3.7.12

Destranca-te e dir-te-ei quem sou…

imagem: google


Há uns tempos atrás, recebi visita de amiga. Ela estava triste, em baixo, com enorme maralhal de coisas más e ruins a encherem-lhe a mente e peito (apertadinho, apertadinho). Mal a podia olhar (quanto mais tocar) que começava logo a ficar de olhos cheios de lágrimas.
Eu, adepta do “tough love” e porque prefiro evitar cenas de choro quando um bom grito pode resolver a questão de forma muito mais eficaz (muito mais libertador se realmente tivermos o cuidado de gritar tudo o que nos vai na alma como deve ser e de uma só vez, tipo golfada de ar quando se passa demasiado tempo por baixo de água, só que ao contrário, para fora), empreguei o meu melhor tom sarcástico e transformei a coisa numa competição para ver quem teria, afinal, a “pior” vida. Ela dizia uma coisa, eu atirava-lhe com duas. Ela mandava outra e eu nem a deixava acabar. Lembro-me de ter usado a palavra “falhada” muitas vezes. Lembro-me de certas coisas me terem doído. Lembro-me de ela se resignar, desistir da batalha, sorrir meio derrotada e ir dali com nova luz. Não foi curada, mas agradeceu-me a dose de bom senso que a obriguei a engolir. Não sejas totó, respondi-lhe.
E eu, a que ganhou a batalha por tecnicalidades, voltei para dentro de casa e fechei a porta do sítio onde guardo certas ideias que só solto quando sei que podem servir para alguém se sentir melhor. Ignoro-as até onde e sempre que me é possível, mas só o facto de ter que andar sempre com a chave por perto…
Tudo isto para dizer que, de vez em quando, temos de nos mostrar para que os outros se vejam melhor.
Mais ou menos isso. 

Sem comentários: