Resultado do III Desafio - Último lugar. Sucesso! A minha luta pelo último está a correr bem.
Para o IV Desafio, tínhamos de escrever sobre emigrar para bem longe. Como até nem foi algo sobre o qual escrevi há relativamente pouco tempo aqui no tasco, fiquei tão contente por poder voltar a insistir neste assunto. Aqui fica o texto submetido a avaliação.
"Mesmo a fervilhar de vida e de gente, vejo as ruas vazias.
Mesmo que o sol brilhe e me aqueça a pele, apenas me faz
lembrar que noutro sítio, longe, brilha com mais força e beleza. Que este sol
aqui é fraco, diluído, impotente na sua missão de iluminar a mente de quem
suplica por luz.
Penso em me ir embora para bem longe. Emigrar. Ir para um
sítio demasiado longe que não me deixe na pele a comichão de saber poder voltar
a qualquer altura caso as coisas não resultem. Tão longe que esquecerei de onde
vim; apenas saberei para onde vou.
Nem a comida tem o sabor de antigamente. Agora, serve
apenas o propósito de abastecer o corpo, de o alimentar para cá continuar nesta
vida que não vai para lado nenhum.
Talvez deva pegar nesta vida e levá-la para um sítio onde
possa ser nutrida e cuidada como deve ser. Onde possa florescer e ser vivida
com tudo a que tem direito. Onde a minha mente e os meus pensamentos não a
façam sentir-se inútil e gasta, sobrevivida num dia-a-dia vazio de sentido e de
valor.
Bem longe, lá do outro lado do mundo, o mais longe que se
possa ir. Talvez aí, tão desenraizada das origens e tudo quanto se conhece e se
sabe, talvez aí se consiga nascer de novo, como se uma longa viagem de avião
fosse o meio para uma segunda hipótese de viver tudo o que ficou em stand-by há
tanto tempo atrás. Talvez aí perca a sensação que me assola o estômago, a quase
certeza de aqui não poder ficar, de aqui não conseguir continuar, de aqui não
merecer estar se tudo o que daqui retiro é a vontade de me ir, a sensação de
estar a ser repelida para outro lugar, empurrada e puxada até chegar àquele
ponto de ruptura em que as evidências são tão fortes que tudo quanto se pode
fazer é, de facto, ir.
E vou. Todos os dias vou para aquele sítio em que sei
haver uma vida melhor para mim. Todos os dias faço a viagem, navegando por ruas
desconhecidas, por caras estranhas, por sítios inexplorados. As malas há muito
que foram feitas, o plano delineado. O avião espera-me. A viagem aguarda-me.
Não posso esperar mais pelo que não vem. Vou. Para longe e para me esquecer do
que nunca foi."
Ansiosa pelos resultados!