9.6.08

Também quero

imagem: google
Eu hoje fiz parte da história do nosso país. Se tivesse passado naquela estrada três segundos mais cedo, não faria. Vejam a sortuda que sou. Venho eu muito bem no IC2 a caminho de Lisboa quando vejo uma data de camiões a meterem-se à estrada e a… bloquearem-na. Fiquei na fila da frente do protesto, entre buzinadelas e bandeiras e tudo o mais. Uns quilómetros mais tarde, o Sr. Camionista desviou-se um cadito e deixou-me passar (a mim e a mais dois carros que ficaram logo ali na fila da frente… foi simpático). Também quero. Eu faço em média (sem contar fins-de-semana), 600 quilómetros por semana. Também quero um subsídio qualquer. Transportes públicos? Sim… É uma hipótese. Vejamos. Moro em Samora Correia. Podia apanhar o autocarro e demorar cerca de 1 hora a chegar a Lisboa. Depois, podia apanhar o metro em Entrecampos, Campo Pequeno ou Praça de Espanha e apanhar autocarro para Santos. Atravessava a cidade e cerca de 2 ou 3 horas depois de ter saído de casa, chegava ao escritório. Outra alternativa: comboio. Para isso, tinha de pegar no carrito e ir até Vila Franca de Xira (ou então apanhar autocarro até lá… passam mais ou menos de hora a hora…), estacioná-lo a aí um quilómetro da estação e apanhar o comboio. Depois de cerca de 15 a 20 minutos de viagem, chegava a Lisboa. Depois, podia sair na Expo e apanhar metro até à baixa e depois autocarro até Santos. Ou então, mudava de linha, saía em Sta Apolónia e apanhava autocarro ou eléctrico até Santos. 2 ou 3 horas depois chegava ao escritório. E para ir para casa? Igual. Se fizesse o caminho inverso de autocarro, teria de sair do escritório aí uma hora antes da hora do autocarro para o apanhar. O último passa às 11 da noite. Há outro antes… às 8. Se fosse de comboio, aí sim seria mais fácil. Saía na mesma uma hora antes do escritório, comboio até Vila Franca, apanhava o bólide e ia para casa. Se não tivesse o bólide, teria de coordenar a hora de chegada a Vila Franca de Xira com a chegada do autocarro que saíra antes de Lisboa para me poder levar a Samora. Definitivamente mais barato. Podia inclusivamente aproveitar melhor o tempo para dormir, ler… ver as vistas. Pois podia. Os meus horários não comportam esta possibilidade. A minha disponibilidade mental para andar nesse tipo de vida também não. Por isso, alternativas? Não as possuo. Pelo menos não as que sejam viáveis ou compensadoras. Também quero um subsídio para me ajudar a pagar os cerca de 200 euros que gasto em gasóleo por mês para poder ir de e para o trabalho. É o meu ganha-pão. O meu sustento. Também quero um subsídio. Ou isso ou então um emprego mais perto de casa. Ou então uma casa em Lisboa pelo mesmo preço das de Samora. Vá. Também quero. Ainda que consiga perceber os motivos desta coisa toda, não os aceito. Os camionistas e os taxistas não são os únicos que têm de andar nas estradas para viver. Não são. Se eles tiverem essa ajuda, então todas as pessoas que, como eu, não têm alternativas plausíveis também têm de ter. É fácil provar o que digo. O conta-quilómetros não mente. As revisões também não. Quero um subsídio, se faz favor. Biiiiiip!!! Boooooop!!!! Biiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiipppppppppp!!!!!!!!!!!!

2 comentários:

Anónimo disse...

A diferença entre os dois é que para os camionista suportarem o custo do transporte têm que aumentar os preço, que por sua vez e em ultima análise, vão aumentar o preço dos produtos. Então, além de pagar o gasóleo mais caro, também paga a mercearia, o calçado, o café...

Me disse...

E eu fico sem dinheiro para os comprar porque entretanto também ando a pagar cada vez mais pelo gasóleo... é um ciclo vicioso... Talvez chegue ao ponto em que tenha de decidir: ou tenho dinheiro para comer; ou tenho dinheiro para ir trabalhar... Ou vou trabalhar, ou pago a casa... Posso sempre mudar de emprego... É verdade. Pois posso. Mais uma alternativa inexequivel neste momento.
Biiiiiiiiiiiiiiip!!!!!!!!!!!!