23.4.07

Baptismo

Adoro a sensação de enterrar os pés na areia. Adoro quando, pela primeira vez em muito tempo, liberto os meus pezinhos da clausura imposta pelo Inverno para sentir aquele calor, aquela humidade, aquela quase agressão à pele ainda sensível e pálida, pálida, pálida por não ver a luz do sol há tanto. Enterrar os pés, mexer os dedos, deixar-me afundar até ficar com os pés cobertos, arrastá-los pela areia fora, deixar as minhas pegadas em bocadinhos de areia lisos e macios, não tocados a não ser pela maré. Sentir os grãos entre os dedos e mexê-los, mexê-los, mexê-los. Adoro. Não sei bem o porquê deste gosto, mas consigo sempre lembrar-me por muito tempo da primeira vez em que o faço. Este ano, a experiência veio mais cedo. Um bocadinho de areia à beira rio. Não resisti. E ainda bem. São estes pequenos prazeres que nos fazem sorrir e sentir felizes. E quando são partilhados, quando temos testemunha para esse pequeno momento de pureza absoluta de espírito, melhor ainda. Adoro.

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