Não gosto dos seguintes termos, venham de quem vierem: querida, fofa, fofinha, docinho, princesa, linda, boneca e mais alguns que já me lembro (muito menos quando vêm de elementos do sexo oposto simplesmente porque não se lembram do nosso nome ou porque acham que é assim que nos derretem qualquer coisa mais que a paciência).
São nomes parvos e totós que correspondem a clichés
antiquados que alguns homens ainda hoje insistem em proclamar porque acham que
as gajas são uma manada de gado que responde tudo ao mesmo toque e porque são
preguiçosos.
Amor ou ‘morzinho. Estes também não gosto.
Desde quando é que uma mulher nasce condicionada a sorrir
ou derreter-se toda só porque sei lá quem se lembrou de a chamar de
querida-fofa-lindinha porque se queria fazer sobressair no meio de meia-dúzia
mentecaptos idiotas que até se riem deste tipo de idiotice pseudo-macho-man uns
dos outros?
Lindinha… outro… lindas são as vacas, tal como bonitos são
os touros, foda-se.
E desde quando é que os homens pensam que é este tipo de
palavreado que lhes vai permitir ganhar pontos (ou seja lá o que for que pensam
que vão ganhar) junto de alguma gaja mais incauta (ou surda e despercebida)?
Desde quando é que gaja alvo de termo tão carinhosamente idiota como Boneca Princesa
Fofinha se vai deixar ir no resto da cantiga de quem nem sequer se dá ao
trabalho de inventar letra como deve ser?
Pelo amor de alguma santa já meio deslavada e cansada de
tanta parvoíce, parem com essa merda, porra. Parem. Se acham necessário chamar
alguma coisa a uma mulher, para além do nome com que a baptizaram à nascença
(que ideia inovadora!!!), podem sempre tentar arranjar alguma coisita mais
pessoal, mais intransmissível, mais revelador do que conhecem dela, mais
revelador do vosso sentido de humor, do vosso próprio índice de
querido-lindo-fofinho-‘morzinho. Pensem lá… quantas vezes já foram chamados de “Príncipe”
por uma gaja? E se o foram, peço desde já desculpa pela ave rara que vos calhou
em sorte. Se não o foram, como se sentiriam se o fossem? Ir-se-iam sentir
especiais? Ou será que talvez se sentissem tipo naco de carne a quem estão a
afiar o dente, sem o mais pequeno pingo de respeito pela pessoa que são, tratando-vos
como se fossem iguais a qualquer um, como se estivessem ali para servir as
vontades mais abéculas de gaja transtornada do cérebro?
Pronto. Esqueçam. Vocês homens talvez até gostavam que as
mulheres vos tratassem mais assim. Talvez seja por isso que nos tratam assim a
nós. Tudo explicado. Vocês querem que alguém vos salive para cima enquanto balbucia
um “Ai fofinho-principe-quiducho, és um ‘morzinho lindo!” e vos olha com olhos
de carneiro mal morto.
Já percebi.
Esqueçam este post. Esqueçam. Já cá não está quem falou.