24.10.08

Ia eu

imagem: google Ia eu desatar para aqui num chinfrim danado sobre o amor e todos os seus pequenos ou grandes pormenores como forma de amenizar o efeito do último post quando, não sei bem como, fui parar a um outro blog que me fez parar e pensar um cadito melhor. Gostar à Bruta. Link aqui ao lado para quem quiser visitar. Admito uma certa inveja da aparente serenidade do autor. A sensatez com que escreve. Inveja. Sim, é mais ou menos isso. Vi por lá um texto que me fez reequacionar o que ia deixar aqui. Eu queria falar de amor; vi lá um texto sobre o fim do amor. Este contraste… Travei a fundo e decidi poupar-vos ao tal chinfrim. Já escrevi aqui várias vezes sobre o que é (para mim, claro) esta coisa do Amor. Continuo sem saber falar do assunto. Continuo sem saber escrevê-lo. Continuo sem saber como transmitir o que faz fazer sentir esta coisa. É diferente para todos. Cada um de nós terá a sua própria “definição”, a sua própria ideia da coisa. Acho que nunca escrevi sobre o fim do amor. Sobre o que é preciso acontecer para que deixemos de usar esta palavra. Para que deixemos de sentir o que ela representa para nós. Para que a façamos desaparecer do nosso vocabulário, substituindo-a por outras como saudade, dor, pena, tristeza, alívio… adeus. Quando termina o amor? Quando não conseguimos dizer “amo-te” sem sentirmos um repenico de mau-estar no fundo do coração por não estarmos a dizer uma verdade daquelas verdadeirinhas? Quando deixamos de querer cuidar? Quando deixamos de querer tomar conta de? Quando não permitimos que tomem conta de nós? Quando deixamos de sorrir a uma piada? Quando deixamos de sorrir a um carinho? Quando perdemos o respeito pela outra pessoa? Quando somos incapazes de dar carinho? Quando olhamos para o futuro e preferimos não ver lá essa pessoa ou então não a vimos sequer? Quando somos magoados e feridos até ao ponto de essa dor nos fazer esquecer o amor? Não sei. Penso que seja mais difícil dizer que não se ama do que dizer que se ama. Penso que é preciso ter uma certeza muito maior quando se pensa dizer a alguém “Não te amo mais” ou então simplesmente “Não te amo”. Dizer “Amo-te” é tão mais fácil. Muito menos pesado. É dito naquele momento em que o coração salta, em que o peito arrebenta, em que cada centímetro da nossa pele suplica por um toque que seja. Muito mais fácil. É a certeza do momento que depois “apenas” se tem de fazer perdurar no tempo. Não te amo mais. É tão violento. É formalizar ou verbalizar que o sentimento que houve já não existe. Que estamos vazios daquela pessoa. Que não a queremos. É a suprema das rejeições. É morrer-se em vida. Para nós e para a outra pessoa. É a certeza do momento que diz que o tempo acabou. Não te amo. Ponto final parágrafo. Não te amo. Tão mais simples. Tão menos violento. Quando é que sabemos que amor terminou? Talvez quando não conseguirmos dizer o que dantes tínhamos de dizer se não explodíamos. Quando é que sabemos que o amor morreu? Quando o procuramos nos mesmos sítios onde dantes ele vivia e não o encontramos. Quando olhamos para alguém e pensamos “Vá, faz lá aí qualquer coisa que me faça sentir. Seja o que for, faz ou sê alguma coisa que me faça voltar a sentir. Não desistas de mim”. Quando conseguimos ser honestos e francos connosco próprios e entendemos que não temos mais nada para dar, mais nada para receber. Quando nos palpita o coração, quando nos explode o peito, quando nos suplica a pele para dizermos a única verdade que temos dentro de nós naquele momento, em voz sumida ou em plenos pulmões: Não te amo mais. Talvez saibamos que o amor morreu quando seja mentira que ele esteja vivo. Talvez só aí. Gostar à Bruta. Um bom blog.

7 comentários:

Paulo Carrasco disse...

O Amor morre e renasce noutro lugar, noutro momento. Até o Amor cumpre o eterno ciclo da vida. Podemos viver uma vida inteira com aquele único Amor ou viver mil Amores numa única vida. O importante é nunca matarmos a semente que dá origem a um novo Amor quando o anterior esmorece e... desaparece num recanto qualquer.

Anónimo disse...

Gostava de poder dizer o que é o amor e o quando é que sabemos que deixamos de amar.

Uma coisa te posso dizer, que é a seguinte: dizer "amo-te" anda muito vulgarizado. Abusa-se da palavra, sem lhe atribuir o seu real e profundo significado. Sim, há quem diga "amo-te" assim do pé para a mão... e depois vê-se na situação ingrata de ter de mentir e dizer "JÁ não te amo", quando na verdade devia dizer "NUNCA te amei".

(para quem não sabia dizer o que é o amor ou o seu óbito, acabei por falar muito... de médico e de louco todos temos um pouco, não é?)

Anónimo disse...

Anda por aí muita baralhação. Um dia em Amesterdão, Amália Rodrigues, perante uma sala repleta maioritariamente de emigrantes portugueses, disse uma frase fantástica:"Se estão aqui para matar saudades estão todos enganados. Não se matam saudades, renovam-se ou não!". O Amor é como a saudade, renova-se ou não.
Para criar um momento de lazer na amplitude e profundeza das dissertações que por aqui vou lendo, aqui fica um endereço oara visitarem e, por favor, não toquem em nada,não maximizem de imediato, deixem-na pequenina como está, ela irá crescendo para vosso contento.
E depois digam-me se não foi feito com Amor: http://www.fly-a-balloon.be/

Zé Ramalho

Me disse...

Inconformado,
Se havia post que eu achava que nunca ias comentar... este era capaz de ser um deles!
E sim, o importante é não perder a capacidade de amar. Não perder a habilidade, a vontade, o querer amar. Por muitas vezes que se ame ou não. Por muitas vezes que se deixe de amar... Temos sempre de nos manter intactos nesse aspecto.
Obrigada pela visita, Inconformado. Tankiu!

Dra. Ana,
Tens toda a razão.
É sempre muito mais fácil dizer amo-te do que dizer o contrário e, mesmo assim, sendo necessário dizer o contrário, dizer a verdade mesmo (de entre as quais se pode incluir o tal Nunca te amei...). Nada fácil isto... amores e desamores. Nada fácil. Mais tarde ou mais cedo, um coração acaba sempre por se partido. É inevitável.
Beijos Dra. Ana
;)

Zé Ramalho,
Foi sim senhora feito com amor. Muito, muito, muito giro. Obrigada por teres enviado o link :)

Baralhação? É claro que o amor se renova ou não. O problema é quando é que sabemos que já não é para renovar. Não é algo que acontece ou que sabemos sem mais nem menos... Não nos aparece um post-it na mesa de cabeceira, né?
É claro que o amor é algo que pode nascer e renascer vezes sem conta e, muita vezes, em relação à mesma pessoa. Mas, quando é que sabemos que morreu mesmo? Quando é que sabemos que por muito que lhe apliquemos a reanimação, ele não volta a respirar?

Em relação à amplitude das dissertações... ahhh... obrigada? Sim, acho que sim, obrigada.
:)

VF disse...

É de facto um dos melhores blogues em actividade!
Senão o melhor escrito em português com uma temática tão restrita!

Anónimo disse...

Para os amigos e amigas, só Ana, está bem?
Beijocas! =)

Me disse...

Coff! Cofff! Coooooofff!!! Vítaro!
Passaste-te! Só pode.
SMILEY ESPANTADO!!!!SMILEY ESPANTADO!!!!SMILEY ESPANTADO!!!!SMILEY ESPANTADO!!!!SMILEY ESPANTADO!!!!SMILEY ESPANTADO!!!!
Olha, nem sei o que te diga (a não ser sobre a parte da "temática tão restrita"... hmmmm).SMILEY ESPANTADO!!!!SMILEY ESPANTADO!!!!
Também conheço um blog muita bom, com montes de visitas,com textos MUITO bons... não sei se já ouviste falar... Mr. Sr. Gajo du Mal ou qualquer coisa assim. SMILEY ESPANTADO!!!!SMILEY ESPANTADO!!!!SMILEY ESPANTADO!!!!Procura google.SMILEY ESPANTADO!!!!SMILEY ESPANTADO!!!!SMILEY ESPANTADO!!!!SMILEY ESPANTADO!!!!
:)
(tankiu)SMILEY ESPANTADO!!!!

Ana,
:)
BEIJOS!!!