Hoje é o meu último dia de trabalho na empresa onde estou. É verdade. Vou-me embora para procurar sol mais amarelo e céu mais azul (que poético).
Não posso dizer que estou triste por me ir embora daqui. Pelo trabalho em si, estou feliz por ir. Pelas pessoas (a minha gente, os meus meninos e meninas), aí é diferente. Aí vou ter mais pena que as galinhas assassinas (passe a piada). Até me dói pensar que não vou mais estar com estas pessoas numa base diária. Que não as vou ver e ouvir. Que não vou mais aturar o nosso Pequeno Mau Génio. Que não vou mais ouvir as queixas da menina do mkt porque o pc não funciona. Que não vou stressar mais com a minha colega de departamento por causa deste e daquele cabrão que falhou no último minuto. Não vou mais ouvir as piadas (péssimas) sobre o SLB do nosso chefinho. Que não vou mais ter a companhia diária da minha amigalhaça preferida para ir beber café, fumar uns cigarros e falar mal do chefão (tenho a sorte de trabalhar com a minha amigalhaça preferida, a minha mona borrega linda).
Vou ter saudades disto tudo. Menos do trabalho.
Vou ter saudades de almoçar todos os dias com a minha mãe. De poder ir a casa num instante por uma coisa qualquer. Saudades de ir ao café onde conheço toda a gente. Sair do trabalho e encontrar alguém conhecido e ficar na palheta até à hora de jantar.
Do trabalho… dispenso. Já deu para perceber, não é?
Ninguém é insubstituível. Já acreditei mais nisto. Todos temos algo que não pode ser substituído por mais ninguém – seja a nível pessoal, seja a nível profissional. Acabamos sempre por deixar a nossa marca por onde passamos. Seja por partirmos a louça toda, seja por nunca termos riscado sequer um copo, fica sempre um cadito de nós por onde passamos e esses sítios acabam também sempre por deixar uma marca em nós (amolgadelas às vezes!). Ainda bem. Já conheci tanta gente boa. Seria uma pena não terem tido efeito nenhum sobre mim. Já conheci tanta gente má. Também seria uma pena não terem tido efeito nenhum sobre mim.
Vou aguardar que tudo o que eu seja se encontre preparado para partir mais uns copos e pratos (eu sou mais do género de partir a louça…) e que quem esteja a ver até nem se importe ou goste.
Mundo, I’m coming. Mas não precisas esperar por mim. Eu encontro-te. Até já.