7.2.12

Crer Amor

imagem: google

Dizia o V Desafio que teria de escrever "aquela" história de amor... 
Se tivesse ido pelo caminho dos comentários deixados em post anterior, digamos que a história seria, no mínimo, outra! 

"Esta é uma história de amor das que nunca chegou a acontecer.
O porquê estará no crer de cada um.
Vejamos.
Ele, músico, musicava. Ela, atrasada. Não sabia para o que ia, não se apressou (se soubesse, ter-se-ia apressado ou atrasado mais?). Chegou lá e, de início, nem ouviu o que os outros ouviam. Quase violentamente, deu-se conta de voz com sotaque estrangeiro àquelas bandas que lhe deixou os sentidos em sentido. Em alerta, virou a cabeça tão rapidamente que nem chicote esfomeado por montada preguiçosa. Dá-se conquista da visão. Moreno, de sorriso generoso e mãos bonitas. O olfacto, farejando o ar e enchendo-a de certezas inexplicavelmente simples, conquistado. Estava entregue.
Andaram numa troca de amigáveis mensagens pelo facebook (onde mais?) durante uns tempos até ela saber que iria actuar perto dali, e, num rasgo de puro desafio ao destino, foi-se apresentar em tal noite sem se apresentar, dizendo-lhe apenas que tinha 10 segundos para saber quem era. E ele soube. Iria ter com ela depois. Ela esperou. Ele foi. E quando começaram a conversar, ele fugiu. Olhou-a nos olhos, deu um passo em frente, encarnou ar de medo, declarou que tinha de se ir embora. Porquê?, perguntou. Não posso, ouviu. E ele fugiu dela. E ela sorriu, de coração cheio e sentidos em festa por ter estado correcta no sentido que levara.
Mas ele tinha namorada e ela hipótese nenhuma contra aquele coração fiel.
Uns tempos depois, em concerto de rua com sessenta mil pessoas na assistência, deu de caras com ele. Logo ele. Foda-se, pensou. Deu passo atrás. Ele pareceu ofendido. O sorriso rasgado foi-se. Pediu-lhe dois beijos. Ela anuiu. Olhou-a com ar de súplica. Ela continuou caminho atirando um “Ya” para o ar. Ya? Ya.
Numa erupção de excesso de confiança e mais burrice, enviou e-mail longo e profundo informando-o de que, mesmo não sabendo o quê, achava que havia ali algo para querer (e crer). Scribendi nullus finis. Não houve resposta. Semper fidelis.
Encontraram-se mais duas ou três vezes depois deste episódio. Olhares de quem guarda segredo. Nada mais.
Esta história de amor, como tantas outras, podia ter sido mas não foi. Ainda, crê-se.
Mas ela sabe. Soube-o no momento em que o viu. Soube-o no momento em que ele lhe fugiu.
Há momentos que valem o resto da história. No amor, se assim não for, não vale a pena.
Haja histórias para contar." 

5 comentários:

AR disse...

Parece-me uma boa história!

Mas porquê "de amor"???

Me disse...

Porque foi o que me pediram no desafio...

Me disse...

Ganhei!!! Primeiro lugar partilhado de forma fantástica. Uma honra.
escrita-online.blogspot.com
I win! E logo com esta história. Logo com esta.
Siga!! :D

AR disse...

Mas isso é muito fixe!!!

Tu nunca me desiludiste ;)

Parabéns e beijos!

Me disse...

Ganhei um dos desafios apenas. O prémio geral fica para escrita mais hábil que a minha. Mas foi divertido. Muito mesmo!!