imagem: google
Com que então, o desemprego é uma oportunidade e o que
interessa é salvar os desempregados do estigma associado a tal condição. Que
nada disto tem de ser negativo, muito pelo contrário, tem todo o potencial de
ser positivo.
Sendo eu uma estatística há já dois anos e pouco, tenho
de admitir concordar com esta perspectiva. Lamento, mas concordo.
A minha situação, e falo por mim, tem-me trazido
oportunidades que dantes nunca poderia sonhar para mim. Por exemplo, a
oportunidade que tenho de ou alugar a minha casa, ou vender o meu carro para
poder pagar a minha casa durante mais uns meses. Também tenho a fantástica
oportunidade de voltar para casa dos meus queridos pais. Quem diria que aos 32
anos, teria tais oportunidades? E a de ficar referenciada no banco de Portugal
caso não pague a prestação a tempo e horas? Outra bela oportunidade que me foi
dada pela minha não-estigmatizante situação de desempregada. Tudo isto é
positivo! De uma só assentada, posso oferecer habitação a um custo razoável a
quem não pode comprar casa; posso reforçar como nunca os laços familiares e,
como cereja, posso justificar os empregos e ordenados dos colaboradores do
Banco de Portugal, garantindo assim que se mantêm activos e salvos de certos
estigmas.
Também tenho tido a oportunidade de perceber que os anos
que passei a estudar e a, supostamente, melhorar-me enquanto profissional,
enquanto pessoa, apenas servem para hoje ouvir e ser alvo de certas troças como
“totó… nem com o 12º segundo consegues emprego, quanto mais com essas merdas
todas que tens no currículo”. Anos e anos de oportunidades perdidas – festas a
que não fui, noitadas que não fiz, viagens que não viajei, coisas que não tive…
Tudo em prol do pleno evitar de certo estigma, tudo a favor do impedir que uma
certa situação me atingisse em cheio e me atirasse para o campo das verdadeiras
oportunidades que por cá tanto abundam.
Parva. Parva. Parva.
Concordo com os senhores que, do alto da sua simpatia,
empatia e tocante preocupação, nos presenteiam com tais pérolas discursivas,
levando-nos a filosofar e contemplar o sentido da própria vida sob novas e
muito mais úteis perspectivas.
Não querendo ser repetitiva, mas sendo-o, repito: Vão-se
foder, Srs. Doutores. Vão-se foder.
4 comentários:
Ao que nós chegamos!!!
Esta é a triste realidade.....
eu tambem passei no desemprego, felizmente por pouco tempo.
Espero que consigas organizar a tua vida rápido!
Quase nos "entas",
O conceito de rápido, para mim, passou a ter outro significado.
Mas, e em abono da verdade, eu até nem sou dos piores casos. Há quem tenha filhos, não tenha casa dos pais para a qual voltar...
É verdadeiramente desesperante pensar em atirar fora o que se passou mais de uma década a construir, mas pior é não haver perspectiva de melhoria. Nada.
Também espero resolver a minha vida. E cá vou esperando.
Obrigada pelo comentário
:)
è verdade,
Eu tinha um filho a cargo, sozinha ...foi assustador confesso.
Toda a sorte para ti ;)
Para nós! Nós todos!
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