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Andava eu nas minhas deambulações bloguistas, aflita para ter tema para hoje, quando, de repente, e por causa de um outro blog (ou post), lá me lembrei de uma temática “engraçada” para a coisa.
Infidelidade.
Antes de mais, aquela cena que se diz do “ser fiel a ti próprio” é treta. Se assim fosse, ninguém seria fiel a mais ninguém. O mundo seria composto por gente constantemente à procura de situações em que pudessem ser fiéis a si mesmas, com outras pessoas ao lado… Se é que me entendem.
Pessoalmente, tenho uma espécie de máxima em dois actos em relação a esta temática: 1º: desde que eu não saiba, no problem (claaaaro…). 2º: Se for para trair, que seja por algo muito melhor e significativo que faça mudar rumos de vida. Ou seja, trair por trair é para quem não tem medo de perder o que tem. Trair porque se encontrou algo melhor e mais satisfatório e depois acabar a relação para começar com essa nova… não é correcto, mas pelo menos não é em vão… por assim dizer. Não deixa a outra pessoa (a traída) com a sensação de ser tão desprezível e tão pouco respeitada que se pôde mandar uma queca apenas porque sim. Não sei se me estou a explicar muito bem… Uma coisa é sexo; outra é sentimento. E, quer queiram, quer não, são dois campeonatos completamente diferentes que apenas por vezes se juntam num magnífico tête-e-tête.
Fidelidade. É uma questão de propriedade. Nem é bem ciúmes… É propriedade. Aquele corpo é meu. Exclusivamente meu. De mais ninguém. A cabeça pode andar por onde quiser, desde que o corpo não vá atrás. É isso ou não? Nós nem imaginamos, nem sonhamos (ou preferimos não fazê-lo) o que se passa na cabeça dos nossos queridos ou queridas. Nada podemos fazer. Ficar com ciúmes de pensamentos “pecaminosos”? Nós também os temos… A merda está em agir. Os actos… ai os actos. Falam sempre muito mais alto do que as palavras, não é?
Posse. Isto é meu. E não se aceita que possam haver ameaças a esse “direito” de posse. E não é por uma questão de não se confiar na pessoa que temos. É apenas uma questão de não querermos que ninguém “toque” no que é nosso. A coisa de não querermos que o que é nosso “toque” em mais ninguém tem a ver com a possibilidade de perdermos essa tal coisa da propriedade supostamente exclusiva. Se deixar de ser exclusiva, porque raio haveremos de continuar? Se é do “povo”…
Ciúme. Em quantidade certa, é saudável. Pois, pois. Depende. Acho que cada pessoa tem os seus limites. Há quem o seja muito, há quem não o seja sequer. Há quem goste e provoque, há quem se sinta preso e se liberte. Mas todos nós sentimos ciúmes não só em relação a outras pessoas que possam “interferir” no que é nosso, mas também de outras coisas: amigos e amigas, jogos de computador… Tudo quanto afaste a atenção da nossa cara metade de nós constitui razão para ciumeira e briga. Lá vem a posse…
Respeito. Tudo se resume ao respeito que temos ou não temos por alguém, ou que esse alguém tem ou não tem por nós. Nem é uma questão de confiança. Podemos não confiar puto numa pessoa, mas respeitamo-la e não andamos por aí a traí-la numa de prevenir que nos faça o mesmo a nós primeiro, por exemplo. O respeito está em todos os pormenores de uma relação. Todos. Seja respeito por nós próprios, em nos mantermos “fieis” (vá digam lá que me acabei de contrariar, vá) à escolha que fizemos em estar com aquela pessoa. À escolha que fizemos em não ser de mais ninguém a não ser daquela pessoa. E esperamos, como é óbvio, que nos respeitem a nós por essa decisão e que a outra pessoa se respeite a ela própria exactamente pela mesma. Situação ganhar-ganhar.
Conforto. Podemos confiar, respeitar, ter a certeza do direito de propriedade, não ter ciúmes, mas, mesmo assim, sentirmos um ligeiro desconforto em relação a certas coisas. Aliás, é a partir daqui que o resto pode ou não começar. O vosso respectivo dá-se muito bem com uma ex dele. Não vêem possibilidade nenhuma de uma “recaída”. Mas não se sentem confortáveis. Aquela pessoa é vossa. O tempo dos outros ou outras já passou. Agora é a vossa vez. O passado é para ficar no passado e não interferir no presente e muito menos no futuro. Daí todos nós fazermos coisas para não deixarmos os nossos queridos e queridas desconfortáveis. Não atendemos aquela chamada, não respondemos àquela mensagem (por muito inocentes que sejam), não falamos de certos assuntos, não fazemos certas associações, não estabelecemos comparações, etc. Feito como deve ser, com respeito, pode-se até evitar desconfianças. Feito em demasia, a outra pessoa desconfia. Naturalmente. Para quê esconder se não há nada de mal?
Mentir. Tudo começa com mentiras. Mentimos descaradamente sobre nós quando tentamos “agarrar” alguém. Pode não ser uma mentira do tipo “sim, só tenho 24 anos e não 29”, mas mentimos. Rimos quando normalmente não riamos. Vamos quando normalmente não iríamos. Fazemos o que normalmente não faríamos. Mentimos. A tal coisa do conforto também é algo que nos leva a mentir. Para deixar a outra pessoa confortável, sem desconfianças e serena, mentimos. Para não perdermos o que temos porque sabemos que há coisas que causam ciúmes e desconforto e consequentemente brigas e possibilidade de perda do direito de posse. Ele? Bolas! Já não falo com esse gajo há décadas (tendo acabado de dar meia dúzia de palavrinhas no msn duas horas antes). Ela? Sei lá dela! Nunca mais falei com ela! (a não ser daquela vez há uns dias quando me enviou um mail e depois falámos um pouco ao telemóvel só para meter a conversa em dia).
O passado. Esse cabrão persegue-nos. Há quem consiga romper com o passado, não permitindo que ele cause desconforto e mau estar no presente. Há quem não consiga… tipo “manter todas as possibilidades em aberto” (e não digam que não é esta a questão… e não me venham cá com cenas do “mas não tem mal eu ainda ter o contacto dele”. Se não tem mal, apaga-se… Se não se pretende usar, não se guarda… Ou não?). Há quem o enterre, há quem lhe vá dando água de tempos a tempos só para que possa ir vivendo mais um pouco, metendo em causa o que se vive no presente, sem respeito pelo futuro e muito menos pela outra pessoa.
Verdade. Vem sempre ao cimo. Sempre. E às vezes é aos trambolhões. Leva tudo à frente. Outras vezes, consegue ser enterrada, tal como o passado, e esquecida ou perdoada. Mas ela existe. Existe sempre.
Que mais se pode dizer? Pouco ou nada. Acho eu. O melhor remédio continua a ser dizer a verdade e deixar que seja a outra pessoa a decidir sobre se isso a deixa confortável ou não, com ciúmes ou não, com vontade de ficar ou não. Não temos, lamento, o direito de decidir, de sermos tão egoístas ao ponto de mentirmos para mantermos uma pessoa do nosso lado. Fazemo-lo porque sabemos que de outra forma essa pessoa se iria embora, claro. Porque somos egoístas e damos prioridade ao nosso bem-estar. Mas, será que é assim que a queremos ao nosso lado? Só porque ela não sabe, e não sabendo, não pode fazer nada? Estamos a ser fiéis? A quem? Estamos confortáveis? Respeitamos? Hmmmmm…
Apesar dos apesares, é um assunto tão pessoal e individual como as impressões digitais. Cada um faz e deixa a sua própria marca. O resto só depende da forma como queremos ser lembrados por aqueles que nos entram e saem da vida.
E por hoje já chega. Pressinto que por esta semana já chega. Ufa! Para quem não tinha tema do dia…
Bom fim-de-semana, minha gente. Bom fim-de-semana.