Já andava com vontade de deixar aqui qualquer coisa dentro do tema “Depois da Saudade” há algum tempo, mas como não queria transformar este blog num daqueles tipicamente lamechas e cheio de dúvidas existenciais (de gaja-gaja, portanto), tenho andado à espera… à espera… Até hoje.
Por causa disto, pus dedos ao teclado, respirei fundo e…
As saudades são coisas giras… Ou se renovam ou não (como já aqui disseram e bem). Sentimos Saudade e de imediato, em reacção, queremos arranjar motivos ou razões para que a mesma não seja de facto renovada. As saudades podem ser doces… podem ser amargas… podem ser reconfortantes… podem ser dolorosas. Podem ser a única coisa que resta depois de decidirmos viver o futuro que nos aguarda. Podem ser a única coisa que acaba.
As saudades turvam-nos a vista. Tolham-nos o pensamento. Afligem-nos o coração. São más e feias e lindas e imaculadas e puras e horríveis e desprezíveis e tranquilas… são tudo, de uma só vez. Quando as vivemos, nada mais interessa. Quando não as temos, nada mais interessa na mesma. Todos nós temos saudades de uma qualquer altura em que tínhamos saudades… Significa que dávamos valor a alguma coisa. Significa que aquela coisa, pessoa, fosse o que fosse, era-nos importante. Quando deixamos de sentir isso… é porque o assunto está arrumado, não temos mais saudades… acabou. É meio triste, não é?
Acredito que só depois da saudade, só depois de sabermos conviver com ela de forma saudável, quer esteja renovada ou não, é que podemos ver as coisas pelo que são, e não pelo que poderiam ter sido ou pelo que gostávamos que fossem ou pelo que achávamos que eram.
Só depois da saudade podemos ver o que sobrou, ver o que ainda há. Só aí podemos dizer os nossos adeus e os nossos olás. É tal e qual como sofrermos uma grande dor e esperarmos que a mesma assente, encontre o seu lugar na nossa vida, no nosso coração, na nossa cabeça, para podermos fazer as coisas como deve ser. Aceitação. Podemos não gostar. Podemos não querer. Mas aceitar algo é meio caminho andado para podermos fazer alguma coisa. Seja o que for. Mas temos de aceitar.
Depois da saudade, tudo fica mais claro. Mais transparente.
Depois da saudade podemos ver o que resta, o que sobrou. Podemos ver melhor para onde vamos, para onde queremos ir sem que nada nos atormente o espírito, nos corroa o coração, nos prenda os passos, nos confunda o sentido de orientação.
Hoje, porque alguém viu que estava para lá da saudade, ganhei eu uma saudade nova.
As outras que tenho… ando a ver se as organizo melhor. Fica para outra altura.
Boa viagem.
31.10.08
30.10.08
Mau.
imagem: google
Mau. Mau, mau, mau.
Mas que raio de ideia é essa de que duas pessoas, um homem e uma mulher… um gajo e uma gaja, não podem ser “amigos” sem que haja lugar a mais qualquer coisita? Desde quando?
Desde quando é que o facto de se estabelecer uma amizade com uma pessoa tem de desembocar em quecas e beijinhos e abraços? Querem lá ver que agora todos os gajos que se conhecem são logo automaticamente elegíveis para a lista de possíveis quecas? Pronto. Ok. Compreendo que para os homens… desde que respire e não tussa assim muito, passa logo para a tal lista (hihihihihih!!), mas bolas, pá.
Onde é que está escrito que duas pessoas não se podem conhecer, trocar umas palavritas, conhecerem-se melhor e pronto?
O que eu gosto mesmo é daquele pessoal que se mete logo a justificar ahhh e tal, tenho namorado/a… E? Se não tivesse, marchava? Ou ter namorado faz com que não se comunique com mais ninguém? Dizem-se estas coisas porquê? Para não dar esperanças à outra pessoa? E se essa pessoa nunca teve esperanças de nada sequer?! Mais engraçado ainda é o pessoal que perante uma explicação da existência ou não de uma relação, vai e responde: Ahh! Eu também! Pronto! Ilibados! Como ambos tem alguém, AÍ já não faz mal falarem-se. Oh, valha-me caredo. Como se isso contasse para alguma coisa…. Infelizmente.
Minha gente. Um homem e uma mulher podem relacionar-se, serem amigos, whatever, sem que haja nada “in between”. Sim! É possível!!! Porra, pá!
29.10.08
Letras… palavras… frases… Outra Merda Qualquer revisitado
imagem: google
Dada a minha falta de inspiração para deixar aqui coisas novas e sendo eu grande apologista da reciclagem, estive a fazer uma espécie de revisão ao conteúdo do Merda Qualquer para ver se havia alguma coisa que se aproveitasse. Há.
Ficam os links para algumas pequenas “pérolas” da história deste blog (ou seja, a minha).
Olá 2007 – Acho este texto bonitinho. Calmo, sereno. Gosto.
Q/A – Questionário para Elas e Eles. Rio-me sempre um cadito ao ler este texto.
O Big e o X’Quim – Pequeno texto sobre o Big (o cão lá de casa) e o X’Quim (o papagaio lá de casa).
Cenas da Vida (Ir)Real I – Início da saga da compra do meu telemóvel.
Cenas da Vida (Ir)Real II – Desenvolvimento da saga da compra do meu telemóvel.
Cenas da Vida (Ir)Real III – Encerramento da saga da compra do meu telemóvel.
Há gajas e depois há Gajas – Pequena tentativa de escrever uma história pseudo-erótico-pornográfica. Tem a sua piada… Ou não!
Tu não sabes – Uma pequena tirada ouvida a uma criança que se estava literalmente a cagar para tudo… Fantástico.
Greve VI – O Fura Greves – Um post da Série “Estou em Greve porque ninguém comenta o blog”.
Nem com Desenhos – Post sobre a tentativa de um grupo de gajas em “educar” um pequeno ser masculino que partilhava as instalações sanitárias… Os posters criados ainda cá estão no escritório…
E este novo post vai paaaaaaaara….! – Pequeno relato de episódio ocorrido no McDonald’s com um rapazola que estaria a precisar de correctivo…
O que eu gostava que me tivessem dito quando era pequena e não disseram – É mesmo isso. Gostava que tivessem dito, mas não disseram. Disse eu.
Querem lá Ver! – Post escrito depois de ter lido post do Senhor do Mal que me deixou de cabelo em pé… Digamos que o meu primeiro contacto com o blog do Sr. Vítaro não correu lá muito bem…
E este post novinho em folha vai paaaaaaaaara...! – Texto sobre Gajas… Um bom desancar sabe sempre bem…
Because – Citação de uma frase de um livro que me marcou muito. É a última frase de um pequeno livro delicioso que fui obrigada a ler por um professor da pós-graduação que tirei. Fico-lhe eternamente agradecida.
Não sei... Não conheço – Encontro imediato com a mente turva de uma estagiária que tivemos na empresa há uns tempos atrás… Assustador.
O que me ouvem dizer no trânsito – Vergonhoso mas verdadeiro…
Voltar – Post mais recente. Gosto.
E pronto. Boas leituras. Enjoy!!
:)
24.10.08
Ia eu
imagem: google
Ia eu desatar para aqui num chinfrim danado sobre o amor e todos os seus pequenos ou grandes pormenores como forma de amenizar o efeito do último post quando, não sei bem como, fui parar a um outro blog que me fez parar e pensar um cadito melhor.
Gostar à Bruta. Link aqui ao lado para quem quiser visitar.
Admito uma certa inveja da aparente serenidade do autor. A sensatez com que escreve. Inveja. Sim, é mais ou menos isso.
Vi por lá um texto que me fez reequacionar o que ia deixar aqui. Eu queria falar de amor; vi lá um texto sobre o fim do amor. Este contraste… Travei a fundo e decidi poupar-vos ao tal chinfrim.
Já escrevi aqui várias vezes sobre o que é (para mim, claro) esta coisa do Amor.
Continuo sem saber falar do assunto. Continuo sem saber escrevê-lo. Continuo sem saber como transmitir o que faz fazer sentir esta coisa. É diferente para todos. Cada um de nós terá a sua própria “definição”, a sua própria ideia da coisa.
Acho que nunca escrevi sobre o fim do amor. Sobre o que é preciso acontecer para que deixemos de usar esta palavra. Para que deixemos de sentir o que ela representa para nós. Para que a façamos desaparecer do nosso vocabulário, substituindo-a por outras como saudade, dor, pena, tristeza, alívio… adeus.
Quando termina o amor? Quando não conseguimos dizer “amo-te” sem sentirmos um repenico de mau-estar no fundo do coração por não estarmos a dizer uma verdade daquelas verdadeirinhas?
Quando deixamos de querer cuidar? Quando deixamos de querer tomar conta de? Quando não permitimos que tomem conta de nós? Quando deixamos de sorrir a uma piada? Quando deixamos de sorrir a um carinho? Quando perdemos o respeito pela outra pessoa? Quando somos incapazes de dar carinho? Quando olhamos para o futuro e preferimos não ver lá essa pessoa ou então não a vimos sequer? Quando somos magoados e feridos até ao ponto de essa dor nos fazer esquecer o amor?
Não sei.
Penso que seja mais difícil dizer que não se ama do que dizer que se ama.
Penso que é preciso ter uma certeza muito maior quando se pensa dizer a alguém “Não te amo mais” ou então simplesmente “Não te amo”. Dizer “Amo-te” é tão mais fácil. Muito menos pesado. É dito naquele momento em que o coração salta, em que o peito arrebenta, em que cada centímetro da nossa pele suplica por um toque que seja. Muito mais fácil. É a certeza do momento que depois “apenas” se tem de fazer perdurar no tempo.
Não te amo mais. É tão violento. É formalizar ou verbalizar que o sentimento que houve já não existe. Que estamos vazios daquela pessoa. Que não a queremos. É a suprema das rejeições.
É morrer-se em vida. Para nós e para a outra pessoa. É a certeza do momento que diz que o tempo acabou.
Não te amo. Ponto final parágrafo. Não te amo. Tão mais simples. Tão menos violento.
Quando é que sabemos que amor terminou? Talvez quando não conseguirmos dizer o que dantes tínhamos de dizer se não explodíamos. Quando é que sabemos que o amor morreu? Quando o procuramos nos mesmos sítios onde dantes ele vivia e não o encontramos. Quando olhamos para alguém e pensamos “Vá, faz lá aí qualquer coisa que me faça sentir. Seja o que for, faz ou sê alguma coisa que me faça voltar a sentir. Não desistas de mim”.
Quando conseguimos ser honestos e francos connosco próprios e entendemos que não temos mais nada para dar, mais nada para receber.
Quando nos palpita o coração, quando nos explode o peito, quando nos suplica a pele para dizermos a única verdade que temos dentro de nós naquele momento, em voz sumida ou em plenos pulmões: Não te amo mais.
Talvez saibamos que o amor morreu quando seja mentira que ele esteja vivo.
Talvez só aí.
Gostar à Bruta. Um bom blog.
21.10.08
Quais título quais carapuça quero lá saber da merda do título!
imagem: imagem!?!?!? imagem!?!?! é preciso estar sempre a dizer, porra!?!?! merda prás regras da merda das cenas de autor e o raio que o parta a todos merda!
Eh pá. Estou mesmo fecundada. Mesmo, mesmo, mesmo.
Muito zangada mesmo com a presença de certas pessoas neste mundo quanto mais na minha vida. Foda-se para esta merda toda oh caralho puta que pariu esta merda! Mas porquê???? Porquê Eu?!!?!?!?! Porquê!?!? EU NÃO MEREÇO!!!
Foda-se. Se fosse uma colega de trabalho, era fácil de resolver. Mas, não. Não tenho essa sorte. Não. Tinha de ser outra pessoa qualquer à qual eu pura e simplesmente não consigo fazer nada. Nada mesmo. Nem atingir, nem fazer um risquinho que seja. Quer dizer… eu até podia. Eu até sei como!! Mas não. Como sou uma Gaja Séria (foda-se para a seriedade!) não faço nada. Nada.
Porque é esta pessoa não passa, assim de repente, a sofrer de ataques de borbulhas no cu ao ponto de não se conseguir sentar???? Porquê, vosso deus???
Porque esta pessoa não pode ser alvo de um raio de um poste caído assim bem mesmo no alto dos cornos?!?! Porquê!?!?! Caem tantos postes em Portugal!!!
Porque é que esta pessoa não pode de repente ser repatriada para a Etiópia ou país igualmente agradável??? Brasil!!! Isso!!!!
Porque é que não aparece um fiscal das finanças assim um belo dia, logo pela manhã, dizer que a vai levar presa por não ter pago o imposto da Estupidez Humana??? Porquê?!?!
Mas porque é que não se abre um buraco na estrada para levar esta pessoa para o mundinho lá em baixo, onde estão os vermes parentes da mesma??? Pelo menos ficaria em família!!
Porque é que não há descarga de electricidade assim bué da grande quando está a tomar o banho??? Porquê!??! Tanta gente a levar com electricidade pelo cu acima todos os dias e esta pessoa nem uma pinga!!! Foda-se que há injustiça neste mundo!!!!
Eh, pá. Tanta merda que corre mal todos os santos dias neste mundo. Tanta. E nada atinge aquela pessoa, porra! Nada! Deve ser imune… a maldade e ruindade têm essa vantagem. Vai vivendo a sua vidinha como se nada fosse, provocando o caos (que adora provocar…) e deixando os outros para trás para resolverem as merdas. Foda-se! Porquê Eu, vosso deus!?!?!?! Porquê EU?!?!?!?!
Se alguma vez houve pessoa que me entrasse pela vida a dentro sem eu pedir e contra a qual eu gostaria de bem encaixar a minha mão direita transformada em punho, esta em particular leva a medalha de ouro. Mão transformada em punho com sucessivos encontros na direcção da face da criatura. Pezinho transformado em pontapé sucessivas vezes contra a zona dos rins, estômago e garganta. Os gentitais!! Ahh os genitais!!!! Esses levariam tratamento VIP de modo a garantir que nunca mais houvesse possibilidade de procriação!!! FODA-SE!!!!
Ahhh, misericórdia! Tem pena de mim! Nem a merda de um perna partida, foda-se. Nem um torcicolo daqueles assim bem violentos que até caganeira provocam (nova estirpe). Uma infecção urinária que obrigasse ao uso de fraldas!?!?!?!?! Não!??!
Porra, eu não desejo mal a ninguém. Menos a esta pessoa em particular. Acho que por muito mal que lhe acontecesse, por muito mal que lhe corresse a vida, por muito grave que fosse o acidente quasi-fatal com a torradeira, nunca, mas NUNCA eu iria sentir a mais leve brisa de pena ou remorso ou nada. Nada a não ser uma profunda sensação de contentamento por esta pessoa estar em sofrimento, com ou sem as fatias de pão bem entaladas pelas narinas acima, com ou sem a capacidade de defecar sem ser necessário utensílio de auxílio.
Não há nada, mas nada mesmo de bem que eu lhe possa querer. Nada. Até mesmo atropelar esta pessoa com o meu Brutus seria demasiado bom. Coitadinho do Brutus. Todo sujo de sangue e tripas de gentinha rasca sem cérebro, sem moral, sem uma pinga de bom senso, sem um bocadinho que seja de humanidade, de sensatez, de sentido do ridículo. Nada.
Conheço o exemplo perfeito de alguém que é um desperdício de ar. É isso que esta pessoa é. Um desperdício de ar. Um erro da natureza. Uma não-conformidade do universo. Uma pedra no sapato do Criador.
Não faz cá falta nenhuma. Nenhuma. Nenhuma. Nenhuma.
Foda-se merda para esta bosta. Fico mesmo, mesmo, mesmo zangada.
Foda-se!
PS: Acreditem que a única coisa que me deixa minimamente satisfeita no meio disto tudo é saber que esta pessoa me detesta a mim 100 vezes mais (ou mais!! hihihihihihhhi!!!) do que aquilo que eu a detesto e odeio e desprezo e quero mal... Oh, sim. É a única coisa que me deixa verdadeiramente contente. É saber que esta pessoa vive mais corroída do que eu. Mais fecundada ainda do que eu. Fodida mesmo. Muito mais do que eu!! HA! HA! HA!!!! HA!!! HA!! HA!!!!!!!!
:) :) :) :) :)
17.10.08
LIVE
imagem: google
Com que então o pessoal não conhece os Live?
Eu não consigo explicar o porquê de gostar deles. Não são gajos giros... Não partilho em nada das crenças deles (são muito espirituais... um espiritual alternativo...)... Não são nada a minha "onda" nesses aspectos.
Não gosto de todas as canções (algumas passo directamente por cima... nem ouço), nem de todas as letras (para mim, são secundárias salvo algumas excepções).
Agora, a música… a força, a pura força daquelas músicas… Arrepia-me. A beleza violenta e agressiva de algumas canções é verdadeiramente “overwhelming”. Faz palpitar o coração... faz suar... faz sentir (pelo menos a mim faz...). Faz querer mais.
As que se conhecem… Dolphin’s Cry… Lightening Crashes… Distance to Here… Ehhh. Não são as melhores. Não são.
Para quem quiser experimentar… Procurem as seguintes… Apenas alguns exemplos das que mais me marcam. Não se esqueçam que estes gajos são rock alternativo/hard rock/punk/whatever...
Album: Throwing Copper
- I Alone (esta música foi a que me fez “apaixonar” por este grupo. É, na verdade, uma canção de amor… daqueles que declaram o amor aos gritos e aos pontapés e aos murros)
- All Over You (linda e fantástica... mais uma canção de amor daquelas que gritam o amor)
Album: Secret Samadhi
- Unsheathed (ouçam)
- Turn My Head (ouçam)
- Lakini’s Juice (OUÇAM!)
Album: The Distance to Here
- Voodoo Lady (se algum dia houve uma música boa para fazer um strip… esta canção transpira sexo e sensualidade e movimento e tudo e tudo e tudo… arrepiante)
- Dance with You (Provavelmente a mais bonita canção de todas. Suave, soft, meiga, gentil… tão linda, tão absolutamente bela que me traz lágrimas aos olhos sempre que a ouço. A letra... bem. Muito bonita mesmo.)
Album: V
- Deep Enough (ui…)
- Transmit your Love (forte e suplicante… linda)
- Forever May Not Be Long Enough (forte, forte, forte)
Album: Birds Of Pray
- Like I Do (oh, pá…)
- Sweet Release (sente-se… esta coisa da libertação doce… a canção faz-nos sentir isso)
- Everytime I See Your Face (brincalhona e linda. Canção bonitinha)
Album: Songs From Black Mountain
- Show (foda-se. Esta música é absolutamente espectacular. Tão forte e agressiva… tão cheia de emoção…)
- Wings (esta tem uma letra linda… linda. Muito bonita mesmo. A mensagem é mesmo na mouche)
Album: Radiant Sea
AINDA NÃO TENHO!!!! Argargaragrahgaraaaarghgg!!!!!
Visitem:
http://www.friendsoflive.com
http://www.fansoflive.com
E pronto. Mais um pedacinho de mim que ficam a conhecer.
13.10.08
Saudades
imagem: google (strangers)
Eu sei que vocês, meus caros leitores, vêm aqui para se distraírem um cadito com as tonteiras que para aqui digo. Entreterem-se um pouco com as imaginações e invenções de alguém que até gosta de escrever umas cenas engraçadas.
Por isso, aviso desde já que este post nada tem a ver. Este post é diferente.
Este post vem de mim mesma. Chamem-lhe um interregno até me voltar a sentir Me. Preciso deixar aqui esta perspectiva de mim. Não é para vos lembrar que existe alguém por detrás destas palavras e imagens, não. Não vos tenho assim em tão pouca conta.
Apenas preciso libertar algumas coisas. Quem melhor para as apanhar do que vocês?
Quem não quiser “ouvir”… feche a janela agora. Ahhh… e não quero comentários do tipo “palmadinha nas costas”, “festa na cabeça”… nada disso. Às vezes, falamos ou dizemos coisas não para obter resposta, mas sim para sermos ouvidos. Nada mais.
Eu não sou uma gaja fácil. Sou demasiado sensível. Sou demasiado brusca. Sou uma contradição em pessoa. Sou bruta nas palavras. Meiga nos actos. Atenta nos pormenores. Despreocupada com meios. Dou valor ao quase imperceptível. Ignoro o óbvio. Sou apressada e reactiva. Mas já começo a pensar mais antes de falar. Sou intempestiva. Sou compreensiva. Perdoo o quase imperdoável. Mas não esqueço nada. Sou doce. Sou sarcástica. Penso demasiado. Fico triste demasiado facilmente. Alegro-me com coisas tão pequenas que mal se vêem. Sou refilona. Sou calada. Sou abrupta. Sou tímida. Eu sou mais ou menos tudo isto.
Eu sou a gaja que quando tem uma amiga mal, prefere dar espaço e tempo do que andar sempre em cima a “massacrar”. Eu sou a gaja que olha mais pelos outros do que por mim. E depois levo na cabeça. Mas mesmo assim não aprendo. Eu sou a gaja que dizem ser “demasiado simpática”. Que ladro muito, que dou ar de ser toda bruta e forte, mas que depois, no fundo, sou uma “bebe”. Eu sou a gaja que se larga a chorar quando uma amiga conta as suas mágoas. Sou a gaja que entra em acção quando uma amiga está prestes a cometer um erro. Que lhe dou força imensurável. Que apoio até mais não. Que estou sempre, sempre presente para o que for preciso, quando for preciso. Sou a gaja que depois volta para casa e sofre com tudo isso. Sou a gaja que chora sozinha para não atrapalhar mais ninguém. Sou a gaja que manda sempre uma piada para aliviar o clima. Sou a gaja que não consegue olhar os outros nos olhos quando não acredita neles. Sou a gaja que baixa a cabeça perante alguém que me tenha magoado. Que simplesmente não consegue encarar essa pessoa. Não reclamo os meus direitos; imponho as minhas obrigações.
Sou a gaja que tem de desligar o rádio quando aparecem certas canções. Sou a gaja que desculpa os outros mesmo antes de eles saberem que terão de pedir desculpas. Quando estou triste, mostro-o. Quando estou feliz, mostro apenas um cadito. Sou demasiado cautelosa. Sou medricas. Confio demasiado facilmente. Demoro a recompor-me. Dou muita importância a fazer as coisas como deve ser. Destroi-me não ter a devida compensa. Não a espero... mas destroi-me a falta de justiça das coisas.
Sou demasiado racional. Vejo lógica e razão onde não há nada para ver. Vejo responsabilidades e culpas exactamente onde elas moram. Não faço ou admito desculpas para mim própria mas deixo espaço para as explicações dos outros.
Vejo sentimentos e emoções, vejo actos e atitudes. Não dou valor a palavras ocas, mas não me esqueço do que me dizem. Se o disseram…
Os últimos meses da minha vida têm sido uma merda. Várias coisas correram mal. Outras correram bem. Algumas não podiam correr pior. Outras não podiam correr melhor.
Houve momentos tão dilacerantemente penosos e dolorosos que duvidei que algum dia conseguisse encaixar tudo e aceitar as coisas pelo que eram e não pelo que podiam ser (ou podiam ter sido).
Houve momentos em que fui obrigada a crescer tanto que ainda tenho as marcas, as estrias, comigo. Houve outros em que me vi obrigada a encolher-me tanto que ainda me doem os músculos do esforço.
Agora sinto que me estou a levantar. A erguer a cabeça e a olhar em volta. Ver o que sobrou de mim. Ver o que ficou perdido. Ver se consigo viver com esta nova imagem de mim. Se me consigo olhar ao espelho e aceitar tudo o que me fez chegar aqui; se consigo olhar-me e ver o caminho que quero para mim. Se consigo, finalmente, começar a ser tão egoísta comigo como os outros foram com eles próprios. Se consigo olhar à minha volta e ver quem está lá. Ver quem falta. Ver quem me faz falta.
Isto poderá não fazer muito sentido para vocês. Devem estar a chegar às vossas próprias conclusões sobre as coisas que me possam ter acontecido. Foram demasiadas. Demasiadas.
Tenho saudades de mim. Tenho saudades do meu sorriso. Tenho saudades das minhas certezas. Tenho saudades do meu riso. Das minhas gargalhadas. Tenho saudades de não doer. Tenho saudades de ser capaz de ser eu própria. Tenho saudades da confiança que tinham em mim por saberem que eu faria sempre as opções certas. Tenho saudades de confiarem que me saberia defender. Tenho saudades de não ver pena nos olhos de quem me vê. Nos meus. Tenho saudades da minha capacidade de retaliação. Da minha capacidade de me superar. Da minha capacidade de confiar em mim mesma. De não ter vergonha de mim.
Tenho saudades de mim. E quero-me de volta. Eu quero-me devolvida a mim mesma.
Tenho mesmo muitas saudades minhas. E estas saudades são as mais difíceis de combater. Não se matam com um telefonema. Não se erradicam com uma visita. Não desaparecem com um abraço. Com um beijo. Estas saudades não são como as outras. Estas têm de ser afogadas. Temos de lhes cortar o ar. Não lhes dar espaço para respirar. Não sei, por enquanto como o fazer. Mas hei-de saber. Um dia.
E pronto. Era mais ou menos isso que queria dizer.
7.10.08
A Lingerie Azul
imagem: google (istockphoto)
Era uma vez uma Patareca que queria, mas que queria mesmo, sentir o aconchego de uma lingerie azul. A Patareca não sabia bem porquê, mas achava que o azul ia ficar bem com o seu tom de pele… O vizinho de baixo (ou o Porco, como ela gostava de o tratar) dizia que não se importava, desde que a tal lingerie não viesse em forma de fio dental… obstruía-lhe a visão dizia ele.
Ela bem tentava avisar a Dona (ou Gaja como ela a tratava). De cada vez que iam a uma loja, ela fazia os possíveis e impossíveis para tentar fazer com que a Gaja sentisse a necessidade de lingerie azul. Ele era comichões, ele era suspiros, ele era tremeliques… mas nada. Nada feito.
Dado a Gaja não ter Gajo (ou Intrusor, como a Patareca gostava de os chamar), menos hipótese havia ainda de a lingerie azul algum dia fazer parte do seu mundo. Era frustrante. Estava farta das cuecas cor de pele, franzidas e mal confeccionadas que lhe arrebanhavam os sedosos cabelos. Estava farta das tangas de elastano que deixavam marcas que a Gaja depois coçava, coçava, coçava. Estava farta.
O tempo foi passando e a Patareca perdeu fé. Perdeu esperança. Até mesmo o Porco andava meio esquisito. Dizia que não gostava de a ver assim, tão triste e desolada.
- Porque não pedes à Gaja para irem à depilação?, perguntava ele. Ficas sempre mais bem disposta depois de um corte…
- Ehhh… respondia ela. A Gaja anda feita parva. Esqueceu-se de mim. Faz de conta que não existo. Não consigo fazer nada. Eu bem envio sinais! Mas parece que há ali qualquer coisa ao pé do umbigo… não lhe chegam aos ouvidos. Será que ela ainda não percebeu que não se deve esquecer de mim??? Quero uma lingerie azul, porra!!! Quero sentir o cetim em mim! Quero sentir a leveza e o toque de algo de qualidade não feita na China! Sinto-me doente. Não quero mais algodão!!! Não quero!!!
- Pois, retorquia o Porco. Por mim, tanto me faz a cor… ou o tecido. Por acaso até que nem me importava de uma sessão lá na Maria Angelina… mal te consigo ver, ‘miga!
O tempo foi passando e a Patareca e o Porco perderam toda a esperança. Calaram-se. Hibernaram.
Um belo dia, foram abruptamente acordados do seu sono por uma espátula com cera quente.
- ARGHGARAGHGAR!!!!, gritou a Patareca. Mas o que é isto????
- Cala-te, oh parva, disse o Porco. Não vês que estamos na Maria Angelina? Vá, aguenta-te que eu estou a fazer um esforço enorme para fazer o mesmo! Dasse!!
A Patareca, que não via a luz do dia há tanto tempo, ganhou nova esperança. Quando lhe arrancaram o cuecão de cima, respirou fundo. Livre! Estou livre!!, pensou ela.
Aguçou os ouvidos. Queria ouvir tudo.
- Oh, Maria Angelina… conheci um Gajo porreiro. Vamos ao cinema hoje. Ele é um querido!
A Patareca, depois de ouvir estas palavras, ficou desolada.
- Ora, porra. Já viste isto, Porco? Ela não veio cá por nós! Ela veio cá porque vai para o cinema! É sempre a mesma coisa! Não entendo porque é que de cada vez que vai cinema tem de vir à Maria Angelina! Ela tem algum acordo, é? Dá bilhetes? Não entendo.
- Quero lá saber, respondeu o Porco. Talvez seja um filme com robots assassinos e fantasmas gulosos que conduzem carros desportivos enquanto tentam salvar o mundo de uma explosão nuclear que acabará com toda a humanidade! Ou uma comédia! Daquelas bem parvas! Vou-me cagar a rir!
- Não voltes a fazer isso, meu estúpido. Sabes o que aconteceu daquela vez que fomos ver o Scary Movie! Que vergonha. Sabes quanto tempo demorou para tirar o cheiro da minha franja??? Nunca mais!
Lá se despediram da Maria Angelina. Foram para casa.
A Gaja, nervosa, ainda acertou a franja à Patareca. Depois, foi até à cómoda e escolheu uma lingerie preta, com rendinhas e laçarotes.
- Oh, pelo amor da Santa Pachorra! Outra vez esta? E uma azul, não??? ‘Tás a ouvir, Gaja? AZUL!! Não consigo ver nada com esta cena em cima! Quero a cor do céu em mim! Quero uma cueca azul!!!
Foram. A Patareca triste e desolada, o Porco a contar os trocos para as pipocas.
Entraram num carro desconhecido. Os bancos eram desconfortáveis. A Patareca remexia-se. Não gostava nada daquele banco. Ainda por cima, a Gaja tinha vestido uma saia. Os collants apertavam-lhe as bochechas. De vez em quando, levava com uma lufada de frio por causa do ar condicionado… tinha frio.
- Já viste isto, Porco? Como se não bastasse não ver nada, ainda parece que fomos metidos num frigorífico!
- Não tenho frio nenhum, respondeu. ‘Tou bem. Quero pipocas!!!
- És mesmo parvo.
Quando chegaram ao cinema, encontraram os lugares e sentaram-se. A Patareca, desolada lá se ajeitou e pediu aos céus que a Gaja não cruzasse as pernas. Cega e com frio, era só o que lhe faltava ficar sem ar e não conseguir respirar. Bem dito bem certo. Ficou com calor. O Porco lá se ia queixando que tinham ido ver mais um filmzeco história sem jeito. Nem uma pipoca comeu. Foram.
De volta ao carro, a Patareca lá acalmou. Decidiu dormir até chegar a casa.
De repente, acordou. Não estava na casa dela. Estava noutro sítio qualquer. Já não sentia a opressão dos collants. Estranhou. Sentia que alguém lhe afagava os sedosos cabelos. Estranhou ainda mais.
- Psssst! Oh, Porco! O que é que se está a passar?, perguntou ela.
- Não reparaste? O Gajo deve ter comprado um bilhete especial lá no cinema…
- Oh, valha-me caredo. Adormeci, pá! Ai!! Mas o quê é isto!?!?!, gritou ela.
- Tem lá calma contigo… não te lembras? A partir de agora, nada posso fazer… ‘tás sozinha, ‘miga! Até logo!!, despediu-se ele. Virou-se para o lado e adormeceu. Preferia não assistir a certas coisas. Gostava de dar privacidade à colega.
A Patareca, agora a respirar muito melhor, tentou fazer sentido daquilo.
- Oh tu aí! Intrusor!!! Olá! Sou a Patareca!! ‘Tás aí, meu?, perguntou.
- Ahhh… olá. Como estás? Tudo bem por aí? O meu nome é Dom Geraldo… pelo menos é o que o Gajo me chama…
- Dom? Hmmm… isso ainda se está para ver se tens ou não, respondeu ela meio maliciosa. Estava a começar a lembrar-se de como aquilo funcionava. Tinha de se fazer de bonita e simpática. Depois, quando estivesse farta, mandava-o à fava enquanto a Gaja a voltava a vestir.
- Bem, pelo menos no nome tenho Dom! É um prazer conhecer-te., respondeu ele.
- Isso também ainda se está para ver, brincou ela.
De repente, a Patareca, devido a um bom ângulo de luz do candeeiro do tecto, vislumbrou a fatiota do Dom Geraldo.
Boxer azul!!! Boxer Azul!!! Que lindo! Ai! Mas que classe! Mas que fashion! Estava muito contente.
- Oh, Geraldinho… ‘tás todo giro… onde compraste a fatiota?, perguntou ela.
- Se queres que te diga, não sei. O gajo aparece-me com estas coisas. Eu não vou às compras com ele… Fico em casa.
- Pois. Entendo. Mas olha que isso fica-te mesmo bem… Chega lá aqui mais perto para ver melhor. Estas cuecas prestas não me deixam ver grande coisa…
Ele chegou-se. Ela olhou. Ele sorriu. Ela sentiu o azul nela. Sentiu-se aconchegada naquele mar de tecido azul. Encostou a cara. Sentiu a suavidade do azul. Olhou melhor. Throttleman. O Gajo tinha bom gostou. Olhou melhor ainda e viu que no meio do azul havia uns corações rosa.
- Mas que bonito! ‘Tás mesmo giro!, disse-lhe a Patareca por entre suspiros.
- Muito obrigado! Sabes, também consigo brilhar no escuro!
- Não me digas!!!, exclamou a Patareca.
- Digo, digo! Espera que vou apagar as luzes para veres!
Foi.
E ela viu os corações a brilhar no escuro. Lindos e redondos. Fantástico!, pensou ela. Isto é melhor do que ir ver fogo-de-artifício!
Depois viu os corações a voarem… voarem… voarem. Ficou triste. De repente, começou a sentir-se leve. Tão leve! Já via tudo às claras! Já não havia cueca preta! Gritou de felicidade!
- Oh, Dom Geraldo! Agora sim, vejo-te! És tão bonito!
- Também eu a ti. Assim é muito melhor. ‘Tás boa?
- Sabes que sim, seu maroto! Anda cá para eu te contar um segredo… anda cá.
Ele foi. Depois foi. Depois veio novamente. Depois foi. Veio. Foi. Veio. Foi. E ela, não aguentando mais, segurou-o bem e chegaram os dois.
- Oh, meu Domzinho. Gostei muito deste bocadinho.
- Também eu, minha querida. Tens cá um gostinho… Heheheh!! Era para rimar…
- És um poeta. Um lírico! Um artista!!!
- Apetecia-me uma tosta mista!! Desculpa… Por acaso tenho fome. Vamos comer qualquer coisa?
- Não te chegou, seu guloso?
Foram.
Uns dias mais tarde, depois de mais uma refeição como deve ser, o Dom Geraldo virou-se para a Patareca e disse-lhe que tinha um presente para ela.
- É o quê??, perguntou ela toda contente. Penteou-se e olhou para o embrulho.
- Abre. Acho que vais gostar, respondeu ele.
Ela abriu o embrulho… e quando os olhos bateram numa cueca delicada, de cor azul céu, com renda fininha e umas florzinhas lindas bordadas, mal se conseguiu conter.
- Como é que sabias??? Era mesmo isto que eu sempre quis! É linda!! LINDA!!!
- Linda és tu, minha florzinha do campo. Linda és tu. Dá cá uma bejufa!
- Ai, estou tão contente!!!
- Pelo menos não é fio dental. Porra, que estava a ficar assustado!, disse o Porco de repente.
- Cala-te oh estúpido! Ninguém está a falar contigo! Vai-te embora!!, atirou ela.
- Oh, não faz mal. Eu também tenho um desses e o meu também tem pavor a fios dental… deve ser genético… Gostas minha querida lindinha coisinha mais fofa?
- Oh, sim! Gosto! Adoro! Ai, Dom Geraldo. Muito obrigada!
- De nada, minha flor. De nada.
E viveram felizes para sempre.
Fim.
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