19.2.12

E por fim, o fim.

imagem: google

Dizia o último desafio do Desafio que tínhamos de defender, ao júri, porque deveríamos ser nós a ganhar o Concurso. Desafiada, desafiei. Birra. Não quero ganhar. E disse porquê.
Obrigada a todos pela companhia ao longo destas seis semanas. Obrigada!

"Escrever é algo que me acontece. Não penso no assunto sequer. Não uso a escrita para me libertar ou sossegar. Não a deixo apoderar-se de mim como se eu fosse apenas mecanismo condutor de sua vontade. E não me minto através dos pensamentos e emoções que transformo em algo de minimamente coerente para transmitir ao mundo (talvez escrever seja a forma mais fácil que tenho de o fazer. Talvez o que realmente queira é transmitir-me, expor-me, validar-me e atestar a minha coerência ou puro bom senso – talvez seja a minha forma de me manter sã em relação aos assuntos sobre os quais dedico tempo de teclado).
Para mim, ter aceitado desafio de me colocar em concurso de escrita não foi decisão fácil. Conheço bem a minha incapacidade de corresponder adequadamente a textos encomendados. Se não o sentir ou tiver vivido, não sou capaz de simular ou criar semelhante coisa em mim. Cronista, chamam-me. Entendo bem a diferença. Escrevo porque vivo, sinto, penso, fervo. E isso, para mim, não se cria. Escrevo mas não crio. Exponho. Transmito.
Leio muito. Os livros que leio vejo-os que nem filmes. Choro-os, rio-os, deixo-me embalar pela arte de quem consegue levar os outros a outros tempos, a outras formas, a outros estados que de outra forma não seriam atingidos. As livrarias… ahhh! Essas, sim. O meu sossego. É para elas que vou quando preciso pensar em tudo menos no que tenho de pensar. Vasculho-as. De ponta a ponta. O cheiro dos livros. As páginas lisas e por ler. Virgens. As lombadas intactas e a suplicar por serem abertas e quebradas para que o conteúdo que protegem possa ser libertado. É para as livrarias que vou quando preciso de outros mundos para fazer sentido deste.
Nunca seria capaz de me colocar em pé de igualdade com quem em mim faz nascer estas palavras, este sentimento. Como o poderia fazer se sei que não é o mesmo que faço aos outros? A gratidão e respeito são intermináveis. A alma de escriba é intocável – apenas a podemos venerar e desejar longa vida. Es-cri-tores. Vénia.
E há, por aqui, por ali, quem possua esta alma e vontade de lhe dar vida escrevendo. Não me coloco a concurso com essa capacidade. Seria uma falta de respeito, um acto de ilusão total sobre o que faço e sou.
Durante uma meia dúzia de semanas, disse “vou escrever”.
Escrevi.
Ganhei."

5 comentários:

Escrita Online disse...

;D

II COE a caminho!

Para quem gosta e QUER escrever, para quem já participou na 1.ª edição e para passar a palavra.

Inscrições até 4 de Março!!!

AR disse...

"Escrever é algo que me acontece".

Ainda bem que te acontece! Sem isso, perderíamos umas das facetas mágicas que há em ti.

Eu estou sempre à espera de te ver acontecer e, às vezes, enrolo-me de tal forma contigo, aqui neste "tasco" onde tu aconteces, que o "orgasmo" é inevitável...

Por favor, não deixes de acontecer. Eu sou preguiçoso e não gosto de me mastrubar... ;)

E quanto aos prémios, acho bem que não te preocupes com eles. Quantos terás já ganho sem receberes nenhum?

Gosto do bafo quente que de ti chega quando aconteces. Não pares de respirar, mais que não seja para me "aqueceres" a alma...

Gosto-te!
Beijo!

AR disse...

Mastrubar???

Bem me parecia que tinha trocado de mão...

AR disse...

FIM??????????????????????

Me disse...

AR,
:)
Smiley dos grandes e enormes a tudo :)
Incluindo o "gosto-te" e o "mastrubar"
:)

:D

E não... não é o fim. Apenas tenho andado muito afastada destas lides... falta de tempo de qualidade para dedicar a tais assuntos. I'll be back. Soon. Promise. Beijo!