13.9.10

Minis. (Mas não as que se bebem...)


imagem: google


Adoro almoçaradas. Adoro gente reunida e imbuída do espírito de pura e simplesmente se tentar passar um bom bocado. Gosto dos rituais de se acender o fogareiro, de carregar o frigorífico com o que precisa de frio, de se meter a mesa, de se distribuir tarefas… tudo. Adoro festa, pronto. Adoro salas cheias de gente barulhenta e a rir, com comida a ser passada de um lado para o outro, copos a serem despejados e logo de seguida, novamente enchidos. Até gosto daquele ritual de alguém ter que ir ao supermercado mais perto para ir buscar algo de que ninguém se lembrou mas que faz falta e da festa que se faz quando chega alguém para se juntar a quem já lá está. Gosto dos cheiros, das cores, do barulho, da vida que se sente pulsar entre tudo e todos nestes dias. Adoro.

Mas… Mas.

Não gosto de noites em que se passa mais tempo a avisar os rebentos dos convivas que não, os caracóis apanhados no jardim não servem para ir para o fogareiro, muito menos para a mesa dentro de copos de plástico.
Que não, as osgas bebés não são para apanhar e ir colocar na grelha para as ver perder o rabo.
Não gosto de passar a noite a ter que avisar os rebentos dos convivas de que as canas apanhadas do chão não devem ser utilizadas como objectos de arremesso ao estilo samurai.
Não gosto de ter que filosofar sobre as probabilidades de incêndio de uma propriedade inteira caso a criança não pare de enfiar folhas secas e papéis dentro do fogareiro.
Não gosto das birras para comer, para não comer, para comer assim-assim.
Não gosto de copos entornados e de bocados de salada a voar porque “Mas eu já disse que não quero iiiiiiiiiiisto!!”.
Não gosto de ver bocas abertas cheias de comida semi-mastigada enquanto se desencadeia birra descomunal porque alguém mexeu no garfo que não era suposto ser mexido.
Não gosto de ver adultos em pânico quando se lembram que já não vêem o respectivo rebento há mais de 30 minutos, estando o mesmo calmamente a reunir pequenas pedras para depois testar pontaria contra restantes crianças.
Não gosto de ver fraldas a serem mudadas em cima da mesa ao meu lado.
Chamem-me esquisita, mas não gosto.

Tenho muitos casais amigos que, claro, têm filhos. Nestes dias, a probabilidade de uma boa parte deles se reunir é muito alta. Eu adoro aqueles homens e aquelas mulheres. Até mesmo das crianças em si eu gosto e muito. Mas, nestes dias, em que os pais confiam a gestão infantil aos próprios e a um portão que só abrirá com o comando, fico sempre com aquela sensação que há ali graves divisões em termos de vontade de lá se estar.
Quem não tem filhos é olhado com uma espécie de inveja-desprezo... (mas isso agora não interessa nada). Quem tem filhos recebe toda a solidariedade possível enquanto se trocam histórias sobre os horrores vividos no dia em que criança decidiu que o local mais apropriado para fazer as necessidades seria no sofá da sala e afins (enquanto os que não têm filhos correm atrás dos ditos, arrancando-lhes canas da mão e salvando tudo e todos de pequeno incendiário que acha piada a como as folhas desaparecem no meio do laranja das chamas…). Penso que sejam dias e noites “difíceis” para todos mas que, de certa forma, lá se consegue encontrar um equilíbrio entre os cem metros barreiras necessários para salvar uma qualquer galinha de ser degolada por pequeno terror e o prazer de se beber uma mini sem se ter um biberão na outra mão.
Sei que um dia também eu hei-de andar a trocar histórias e a gritar desalmadamente enquanto Mini-Me se engalfinha na cadela dos anfitriões como se fosse pequeno pónei. Sei que sim. E sei que hei-de partilhar o mesmo tipo de histórias e sei que hei-de olhar o pessoal sem filhos com um misto de “não tenham filhos/não sabem o que perdem”. Sei.
Mas, porra… E pode ser egoísmo meu, mas gostava de poder estar com as pessoas que gosto e que conheço desde antes de serem conhecidos por “Mamã” e “Papá” durante umas horitas, sem ninguém andar constantemente preocupado com tudo aquilo que preocupa quem tem filhos ou quem com eles convive.
Adoro a minha gente. E adoro os filhos e filhas destes. Gosto de os ver crescer, de os ver brincar… de os ver a transformarem-se em mini versões dos pais. E adoro almoçaradas. Não gosto é de, de vez em quando, ficar com aquela sensação de que as mesmas servem apenas para almoçar…

“Suspiro”. 

10 comentários:

NG disse...

Eu penso que há sempre uma solução para tudo, até para o teu "egoísmo" em relação a este assunto, que também penso ser normal para quem não tem filhos. Podes adorar crianças e os pais das crianças, mas uma coisa tu não estás habituada e nem tão pouco preparada, que é o aturar crianças, sejam elas tuas ou não. Ainda não tens o teu relogio biológico preparado para abdicar de algumas coisas que se tem de abdicar quando se é pai ou mãe...um dia vais entender e conseguir ter paciência pa tudo isso, um dia. Até lá o meu conselho é que quando ouver jantares ou almoços desses tenta que não levem os filhos, diz que que é pa viver os velhos tempos de quando todos eram solteiros e nada de filhos po pessoal tar todo á vontade...quase de certeza que não te dizem que não e além do mais há sempre uns avozinhos que podem ficar com eles um pouco enquanto os paizinhos saiem um pouco, porque eles também precisam de uns escapes assim de vez em quando para carregarem baterias.
Tem calma e não desesperes, porque isso tudo é normal pa quem nunca foi mãe, é um egoísmo natural. Eu pessoalmente na me faz diferença nenhuma que as criancinhas andem a brincar ou a fazer seja lá o que for, que é normal da idade delas, os paizinhos estão lá eles é que os levaram eles que se preocupem com eles. Pra mim é mt simples.
Mas também há uma coisa que não podemos esquecer, as crianças só fazem esse tipo de asneiras, porque não têm a atenção devida da parte dos pais ou dos demais, e como tal vá de fazer asneiras pa chamar a atenção. Para evitar isso o melhor é mesmo não levá-las, aquele não é o meio delas e não é o momento delas, como tal em casa ficam muito melhor a estragar os seus brinquedos lindos lol!

Anónimo disse...

"Adoro as pulgas dos cães
E todos os bichos do mato
O riso das crianças dos outros..."

Não são todas assim, há muitas que são educadas.
Podes avançar para a procriação...

;)

Me disse...

NG,
Falas que nem uma pré-mamã com relógio biológico a fazer tic-tac-tic-tac...
O meu está sem pilhas :)

E sim, talvez, para a próxima, um almoço sem a criançada seja o melhor... Deixar os adultos voltarem a ser meninos e meninas durante umas horas.
:)

Me disse...

Egoiste,
Não achei nenhuma das crianças mal educada. Crianças são crianças... fazem coisas de criança.
Eu é que não gosto de ter que fazer coisas de mamã e papá quando não o sou...
Só isso.

Avançar para a procriação?
HAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAAH!!!!

O mundo não está preparado para um ou uma Mini-Me. Não está, não...

NG disse...

Eu não estou com o meu relógio niológico a fazer tic-tac, apenas gosto de crianças e tenho consciência que elas fazem parte deste mundo.Como tal têm direito a viver e conviver com os adultos, temos é que lhes dar a devida atenção, porque nós quando estamos num grupo e ninguém nos passa cartão também não gostamos e por vezes até abrimos a boca e dizemos asneiras só pa chamar a atenção!
Mas pra ti sem dúvida o melhor e encontros sem crianças!!!!!

Me disse...

Porque é que dizes isso?
Pareço-te ser anti-criança?

NG disse...

A mim na me pareces nada anti-criança, na foi isso que eu disse, apenas és como algumas pessoas que na têm mta paciência pa aturar os filhos dos outros. Na penses que és única no mundo a pensar assim, há mt boa gente que adora crianças mas não as quer aturar e mt menos as dos outros. É só um egoísmozinho nada mais!Deixa que consegues viver bem com isso looooooooooooooooooool!Na precisas ir ao médico hihihihihi!

Me disse...

Hmmm...
Eu entendo e admito que possa ser um pouco "egoísta" querer estar com os meus amigos e amigas sem que os rebentos dos mesmos estejam presentes... Mas não é pelas crianças, é por eles e elas. Acho, sinceramente, que também eles de vez em quando, gostariam de estar com os amigos e amigas precisa e unicamente nessa condição: a de amigos e não na de pais. Mesmo que isso os faça ganhar peso na consciência (como sei que a alguns causa).

Não penso que seja egoísmo eu, de facto, não ter pachorra para aturar certas coisas em certos dias. Seria diferente se me convidassem, por exemplo, para uma festa de crianças (a que já fui). Aí o objectivo é outro e a minha pachorra também é outra.

Mas, quando se baralham assim as coisas (se é que se pode chamar baralhar a uma coisa destas), penso que todos ficam com uma espécie de sabor a pouco na boca.

E não, não é por eu ser amiga das pessoas que me sinto na obrigação de fazer de babysitter enquanto tentam comer descansados (por exemplo). Para isso, não levam os rebentos e todos podem comer sossegados...
E não vejo egoísmo nenhum nestas coisas. Nem da minha parte, nem da parte de quem, por um dia, prefira não ter os filhos presentes.

O Tarado disse...

Eu sou dos que pensa que mais vale poder estar com os amigos e suas crianças, do que estar sem as crianças e os amigos. A realidade é que hoje em dia os casais têm cada vez mais dificuldade em deixar as crianças com outras pessoas. Muitos porque ou moram longe, ou as pessoas com quem os podiam deixar já têm uma certa idade, e então torna-se complicado.

No entanto acho também uma falta de respeito e de bom senso fazer com que os outros tenham de tratar dos filhos deles. De se preocupar. Existe uma tendencia engraçada dos amigos que trazem crianças que é o de habituar a criança ao novo espaço... e depois a partir daí que o dono do espaço se encarregue de chamar a atenção das crianças quando estão a fazer algo de mal. Isto acontece muitas vezes porque as crianças em casa não respeitam os pais e fora de casa os pais ficam na esperança que nos respeitem a nós. Bardamerda.

Eu já me chateei com um casal amigo que me trouxe o puto de 2 anos cá a casa e que me lixou a TV com um brinquedo. Arranhou o ecran. Já tinha avisado os pais de que ele nao se devia aproximar da tv porque era pesada e podia cair em cima dele. Ainda nao estava na parede, estava no suporte. Pois astou eu virar costas um segundo e o puto vai e achou que era giro fazer rodar as rodas de um carro no ecran. Os pais..."não faças isso"... e depois de o puto já ter feito a merda devido à passividade dos pais, ainda levou uma arrochada. Achei indecente. A criança não tem culpa. Os pais sim. Disse-lhes isso... ficaram chateados. Disse-lhes que se era para bater no filho deles a minha frente na minha casa, por algo que foi até culpa deles, que o melhor era irem embora. Ficaram ofendidos, foram embora a mandar umas bocas. Passado uns meses la acalmaram, reconheceram o erro e já cá vieram umas quantas vezes. A forma como tomam conta do miudo é muito diferente e eles mesmo reconhecem hoje que erraram.

Os pais, como as acrianças, principalmente no primeiro, também estão a aprender. Eu não sou pai mas vejo o dificil que é. É preciso é que as pessoas falem. O resto resolve-se tudo :)

Me disse...

Tarado,
:)

E mais não há a dizer.