6.8.10

Barda Fuck.


imagem: google


Ahhh e tal, devemos ser felizes pelo que temos e não tristes pelo que não temos e o catano, pardais ao ninho, chispe-coiso-e-tal. Que os problemas não são problemas, são oportunidades e outras filosofias da treta afins. Que granda carrada de caca de boi, foda-se.
Esta merda da psicologia invertida ou revertida ou o raio que a parta é uma enorme treta. Aquela cena de “muda a perspectiva de ver a coisa e verás que nem tudo é tão mau como parece”. Aquela treta do “copo meio cheio ou meio vazio”. Ahhh, barda shit. Às vezes as coisas são tão más quanto parecem e a porra de um copo meio cheio será sempre também um copo meio vazio. Não interessa termos sede ou não.
Não admiro quem insiste em viver a vida procurando o tal lado positivo das coisas. Não acho que estas pessoas sejam iluminadas, e muito menos acho que sejam providas de uma força interior de ferro, capaz de ultrapassar tudo e mais alguma coisa, capaz de superar o pior e maior dos obstáculos. Pessoas assim irritam-me. As frases feitas, a utilização abusada das ideias dos outros, dos pensamentos dos outros. A imitação exacerbada do estilo de vida dos outros que, seja por que razão for, sabem o tal segredo das coisas. A incapacidade de ver as coisas pelo que são. Aquela mania condescendente de passar a mão pelo pêlo dos outros, fazendo-os parecer e sentir uns parvos e pouco conhecedores do tal verdadeiro sentido da vida.
Não gosto de Gandhi, nem de Madre Teresa de Calcutá. Não gosto de livros de auto-ajuda e muito menos de histórias de gente que, através de pensamento positivo e de um leque de princípios e crenças daqueles supostamente decentes e correctos, conseguiram tudo e mais alguma coisa pura e simplesmente porque acreditavam nisto e naquilo enquanto calmamente se sentaram e esperaram que o Universo se lembrasse deles e das suas vidinhas bem vividas a toque de paciência, lentes cor-de-rosa, chás calmantes que cuidam do colesterol e mantras que repetem vezes sem fim até as palavras perderem o seu significado. Quase como que se bastasse sentarmo-nos a uma mesa posta, todos direitinhos, para o bife e as batatas fritas caírem por milagre do céu enquanto o ovo estrelado atravessa a sala a voar para elegantemente nos aterrar no prato.
Isto do “vem a mim que eu porto-me bem” é tanga. Aquela coisa do “o que a nós pertence a nós virá” é treta. Aquela coisa de o cosmos conspirar a nosso favor retribuindo-nos com coisas boas pelas boas coisas que vamos fazendo é balela pura.
Não gosto de gente assim porque sei que tremem de pânico durante aqueles breves segundos em que se sintonizam com a realidade nua e crua e entendem que não sobreviveriam no mundo real não fosse pelos mecanismos que arranjam para melhor o poderem suportar. Tremem, falta-lhes o ar e, enquanto podem e conseguem, rapidamente voltam para aquele estado de negação ou coisa parecida em que tudo parece mais suave, mais leve, menos tumultuoso… menos irreal.
Eu, como costumo dizer, não sei andar nisto. Não tenho nem pretendo ter respostas para tudo e mais alguma coisa. Vou por aqui andando à velocidade e pelos caminhos que sei que consigo e que, por vezes, não sei que não consigo, sabendo que mais tarde ou mais cedo chegarei a algum lado. Não canto mantras pelo caminho, não procuro significados latentes ou escondidos nas folhas das árvores, não interpreto o canto dos pássaros como sinais disto ou daquilo. Vou e fico com as bolhas nos pés, os cortes nas mãos e o suor na testa para provar que lá estive, que vi, que fiz, que aconteci e que, no final, apesar da merda dos apesares, sobrevivi, ao natural e sem as droguices que são certas crenças que muita gente teima em não largar.
Não me venham com merdas e muito menos esperem que eu cubra seja o que for de açúcar para acalmar a passarinha a seja quem for.
Eu posso estar completamente errada. Posso andar a cometer os maiores erros da minha vida ao vivê-la assim. Posso andar tão desfasada da realidade geral das coisas que até dói. Posso estar em exactamente o mesmo lugar que aqui critico, apenas virada noutra direcção e olhando a tal outra perspectiva. Posso ser apenas o reverso da medalha do que aqui falo, mas, foda-se, prefiro-me de pele curtida e de calos nas mãos e pés do que sequestrada pelos meus medos e receios e refundida num qualquer canto da minha próprio existência enquanto, lá fora, o mundo continua sem mim. Isso não. Nunca.

E, já agora, bom fim-de-semana, minha gente. Bom fim-de-semana.

11 comentários:

O Tarado disse...

Tu és um daqueles casos complexos e devidamente catalogados na nossa sociedade de nariz empinado e dona do seu espaço. Uma convencida e que tem a mania que tu é que estás certa e os outros que vão a badamerda. Tens o mundo na barriga. Achas que o podes digerir como queres e ainda por cima tens a distinta lata de vir para aqui armada em basófias mandar bocas a meio mundo como que se tivesses direito a tal.

No fundo no fundo és uma gaja que sabe o que quer mas que ainda não tem a julgar pelas tuas dissertações.

És portanto um caso perdido.

E é por isso tudo que a gente gosta de ti e volta cá sempre, independentemente de tudo o resto.

Foda-se para ti. Quem te manda ser tão.... BOA?

Grrrrrrrrrrrrrrr (gato a ter um orgasmo)

Anónimo disse...

Vamos lá ver se percebi:
- Não gostas de pessoas que não fazem a mínima das coisas, certo?
- Estás contra a colectivização dos indivíduos, em contrapartida à individualização das vontades e formas de viver, certo?

Cá para mim, estás confusa no caminho que estás neste momento a percorrer e estás a deixar-te levar pelos gostos e atitudes colectivas da sociedade que te rodeia.

Mas isto é só o que eu acho.

PS: Tinha isto preparado em Inglês, mas depois nunca mais sairíamos daqui.

Me disse...

Tarado,
Também deste em psicanalista, foi? Oh-oh.
Mas sim, tens razão quando dizes que achas que sei o que quero mas que apenas ainda não o tenho. Há circunstâncias que, por vezes, nos impedem de avançar na direcção que queremos ir. Tenho de esperar que a maré vire (e isso deixa-me mais que fodida). O que não significa que não esperneie...
O que me deixa assim, capaz de ser tão quasi-cruel com certas coisas é haver gente que acha que eu tenho de baixar a bolinha, reduzir-me à minha insignificância e ficar contente por, por exemplo, ao menos não ter uma perna partida ou que me dão palmadinhas nas costas enquanto dizem "podia ser pior!". Detesto isso. Considero isso derrotismo. A aceitação, sem perguntas, de tudo quanto nos acontece como se o destino fosse alguma pedra da calçada que nos vai caindo em cima de vez em quando.
Tenho a mania, pá. Tenho. Tenho a mania que devemos ir atrás do que queremos. Que devemos, no mínimo, manifestar as nossas vontades e os nossos quereres. Tenho a mania de ter pouca paciência para fazer as coisas que acham que eu devia fazer porque aqui a Je é gaja ou é demasiado nova ou é demasiado velha ou o raio que o parta.
Não ando a fazer pegas de cara a tudo e todos... nada disso. Mas também não fujo ao primeiro sinal de que as coisas se podem complicar.
Só isso... "Só"!

Me disse...

Egoiste,
Não gosto de quem fica paradinho à espera que o mundo lhes aconteça, não.
No teu segundo ponto, não é bem assim... O que acho que é que tem de haver um equilíbrio entre essas coisas. Eu existo em sociedade e tenho de viver nela, mas isso não me retira o direito de ser quem sou, quando quero ser, quando posso ser, como quero ser, etc e whatever.
Não me sinto nada confusa no caminho que estou a percorrer. Nada mesmo.
O que digo é que tenho o direito de escolher esse meu caminho por mim. Que tenho o direito de não mo ter imposto. Que tenho o direito de não ser criticada e julgada com base nos medos e receios dos outros quando vêem que eu não partilho dos mesmos.

Não sou nenhuma supra-sumo de nada. Não sou nem maior nem melhor nem nada dessas coisas. Sou eu. Tenho opiniões e manifesto-as, não pedindo desculpa por as ter e muito menos por as dizer. Não fico calada só porque sim, mas também muito menos falo ou digo só porque sim.

E o que me chateia é virem-me com merdas, atirarem-me com frases feitas e acharem que os melhores exemplos para mim são os de outras pessoas que em nada têm a vida como a minha. Ilações são ilações... comandos são comandos. E aí, gosto pouco que mandem em mim.

Mais ou menos isto.

PS: Dependeria do teu "nível" de inglês...

Obrigada pelo comentário.

Me disse...

PS - Não estou aqui a enviar recados a ninguém, oh Tarado. Acho que já deu para perceber que quando o faço, é directo Só o fiz uma vez e espero nunca mais o ter que fazer...
:P

Anónimo disse...

Já experimentaste ler nas folhas do chá?

Eu, sim, posso dizer que vivi. Playstation.

Grasshoper (...).

Olha, as coisas que estes gajos antes de mim disseram, são conices.

Mainada.

chOURIÇO

Me disse...

chOURIÇO,
Gosto de ti, pá.

Ler as folhas do chá? Nunca experimentei. Tenho outra técnica. Atiro as caricas das minis ao ar e depois interpreto o meu destino com base na posição em que as mesmas caem. Às vezes, faço o mesmo com as cascas de tremoço. Os amendoins é mais difícil mas também dá.

:)))))

O Tarado disse...

Me... já devias saber que não me dou muito a discussões filosóficas do que é devia ser e o que será. Vivo a vida pela vida e gosto de a viver aos bocados. Devora-la por assim dizer.

Obviamente que todos temos maus momentos e bons momentos. Eu recentemente tive um momento assustador confesso. No entanto passei por ele, caguei nele e estou aqui para as curvas. Há quem me ache maluco, ha quem ache que levei a coisa demasiado leve. Não levei. À noite no silêncio as coisas voltam todas para nos atormentar.

O que fica é a experiência e o que vem não sei. mas o que sei é que independentemente de ter sorte e azares na vida, há uma coisa que ninguém me tira. Gostar de viver a vida e fazer por que as coisas aconteçam. As vezes a sorte acontece por acidente. As vezes acontecem acidentes por azar.

O que importa é que cada um de nós seja justo para consigo mesmo e com quem nos rodeia, que consiga-mos viver a nossa vida que é nossa, à nossa maneira e cometendo poucos erros... e aprendendo com os que se comete. Nem que se os cometa mais que uma vez.

E ser assim como tu... frontal com tudo e não ter receio de nos assumirmos como somos. Por vezes há quem goste e entenda por vezes não. É a vida.

E concordo contigo que é uma merda a malta positivista que a vida é toda ela cheia de coisas e derivados de ligações e karma e mais o raios que os parta. Não é. Apenas podemos tentar fazer o melhor mas não podemos fazer o impossível e o pior que se pode fazer mesmo é mentir a nós próprios.

O que eu sei, e isso sei, é que quando vivo a vida de forma positiva, tenho mais energia para ultrapassar os maus momentos. Mas isso sou eu. os outros são os outros.

E tu és uma outra que sabe o que quer e como quer. Pode não ter, mas vai ter concerteza.

Me disse...

Tarado, sei muito bem que filosofar não é exactamente o teu forte... E ainda bem!
Eu concordo com o que dizes. Concordo e defendo, até!
Mas é a tal coisa... aquela coisa de "quem corre por gosto, não cansa" e tal. Tudo bem. Há que seguir sempre em frente e tal... Mas porra, isso não quer dizer que não possa reclamar que o caminho tem buracos e subidas e descidas a mais para o meu gosto...
;)

E sim, quem gosta, gosta. Quem não gosta, não gosta mesmo nada. E sim, é a vida... Mas com os "desgostos" dos outros posso eu bem...
:)))))

(tal como tu!)

K disse...

És uma descrente pá! Ainda por cima uma descrente invejosa! Arre!

Já te disse hoje que gosto muito de ti? ;D

Me disse...

Sou tudo isso e muito mais... do piorio, mesmo.

:D

Também mi gustas, chica.

Beijos