O ano de 2009 era, para mim, o ano da expectativa, da vingança contra o universo por me ter dado um 2008 tão merdoso, da esperança e da fé de que acontecem sempre coisas boas a quem é boa pessoa.
Peguei nas minhas fichas todas e, num salto de puro crer e acreditar, apostei o que tinha e não tinha em tudo quanto eu achava necessitar de mudança e melhoria na minha vida. Não perdi a aposta por completo (acho que nunca se perde nada por completo), mas sinto que saio prejudicada. E muito.
O ano termina em baixa, tal como 2008. Com uma sensação de tempo mal investido (mas não perdido). Com uma sensação de ter perdido mais do que ganhei, de a balança ter ficado desequilibrada (mas não vazia). Ao que parece, tenho uma vida um pouco cíclica e o último trimestre do ano é o que bórra a escrita toda.
O último dia de 2008 foi, como tive oportunidade de dizer na altura, um abrir de portas e janelas que permitia antever que o futuro seria, no mínimo, risonho. E foi. Durante uns bons tempos, lutei e esforcei-me para meter bem o que estava mal, fui atrás de uma data coisas, incansável e teimosa, cheia de fé. Eu brilhava de antecipação e adorei a sensação de acreditar estar a escolher um caminho que não poderia dar errado, de estar a construir hoje o meu amanhã a vários níveis… a todos os níveis. Eu cuspia na cara da adversidade, fazia grandes manguitos ao universo, respirava fundo e quando olhava à minha volta, acreditava merecer tudo quanto me rodeava, mesmo que nada fosse perfeito (nunca é…).
Meti os pés pelas mãos, troquei-me toda, andei perdida, fiz merda, enganei-me e possivelmente enganei outros, mas também acertei em muita coisa, fiz bem muita outra e tive alguns sucessos, tal como pertence ser a vida de uma pessoa normal. Foi um ano em que houve intervenção boa e má em todas as áreas da minha vida… sem excepção.
O ano que agora termina é, apesar de tudo, de todo o bom que houve, o ano das expectativas goradas. O ano em que se deram as maiores mudanças na minha vida e em que eu me empolguei e vivi muita coisa até ao limite. Entusiasmei-me com tudo. Construí castelos no ar, enfeitei-os e andei a mostrá-los a toda a gente. Acreditei em demasia que teria o poder, a vontade e a força para que tudo corresse bem. Fui ingénua e mostrei-me como sendo muito mais forte e resistente do que o que realmente era. Acreditei plena e piamente que seria capaz de tomar as rédeas da minha própria vida e que tudo acabaria em bem. Deixei de acreditar quando começaram a haver noites em que me assolava um terrível medo de estar a falhar. De as coisas não estarem a bater certo... O pânico de sentir que se calhar não deveria ter feito tantos manguitos ao Universo… que o cabrão tem boa memória e não perdoa.
O ano que agora termina é o ano em que descubro a menina que há em mim, a menina pequena e frágil que sempre cá esteve mas que era deixada a um canto enquanto se andavam a travar lutas e batalhas em prol daquilo que é ser Mulher bem orientada e resolvida. Não lhe dei atenção e ela, esperta, foi crescendo e crescendo até se conseguir levantar e dizer: Foda-se, agora quem manda aqui sou eu. Eu ainda tentei sossegá-la. Shhh, nina… Shhhh…. Agora não… vais estragar tudo, nina… shhhh… por favor… agora não…
Demasiado tarde. Foi-se a Mulher, ficou a Menina a reclamar por tudo quanto tinha direito. Furiosa por todos os não-momentos que viveu, por todas as coisas que não sentiu, por todas as coisas que não viu, que não disse, que não fez. Furiosa. Cansada. Farta.
Não deposito expectativa nenhuma em 2010, por assim dizer, mas pelo menos já não é 2009, o ano que veio depois de 2008 e que era suposto ser um marco daqueles enormes e bons que quando lembrados fazem sorrir e aquecem o coração. Posso até sorrir-lhe ao recordar-me, mas é de coração partido por tudo quanto não soube ter e fazer, por tudo quanto não soube ser, por tudo quanto achava que sabia e queria, por tudo quanto apostei e perdi, por tudo quanto pensava ser certeza e incerteza, por tudo quanto achava que era certo ou errado, por tudo quanto achava ser por direito, por tudo quanto achava que seria capaz de alcançar, por tudo quanto tive medo de falhar, por tudo quanto não agarrei por não me achar capaz ou digna.
Venha daí então o novo ano. É mais que bem-vindo. Não para que possa haver vida nova, nada disso, mas para que venha finalmente algum sossego do rebuliço que caracterizou 2009 e para que eu, Menina Mulher, possa respirar por conta própria com os pés bem assentes na terra, o coração bem protegido no peito, os olhos bem abertos e postos em quem me acrescenta e as mãos dadas com quem sei que nunca me deixará cair. E sem castelos a voarem pelo ar, tapando o sol e fazendo sombra onde não faz falta nenhuma.
Ficam aqui os meus votos para que todos pensem no ano que aí vem não como uma desculpa para deixar coisas para trás, mas sim como uma enorme oportunidade para levar tudo para a frente, por caminhos que normalmente não fariam, os menos óbvios, os mais compensadores.
Bom ano, minha gente. Bom ano.
28.12.09
24.12.09
21.12.09
Vá-se lá saber.
imagem: google
Não sou gaja de me zangar com as coisas ou com as pessoas. Posso ficar afectada, chateada, às vezes até irritada, de má cara… mas zangada de explodir, gritar, espumar, mandar vir… eh, pá… não. Consigo ser cáustica, brutalmente sarcástica e ruim, consigo meter o dedo até ao cotovelo exactamente onde dói… mas não me zango. Estranho isto, né?
Tenho vindo a perceber que só tenho a perder com isso. Por muito que eu fique a remoer as coisas, por muito sono que perca, o facto de eu ser assim tão “pacífica” só me prejudica. O que não significa que não refile ou que não diga o que tenho a dizer… não. Apenas não sou de confrontos… de confrontar de forma agressiva ou de permitir que o façam comigo. Sou, para mal dos meus pecados, demasiado simpática. Foda-se. Mas depois sou eu quem fica com as merdas atravessadas na garganta (lá está… sou uma mulher dominada e o domínio começa na garganta) e os outros escapam-se na maior, como se nada fosse, sendo que a única coisa má que vêem é o meu virar de cara, o meu desprezo ou então meia dúzia de bocas meio foleiras que nunca chegam a fazer grande mossa porque eu tenho a mania de ser inteligente e isso, às vezes, é demais para certas pessoas, ou serei eu a evitar o confronto assim desta maneira preferindo dizer algo que não se entenda de modo a não ser mesmo entendida e evitando assim a coisa do coiso e tal??!?!?
Ai a catrefada de berros que eu devo ao mundo. Punhados e punhados de gritos histéricos, de “Vai à merdas!”, de “Vai-te foderes!”, de “Desaparece-me da frente seu boi da beira/vaca leiteira!”, de “olha que levas nos cornos se não te calares oh furúnculo andante!”. E a quantidade de adjectivos que deviam ter sido cuspidos em raiva, braços a abanar e aos saltos e não foram? UI!!! E eu que consigo ser tão criativa com essas coisas! Em definitivo, eu só tenho a perder! Não exercito a mente, não treino a projecção de voz, perco oportunidades de fazer exercício… Realmente.
Sou uma coração mole que prefere não ter chatices do que andar com as ditas atrás, ou à frente, ou em cima ou por baixo… seja onde for! Se as coisas correrem mesmo mal, prefiro fazer de conta que a pessoa não existe mesmo e pronto. Mas não me chego a zangar! Ainda fico é com pena! Não faço assim uma cena tipo teatro em que se atiram coisas e se levam com coisas em cima, por exemplo. Em que há lágrimas a voar, ataques de arrancares de cabelo, empurrões e estalos e pragas até à sexta geração e coisas assim que trazem pequenas alegrias aos vizinhos. Eu vou pelo caminho do racional, da conversação, do argumentar… do dar espaço, do pensar, da lógica e raciocínio… do perguntar e responder. Do entendimento, do perceber. Bem que me posso esmifrar toda às vezes, mas de facto há alturas em que não há entendimento possível! Admito que tudo isto possa ser uma bela perca de tempo quando o mais eficiente e eficaz seria um murro nas fuças, um ladrar de “Vai-ta para a enorme puta que te pariu!” e um empurrão qualquer que ajude a pessoa a seguir caminho para bem longe.
Eu devia zangar-me mais vezes, mas não o faço. Às vezes penso que sou incapaz. Mas depois, quando o estômago se revira e o sono não chega, sei que há aqui qualquer coisita… tenho é problemas em partilhar. É isso. Tenho problemas em partilhar e de direccionar a coisa para o sítio certo. E depois, como não partilho, as coisas vão-se acumulando na garganta e quando se tornam mesmo más, descem para a porra dos brônquios e tenho princípios de broncopneumonias que me atiram para estados de graça em que respirar sem tossir e sem que o ar faça barulho no peito pareçam dádivas divinas. Eu sou uma mulher dominada pelo medo da partilha!!! E aí não há torrada com azeite que me valha!!!
Mas pronto.
Tenho de rever esta minha política… ou forma de estar. Treinar uns olhares zangados ao espelho… arranjar uns insultos pré-feitos para atirar assim que surgir oportunidade… treinar aqueles avanços aos saltinhos em que parece que se vai aterrar em cima da cabeça da pessoa… treinar umas caras de ameaça com esgares de dentes que prometem dor física extrema… Coisas assim de quem está muito zangado…
Ou isso ou então estas droguices andam a deixar-me tão zen que me estou pouco a cagar para o que não interessa, a cena do não conseguir dormir tem a ver com o facto de não me andar a cansar (como é suposto) e a cena das voltas no estômago tem a ver exactamente com a quantidade de droguices que tenho andado a tomar.
Vá-se lá saber.
16.12.09
Desculpe?
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Pois é, gente… quem não se cura bem à primeira, fica pior.
Ontem à tarde, lá fui eu novamente para as urgências pronta para pedinchar as tão desejadas injecções. Nada feito. Em vez disso, fui presenteada com experiência surreal…
Depois de me ter inscrito para consulta, decidi ir-me embora da sala de espera… estava cheia de gente, eu não estava nada bem e entre não estar bem e ficar pior, decidi ir aquecer-me para outras pastagens. O recepcionista assegurou-me que poderia voltar daí a uma hora que não ficaria sem a minha vez. Assim fiz e é claro que quando voltei, uma hora depois, já tinha passado a minha vez. Não vale a pena deixar aqui os pormenores entretanto passados e que me levaram a finalmente ser consultada. Digamos que eu precisava mesmo ser consultada e não descansei até me plantar à frente de um médico…
Estando eu devidamente plantada à frente do médico, expliquei que tinha estado ali na quinta passada… informei o que andava a tomar… tudo certinho.
Sr. Doctor – Amigdalite? Hmmm... Deixe cá ver…
Eu – Ahhh… veja… o pus a escorrer, a garganta inchada…
Sr. Doctor (apalpando-me os ouvidos) – Dói?
Eu – O quê?
Sr. Doctor – Se dói?
Eu – Não… mas a garganta sim…
Sr. Doctor (enfiando-me espátula quase até ao estômago) – Ahhh… pois… ‘tá bem…
Eu – Amigdalite, certo? Daí os antibióticos que a sua colega me receitou, certo? Mas eu estou pior… e não devia estar…
Sr. Doctor – Não. Você tem gripe.
Eu – Gripe?! Desculpe?!
Sr. Doctor – Diga-me lá uma pessoa neste país… uma pessoa que seja!... que não tenha gripe nesta altura…!
Eu – Mas… as bolinhas de pus? Os inchaços? Gripe? Nem ranhosa estou! Nem espirro!
Sr. Doctor – O que é que anda a tomar?
Eu – Isto e aqueloutro e uma coisa para bochechar… a sua colega…
Sr. Doctor – Pois… a minha colega… não devia tomar nada disso. Betadine para a garganta. É o que eu faço. Veja… está aqui… pego nisto e tipo biberão, é só bochechar… Isto é só nosso… não se empresta a ninguém… por acaso este estava lá por casa e a minha mulher e filhas disseram que era meu, mas podia não ser… não tenho problemas desses…
Eu – Ahhh…
Sr. Doctor – Aspegic.
Eu – Desculpe?
Sr. Doctor – Às refeições… Eu por acaso agora não ando a comer porque ando com diarreia… passei a noite para a frente e para trás e nem como. Nem se deve comer! Se sai logo tudo. Azeite. Torradas com azeite… O mundo anda das avessas… já ninguém faz o que é suposto. O mundo anda virado ao contrário. Azeite!
Eu – Azeite…
Sr. Doctor – Porque não está em casa?
Eu – Em casa? Porque tenho de trabalhar… e porque a sua colega só me deu um dia para ficar em casa… na sexta…
Sr. Doctor – Devia estar em casa. Na cama. Eu, qualquer coisinha que tenha, cama. Gripe? Cama. Diarreia? Cama. Você devia estar na cama.
Eu – Mas eu tenho de ir trabalhar… não posso perder ordenado… e de qualquer das formas, não tenho justificação!
Sr. Doctor – 7 a 9 dias em casa.
Eu – O quê?!
Sr. Doctor – Baixa. Vou pô-la de baixa. Até quando quer?
Eu – Mas eu não quero sequer! Eu por mim levava as injecções e pronto!
Sr. Doctor – Até sexta? Serve?
Eu – Mas eu…!!
Sr. Doctor – Betadine e aspegic a seguir às refeições. Três mais uma. Ceia. Torradas com azeite. Vai ver que cura logo essa gripe.
Eu – Mas primeiro vou acabar de tomar os outros medicamentos… certo?
Sr. Doctor – Como queira. E volta cá na segunda para eu a ver e para me dar razão quanto à minha terapia. Leite de burra… Também era bom…
Eu – Leite de…?
Sr. Doctor – Leite de burra, derrubar árvores e subir montanhas…
Eu – Ahhh… desculpe?
Sr. Doctor – Hehahehaheha!!! Não conhece?
Eu – Ahhh… não…
Sr. Doctor – Os antigos… leite de burra é o mais forte. Quem o bebe ganha tanta força que derruba árvores e sobe montanhas… hehahehahehaheha…!! Os antigos… esses sabiam perfeitamente como curar estas coisas…
Eu – Pois… acredito…
Sr. Doctor – Até o meu Pai… que era um alien… barriga cheia sempre. Comíamos até fartar e aí não havia nada que entrasse connosco… hehahehaheha!!! O mundo anda das avessas…
Eu – Ahhhh… ok… então… a receita e a baixa…
Sr. Doctor – Sim. Vai ver que tenho razão. Venha na segunda.
Eu – Se me está a dar baixa até sexta, na segunda vou trabalhar, não posso vir cá…
Sr. Doctor – Pode, pode. Até às oito. Deixo aqui o número de telefone na receita.
Eu – Mas eu trabalho em Lisboa… não chego cá a horas…
Sr. Doctor – Pois… Ahhhh! Nessa noite fico cá. Na pensão. Fica mais barato dormir aqui e eu até já conheço a senhora da pensão. Só na terça vou para o Carregado…Pode vir quando quiser.
Eu – Ok…. Então…baixa até sexta… betadine e aspegic?
Sr. Doctor – Quer mais?
Eu – Eu nunca estive de baixa na vida! Você é que sabe o que é necessário! Mas por mim não ficava…
Sr. Doctor – Vamos lá ver… tem problemas de coração?
Eu – Ahhh… não…
Sr. Doctor – Dores de cabeça?
Eu - … Não… agora não…
Sr. Doctor – Problemas de estômago?
Eu – Ahhh… depende… às vezes… mas não, não tenho…
Sr. Doctor – Dorme de boca aberta ou fechada?
Eu – Desculpe?
Sr. Doctor – É católica?
Eu – Desculpe?! Ahhh… de boca aberta… Se sou quê?
Sr. Doctor – Católica… Conhece esta cruz? (desenhou-me uma cruz com dois traços na horizontal.) É de um Santo daqui desta zona… devia conhecer…
Eu – Ahhh… não… não conheço…
Sr. Doctor – Boca aberta?! Você é uma mulher dominada! Tudo entra consigo! Bronquites! Asmas! Doenças respiratórias! Bronquiolites! Amigdalites! Faringites! Você tem de ir urgentemente a uma consulta de fisiologia para aprender a dormir de boca fechada… respirar pelo nariz! Você é uma dominada pela vida!
Eu – Ahhhh… mas eu posso explicar porque é que-
Sr. Doctor – Não precisa! Nem que contrate um guarda para a vigiar enquanto dorme! Tem de respirar pelo nariz!
Eu – Ahhh… pois… e não, não sou Católica…
Sr. Doctor – Isso… os antigos… a lei dos três A’s… Alimentar, abafar e aninhar (não me lembro do último A mas acho que era isto)… Tem de comer… torradas com azeite… chouriço assado… o que quiser e lhe apetecer… abafar… devia ir para a cama! E ficar lá… Aquecer-se e estar quente… Os antigos… esses é que sabiam!
Eu – Pois… acredito… então… é tudo?
Sr. Doctor – É. Vai ver que fica boa num instante. Tome lá os papéis.
Eu – Obrigada.
FIM
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Saí de lá numa espécie de estado de choque. Completamente estupefacta com tudo o que aconteceu. Ainda estou. O conceito de ser consultada passou a ter toda uma nova definição para mim. Qual Dr. House qual carapuça!
E não, não estou melhor. Por muito bem alimentada e abafada, estou na mesma.
Admito que ainda não fiz torradas com azeite e que ainda não contratei o guarda… talvez seja por isso.
E assim vão as urgências deste país.
12.12.09
Se pudesse
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Os meus natais sempre foram um pouco diferentes do comum (vejam os posts…).
Houve uma altura em que eram passados na companhia de amigos porque ninguém tinha família por perto. Lembro-me de árvores de natal tão atoladas de presentes que mal dava para ver a árvore em si. Gente por todo o lado. Camas feitas no chão… Lembro-me que cada ano se rumava para uma casa diferente onde todos se reuniam. Lembro-me que apesar de poderem estar aí uma 5 ou 6 famílias diferentes, havia sempre algo que as unia e que fazia com que o natal tomasse proporções inimagináveis. As refeições eram feitas a preceito. Nada era descurado. Nada. Era uma verdadeira festa em que o que realmente interessava era gente que se gostava estar junta e mais nada.
Lembro-me de a minha Avó, uns anos mais tarde quando se juntou a nós, fazer tudo por tudo para que o nosso natal fosse o melhor possível em todos os aspectos. Ela conseguia transformar tudo num enorme festival de alegria. Lembro-me de ela fazer uma coisa em particular e que ainda hoje me dá uma saudade enorme. Nos presentes que oferecia incluía um pequeno embrulho onde colocava uma notinha… tínhamos de estar atentos para ver onde estava esta segunda surpresa. Uma espécie de caça ao tesouro que tornava tudo muito mais divertido. No final da noite, eu e a minha irmã tínhamos os nossos presentes e um pequeno monte de notas que prometia mais presentes… normalmente guloseimas ou berlindes ou gelados ou coisas importantes assim.
A minha Avó dizia que aquilo nos ajudava a dar valor às coisas porque mesmo que houvesse algo de que não gostássemos muito, podia ser que lá pelo meio houvesse algo que, em jeito de surpresa, nos fizesse mudar de ideias. Uma lógica simples e directa que nos ajudou a perceber que, procurando, consegue-se sempre encontrar algo de bom no meio de algo menos bom, por assim dizer. Passei a dar valor a todos os presentes, nem que fosse por associar uma pequena nota àquele pijama que era feio que nem uma bota da tropa. Batota da minha Avó? Sim. Mas eficaz.
Outra coisa que aprendi naquelas alturas foi agradecer antes de abrir os presentes. Recebíamos o dito, dávamos dois beijos e um abraço a quem o tinha oferecido e depois de aberto, repetíamos o processo. Dois agradecimentos por coisas diferentes: primeiro por se terem lembrado de nós, segundo por se terem dado ao trabalho de oferecer algo a pensar em nós. Ainda hoje é assim em minha casa.
Se pudesse, oferecia pequenos embrulhos dentro de outros embrulhos a todos quanto quero bem e que fazem parte da minha vida. Oferecia presentes dentro de presentes. Oferecia surpresas dentro de surpresas. Oferecia viagens a boas recordações, idas directas a boas memórias, a bons momentos. Oferecia coisas que fizessem sorrir e rir, que fizessem brotar lágrimas de felicidade. Oferecia pequenos momentos de esquecimento de tudo quanto é mau. Oferecia pequenos abraços que assegurassem que tudo haverá de ser melhor.
E para mim bastavam-me aqueles dois beijos antes e mais nada. Mais nada.
11.12.09
10.12.09
Ora pois claro
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Pronto.
Tinha de ser.
Estou doentita (foda-se, doente mesmo).
Amígdalas a largar substâncias impróprias. Cabeça a latejar e cada centímetro de pele a doer. Enjoada… tudo a que se tem direito.
Fantástico. Maravilhoso. Já estava com saudades. Já vislumbro as famosas 3 injecções no nalgueiro… quase que as sinto… Ai que saudades das urgências...
Vou tossir e doer para outro lado. Com licença.
Um dia especial
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9 de Dezembro.
É dia especial cá por casa.
A minha Mãe faz anos e os meus pais fazem anos de casamento.
Hoje foi dia 9 de Dezembro.
A minha Mãe fez anos e os meus pais, 31 de casamento.
Tivemos direito a jantar preparado em casa de amigos (aliás, família sem ser de sangue) para que fosse surpresa.
Tivemos direito a ligação skype por o meu pai não estar cá.
Tivemos direito a risos e sorrisos. Direito a tudo quanto se tem direito, menos à presença física conjunta de quem começou a construir vida há quase 40 anos…
Tive direito a celebrar mais um aniversário de quem eu nunca terei palavras para descrever a gratidão, amizade e amor que sinto.
Tive direito a, mais uma vez, verificar que há uniões que ultrapassam tudo e todos.
Tive direito a ver o meu Pai todo embevecido por ver a esposa de 31 anos (mais meia dúzia de namoro) com as duas filhas e com gente boa que cuida e acarinha.
A minha Mãe fez anos. Os meus pais celebraram o aniversário de casamento via skype.
E eu sou uma sortuda porque nasci daqueles dois seres e posso vê-los, todos os dias, a darem vida a tudo quanto os rodeia.
É um dia especial cá por casa.
7.12.09
Se...
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Há uns tempos atrás, escrevi (em blog alheio) que nas questões do amor, há sempre uma responsabilidade por parte de quem aceita ser amado por alguém. É preciso saber amar e saber deixar-se amar.
Nem todos sabemos fazer isto, infelizmente. Nem é uma questão de dar e receber ou dar para receber… nada disso. É permitirmos que alguém nos ame. Aceitarmos isso para nós, assumirmos isso para nós, fazermos desse amor parte do nosso ser, tal como fazemos do amor que temos pela outra pessoa uma parte tão importante de nós.
É, para mim, mais difícil aceitar que alguém nos ama do que aceitarmos e admitirmos que amamos alguém (podemos até ser os únicos a saber…). É uma responsabilidade muito grande. Sabermos que temos esse tipo de poder sobre alguém. Que uma palavra mal dita pode magoar, que um simples olhar pode alegrar, que um singelo toque pode reconfortar a alma. Sabermos isto e integrarmos isso em nós obriga-nos a certas coisas, a certos cuidados.
Quem ama, cuida. E se nos sabemos e sentimos amados, mais há a cuidar ainda. Temos que cuidar da doçura no olhar de outra pessoa, não deixar que isso nos assuste… sabermos que é amor naquele olhar… cuidar do significado daquela mão estendida… da intensidade daquele beijo… do valor daquele silêncio… o tamanho daquele sorriso… da demora daquele abraço.
A uns mete medo, a outros, terror. Preferem amar sozinhos, sem acreditarem no amor que alguém pode ter por eles. É mais fácil viver sem o peso dessa responsabilidade, tranquilos no sossego de que como não assumem esse peso, também não sofrem as consequências dos abusos. Há quem ame não se deixando amar porque não sabe lidar com o amor em si. Renegam-no para um lugar para onde vão os sentimentos menos nobres, como seja uma dor de cabeça que não mata mas mói, um pé torcido que faz coxear mas não imobiliza. Amar, por muito bom que seja, é uma chatice. Impede, restringe, bloqueia, prende… Retribuir amor? Dá trabalho, mostra-nos, fragiliza-nos, coloca-nos numa posição de fraqueza… é admitirmos que alguém tem poder sobre nós. E isso, para certas pessoas, é morte em vida.
Mas depois há quem renasça por se saber amado, por se saber deixar amar. Por aceitar isso, querer isso. Por se saber o centro do mundo de outro alguém. Por saber que essa pessoa não terá nunca palavras suficientes para descrever o que lhes faz sentir, querer e desejar. Há quem renasça e ganhe nova vida quando se sabe amado, quando ama, quando aceita e integra para si que o amor, para o ser verdadeiramente, tem de ser recíproco, sentido livremente, demonstrado, mostrado, visível, até.
Tenho uma amiga minha que tem feito a delícia dos meus dias.
Está apaixonadíssima.
Tenho uma amiga minha que está apaixonadíssima e que tem feito as delícias dos meus dias ao dizer-me que faz sol quando chove, que a vida é bela, que o mundo é redondinho e azul e lindo. Tem-me feito sorrir feita parva para um ecrã várias vezes ao dia, sempre que leio os e-mails dela. Tem-me feito ficar com os olhos cheios de lágrimas de tão contente que fico por ela. Por ser quem é e por gostar tanto dela, só consigo sentir-me feliz por aquela alminha ter encontrado outra que a faça voar e ver tudo de forma tão bonita. Que a faça amar e aceitar ser amada. Que a faça querer receber tanto como aquilo que quer dar. Coragem inesgotável.
Para ela, e porque há quem seja mais eloquente com as palavras do que eu, deixo-lhe este poema que fala da aceitação do amor, do saber-se deixar amar. Da entrega que é necessária para nos deixarmos sentir amados e amarmos.
Se partires, não me abraces
Se partires, não me abraces - a falésia que se encosta
uma vez ao ombro do mar quer ser barco para sempre
e sonha com viagens na pele salgada das ondas.
Quando me abraças, pulsa nas minhas veias a convulsão
das marés e uma canção desprende-se da espiral dos búzios;
mas o meu sorriso tem o tamanho do medo de te perder,
porque o ar que respiras junto de mim é como um vento
a corrigir a rota do navio. Se partires, não me abraces -
o teu perfume preso à minha roupa é um lento veneno
nos dias sem ninguém - longe de ti, o corpo não faz
senão enumerar as próprias feridas (como a falésia conta
as embarcações perdidas nos gritos do mar); e o rosto
espia os espelhos à espera de que a dor desapareça.
Se me abraçares, não partas.
Maria do Rosário Pedreira
É o meu presente para ti.
Por seres uma grande Mulher, por teres um enorme coração e por, acima de tudo, saberes usá-lo.
E agora chega destas coisas que isto até parece mal aqui no meio deste blog tão sem jeito.
Bom feriado, minha gente. Bom feriado.
4.12.09
Pesquisinhas Deprimentes... Sim, há mais.
imagem: google... mais ou menos...
Como é óbvio, vou deixar de fora as centenas de pesquisas que envolvem animais, partes fodengas e práticas pouco saudáveis entre ambos. Same old, same old…
Vamos lá ver o que se tem passado então… valha-me caredo.
www.fodendo.com.um.pone.com.br
cavalos a pinar
Ok, pronto, não deixei estas de fora. Gostei da gentileza do “pinar” e da certeza no cagar do endereço de site… gente com certezas e gentilezas são outra coisa!
Making love
Ahhhh… que bonitinho… making love… fazer o amor… que fofinho… Não faço a mais pálida ideia porque veio esta parar a este blog. Enfim. Coisas do Google.
Lamber o cu faz mal
Isso é uma pergunta… um aviso?
Gente. Fiquem sabendo que lamber o cu faz mal. E pronto.
Umm artilhado
Dois armado, três estilhaçado… quatro arrebentado, cinco estacionado…
Camarão cozido vivo? Porquê?
Ehh, pá… porque é um cadito difícil dar-lhes um tiro primeiro, não?
Conheço-te tão bem.
Mãe!?!?!?!?
Fizeste de mim parva mas não fazem mais textos
Vizinha de cima?!?!?!?!!
Pinipons
WTF?!?!?!?
Quanto custa um Ferrari?
‘Migo…. Se não sabes, é porque não tens dinheiro suficiente…
Não vou aguenta a falta do teu cheiro no meu ar. Penso na vida, sem você não compensa! Duvido que existia vida antes da tua presença; em cada dia acho uma nova cor, no memo amor que trouxe minha noção de valor. Onde for lembrar do que viso, que é não ser nada mais que a razão do seu sorriso? Tua ausência tira a bateria do relógio...
Oh, meu amô! Tua ausência tira água da torneira! Tua ausência tira gás do fogão! Tira carro da garagem, tira a pedra do chão! Sem óçê pertchú de mim, pareci qui o tempo não tem fim! Volta logo para a minha beira, qui meu ar assim não cheira!!! As córis do inverno, bonitas e novas para mim… oh já chega. Vocês perceberam.
Como se escreve “bory combat”?
Assim não é de certeza.
Mijando no collant
Sem tocar na cueca?!?!?! …. …… …… …. Ahhhhh!!!!!
Perversões sexuais com nutella
'Miguinho ou miguinha… isso não é nada… trust me.
Leva pão.
Estou-te mandando à merda
Vai tu, olhá porra!! Oh-oh!! Parece que é parvo ou parva!!! Conheces-me de algum lado, por acaso?!?! Mas que merda é esta!?!? O pessoal chega aqui e tem a mania que pode dizer o que quiser?!?! Atão, mas o que é isto agora!?!? VAI TU!!!
Mau, mau. A mulher do Vítor gostou de mim.
Há por aqui algum Vítor cuja mulher seja uma oferecida que mete homens crescidos a usar a expressão “mau, mau”??? Hmmmm?
Quando lembramos algo viramos a cabeça para que lado?
Eu sei!! Eu sei!! Estou-me só a tentar lembrar!! Eu sei, eu sei!! Está na ponta da língua!!
O que significa abanar a sobrancelha esquerda?
Ser-se deficiente da sobrancelha esquerda.
Veículo Brutus
Exmos. Srs. da Brigada de Trânsito da GNR, com os mais cordiais cumprimentos. Fiquem sabendo que jamais me apanharão!! Jamais!!! NUNCA!!!
Obrigada.
É verdade que tudo é uma questão de hábito?
Ehhh, pá… tudo, tudo, duvido… mas há coisas que ... pronto. Primeiro estranham-se, depois entranham-se… vai-te habituando.
O que acontece se eu der o cu para um cavalo (animal)?
Antes de mais, penso que o Google terá ficado agradecido pelo esclarecimento adicional em relação ao “cavalo (animal)”.
Em relação ao resto, boa sorte. Há coisas que só mesmo passando por elas… questões de hábito… sei lá. Experimenta!! Depois conta como foi!
Ok e porra.
‘Tá bem e bolas.
(toma!)
Eu quero mancar uma comsuta.
Assim não chegas lá… experimenta lá outra vez.
Quero marcar uma cosuta.
‘Tá quase… ‘tá quase… basta creres em ti… vá… mais uma…
Quero marcar uma consulta no crer.
Oh, pá! Não!! Mas que baralhação!! Atina, pá! Vá, experimenta de novo.
Quero marcar uma orgia.
Olha fode-te.
Por favor aguarde em fila.
Ahhh barda shit.
Se eu tenho relações sexuais e não sou casado, eu posso tomar a hóstia?
Tecnicamente já a tomaste, ‘migo… Não digas nada ao Padre, pára de coçar o escroto e abre a boca. Siga!
Se pode fazer promessa a um santo para outra pessoa cumprir?
Isso soa-me um cadito a sub-contratação e olha que agora há novas leis em relação a essa coisa toda. Mas ouve, se o outro anda a pinar e toma hóstias… acho que devias tentar. Mal não pode fazer, né?
Eu matar não gosto muito, mas a saudade é diferente.
Podem-se rir à vontade, mas eu até entendo esta alminha. Matar também não é das minhas coisas preferidas, mas porra, a saudade é mesmo diferente. Mas é que é mesmo diferente!! Venha quem vier!!
Técnicas para ultrapassar a desilusão, a revolta interior e o medo de ficar sozinha.
Já me estou a arrepender de não ter incluído aqui as pesuisas sobre os animais de quinta… quer dizer… animais de companhia…
Pelos pudicos na pila.
Virgens!! Esses podem tomar a hóstia!!
Um pónei comeu minha mulher.
Fodaaaaaa-se. Há póneis carnívoros?!!? Metem-se com brincadeiras parvas com os animais e depois admiram-se de nascerem com estas alterações genéticas! Oh, ‘migo… os meus pêsames.
Recebi um cheque da autoridade nacional de segurança rodoviária.
E tiveste de ir para a net dizer a toda a gente, né? Gozares com o pessoal e tal. Gabarolas!! Ahhh e tal! Eu recebi um cheque dos gajos que por norma os descontam! HAHAHAHA!! Vai tomar a hóstia, pá. Gentinha do caraças.
Porque é que as galinhas fodem de cabeça?
Para galar os ovos para que nasçam pintinhos, olhá porra!!!
Amo-te em fogo.
Amo-te em terra. Amo-te em ar. Ar sem cheiro. Cara sem sorriso. Amo-te na água. E apago-te a porra da chama que ainda me queimas. Chega mas é para lá com essa merda antes que alguém se aleije. Brincadeiras de merda, oh, pá.
Já não há chichen mythic no McDonalds.
WHAT?!?!? O QUÊ?!?!?!?! DESDE QUANDO!?!?!? As cabronas metem-se a foder de cabeça e depois os ovos não ficam galados e dá nisto!! Mas será que ninguém neste país é capaz de fazer alguma coisa?!!? Educação sexual para as galinhas! JÁ!!! O McDonalds vai à falência e ninguém faz nada!?!?!? Mas onde é que vamos parar, vosso deus!??!!?
Merda shit bosta cocó
Esta só podia vir aqui parar. Cá para mim tenho admirador que me anda a perseguir (Cajó??? És tu, meu cabrão?!!? Já te disse para me deixares em paz! Mas quantas vezes tenho de te dizer que não vale a pena andares atrás de mim assim que eu não gosto de ti?!?!? Tu não me tiras a água das torneiras! Tu não me tiras o gás do fogão!! O meu ar até cheira melhor agora!! Chispa!!! Vai tomar a hóstia, pá!! Cura-te!!!)
E prontes. Assim vai o Google.
2.12.09
OMQ
E prontes.
Sejam todos bem-vindos a esta espécie de novo Outra Merda Qualquer, o OMQ.
Mais sóbrio, mais refinadinho… não tanto in-your-face… mas, no básico, a mesma merda de sempre.
Foram-se as moscas, ficou o resto.
À boa continuação e o meu OBRIGADA, PÁ!! ao designer de serviço… PC, pá… ‘tás aqui… ‘tás aqui…
Siga para bingo!
1.12.09
Sometimes
imagem: google
Sometimes you have to shut your eyes to really be able to see.
Sometimes you have to listen to be heard.
Sometimes, when you talk, you’re not really speaking.
Sometimes you have to leap into nothing to really feel your feet on the ground.
Sometimes you have to stay still to me able to move.
Sometimes, when you can’t is when you have to.
Sometimes, when you want, you have to need.
Sometimes you look and can’t really see.
Sometimes you have to be silent to be able to scream.
Sometimes you have to let go to really hold on.
Sometimes, when you hide is when you’re found.
Sometimes you learn things the hard way.
Sometimes, but only sometimes, you have to do everything backwards to get things right.
Sometimes all there is to do is admit that you’re just a little girl holding on tight to the things that won’t let you fall.
28.11.09
26.11.09
Inspira-expira-inspira-expira-inspira-expira...
imagem: google
Há pessoas neste mundo que acham que o resto do mundo lhes deve alguma coisa.
Acham, com tudo quanto têm e são, que o resto do mundo é uma perfeita merda e que a existir paraíso, o mesmo encontra-se situado bem no centro do próprio umbigo.
Estas pessoas são, segundo as próprias, prova inequívoca de que deus existe, que existe sempre a excepção que confirma a regra. Fazem questão de, com murros na mesa e disparates a voar da boca, afirmar que são como são e ainda bem porque o mundo precisa é de mais gente assim, que isto é tudo uma cambada de idiotas incompetentes chapados que nada fazem e nada sabem e que, ainda por cima, nada querem fazer e nada querem saber.
Os complexos de inferioridade são difíceis de decifrar, difíceis de gerir e extremamente difíceis de aturar. Não há argumento lógico e bem fundamentado ou opinião devidamente estruturada que resista a quem passa o tempo à procura de pequenos lapsos no discurso para se fazer valer de um qualquer nível de chico-espertice que prova que está atenta e que ninguém a engana, hein!!! Não ouvem (não o sabem fazer) e nem querem ouvir. Não precisam de o fazer. Sabem tudo. Quem trouxer coisas novas apenas lhes está a tentar dar a volta, tentar ludibriar, tentar enganar e fazer mal. Gatunos!! Cambada de chulos!! Cabrões!!
Os complexos de inferioridade funcionam como uma espécie de muro que os doentes armam com guardas e bazucas e tudo quanto seja radar, não vá o resto do mundo entrar e mostrar-lhes que estão errados. Aos olhos de quem tenta puxar para cima e mostrar que há mundo para além daqueles calhaus, funcionam como farpas que a cada rasgo de pele deitam abaixo e enfraquecem qualquer boa vontade que possa existir em relação a seja o que for. Tenta-se a abordagem da gentileza, a abordagem da simpatia, a da compaixão, a da ingenuidade – tenta-se tudo que não fira susceptibilidades e permita que no tal muro se vá abrindo pequenas janelas. Não vale a pena.
A insegurança é armadura difícil de trespassar e ou se está preparado para aniquilar por completo a fraqueza e falta de segurança, assumindo todos os medos e receios para nós, ou então não vale a pena. A reacção vai ser uma fuga para a frente, um abalroar de tudo quanto se diga e faça, um despeito e negar de tudo quanto não seja conducente com as ideias e opiniões que desde sempre existiram e hão-de continuar a existir.
Conheço pessoas inseguras em relação às quais não pensaria duas vezes em pegar nos tais medos e receios para os levar para longe, em relação às quais não teria problema nenhum em partilhar o que pudesse das minhas forças e seguranças, em relação às quais faria questão de ser o tal muro até ganharem pé, até se acharem em condições de se aventurarem de forma mais segura pelo mundo fora.
E depois conheço pessoas que apenas me dão vontade de lhes dar com a merda do muro nos cornos sempre que abrem a boca, que trazem para fora o pior que há em mim, que me fazem perder qualquer tipo de controlo em relação ao que sei ser razoável e decente e normal e bom. Que apenas me dão vontade de puxar pelos galões e exigir vénia sempre que me olhem, que lavem a boca antes de me falarem, que agradeçam aos santinhos eu lhes ter aparecido na vida. Que me dão vontade de as obrigar a rebaixarem-se, a sentirem-se verdadeiramente pequenas e vulneráveis, que admitam a merda que são e que depois me desapareçam da vida.
No meio disto tudo, o que mais detesto é a falta de controlo que tenho para mostrar a inteligência que sei que tenho, é sentir-me a transformar numa bestinha igualmente prepotente e armada aos cucos quando ao pé deste tipo de gente. Nem as penso. Transfiguro-me. E quem acaba por pagar as favas sou eu, claro.
Estas pessoas, os patos bravos que por aí abundam, usam e abusam dos outros a seu bel-prazer de modo a garantir que sejam sempre eles os reis do castelo, os mais fortes do bairro, os donos do pedaço. Vale tudo na guerra que têm com elas próprias, vale tudo menos sentirem que não se aguentam à pedalada. São arrogantes, narcisistas, egocêntricas e tão fodidamente frágeis da cabeça que preferem recorrer à violência verbal e às ameaças para assegurarem a sua própria sobrevivência, nem que seja à custa dos outros.
Mas apesar dos apesares, não consigo deixar de as olhar com uma certa pena, com uma certa condescendência, até. Por muito mau que isto seja, sei que devia saber melhor do que reagir da forma que por vezes reajo. Devia ser melhor e maior que isso.
Se mais nada, ao menos que me sirva de aprendizagem.
Inspira-expira-inspira-expira-inspira-expira… breeeeeeeeeeeeeeeeeeeathe……
24.11.09
Comunicado da Administração
imagem: google
A Administração do Outra Merda Qualquer (OMQ) vem por este meio emitir o seguinte comunicado para todas as visitas (acidentais ou não), leitores (acidentais ou não) e restantes elementos da população mundial que por aqui venham passear (de propósito ou não):
1. O blog OMQ (para os amigos) tem dona. É a Me (adiante designada por Dona Me);
2. Na qualidade de Dona do Blog, a Administração tutela nela o desígnio de Mestra Universal de Todos os Bens Materiais e Imateriais que pelo blog OMQ possam estar, não estar, ter estado, ir estar ou encalhar;
3. Na qualidade de dona do Blog OMQ, a Dona Me pode vir para aqui largar as postas de pescada que bem quiser e bem entender;
4. O blog OMQ tem visitas (e afins – ver acima), feliz ou infelizmente, depende;
5. As visitas podem vir para aqui largar as postas de pescada que bem quiserem e entenderem;
6. O blog OMQ, sendo um espaço de relativa democracia, não discrimina ninguém em função de qualquer característica natural ou adquirida, tirando a conhecida por Estupidez (natural ou não);
7. A Estupidez será, no OMQ, tratada com o devido despeito, desrespeito e ofensa (gratuita ou não) de modo a que a mesma se vá e não mais queira voltar caso não se pretenda emendar de seus atentados à inteligência;
8. É da exclusiva responsabilidade da Dona Me empreender todas as acções (necessárias ou não) para garantir que a Estupidez se vá (e não volte) podendo a mesma utilizar de linguagem rude e ofensiva ou do sarcasmo e tom irónico sempre que assim lhe aprouver;
9. Caso a Estupidez (natural ou não) teime em fazer do blog OMQ poiso, recorrer-se-á a medidas mais extremas como seja a opção “DELETE” a cada um das suas manifestações;
10. Relembra-se que o destino do blog OMQ pertence à Dona Me e a todos os pitis mentais, físicos ou mistos que lhe derem, não derem ou estiverem por dar, havendo por aí bom remédio para quem disto discordar;
11. O blog OMQ não é conhecido pela Santa Casa da Misericórdia, e como tal, não se rege pela máxima também utilizada pelos EUA de “Bring me your weak, your poor, and insane people”, pelo que qualquer tentativa de transformar o blog OMQ em casa de acolhimento será repudiada com cães, gás pimenta e o arroz de pato de uma senhora que conhecemos de um restaurante aqui perto;
12. O anonimato é direito de todos, inclusivamente da Dona Me;
13. Quem deste direito abusar acarretará com as devidas consequências;
14. Recorda-se que o blog OMQ possui endereço de e-mail disponível 24 horas por dia e por mais meia dúzia durante a noite sendo para o mesmo que vai parar toda e qualquer tentativa (frustrada ou não) de comentar o blog OMQ pelo que dizer algo qualificável como “Totó”, sofrer arrependimento, apagar a coisa e depois substitui-la por outra não menos “Totó” pode parecer muito bonito na caixa de comentários, mas na inbox do mail, não;
15. Informa-se igualmente que daqui em diante (a partir de hoje para os leigos) a Administração do OMQ tem activo sistema de gestão de reclamações devido à implementação do SGQ pela NP ISO 9001 na semana passada por filho da vizinha do terceiro frente;
16. Qualquer reclamação receberá a devida atenção sendo posteriormente descartada ou não consoante o nível de Estupidez ou capacidade de fazer rir quem a lê (podendo nestes casos ser publicada para espalhar felicidade pelo ciberespaço);
17. E prontes. Era mais ou menos este o comunicado que se tinha a fazer.
Com os mais cordiais dos simpáticos dos empáticos dos respeitosos dos atentos cumprimentos,
Tankiú e igualmente,
A Administração do OMQ
Contacto: outramerdaqualquer@yahoo.com
22.11.09
20.11.09
She’ll be right.
18.11.09
I'm going home
imagem: google
Sabem que mais?
Em relação ao tema da Igualdade entre Homens e Mulheres, fiquem com a mensagem da imagem acima (quem quiser, claro… quem não quiser que esteja à vontade).
I’m going home…
E não vou tomar uma posição tão extrema como aquele casal na Suécia que escondeu o sexo do filho/filha de os amigos (apenas familiares e amigos mais próximos sabiam…) para que a criança não crescesse tendo por referência estereótipos de género e afins. Também não é preciso tanto (para mim, não).
Defendo que as diferenças devem ser celebradas de modo a que possam ser aceites e dignificadas, não utilizadas como armas de discriminação negativa, deitando abaixo quem calhar ficar na parte mais difícil da coisa. É preciso discriminar positivamente de modo a ganharmos algum tipo de equilíbrio nas coisas.
Acredito que Homens e Mulheres têm de ter igual acesso a tudo quanto seja direito consagrado pura e simplesmente por todos nascermos seres humanos e sei perfeitamente que por enquanto ainda existe muita discriminação para com as mulheres e para com os homens em relação a precisamente este acesso a direitos. Ao nível das obrigações, cada um aceita as que achar que deve e não refila. Temos pena.
Acredito que as mulheres, no geral, têm feito uma bela merda de trabalho em relação a este assunto, assumindo que para haver igualdade, têm de ser iguais aos homens. Não é verdade.
Os homens também têm culpa neste campo. Elogiam mais as mulheres que têm atitudes tipicamente “masculinas”, descrevendo-as como sendo mais fortes e inteligentes do que o restante mulherio. Alimentam a coisa…
Acredito que os homens, no meio desta merda toda, também têm sofrido com estas coisas, deixando de saber muito bem em que lugar se devem colocar.
As mulheres tanto querem a besta abrutalhada que as encosta à parede e lhes mostra exactamente o que querem como a alma sensível que chora durante os filmes românticos.
Os homens andam todos baralhados, sendo que as mulheres independentes lhes atrofiam a cabeça porque ficam a pensar que não se precisa deles e as que não o são deviam ser porque estamos no século XXI e a dependência e afins eram coisas do antigamente.
Aquilo que se “pedia” a um homem há uns anos atrás não é a mesma coisa que se pede hoje e nem sequer se deu tempo para se adaptarem. As mulheres, numa de evidenciar a masculinidade que reside em todas as boas fêmeas, agarraram-se a princípios machos e, numa clara missão de serem mais filhas da puta que o próximo, exacerbaram o masculino, espetaram-lhe com um par de saltos altos em cima e chamam-lhe “Sucesso” enquanto fazem questão de andar com decotes até ao umbigo, insultando a inteligência dos homens e restantes mulheres que acham que não é por aí.
Admitamos, de uma vez por todas, que ninguém sabe andar nesta merda e que as mulheres são as que mais têm a perder com toda a perdição em torno do “se eles podem, nós também podemos”.
Ainda que isto não deixe de ser verdade, enquanto as mulheres se continuarem a avaliar por padrões masculinos, tornando-os no ideal, nada vai mudar. Apenas se reforça.
As mulheres têm medo de ser mulheres de direito próprio e os homens até já têm medo de dizer que nos preferem ver de saias porque isso seria sexista, quanto mais serem tudo aquilo que acham que podem ser (para o bem e para o mal).
Deixemo-nos das merdas de discursos que vitimizam, que desculpabilizam, que retiram a responsabilidade de cima dos ombros de cada um.
A mudança destas coisas começa em cada um de nós, se assim o quisermos. Quem viver bem com o que tem, faça favor de ser feliz.
Mas não me lixem a cabeça com merdas sem jeito, com argumentos sem nexo e muito menos me venham para aqui dizer que me sinto inferior às outras mulheres porque me acho menos inteligente ou com menos beleza como modo de contrapor esta minha visão das coisas. Com as vossas inseguranças posso eu muito bem.
Lamento informar, mas é preciso um pouco mais que bom raciocínio e um belo par de mamas para me fazerem sentir inferior a seja quem for.
Cresçam e apareçam.
I’m going home.
14.11.09
Eu sei que sei uma coisa que sei e que já sabia
imagem: google
Eu sei uma coisa muito boa de saber mas que tive de descobrir da pior forma possível mas depois quando a soube e admiti que sabia foi muito bom porque parece que tudo ficou mais leve e mais claro e mais fresco e agora apetece-me dizer a toda a gente e apetece-me gritar o que sei mas não posso porque eu sou uma senhora (foda-se!) e as senhoras não andam para aí aos gritos a gritar as coisas que sabem ou deixam de saber e de qualquer das formas nunca o faria porque vocês não têm nada a ver com isso por isso escusam de estar com merdas armados em cuscos que eu não me vou descoser ainda que me apeteça muito porque aquilo que eu agora sei é muito bom de saber e melhor mesmo só quando contar a quem também tiver de saber aquilo que sei. Mas isso são outras conversas. E não foi nada fácil eu ficar a saber o que sei porque tive de falar muito comigo e chatear-me muito a mona e é claro que ajudou ter levado na cabeça para me porem no lugar mas isso até fui eu que pedi que sou completamente apologista daquela coisa da automedicação, mas pronto, lá fui falando e conversando até saber o que sei e até descobrir que há coisas que quando se sabem, são mesmo boas de saber e que pronto enfim é bom e pronto.
Resumindo, saber não ocupa lugar. Muito pelo contrário, cria-o.
E aquilo que sei pode até nem servir de nada, ou então de muito pouco, mas pelo menos sei e saber que sei já é meio caminho andado para servir de muito.
Tenho dito. Quer dizer, tenho sabido.
Bom fim-de-semana, minha gente. Bom fim-de-semana.
10.11.09
Igualdade a quanto obrigas...
imagem: google
O timing não podia ser melhor.
Os temas também não.
O grupo? Pronto… não o pude escolher…
A formadora é do melhor que há (Me!).
Sim, minha gente, eu estou novamente a dar formação (interna) sobre Igualdade de Género e de Oportunidades entre Homens e Mulheres.
Eu. A feminista-anti-feminista-radical. A que cospe veneno contra as mulheres e tenta atenuar o sentimento de culpa que quase que obrigo os homens (coitados) a ter. Faz parte (eles gostam).
Os meus ricos colegas andam a levar comigo a vociferar impropérios contra a sociedade, cultura e costumes, mandando vir com as mulheres e condenando as atitudes machistas à morte (cravos e ferraduras…). Já matei a publicidade no geral e a Toys ‘r’ Us no particular, já enterrei os filmes Disney e já fiz o funeral às piadas que se baseiam nas tipificações e estereótipos com base no género. Já explodi contra ideias retrógradas e já me ri com aquilo que as novas gerações consideram mais correcto. Já tomei a posição de acusar e a de vítima.
Eu, a única mulher na sala, em frente a um grupo de 7 homens, falando de sexo (não do acto, claro…), género e afins enquanto passo resmas e resmas de slides com imagens reais do mundo que nos rodeia, enquanto mostro definições de dicionário de palavras que todos achavam conhecer bem o significado.
Agora só falta eu acreditar mesmo que tais coisas sejam mesmo possíveis, seja em casa, seja no trabalho, seja onde for.
No meio disto tudo, descobri que o mulherio tem um novo problema. E não é pequeno.
Há por aí uma nova geração de homem que entende que não lhes cai um testículo se por acaso fizerem o jantar ou ajudarem a limpar o pó. Há uma nova geração de homem que não atribui às mulheres a responsabilidade de certas tarefas, assumindo eles apenas o papel de ajudante. Há uma nova geração de homem que sabe que não há mal nenhum em se mostrarem menos machos.
Minhas Senhoras, estamos fodidas.
Há aí uma nova geração de homem que finalmente percebeu que tem mais a ganhar em ser menos “homem”. Que aprendeu que nós ficamos todas caidinhas por homens capazes de coisas dantes apenas sonhadas por nós, apenas conversadas e desejadas nas idas em grupo às casas de banho de bares e discotecas. Há aí uma nova geração de homem disponível para nos ouvir, para falar, para saber dobrar meias, para abraçar e ajudar a escolher botas.
Estamos fodidas.
A única coisa que ainda me dá algum tipo de alento é saber que nós conseguimos ser tão estúpidas para quem nos quer bem quanto os homens. Talvez acabemos por conseguir matar esta estirpe masculina pós-moderna armada aos cucos para não corrermos o risco de vermos salários iguais em trabalho igual, de vermos a roupa apanhada quando chegamos a casa ou de não ouvirmos risota quando achamos que o carro está a fazer um barulho estranho. Era o que faltava!!
As mulheres são as educadoras da humanidade. Mas agora há por aí um qualquer movimento composto por rebeldes cheios de causas que contrariam o que lhes vai sendo incutido e mostrado como sendo o “normal” para depois nos despirem de argumentos e de razão quando gritamos “és mesmo homem!!” respondendo logo com um orgulhoso “não sou nada!!!!”.
Minhas Senhoras, o tempo é de luta! Vale tudo!
Eles andam aí!!!! Todo o cuidado é pouco!!!
Mulheres, às armas que estamos em guerra!!!
Eu definitivamente não sou a melhor pessoa para dar este tipo de formação. Mas eles, ao que parece, estão a gostar. Vá-se lá perceber.
7.11.09
Dominar ou Calar? Dominar.
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Destinada a dominar.
Parece que fazia parte do meu destino dominar… e não calar.
O que começou por sucessivos calares, transformou-se num murmúrio… depois em conversas e terminou numa espécie de reclamação.
Reclamação ouvida e devidamente registada, houve mais um calar para ver o que dali resultaria.
O resultado, nada benéfico, só me deixou uma hipótese: dominar a coisa, resolvê-la (à minha maneira e o melhor que pude dadas as circunstâncias) e terminar, em definitivo, com a mesma.
Ao que parece, estava destinada a dominar.
Ainda bem.
Nunca fui muito de calar, mesmo que sempre esperasse para ver.
Bom fim-de-semana, minha gente. Bom fim-de-semana.
3.11.09
De chave na mão.
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Domina ou cala.
Não te percas, dando
Aquilo que não tens.
Que vale o César que serias?
Goza bastar-te o pouco que és.
Melhor te acolhe a vil choupana dada
Que o palácio devido.
Fernando Pessoa / Ricardo Reis
É assim? Ou dominamos ou calamos? Sem meio-termo possível, tipo sesta a meio da tarde que remedeia noite mal dormida e permite que o resto do dia seja mais leve?
Lutamos pelo inalcançável, sabendo-o assim, na esperança de colhermos gloriosos tesouros caso a sorte e fortuna estejam de feição, fazendo de conta que nada é impossível, que tudo se consegue, que o que é nosso a nós há-de vir? Ou escolhemos bem as nossas batalhas de modo a não desperdiçarmos tempo e energia de forma vã? Escolhemos o que é seguro e controlável ou seguimos em frente, sem medos, prontos a aceitar o que nos tiver reservado?
Pegamos o metafórico touro pelos cornos sabendo que volta à praça no final poderá ser em glória, em ombros ou que, pelo contrário, pode até nem se conseguir sair da mesma sem ajuda? Pegamo-lo na mesma, aceitando ambos os casos, entregando-nos nas mãos de um destino em tudo maior e muito mais valente que nós? Confiamos que ele existirá para nós e que ninguém se esqueceu de nós no momento de escrever os destinos de cada um? Confiamos no sistema, entregando-nos de corpo e alma à causa de não sermos mais nada se não a causa em si?
Ou olhamos o bichano, e com ligeiro piscar de olho e aceno de cabeça, dirigimos-lhe um pensamento que diz que há batalhas que não é preciso serem lutadas para sabermos que a derrota nos aguarda, de sorriso na boca e machado na mão? Em pensamento, dizemos-lhe que não vale a pena cansar nenhuma das partes evitando-se assim que ambas digam “já sabia que assim iria ser” em relação aos seus resultados?
Dominamos, mesmo que solitários, banhando-nos na paz e sossego que apenas as certezas nos podem dar? Ou vamos dando e dando e dando na esperança de que alguém retribua dádivas permitindo-nos depois receber, receber, receber? O altruísmo, meus senhores e senhoras, é mito. É engano do espírito humano. Não existe. Temos sempre algo a ganhar em sermos altruístas. Sempre.
Passamos os dias a olhar a tal choupana sabendo-a nossa, ou divagamos pelo palácio vazio e ainda por pagar na totalidade? Dominar é acto contínuo; requer esforço e trabalho. O contrário, não. E o contrário não significa ser-se dominado…
Saudavelmente remediados e com avanços bem pensados e seguros, ou saltos de lebre sem nos preocupar o que esconde a moita?
Vou ou fico?
Tenho ou perco?
Sou ou deixo de ser?
Corro ou paro?
Falo ou calo?
Durmo descansada sabendo tudo arrumado e no lugar ou sonho pesadelos com tudo o que poderia ter sido mas nunca chegará bem a ser, nem nunca foi?
Olho e vejo ou olho e cego?
Admito ou nego?
Domino ou calo?
Domino ou calo.
28.10.09
PEACE and LOVE!!!!
imagem: google
Cá para mim, o mundo ando um cadito virado do avesso.
Ou então sou eu que cheguei àquela idade mística em que de repente o mundo começa a tomar outras cores, cores essas apenas visíveis agora que as minhas pupilas passaram a barreira das 3 décadas, ainda que por escassos meses!! Ando a aprender umas merdas giras sobre o mundo e sobre mim mesma!! Oh visão!!! Oh paz!!! Oh epifanias!!!
Atão não é que eu agora me encontro completamente nas tintas para certas coisas que dantes me afligiam e transtornavam o cérebro? Parece que fiquei imune. A estupidez humana, sob a forma de homens e mulheres crescidas, já não me aflige! Quer dizer, aflige, mas não ao ponto de espumar pela boca, ranger os dentes e concentrar-me em respirar fundo! Agora, sento-me, escrevo e-mail de pegar fogo, carrego no “send” e espero os resultados!
Ainda no outro dia fiz isso contra uma empresa que não executou um serviço e que me deve dinheiro há mais de um ano. Lá foi mail para a associação que representa o sector, para a federação que rege o sector, para os próprios e para todos os mails de empresas concorrentes que consegui encontrar! Foi uma espécie de “shit hitting the fan” em forma electrónica! Foi fantástico! Ahhh as maravilhas das novas tecnologias e das páginas amarelas online…! E eu nem me ralei!
Depois também houve o caso do meu bólide. A marca sugeriu que eu fizesse reclamação para a oficina. Eu recusei com base no facto de ter sido essa mesma oficina quem me tinha lixado a vida… Vai daí e envio mail para a SIVA directamente e não é que no dia a seguir tinha os senhores da oficina a ligarem-me para eu ir lá receber o dinheiro do gasóleo que me gastaram sem justificação? É claro que disse que sim, que ia, mas no dia seguinte a esse, lá foi e-mail dirigido à marca, à SIVA e à oficina recusando o dinheiro, mandando-os à merda, chamando-os de incompetentes e, num tom simpático e ameno, a desejar-lhe continuação de bom trabalho! E ainda sorri e ri e congratulei-me pela qualidade da prosa! (tenho rasgos de génio).
Há também a queda que mandei hoje no escritório! Ia eu muito bem na minha vidinha, prontinha para me meter com colega dirigindo-lhe uma qualquer boca meio foleira que já nem me lembro qual era, quando calcanhar esquerdo decide deslizar elegantemente pelo chão até bunda aterrar no chão, perna direita devidamente dobradinha para trás à lá Travolta. Parecia que estava eu no meio do Saturday Night Fever! Ria-me que nem uma tonta quando Boss aparece e me pergunta porque me estava a rir e o que estava eu a fazer no chão. Respondo que era porque achava piada a quedas, mesmo minhas, e que, neste caso, como não tinha aterrado de fronha no chão, estava bastante orgulhosa de mim! Ria e ria e ria! Colega que não tinha visto pergunta-me porque me estava a rir tanto e eu, no meio de gargalhadas e lágrimas, respondo que foi porque caí. Elogiou-me a atitude saudável e ficou a olhar com ar confuso, pasmado, e lá sorriu! Aí está o truque de impedirmos que se riam de nós quando mandamos grandes tralhos – é rir mais que os outros e pronto!
Ahhh! E também há o caso do gajo que, no trânsito, estando eu ao telemóvel (com auricular) e de vidro aberto por estar a fumar, me chamou “fofinha”!!! Fofinha!!! Eu lá sabia que havia gajos que chamavam Fofinha às gajas! Fiquei totó de todo!!
Ahhh como o mundo é lindo! É só aprender, aprender, aprender!!! E sorrir, sorrir, sorrir!!!
Fantástico!!!
(cabrões filhos da puta dos gajos lá de Évora que não me pagam o que devem quase que parecem os estúpidos de merda dos parvalhosos da seat e da oficina, ‘ós cornos!!! E ainda me dói a merda do pulso por ter levado a mão ao chão antes de regueifa lá ter chegado. Caredo merda pra isto porra, pá. Foda-se!!!)
20.10.09
A Vila
Chovia que nem cornos.Passava das 2 da manhã, mas o Padre André Miguel ainda estava a acordado. Estava à janela, a ver o que havia para ver e a desejar ver o que ainda não conseguia ver.
Estava na Vila há pouco tempo e ainda não conhecia bem a sua paróquia ou paroquianos… Valia-lhe a ajuda preciosa de Senhora Muito Beata que, mal ele chegou, se ofereceu logo para passar as noites em animadas rezas e dignificando a glória de Deus na terra. Pelo menos era assim que ele gostava de pensar na coisa… custava-lhe menos a penitência... tanto a ele como a ela, a quem ouvia as confissões e se sentia sempre na obrigação de dar um pequeno desconto da casa por haver circunstâncias atenuantes...Não era o único que estava a acordado.
Do outro lado da vila encontrava-se o Padeiro, bem coberto de farinha e trabalhando afincadamente. Mas hoje não era para as bolinhas de mistura que ele trabalhava… não. Hoje trabalhavam nas dele… No meio daquilo tudo, o que ele mais gostava era olhar-se e ver que havia sempre uma zona do seu corpo que resistia à invasão da farinha… Achava tanta piada àquilo que passava o tempo a atirar com mãos-cheias de farinha para o ar e a gritar “Está a nevar!! Está a nevar!! Ai que frio!!! Ai que se me cai o termómetro!!”. Enfim. Era um padeiro muito carismático e cheio de jeito para amassar… o que lhe aparecesse à frente.
Num dos outros lados da vila, acordada também estava a Dona Ermelinda, viúva do Sr. Ermelindo (feliz acaso do destino, tanto os nomes como o facto de ser viúva).
Tinha apanhado o vício de ver as Televendas até altas horas da manhã, fazendo-se acompanhar por garrafita de Abafadinho e pevides. Apanhava pielas de três em pipa e não era raro encontrá-la, de copo de cristal em punho, a vaguear as ruas da vila declamando Camões e bradando os mais recentes êxitos de Tony Carreira. Ainda que a dicção ficasse ligeiramente comprometida, o tom que empregava estava quase sempre certo. Tinha sido professora de música e era tão perfeccionista que enchia sempre o seu copo com Fá-Menores de Abafadinho porque achava que isso soltava melhor os aromas da poção, tudo testado a toque de colheres de prata com suaves tlim-tlim-tlrins até acertar na quantidade certa. Ia, nesta noite, no seu 4º Fá-Menor…
No último lado da vila estava a Senhora Dona Porfíria Prazeres, ex-prostipega da Nacional 347 que, após infeliz encontro com touro bravo fugido de herdade das proximidades enquanto realizava atendimento a cliente encostada ao pneu suplente de Camião Scania de 1976, decidiu que não tinha perfil para forcada e prontamente encerrou a sua actividade para nunca mais voltar ao local. Reformou-se com pompa e circunstância, tendo convidado toda a Vila para festejar tão desejado acontecimento. Toda a vila compareceu, vestida a rigor, oferecendo presentes e conselhos considerados úteis à Senhora (coitada).
Chovia que nem cornos e enquanto uns dormiam, outros arranjavam motivos para se manterem acordados. Era assim todas as noites na Vila.Mas nesta noite, em que chovia que nem cornos, o destino interveio e nunca mais nada foi igual
(TARADO)
Nessa noite o senhor Foca, chega com grande aparato atrás do camião das mudanças. Mudou-se para a casa que acabava de vagar por baixo da residência da dona dos "Prazeres". O antigo morador, sr. Custódio, tinha desaparecido sem dar notícias a ninguém. Dizia-se discretamente que se tinha metido no jogo e com a máfia do casino local... e eles não perdoam. "Matam à colherada" - diziam a sussurar a cusquice.
Ainda chovia que nem cornos.
O Sr. Foca, decidiu mudar-se precisamente hoje. E um furo no camião das mudanças tinha atrasado a mudança. Pior. Teve de cancelar o jantar com a sua namorada, por sinal 25 anos mais nova que ele. Tinha frequencia no dia a seguir e já era tarde.
No camião pouco mais trazia do que a mesa de cozinha que seus pais lhe deixaram, a secretária que o acompanhava desde os anos de professor (antes de ser expulso por se envolver com uma aluna), e um cama de ferro de aspeco desconfortável.
"Logo nesta noite porra" - falou consigo próprio. Mal sabia ele onde se estava a meter. É que hoje, precisamente nesta noite, sería certamente a pior para o fazer.
(PKB)
"Como chovia que nem cornos, toda a mobília do professor estava molhada. Os tipos das mudanças não tinham coberto os móveis com plásticos e o pequeno percurso entre o camião e a casa era irrelevante. Chovia como cornos e nada havia a fazer. O professor, de seu nome Policarpo Helisondo, estava encharcado, a mobília encharcada estava e não havia uma toalha que fosse com que pudesse secar-se. As roupas vinham na segunda-feira. Tinha trazido apenas um saco com algo para trocar e nada mais.
"Que porra de tempo", pensou... e enquanto estava entretido nestes pensamentos banais, ouviu um som... pensou que o vizinho estivesse a ver a "Lei & Ordem" com volume demasiado alto... mas depois apercebeu-se que era real. Tinha ouvido um tiro e na rua jazia um corpo, a esvair-se em sangue, lavado pela chuva
(FISHERMAN)
Durante os festejos realizados na casa da Dona Porfiria, apareceu o Carlos, um antigo cliente da prostipega da nacional 347 e dono de um camião SCANIA. Uma pessoa que ela não contava ver além de cliente tinha-se tornado um amigo nas alturas em que escasseava a clientela e o estômago apertava. Carlos o camionista vinha-se declarar assim que soube da vontade que a Dona Porfiria tinha de abandonar a sua vida de pega. Ela não gostou, pois ao ver o Carlos fazia com que lhe viesse ao pensamento a nacional 347. Carlos desgostoso saiu há rua chovia que nem cornos.. a caminho do camião e com a falta da visibilidade o Carlos desapareceu.
(TARADO)
Olhando atentamente pela janela, usando os binóculos que tantas vezes havia usado para espionar a janela das casas de banho das raparigas a partir do 5º andar da faculdade, viu que se tratava do homem do camião das mudanças. Tinha sido alvejado. Ainda mal o Foca se tinha recomposto da molha que tinha apanhado, e viu-se na obrigação de ir à rua tentar ajudar o homem como se tal fosse possível. Estava preso na indecisão entre fazer o que achava correcto e o seu espírito de sobrevivência. Começava a recuperar do choque e decidiu fazer o que lhe pareceu mais correcto na altura. Fazer de conta que não era nada com ele. Os minutos passavam. Pareciam horas. Ninguém vinha acudir o homem. Foca começava a ficar realmente angustiado. Não era normal em si, que sempre foi um pouco egoista. Decidiu espreitar mais uma vez. O homem já lá não estava. Havia um rasto de sangue até à porta do seu prédio. O telemovel toca. Era a Susana. Atende. - Ois grosso - a Susana começa do outro lado - Olá amor. Então? Já estudaste tudo? - Não pá. Fonix. Não me consigo concentrar. Só penso em ti. - Eu tb estou com saudades amorzão. Nem imaginas o que aconteceu aqui. - Olha por fala nisso vou até aí. Preciso de carinho. Até já. - Espera. Linda? Não venhas já.... - tarde de mais... tinha de
(ME)
O Ex-cliente da Dna Porfíria Prazeres, Carlos o Camionista, tinha uma negociata com um primo afastado. Alugava-lhe o camião para de vez em quando fazer uns serviços de mudanças e de vez em quando o outro lá ia pagando. Mas Carlos o Camionista Scania das Mudanças tinha desaparecido e a única coisa que restava de tal fatalidade era o rasto de sangue que devagar devagarinho ia desaparecendo da rua devido à chuva.
Enquanto o Foca esperava e desesperava, no andar de baixo algo de muito frenético de passava.
Dna. Ermelinda, tomada por mais uma das suas vontades de declamar poemas às tantas da manhã, tinha saído de casa com o seu copito de Fá Menor, pronta a declamar o que haveria para declamar, mas rapidamente os seus planos foram alterados. Após apenas 3 estrofes d'Os Lusíadas, tropeça, cai e aterra bem em cima da cara do Carlos Camionista. Quando olhou para baixo e viu um homem deitado por baixo dela, Dna. Ermelinda largou um grito, agradecendo a Deus por finalmente ter dado resposta a tantos anos de rezas e sacrifícios animais.
Olhou à volta... não viu ninguem. Encharcada até aos ossos, tanto em água como em álcool, arrasta Carlos o Camionista até casa com intenção de se vingar de anos e anos de televendas pela noite fora.
Coloca-lhe uma mordaça na boca, lava-o bem lavadinho. Repara numa ferida, no abdomen. Sangrava com algum afinco, mas como a coisa parecia apenas um anorme arranhão, Dna. Ermelinda tratou da ferida e foi fazer chá. O seu achado estava geladinho.
Carlos o Camionista afinal não estava morto. Tinha-se esquivado a uma bala.
Toda a vila, por esta altura, estaria já quase na hora de acordar.
O Sr. Padre estava triste por não lhe ter aparecido o que ele queria que aparecesse.
O Foca estava triste por lhe ir aparecer o que ele não queria que aparecesse.
Dna dos Prazeres estava triste porque achava que tinha tratado mal o seu pretendente.
Apenas Dna. Ermelinda sorria, a bom sorrir, com o piteu que tinha pescado da rua.
(FISHERMAN)
Dona Ermelinda ainda com dificuldades em digerir todos estes acontecimentos, repara que Carlos começa a dar de si. Ermelinda com medo da reacção e ainda sem saber bem o que fazer arruma com rolo da massa nos cornos do Carlos, colocando-o inconsciente mais uma vez.
Ai de mim que matei o homem ai de mim que matei o homem…
Susana ao passar pelas ruas da vila indo ao encontro do seu Foca ouve a Dona Ermelinda aos gritos…
fica em pânico, todos sabiam o que o pânico fazia a Susana, correu para a igreja, encontrou o Padre, espantado ele diz - deus é grande.
Susana sem saber o que fazer agarra-se ao padre
(TARADO)
O Padeiro, já estava farto de amassar bolas e de bater umas à pala de um poster da Samatha Fox que de tão velho que era, já não se desinguia os mamilos do resto da teta tal a descoloração.
Ninguem na aldeia sabia, mas a velha receita de família que tanto gosto ao pão dava, não era concerteza nenhum pó mágico, nenhuma farinha especial nem mesmo alguma mistura. O seu pai tinha um ditado: "o que os olhos não vêm a boca agradece".
O Padre André era o seu melhoir cliente. Pedia sempre ao Padeiro que lhe colocasse um pouco de condimento secreto extra porque dava um sabor mais apurado ao pão que gostava de comer com doce de tomate.
O Padeiro estava finalmente cansado e quase a abrir as portas. A chuva la fora continuava a cair forte e feio. Como já conhecia os cantos à casa, foi fechar a porta da arrecadação onde guardava a farinha e frascos congelados do seu condimento especial. Quando chovia entrava 1 a 2cm de agua o que era suficiente para fazerem as baratas e as ratazanar subir para a loja.
De repente assusta-se com um estrondo na porta. E outro. Alguém batia fern+eticamente na porta de vidro acabada de por na semana anterior. "Foda-se pá!? Quem é o palhaço que me esta a dar cabo da porta?". Assim que chegou perto conteve-se. O Tenente Martinho estana à porta e com cara de poucos amigos. Teria alguem descoberto o seu segredo?
(CANTADOR DE DESGARRADAS)
Mas nem tudo era chuva, nem tudo era sexo.
Policarpo Mendes, funcionário das finanças, pensava na professora que há dias se tinha mudado para a vila. Estava hospedada na Pensão Residencial D. Clarinha, quartos com TV e comida caseira, tal como ele.
A professora tinha chegado, de cabelos soltos e vestido largo, num dia de sol, óculos em cima dos loiros cabelos e mala com rodinhas, saíra do expresso mesmo à hora em que ele saíra do serviço, de fato e gravata como convém a qualquer funcionário das finanças.
A chuva e a professora e a solidão do quarto, antónio_nobrearam-no em menos de nada, suspirava e chegava à conclusão que se tinha apaixonado.
Mas não fazia ideia de como declarar este amor, nem sequer de como chegar à fala com a dita professora, de seu nome Vanessa, de seus seios bem fornecida, de seu rir bem alegre.
Policarpo Mendes estava num reboliço...
(ME)
Susana, enquanto agarrada ao Padre e a tremer que nem varas verdes, ia contanto que tinha visto a vizinha de baixo do seu amado aos gritos com homem atado a uma cadeira. O Padre, olhando para cima, só disse: Vai barda merda oh, pá que não era para ouvir confissões que eu tanto rezo.
Mais calma, Susana convence o Padre a ir com ela ver o que se passa.
Ainda em casa, Dna Ermelinda, já na segunda garrafa de Dó-Ré-Mis, olha o seu prisioneiro e decide que não é com galo na cabeça que o quer. Vai buscar um dos chapéus de seu falecido marido e prontamente tapa a tapa que lhe deu.
É enquanto se começa a despir que Susana e o Padre chegam à janela e vêem todo aquele preparo.
- Dna. Ermelinda!!! - grita o Padre
- Vai-te cagar que este é meu! - responde Dna. Ermelinda, fechando a janela.
Sobem até ao andar de cima onde estava o Foca, focadíssimo numa mini de litro para tentar ultrapassar a crise de nervos que estava a ter.
- Meu amor! A tua vizinha de baixo agarrou num gajo, prendeu-o a uma cadeira e agora está-se a despir para o coitado! Fui chamar o Padre, não fosse aquilo ser pecado e tal! - disse Susana assustada.
- Ahhh.... não sei de nada! Não sei de nada!!
- Desculpa lá, oh Sr., mas acho que não o tinha visto antes. Nem a si nem a este bela jovem que o acompanha. - interrompeu o Padre.
- Ahhh! Desculpe! Sou o Foca e esta menina é a minha menina. Como vai Sr. Padre?
- Já estive melhor. Muito melhor! Então, se calhar vou ver da polícia para ver se resolvemos aqui o berbicacho em baixo. Até um dia destes! - despediu-se o Padre.
- Intés!! - despediram-se Foca e Suana em uníssono.
O Padre lá foi percorrendo as ruas da vila, encaminhando-se para a esquadra. Pelo caminho, reparou que havia luz na Padaria do Padeiro e decidiu, já que estava ali, né?, aproveitar para comprar o seu pãozinho especial. Aproximou-se da porta e reparou que estava por lá o Tenente Martinho a falar com o Padeiro.
- O que é que andas a meter no pão, meu cabrão?!!? - bradou o Tenente.
- Farinha... água... e um sal especial ... nada mais!! - respondeu o Padeiro assustado e agarrado a pão de quilo como se fosse a sua salvação.
- Cala-te meu aldraboso! Qual sal especial qual quê!!! Pensas que eu não sei que tu andas metido com o Policarpo Mendes, o maior traficante se farinha do hemisfério sul!??! Pensas que não sei que andas a usar farinha falsificada?!?! Tu e o Policarpo Mendes estão metidos nisto até aos olhos! Admite a tua culpa agora ou levo-te já para a choça! - ordenou o Tentente.
- Ahhh... não sei de nada... não sei do que fala... - respondeu o Padeiro. Olhou para a porta e viu a cara do Padre, lívida, a olhar para dentro.
- Sr. Padre!!!! Bom dia!!! Por aqui?!?!? - sorriu o Padeiro.
O Tente vira-se e, vendo o Padre, faz vénia enquanto declama 2 avé marias (hábitos). O Padeiro, previdente, aproveita e atira com o pão de quilo à cabeça do Tentente, fazendo-o cair redondo no meio do chão.
- Vá, anda para dentro. Temos de ver o que vamos fazer com este gajo! Como é que o cabrão descobriu o nosso segredo?!?! - suplica o Padeiro ao Padre.
Susana tinha estado com Policarpo nessa tarde, antes de ir ter com o seu Amado Foca. Tinha ido às finanças com a desculpa de ter IRS para entregar. Policarpo Mendes, que quase que desmaiava sempre que a via, aviou-a tão bem ou tão mal ue chegou à conclusão que ela teria era a receber, e não pagar. Voluntariou-se logo para pagar a dívida do estado e rapidamente encaminhou a pequena Susana para a sala dos materiais. Explicou-lhe que o meio de pagamento teria de ser faseado, por prestações, e que ela teria de ir ter com ele todos os dias durante 4 semanas. Pensando que ele a achava uma parvinha, Susana sorriu e disse: Sim, Senhora, senhor das Finanças. Estou às suas ordens! e prontamente levantou a saia e baixou as cuecas, pronta para a primeira prestação... Pelo meio de tantos cálculos, Policarpo Mendes terá deixado escapar qualquer coisa sobre farinha que não era farinha, Padre que não era assim tão Padre como tudo isso e Padeiro que fazia muito mais do que padeirar... Susana, após ter saído da sala dos materiais, encaminhou-se para a esquadra e chibou-se toda ao Tenente.
Mas não era por ser boa cidadã.... Não. Também ela tinha interesses a defender e agora que tinha o Policarpo na mão e o seu Foca no papo, estava pronta para realizar o seu grande plano.
Carlos o Camionista acordou quando Dna Ermelinda lhe bateu com um dos seios na cara. Estava a dançar ao som de Sevilhanas e entusiasmou-se.
- Oh cariño... mi gusta tua manos, cariño... - cantava ela.
- Estão atadas, oh velha pataroca! - respondeu ele.
- Não seja por isso! Se mi queiris, soy tua!!! - respondeu Dna Ermelinda atirando-se ao moço como se ele fosse um chupa... e foi, durante uns perplexos minutos ém que Carlos o Camionista não sabia bem onde se enfiar...
(CANTADOR DE DESGARRADAS)
A D. Clarinha aproveitou e mandou chamar o cabo da guarda: TINHAM-LHE DESAPARECIDO DOIS GATOS DE LOIÇA QUE ESTAVAM EM CIMA DO APARADOR!
E agora? O Policarpo disse que ela tinha feito bem, depois te ter visto o sinal de concordância que a sua amada Vanessa tinha feito com a cabeça, aproveitando também ela esse gesto para adejar os cabelos e, assim, mais pôr em rebuliço (reboliço? rebuliço? ó cum ca...raças!) o pobre do Policarpo.
Acho que a D. Clarinha fez muito bem, não acha, menina Vanessa?!
Ela virou-se para ele e perguntou-lhe: "Senhor Policarpo, quem é o Padeiro? E quem é a Dona Porfíria?
Era sobre esta que ela queria saber coisas, a pergunta sobre o padeiro foi para despistar.
(TARADO)
A Susana, nunca foi flor que se cheire. Com apenas 19 anos, já tinha um historial de amantes e de jogos de sedução que não chegava para relatar num rolo de papel higénico da Scotex.
Começou a aprender esta arte com sua mãe. Esta tinha por arte a sedução de homens ricos da alta sociedade, os quais depois chantageava por dinheiro ameaçando escandalos. Fez uma vida farta e ensinou tudo o que sabia à filha desde tenra idade. A filha com 13 anos já ajudava a mãe a seduzir os seus alvos. Era ela quem acabava por instalar todo o aparato multimedia de filmagem e fotografia que a mãe depois usava para criar as provas necessárias à chantagem.
Antes da maior idade já se tinha habituado a seduzir os seus professores e colegas de turma. De ambos os sexos. Mas sempre foi ajuizada. Nunca se envolveu romanticamente com ninguêm. Nao para álêm dos amassos. A mãe ensinou-a na arte de seduzir mas nunca dar nada em troca. E assim poupou-se de forma pouco comum para os tempos que correm, até aos 18 anos.
Foi precisamente no diz em que fez os 18 anos que começou a sua aventura de ninfa. Não ia com todos mas ía com alguns e muitas vezes. Mas tal como a sua mãe lhe tinha ensinado, não dava ponta sem nó e tudo o que fazia era cuidadosamente planeado. O Foca não fazia parte de plano nenhum. Até agora, Era seu porto de abrigo. O unico a quem nunca conseguiria dizer não. Não era paixao, mas vicio.
Infelizmente para o Foca os motivos que a traziam a sua casa hoje viriam a mudar este cenário. O Foca era parte do seu plano. Tinha de ser. Só assim fazia sentido.
Depois de matar as saudades que tinha, varias vezes, decide ir falar com o padeiro. Estava na hora de começar a agitar as aguas.
(CANTADOR DE DESGARRADAS)
Era mais ou menos sabido, que a Dona Clarinha tinha um fraco pelo Policarpo e, claro, não via com bons olhos aqueles olhares dengosos com que ele despia a Vanessa.
A Dona Clarinha era assim para o anafado, como convém a qualquer dona de pensão, cheia de pulseiras a tilintar, umas mamas deste tamanho, que ela mostrava dentro do possível. O Policarpo, magro, penteadinho, cabelo liso e rsica ao lado, tinha um medo dela que ninguém imaginava. Muitas vezes acordava de noite, o suor a escorrer-lhe pelo corpo, com um pesadelo que era sempre o mesmo: e Dona Clarinha, que tinhas as chaves de todas as portas dos quartos, entrava-lhe pelo quarto dentro e atirava-se para cima dele gritando, "Toma-me, Policarpo, toma-me.." e ele, sem saber que fazer, no sonho ou fora dele, acordava assustado que nem um pardalito em dia te trovoada.
De modo que a Dona Clarinha tinha-se servido dos gatos de loiça, que já vinham do tempo da sua avó (da minha avó que Deus tem, dizia ela, benzendo-se) para arranjar maneira de afastar o Policarpo da flausina da Vanessa, quem é que ela pensava que é, ainda agora chegou à pensão, já pensa que isto é tudo dela, é Dona Clara, olhe as toalhas do meu quarto, é Dona Clara olhe isto, olhe aquilo, nnmguém me chama Dona Clara senão a putinha, eu já lhe faço a cama, ou não me chame Clara Assunção Fagundes, Fagundes por parte do meu pai, por que sou filha de mãe incógnita.
(DESINFORMADOR)
Amanhece na vila, e continua a chover como cornos. São 7h23.
O Tenente, que tinha passado pelas brasas na sua secretária, acorda de mais uma noite mal dormida, e após uns segundos para se situar, afasta a cadeira esconça que range por todos os lados e cambaleante dirige-se à casa de banho da esquadra. Esses breves minutos usa-os para delinear a agenda do dia.
Entretanto o Padeiro executa as ultimas tarefas antes de ir fazer a ronda dos clientes habituais, a quem se supõe que deve entregar o pão fresquinho que cozeu nessa madrugada. Coloca uns aparentemente deliciosos pastéis de nata em tabuleiros, São Marcos, Rins, Croissants recheados com chocolate e afins...
Entre tanto toca o telefone na secretára do Tenente. Uma voz familiar diz: "Foi atingido a tiro um homem a tiro esta noite, e vocês inuteis nem se deram ao trabalho de sair da toca! Vocês são o que os franceses chamam de: Les incompetents!"
E ouve-se um clique e um sinal intermintente de comunicação terminada... o interrumpida abruptamente!
(ME)
Na sua ronda, o Padeiro retira uma caixa especial e bate à porta da sacristia. Abre-a o Padre, esfregando as mãos e lambendo os lábios.
- Trouxeste?
- Trouxe. – respondeu o Padeiro.
- Aquela gaja… a do Foca… A Susana… essa gaja ainda vai desbroncar aqui a cena toda… Ela viu como fiquei quando se atirou para os meus braços! Padre que é Padre não fica assim!!
- Cala-te oh inútil. Claro que fica… Não te preocupes com essa… eu trato dela… Aliás, acho que o das Finanças já lhe deu um aquecimento… Não te preocupes com nada. – mandou o Padeiro. Entregou o que tinha a entregar e foi-se.
Enquanto isto, Dna. Ermelinda jazia cansadíssima no chão aos pés de seu refém. Carlos o Camionista, ainda preso à cadeira, completamente nu mas com a boca livre, gritava que se desunhava pela libertação.
No andar de cima, empreendiam-se negociações… Susana expunha o plano… Foca fingia não ouvir os gritos do Camionista enquanto imaginava as atrocidades que a bêbeda da velha lhe fazia.
Do outro lado da Vila, Dna Clarinha engendrava o seu plano maquiavélico enquanto sorrateiramente abria a porta do quarto de Policarpo, segura de que ainda estaria a dormir. Entrou e aproximou-se da cama. Estava em tronco nu. Enquanto rezava aos santinhos que o resto também estivesse nu, levantou cuidadosamente o lençol que mal o cobria e espreitou.
- Santa Pila dos Céus!!! – exclamou quando viu o que viu
Policarpo remexeu-se e virou-se de barriga para baixo, levando com ele aquela vista tão cheia de coisas para ver. Dna Clarinha sorriu e apenas pensou no divertimento que iria ser ter aquilo tudo só para ela um dia destes.
No quarto do andar de cima, Vanessa tomava duche, massanjando-se suavemente com óleo de amêndoa e banha de porco para ficar bem suavezinha (truques).
O Tenente, após o telefonema, sentou-se e chamou o Cabo.
- Xim, meu Comandante! - respondeu ele prontamente, ainda de cuecas mas já com bastão atado à cintura.
- Houve um homicídio na Vila!
- Impoxível, meu Comandante. Ninguém xe queixou de nada!
- Vai ver quem morreu! Já! - ordenou o Tenente.
- Xim, meu Comadante!!! - respondeu o subalterno enquanto se escapulia pela porta.
O Tentente, confiante que mistério seria prontamente resolvido, volta para a casa de banho e empoleira-se na sanita para ver a menina Vanessa a esfregar-se toda bem esfregadinha. A esquadra ficava do outro lado da rua da pensão e com os binóculos, conseguia espreitar para dentro da casa de banho do quarto da moça.
-Ahhh canina... ahhhh canina... - sussurava ele enquanto tentava não cair da sanita abaixo.
Enquanto isso, outro telefonema. Desta vez, era Susana quem ligava, disfarçando a voz...
(TARADO)
A Susana chega ao Padeiro e vê que estranhamente a porta encontra-se aberta mas ninguém na loja. Entra e desde as escadas que dão para a arrecadação. Era curiosa como um raio e já sabia que algo se passava. As coisas estava a correr bem.
Chega ao final das escadas, que não paravam de ranger pese embora muito pouco (56 kg para 1.74. só tinha pena de ter cu pequeno). Descer aquelas escadas fez-lhe lembrar os tempos de novita em que tentava, em vão, em casa da mãe, chegar à sala para ver os filmes que a mãe via as escondidas... mas a mãe era mais esperta e conseguia sempre mudar de canal antes que ela pudesse ver alguma coisa.
Chega à porta da arrecadação e abre uma pequena brecha.... eis que apanha o Padre e o Padeiro a torturar o Tenente Martinho. O Padre estava a espalhar cera a ferver no peito peludo do tenente, enquanto que o Padeiro enchia um alguidar com agua a ferver.
- Mas que raio de história vem a ser esta - diz o Padre com ar autoritário ao mesmo tempo que pega numa banda de depilação e arranca sem apelo nem agravo a maior parte dos pelos do peito do seu lindinho.
- Arghufffgggggggtaaahhhhhgaggaaaaaaa - disse o Tenente com ar convencido da dor que estava a ter
- Ah tu és desses Martinhozinho - diz o padeiro ao mesmo tempo que senta o tenente no alguidar de agua a ferver.
- GAAAaauuuhhhhuhhhhgaaaaaaa - dis o tenente agora perfeitamente sintonizado com a tortura que lhe estavam a fazer
- Porra pá - diz o Padre. Mas como é que ele descobriu ó Tony?
- He pá... não sei. Nunca pensei que ele descobrisse que na realidade o segredo era a nhênha!
- Desculpa? Nhênha?
O Padre estava vidrado.
- Tony... tu estas a dizer que o condimento secreto... é nhênha? Tu estas a brincar não estas? Diz-me que estás a brincar e que o condimento era a droga que eu te dava. Diz cabrão de merda!
O padeiro ainda estava a recuperar do choque. Tinha acabado numa assentada de dar cabo do seu negócio mais proveitoso... o de impingir ao padre pão com nênha inspirada na Samatha Fox e a venda da droga que ele lhe dava.
- Ó André. tem lá calma pá. O teu pão era sempre especial por causa disso mesmo. O teu é mesmo daquele.
- Então e para o resto da malta?
- Não queres que eu diga pois não?
- Não quero nem ouvir nem ver. Vou-me embora - apagando o cigarro que fumava num dos mamilos do Tenente
- Gahahhhhhtaaaaaafuaa - Dis o Tenente como que a agradecer
- Cabrão de merda - diz a padeiro. Foi o que ele disse caso não tenhas percebido.
- Abençoado seja - diz o Padre e sai porta fora.
Nisto sente uma dor agonizante e fica como que paralizado. A Susana tinha apanhado os tomates do Padre na mão e apertado com toda a força. Passou-lhe com a lingua dentro do ouvido e disse muito baixinho:
- Estás na minha mão. Agora és a minha vaca e fazes o que eu quiser.
O padre nem susurrou. Afinal... fazia já alguns dias que alguém lhe agarrava no material com aquela violencia. E ele estava com saudades.
(CANTADOR DE DESGARRADAS)
Policarpo Mendes sonhara na última noite que a Dona Clarinha lhe entrara pelo quarto dentro e lhe estava a ver as partes púdicas. Envergonhado, mesmo no sonho, deitou-se de barriga para baixo.
No outro dia de manhã, achou que talvez tenha sido mesmo verdade e olhou para a Dona Clarinha, quando ela lhe sernis o croissant com café com leite. Não havia dúvida que a Clarinha tinha um olhar de gulosa, mas ele achou que talvez fosse devido aos croissants.
Sr. Policarpo, o senhor anda muito enganado com essa lambisgóia ada Vanessa. Você tem o que é bom debaixo dos olhos e não quer ver. Olhe que eu acho que a Vanessa gosta mais de meninas do que de meninos, digo-lhe eu, com esta experiência que a vida me de. Pelos olhares que ela deita à Susana, que é outra que tal, não se admire. Tome lá mais uma pinga de café com leite, bem precisa para encher esses músculos, tome lá...
E dito isto, enquanto entornava mais um pouco de leite na caneca do Policarpo, entornava também as generosas mamas por cima do ombro dele. E que mamas...
"Já apresentei queixa ao cabo da guarda por causa dos gatos de loiça que desapareceram e olhe que se calhar vamos ter uma grande surpresa, ou eu não me chame Clara da Assunção Fagundes."
O Policarpo levantou-se, olhou para a Dona Clarinha e disse-lhe: "esta noite sonhei consigo, espero por si logo, no meu quarto, para se acabarem os pesadelos..."
Enquanto noutros sítios da vila se desenrolavam cenas pouco edificantes, aqui, na Pensão Clarinha, quartos com tv e casa de banho, comida caseira, era o amor que imperava, o desejo contido, os olhares langorosos e um pouco de má língua, como convém a qualquer pensão.
A Dona Clarinha usava somente de má-língua, pois a boazona da Vanessa não queria meninas para nada. O que a Clarinha queria era afastar o Policarpo da órbita da Vanessa. Esta, que na escola tinha a menor taxa de faltas de alunos às aulas, sabia bem o que queria e como queria.
Não era o tenente, aliás,
Não percebo porque é que numa vila pequena há um tenente no posto da guarda. 4 guardas e um cabo e para quê um tenente. É assim que se gasta o dinheiro dos contribuintes, com o ordenado do tenente podia-se ajudar os pobrezinhos da vila, mas pronto, têm lá um tenente, que se f***.
Não era o tenente que a Vanessa queria, muito menos o padeiro. O Policarpo só lhe dava algum interesse, porque tinha ar de precisar de ser desmamado e isso punha-lhe os olhos a brilhar! O que a Vanessa queria era o cabo da guarda, 98 kgs de de gordura e músculos, um bigode que ia daqui até ali, o cassetete sempre pendurado à cinta, além da pistola, claro, e um voazeirão que assustava qualquer gatuno nas redondeza. A Vanessa imaginava-se triturada por aquele verdadeiro tanque de guerra, mas, por outro lado, as conveniências sociais obrigavam-na a ter cuidados. E para isso, para disfarçar, o Policarpo servia bem, vai daí, chegou-se à mesa dele e, para espanto da Dona Clarinha e dos outros comensais da pensão, disse em voz alta, "Policarpo, queres ir comigo ao cinema logo à noite?", às terças-feiras havia sempre cinema no salão dos bombeiros e o filme que passava chamava-se "Amor eterno" e era com actores indianos. Actores e o resto, até as lâmpadas de iluminar eram indianas.
O Policarpo mudou de cores, passou do moreno desmaiado para o amarelo, depois para o branco, avermelhou-se que nem um pimentão e, finalmente, esparramou-se na cadeira, outra vez moreno desmaiado e disse para consigo, "Estou fodido" e estava mesmo!
(DESINFORMADOR)
Bom, entretanto o Tenente levava já algum fora da esquadra, e o segundo Cabo Toni não percebia porquê. Era meio da manhã, continuava a chover como porcos e o rádio da esquadra, sintonizado num qualquer programa nacional, com os animadors a rirem a bandeiras despregadas de quem ainda estava atolado no IC 19.
E o Cabo Toni sem saber muito bem o que fazer... o Tenente era anti novas tecnologias, e nunca usava o telemovel. E desde que o orçamento foi cortado por um engravatadinho do Terreiro do Paço - facturas por pagar à PT, e outras empresas publicas de serviços, os telefones também sofriam cortes fequentes, e fazer uma chamada requeira uma solicitação em papel azul de 58 linhas.
A solução era dar uma volta pela pequena vila. Pegou na gabardina preta com um aspecto muito rasca, que comprou na feira semanal por 19 euros, depois de muito regatear ao cigano que pedia 49 euros, jurando que esta tinha saído dos armazéns muito conhecidos. Saiu porta fora, com as dobradiças a queixarem-se, e em cinco segundos ficou encharcado.
A primeira paragem foi a pensão familiar. O aspecto rústico faz-lhe lembrar a casa dos seus avós, e sempre que entra está à espera de encontrar uma mesa cheia de doces, bolos e sobremesas, arroz doce da avó, leite creme, bolo mármore, de chocolate acabadinho de fazer, ainda com o odor a pairar no ar, e a canela recém espalhada pelo arroz doce...
O resultado após duas horas a palmilhar toda a vila foi do mais desolador... o Tenente esfumou-se e aparentemente ninguém o tinha visto... De todas as pessoas com quem falou, quem pareceu mais nervosa foi a dona Susana, mas sendo ela uma pessoa nervosa por natureza, pensou que foi apenas ela mesma...
De volta à esquadra 3 horas depois, quase hora de almoço, e o Tenente sem aparecer... e de repente lembrou-se que nessa manhã, o tenente lhe disse que tinha recebido uma chamada, reportando um homicídio...
Será que ele está a seguir uma pista? Ou foi apanhado pelo assassino? Por agora não tinha nenhuma pista, e o primeiro-cabo estava mais interessado em outros mistérios mais carnais...
(TARADO)
- Pois é padreco. Como é? Isto de ser uma rapariga estudante na flor da idade tem muitos custos. A minha mensalidade tem de ser aumentada. A mesada que a minha mãe me dá mal para o telemóvel e o carro. Ou dás-me 500 euros por mês ou divulgo o vídeo que fiz com o telemóvel das vossas práticas sado. E nem pensem em sacar-me o telemóvel que um amigo meu já tem uma cópia.
O Padre estava feito. Com os tomates doridos e a ser chulado por uma pita de 19 anos.
A primeira parte do plano da Susana estava feito.
De volta ao apartamento do Foca, pelo caminho ainda teve de responder ao cabo se tinha visto o tenente. Estava-se a cagar para o tenente, mas quando viu o cabo quase lhe dava uma coisa má. É que na carteira levava já parte do pagamento do Padre. Um saco de coca.
- Foquinha amor. Isto está a correr melhor do que eu pensava. Curte isto. - Mostra o vídeo ao Foca.
- Ena pá... olha... tive uma ideia. - Logo ali Foca criou um plano para salvar o tenente e com isto ganhar pontos com ele. É que ainda faltava a segunda parte do plano e ter a policia do lado deles era uma arma a não menosprezar.
O padeiro nisto continua a depilar o tenente. Estava entretido. Mas lembra-se que a ausência do tenente e dele ao mesmo tempo podia criar uma situação em que ele não teria um álibi quando dessem por falta dele. É aqui que decide ir distribuir o pão como de costume. Já muito tarde a sua desculpa seria de que o forno tinha avariado por causa da chuva. Estava tudo bem pensado. E assim fez e pôs-se porta fora sem reparar que tinha as calças cheias de cera depilatória e sangue.
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