13.7.11

Eu?! Sim, eu. Foda-se.

imagem: google

Sou uma intolerante-radical-obtusa-teimosa.
Sou obtusamente teimosa em relação a certas convicções e crenças, em relação a certas formas de estar e sou capaz de quase tudo para defender o meu direito a bater o pé, colocar mão na anca e apontar dedo quando acho que tais coisas não estão a ser respeitadas pelos outros.
Mas então não é que – granda merda – de vez em quando me encontro a fazer tudo isto a mim mesma como se eu fosse um qualquer fedelho mal criado que me tenha atroplado o dedo grande do pé com o seu triciclo GT?  
Sim, é triste mas verdade. Algumas das maiores desilusões que sofremos na vida são por culpa exclusiva nossa (foda-se). Filhas da puta das expectativas que vamos criando e alimentando como se fosse o fim do mundo. Pegam-se nas palavras dos outros e nos nossos próprios desejos e criam-se as pequenas cabras com o maior desdém por tudo quanto seja racional e lógico. Até lhes fazemos festinhas, não vão as parvas fazer birra. Abraçamo-las com todo o amor e carinho, esquecendo exactamente de onde veio a semente que lhes deu vida (de lado nenhum, claro… abençoada imaculada concepção…).
Somos uma cambada de totós. Dos grandes.
Ok. É inevitável. É quase impossível não se criarem expectativas em relação a seja o que for; é quase impossível não deixarmos que a nossa imaginação leve a melhor e construa, ela própria, certos castelos no ar (que românticos somos quando deixados sozinhos com os nossos próprios pensamentos…). É muito difícil mantermos um certo espaço em aberto para certos devaneios do tipo: então e onde é que está o fundamento disto? Então e onde é que fui buscar esta ideia?? ‘Tão e quem foi que me disse isto?! Foda-se! Atão e onde fui eu buscar esta puta de ideia mais absurda, porra?!?!!?
E depois, quando os castelos vêm por aí abaixo aos trambolhões e nos enchem a boca e as virilhas de areia, isso é que é ganir e perguntar “Mas o que fiz eu para merecer isto?!” (É, né? Não é assim que a história acontece?). Colocamos as culpas nos outros, reclamamos, brigamos, discutimos, apelamos aos mais nobres dos sentimentos, fazemos birras, partimos louça e apanhamos grandes bebedeiras – tudo porque achamos que não merecemos, que não fizemos nada de mal, que tudo nos terá acontecido sem termos palavra na questão.
Somos uma cambada de totós. Dos muita grandes.
Não há, de facto, remédio contra estes males. Talvez a única coisa que resta fazer (e tendo por base que não nos vamos todos fechar ao mundo ou passar a viver a vida como se fôssemos uns cepos…) é tirar um momento para pedirmos desculpa a nós próprios, aceitando as nossas culpas em todo o processo e prometer que tal não voltará a acontecer da mesma forma novamente (promessas!).
As coisas não nos acontecem pura e simplesmente. Fazemos para que aconteçam – seja de forma mais directa ou indirecta, mas fazemos. Seja por fazermos muito, pouco ou até por deixarmos andar, mas fazemos. A inacção é figura de estilo. A culpa é nossa. Sempre. Sejam quais forem os outros intervenientes, seja qual for a situação, temos sempre quota-parte de culpa que teremos de assumir para que tudo possa tomar uma perspectiva menos assassina para com os outros, para com o mundo, para connosco.
É fodido de admitir, mas quando se olha à volta e não há mais quem culpar, talvez olharmos para nós próprios não seja má ideia. Um espelho ajuda. Acreditem (ouvi dizer… contaram-me…).

4 comentários:

Maria disse...

Por isso é que eu digo de mim para mim:

é bem feita, toma lá para aprenderes :P

Me disse...

Pois, Maria. É mais ou menos por aí.
Mas quando dizemos isso por acção dos outros, é uma coisa. Quando é por nossa... é outra...................................................................

Gata2000 disse...

Curioso, não há muitos dias dei por mim a postar sobre como seria se passassemos pela vida sem criar expectativas. Se não deixassemos que as ideias se formassem, não desmoronavam os castelos,certo?
Mas acabei por concluir que a vida sem expectativa ia acabar por ser uma seca, sem sorrisos ou lágrimas.

Me disse...

E sem dedos para apontar... ;)
Sim. Muito aborrecida mesmo.
Ai os trabalhos que nos damos para não termos trabalho!
Tenho de te ir visitar!!