir falar. Recordo-me de dizer qualquer coisa do tipo “cão… cabeçada… precisa de óculos… suicida… cornos…” enquanto me ria e ria e ria. Após tomada de café, saímos do estabelecimento ao mesmo tempo que Cãomikaze passava na estrada em frente com respectivo dono. Instintivamente, desviei-me do raio de visão do bichano e exclamei “É aquele! É aquele o cão!! É aquele!” ao que dono, sempre prestável, respondeu “Não me diga que também já lhe fez das dele?” numa voz meio enrolada e olhando Cãomikaze com ar zangado. “Deixe estar, não faz mal!”, atirei enquanto me voltava a rir, e lá nos fomos embora para onde tínhamos de ir. E pronto. Era mais ou menos isto que queria partilhar convosco. Muito melhor do que o que tinha pensado. Bom fim-de-semana, minha gente. Bom fim-de-semana.

7.9.09

Independência a quanto obrigas.

imagem: google Semana passada: Eu – Sábado tenho um casamento…uuurggggg… Boss – Vai-se casar? Eu – ‘Tá a ver? É assim que se começam os boatos… tenho um casamento que não o meu. Boss – Ahhh! Mas você devia casar. Casar e constituir família. É a melhor coisa do mundo! Eu – E eu lá preciso de casar para constituir família… Boss – Olha… mais uma Produtora Independente… Eu – Hahahahahahahah!!! HAHEHAHEHAHEHA!!! Boss – Casar é bom! Família é bom! Filhos é bom! Eu – Sim, chefe! Ordem recebida!! Boss – Vá-se lá embora. Cumprimentos ao Reprodutor. Eu (em pensamento) – Foda-se!!!! E vocês acham que EU sou mázinha. Sem comentários.

3.9.09

Não ouvi…

imagem: google O meu Sr. Mr. Gajo tem a firme convicção que as mulheres portuguesas são as únicas que não sabem aceitar um elogio ou um simples piropo (dos decentes). Diz ele (por experiência, certamente…) que, por exemplo, em Espanha, pode-se dizer “És mui linda/bonita/grossa/whatever” a uma Espanhuela que ela ri-se, sorri e agradece, ficando a coisa por aí (Porra. Dos Espanhóis aceita-se muito bem qualquer elogio. Já lá estive. Já me comunicaram certas opiniões. Eu também não respondi mal! Deve ser da língua… o Espanhol deve ser mais propenso ao elogio rolado que escorrega da boca e cai directamente no goto… cabrões). Cá, os comentadores levam com um “Vai-ta foder, pá. Vai mazé pó caralho, oh xtúpido!” pelas trombas e ainda se arriscam a palmada nas fuças. Isto ou o belíssimo “Tenho namorado”, atirado ao infractor incauto com ar de lamento ou de superioridade como forma de lhe calar a boca (a ele) e de fechar as pernas (a ela). Contra estas coisas há sempre o que responder, diz Sr. Mr. Gajo. Diz que basta dizer algo do tipo: “Foda-se, ‘tava só a dizer que te achava gira e não que queria ir foder contigo. Convencida de merda!” e pronto. Amor com amor se paga e perante este tipo de comentário, qual é a gaja que ainda se vai meter a responder feita totó? É daquelas situações parvas e idiotas que não estamos programadas para resolver.
Eu tenho de concordar e discordar com ele. Desde pequenas que passamos a vida a ouvir que mulher séria não tem ouvidos e o raio que o parta. Passamos a vida a ouvir que os rapazinhos só querem uma coisa e que fazem e dizem o que for preciso para a conseguir. É claro que nós cagamos de alto nestes conselhos e depois, um dia mais tarde, aprendemos da pior forma possível que de facto mulher “séria” tem de, vira na volta, fingir surdez-mudez-ceguez para poder andar à vontade (porque, se não, a resposta que por vezes certas amibas andantes merecem seria tão desastrosamente mal educada que quem ficaria mal vista seria a gaja e não o deturpado mental que tece comentários sobre o tamanho de partes corporais e o que faria com certos e determinados orifícios caso lhe permitissem). E depois há sempre aqueles seres superiores que mandam piropo e que, caso olhemos/ouçamos/reajamos, nem que seja com farpas a sair em rajada dos olhos, ainda levam a coisa como sendo uma abévia que lhes permite dizer outras coisas mais inteligentes como “Gostaste não foi, minha vaca? Pois, mas agora não levas nada!”. Não há pachorra. Se nós, as gajas Portuguesas, não sabemos aceitar um elogio ou um piropo dito apenas numa de emitir opinião, então eu não consigo, sinceramente, atribuir a culpa disso apenas às nossas cabecinhas (mesmo que, em última análise, se possa argumentar que ninguém lhes perguntou nada, há sempre a possibilidade de se ouvir aquilo que eu própria um dia ouvi de boca – suja – de gaja – parvacomámerda – quando a apanhei a ser verbalmente menos simpática em relação à minha pessoa e lhe disse que não era surda – que saudades do oitavo ano -: “Ouviste porque quiseste”). Os gajos (Portugueses, visto não ter grande experiência além fronteiras) também têm a sua quota de culpa, sendo que décadas a emitir ruídos estranhos, a fazer caretas esquisitas e a dizer palavras pouco apropriadas e de origem dúbia levaram a que nós, serias q.b e quando necessário (algumas…), nos tenhamos transformado em seres alérgicos a esse tipo de coisa. Da minha parte, tento não ser assim muito parvinha nestas situações, quando lá acontecem (repito, tento). Se não me agradar (lá está uma pequena nuance digna de pelo menos 20 comentários ao post) ou se for ofensivo ou ambos, faço de conta que nem ouvi. Por vezes, mesmo que me agrade e não seja assim lá muito ofensivo, também faço de conta que não ouvi. Se a coisa for bem feita, posso até sorrir ligeiramente, em jeito de reconhecimento em como ouvi e pronto. E depois há os que são tão bem feitos que não há remédio se não sorrir mesmo e entregar o ouro ao bandido, deixando-o ver que teve o desejado efeito: um simples sorriso que, provavelmente, quebrará os icebergues mentais que nós gajas carregamos como se vivêssemos num deserto permanente (quer dizer, há quem assim viva... não discriminemos).
Os Homens deviam tentar recuperar esta arte e as Mulheres deviam tentar, pelo menos, não ser umas autênticas cabras em relação ao assunto (desde que os homens não sejam uns porcos…). E quem sabe? Talvez um dia as mulheres possam passar para o outro lado da barreira e dar uns pequenos passos neste campo? (Eu, uma vez, fi-lo a sério, mas só isso daria novo post e agora não me apetece). Vem isto a propósito de na semana passada, enquanto me dirigia ao meu bólide para me ir embora do trabalho, ter cruzado caminho com rapaz que, a aí uns 3 metros de mim me disse “Olá, bonita!”, sorrindo de forma simpática e expectante. Eu continuei caminho, segura de que os meus óculos escuros não lhe permitiriam ver que o estava a olhar directamente nos olhos, e nada disse. Disse ele: “Ai não respondes? Então és feia!”. Pois sou. Pois somos. Todos. Somos todos uns feios. Vivá beleza e a “poesia” que a descreve, foda-se! (mas com jeitinho, vá).