24.8.08

Navegar

imagem: google
Na faculdade, tive um professor que era psicólogo. Mas não era um psicólogo qualquer. Ele dava-nos uma cadeira que muito pouco tinha a ver com a área dele mas que, ao mesmo tempo, tinha. Qualquer coisa na área do Desenvolvimento Humano e de Recursos Humanos e de Organizações, etc. Era um craque e eu gostei dele imediatamente. Tinha ar de Avô e era bastante comum ir para as aulas contar histórias dos netos e depois adaptar a coisa para aprendermos alguma coisa com aquilo. As aulas eram, para mim, fascinantes. No entanto, o que mais me fascinava naquele homem era o emprego que tinha tido durante uma data de anos. Ele tinha sido contratado pela Marinha Portuguesa para descobrir o porquê de haver colisões entre navios em alto-mar. Imaginem. Ele, que tinha de passar a sua vida nos navios, tinha de descobrir porque é que no meio de um mar aberto e livre, dois navios gigantescos com equipamentos e radares todos xpto pura e simplesmente seguiam uma rota de prevista colisão e consumavam o acto com um belo e estrondoso “Foda-se, Meu Capitão”. O problema, claro está, não era técnico. Os equipamentos que os navios tinham chegavam e sobravam para impedir que tais coisas acontecessem. Com base nisso, contratou-se um psicólogo para ir analisar as pessoas que tomavam conta desses equipamentos para descobrir onde é que aquilo tudo estava a correr mal. O tal “erro humano”. Ele contava histórias fantásticas. Absolutamente fantásticas. Adorava. Gosto de ideia de que dois navios, a navegar em centenas de quilómetros de mar aberto possam encontrar-se indo direitinhos um ao outro. Mesmo com tudo a trabalhar para que não se encontrem, encontram-se. Pode demorar, mas chegam lá. Com um belo e pomposo estrondo é certo, mas encontram-se. Gosto dessa ideia. Gosto.

2 comentários:

Anjo disse...

Olá;

"Gosto de ideia de que dois navios, a navegar em centenas de quilómetros de mar aberto possam encontrar-se indo direitinhos um ao outro. Mesmo com tudo a trabalhar para que não se encontrem, encontram-se. Pode demorar, mas chegam lá. Com um belo e pomposo estrondo é certo, mas encontram-se."

Também gostei da ideia...
Mas nem sempre é assim...

Anjo Persistente

Me disse...

Olá Anjo,
Claro que nem sempre é assim. Daí o pessoal gostar tanto de ideias deste tipo...

Mas é possível. E o possível é bom.

:)