30.8.10

E?


imagem: google


Há uns tempos, um conhecido meu enfiou-me um pedaço de papel na mão durante uma noite de copos. Um guardanapo escrito.
Minutos antes, outro conhecido meu, amigo do primeiro, tinha-me feito uma proposta para, digamos, aprofundarmos o nosso conhecimento mútuo visto o mesmo ser tão reduzido…
A minha resposta foi ficar de olhos esbugalhados e balbuciar qualquer coisa do tipo “Mas tu tens namorada! Eu conheço-a! Dou-me bem com ela!” ao que ele respondeu com um fantástico e seco “E?”. Aquele “E?” deixou-me sem resposta, sem chão e sem mais um pouco da minha fé. Virei costas e, rindo-me com aquele riso do tipo “Não acre-hahehahehaheha!!!-dito nesta me-hahehahehaheha-rdaaa!!”, ainda de olhos esbugalhados, fui-me embora enquanto pensava “exactamente… é exactamente por te estares a cagar, oh cabrao, que não vales nada e que não vais sacar nada de mim”.
Como eu lhe escapei, decidiu escrever o número de telefone num guardanapo e dar instruções para que o amigo mo desse após se ir embora. Bem mandado e bom amigo, fez exactamente o que lhe pediram.

Analisemos a questão, só porque sim e porque isto é algo que me tem andado aqui a martelar a cabeça (quer dizer, de vez em quando lembro-me, pronto).
Primeiro, o rapazito colocou o busílis da questão nas minhas mãos, entregando-me todo e qualquer poder naquela situação – ele não tem o meu número, eu passei a ter o dele. A haver contacto, por muito inocente, seria sempre por iniciativa minha. A acontecer alguma coisa, teria sido sempre por eu ter aceitado (e nunca por ele ter proposto – perguntar não ofende, né?). E, ainda por cima, a haver contacto da minha parte, seria sempre em resposta à proposta dele visto ele ter deixado perfeitamente claras as suas intenções.
Ou seja, no essencial, encostou-me à parede sendo que até mesmo um simples “Então, que é feito?” seria sempre interpretado como sendo o abrir de uma porta para algo mais. Eu não responder também não faz mossa – há-de haver quem responda. Um ego daqueles repõe-se facilmente.
Segundos, a frieza com que me atirou aquele “E?”.
O meu ar de espantada nunca me deixou de espantar. Ao que parece, percebi eu, sou mesmo uma romântica incurável que ainda acredita que o facto de se ter namorado ou namorada realmente significa que existe o tal regime de exclusividade em certos e determinados assuntos, incluindo, obviamente, o respeitante a quecas e afins. O que talvez ele não tenha percebido é que aquele “E?”, com sorriso incorporado, transmitiu a sua vontade de não ficar sem a actual namorada e que para ele, eu seria uma excelente bootie-call para quando a legítima estivesse com dores de cabeça. Incrivelmente, não e bem este tipo de lisonja que aprecio para a minha pessoa… Ser quecável, pasmem-se, é algo que não coloco no CV como sendo uma das minhas competências pessoais.
Para além disto, e mesmo dando o benefício da dúvida através daquela máxima do “quem não arrisca, não petisca” (viva a coragem!), aquela palavrita tão pequena revelou mais sobre ele do que uma semana inteirinha fechados num quarto a praticar a arte de “melhor conhecer alguém”.
Terceiros, o facto de ele ter pedido ao amigo para me dar o número de telefone, como se tudo aquilo fosse uma grande família feliz em que todos sabem tudo de todos e, ainda por cima, gostam. Duvido que o amigo ainda não lhe tenha perguntado se eu alguma vez cheguei a ligar… Imaginemos que eu o teria feito e que ele respondia afirmativamente. O outro, obviamente, iria inquirindo sobre os desenvolvimentos e, sendo eles gajos e, ainda por cima, grandes amigos, não haveria pudor em falar sobre o tamanho das minhas mamas, a intensidade dos meus gemidos ou a cor dos meus cortinados (e não, não peço desculpa por esta generalização – parem de me confirmar a veracidade da mesma e eu paro de generalizar).
4ºs, (HA!) A namorada – tecnicamente a que nada tem a ver com o assunto a partir do momento em que decido não me envolver, mesmo que tenha sido por respeito a ela enquanto pessoa e enquanto mulher que o tenha feito (entre outras coisas, como já disse). Durante dias, apeteceu-me ter uma conversinha com ela de modo a assegurar-lhe que nunca seria por mim que ela teria um novo e resplandecente par de cornos. Penso que ela, neste momento, não sente essa garantia da parte de ninguém e acho que seria positivo receber este tipo de garantia por parte de pelo menos uma pessoa, mesmo que não seja a que realmente interessa.
Sarcasmos e mau feito à parte, ainda me debrucei bastante sobre a possibilidade de falar com ela, mas, como seria de esperar, ganhou aquela outra máxima que diz “aquilo que não sabemos não nos faz mal e se por acaso alguém nos contar, linche-se o mensageiro”. Sei perfeitamente que seria eu a mal vista naquela questão, por isso, por uma questão de auto-preservação, deixei-me ficar caladinha e nada disse, limpa de consciência e sabendo que à minha porta ninguém virá bater. Cobardia? Se tentarmos virar a questão e colocarmos o problema em mim, sim. Mas não fui eu quem começou tal coisa. Eu, na verdade, podia até nem saber que ele tinha namorada… Neste caso, penso que agi bem. Lamento.

No dia seguinte ao acontecimento, e após ter sido alvo de uma data de olhares, falei com o rapazito dizendo-lhe que tinha recebido um presente. Ele sorriu e disse que sim, que tinha sido ele a engendrar aquilo tudo. E depois, chamou-me “fraquinha”.
Foi a cereja.
Eu, no meio daquilo tudo, fui a fraquinha. Eu é que tinha demonstrado fraqueza. Eu, ao não acatar os seus desejos, ao não ligar, ao não dar o meu número de telefone, é que fui fraca.
Ou seja, eu, ao portar-me bem e ao obrigá-lo a ele a portar-se bem (pelo menos comigo), é que saí mal deste quadro, é que fiquei “mal vista”, é que sou criticada porque, sejamos francos, homem que se entrega assim de bandeja não é coisa para recusar.

Sou só eu ou será que anda tudo tonto? Maluco da cabeça, engasgado dos miolos, passado dos cornos?
Se calhar sou mesmo só eu.

18 comentários:

André disse...

Aparecem-te gajos à frente que são uma bela merda.

Me disse...

Olá, André,
Welcome!

Pois... Eu desconfio porquê, mas isso daria todo um novo post!

Obrigada pelo comentário.

(e, já agora, onde é que andam os outros??? os que não são uma bela merda???)

K disse...

ahahahahahahahahhah! gostei do comentário do André! ahahahahahahha! o pior é que a maioria são uma bela merda....:| e sim, perguntas bem, a quem também não sabe, onde raio andam os outros?

Adoro a maneira que este tipo de gajo [de que falas no texto] dá a volta ao texto para ficarem bem na fotografia e, principalmente, digo eu, a ver se conseguem uma reacção que lhes agrade. Um tiro no meio dos olhos seria pouco. E vai daí seria um desperdício de munições!

K disse...

(e não amor, não és tu que andas tonta; são mesmos os outros)

Me disse...

Kapinha,
Pois... a parte do "Fraquinha" acabou comigo num ápice.
Só me faz lembrar aquela anedota... "Querem ver que a puta aqui sou eu?!?!"

Enfim.
E olha que até pode ser que não ande tonta, mas que me sinto cada vez mais perto de ficar maluca, sinto!

Me disse...

E, só por causa das merdas, vou-vos deixar outro exemplo.
:)

K disse...

Não sei essa anedota, mas julgo que te entendo o sentido. E percebo-te igualmente quando dizes que te sentes a ficar maluca; é o que dá sermos estes seres únicos, especiais, e que, olha, pasme-se, possuem daquelas coisas que dão pelo nome de valores e princípios e que o resto do pessoal não liga porque só olha para o seu próprio umbigo!

Me disse...

(A anedota de um Alentejano que vai a uma casa de meninas, meio contra vontade, e que, às tantas, se vê apanhado no meio de uma rusga da polícia. Os polícias alinham meninas e clientes contra a parede e começam a perguntar o nome e profissão às meninas... Elas vão respondendo que são a Manicura, a Pedicura... a Massagista... Às tantas, o Alentejano passa-se e diz:
Foda-se! Querem ver a puta aqui sou eu?!?

:D

Umbigos?
Ui!!! Há quem consiga viver sem nunca perceber que, para além de viverem só olhando para o mesmo, o dito está cheio de cotão, todo sujo e mal-cheiroso!

Mas, pronto. Siga para bingo!

Anónimo disse...

Mi, hoje em dia é assim. Não há forma de reverter o processo.

É bem mais rápido e fácil.


"Mais vale vermelho por um dia, do que amarelo para a vida toda"

André disse...

Desculpa-me mas relendo com mais atenção (i.é., rindo-me menos com a situação)olha que não tenho ideia nenhuma que tenhas ficado mal vista. Isto por uma razão o mais simples possível: em relação ao pensamento(?) desse gajo, tu estás sempre mal-vista. Se aceitasses, era pela facilidade; não aceitando, simplesmente porque és esquisita e não aceitaste.
Não te esqueças que obviamente os vossos valores são diferentes.

NG disse...

Hihihihihihihihihiihihihihihihihih!!!
E mais não digo...tu percebes-me!

O Tarado disse...

Ó minha santa desvairada! Então tu deixas passar assim uma oportunidade de quecar? Francamente. :)

Vá eu sou homem e explico. Para ele te ter dito isso ou ter feito isso viu algo em ti. Não... não me batas... não vou dizer que te vestiste de forma provocante ou que lhe mandaste um olhar 355212. Das duas uma... ou algo fez pensar a essa abécua que tu podias responder sim, ou algo assegurou a essa abécua que tu irias dizer que não por isso era seguro ele perguntar e passar assim por machão aos olhos dos amigos. Se tu aceitasses ele ficava o rei da noite. Se tu recusasses ele tinha tido os tomates para te perguntar e ficava como rei da noite. Sabes aquela treta toda do álfa maile e o caraças? Isso.

Falando por quem já fez esse tipo de figuras pouco conseguidas, digo-te o que uma gaja me fez em plena discoteca quando lhe fiz tremenda proposta de prazer a dois. Ou pelo menos pensava eu. Ela conhecia o FDP do gajo que metia a musica lá do sitio. Disse-me que ía refrescar-se e que já voltava, dando a entender que eu com um comentário estupido como "como é linda, queres ir fazer umas ondas ali à praia" tinha conseguido... qq coisa. Ahhh juventude. Eu todo contente no meio da pista a fazer zumbas e zucas (a dançar que nem um maluco para não dar a entender que estava um cacho) tal e qual macho que acabara de conquistar a sua presa da noite. E não é que a miúda, muito original e inteligente aparentemente, vai ter dj de serviço (conhecia o gajo pá... imagina lá isto), pede-lhe para falar ao mic (contando-lhe o que se passou presumo)... e diz algo como:

"Olá a todos, desculpem lá a interrupção mas acabei de ser convidada para travar conhecimento aprofundado na arte de fazer ondas na praia... com aquele senhor ali... - apontando para a minha zona - sim o senhor Tarado ali mesmo - e claro olharam todos para mim... que canino eu era naquele momento -. Eu vou-lhe fazer a vontade, por piedade, mas ao mesmo tempo quero-lhe dedicar esta música para aquecer a coisa". E põe a tocar o CARALHO do hino do SPORTING. Fodass... eu sou do Benfica. Não se faz uma merda destas a um gajo.

Bem mas como disse a miúda era mesmo inteligente e por isso não só deixou-me de rastos nesse dia... como fez com que eu tivesse quase perdido a minha namorada, que soube do episódio obviamente.

Mas no entanto o que me lixa nesta coisa toda é saber como é que ela sabia que eu sou do Benfica. Tenho essa merda escrita na testa é? Dass!

Ahhh meus velhos 17 anos.... onde eles já vão :D grande ano... de muitos ensinamentos :D

Não é só a ti que acontecem coisas recambolescas Me ;) Deal with it. E partilha claro :D

Me disse...

Egoiste,
Olha que isso de andar a queimar pontes não é boa política...

Me disse...

André,
Disseste "os vossos valores são diferentes"... os vossos quem? Diferentes do quê?

Explica-te rapaz que agora 'tá tudo curioso!

Me disse...

NG,
Oh se percebo!
:)

Me disse...

Tarado,
Hahehahehaheha!!!
É bem feita!
Mais mulheres assim houvesse!!
Ai o bem que vos faria se houvesse mais mulheres assim!

O Tarado disse...

Eu digo-te sinceramente... sem mulheres assim este mundo não tinha graça nenhuma.

Merda. Fiquei lamechas :)

Me disse...

Tarado,
Ai isso é lamechas?!?!
Looooooololol!!!
:D

Sentimentalão, é o que és. MENINO!!!!!
:P