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Estou chateada. Apetece-me desancar. GREVE DESCONVOCADA ATÉ VER. Pronto (nunca gostei de sindicatos chatos…).
Tema de hoje: Gajos e Gajas, ou seja, Pessoas no Geral.
Ahh pois é. Tema recorrente e bastante aprofundado aqui neste espaço cibernético, mas que, mesmo assim, vale sempre a pena voltar a remoer… ou não fosse também eu Gaja… remoer faz parte do nosso código genético logo a seguir à parte de como bem fingir orgasmos.
Situação 1: Piropos (não que eu tenha sido alvo de algum nos últimos tempos, o que me deixa preocupada, mas não ao ponto de necessitar de referir isso aqui até porque ninguém me lê e muito menos sabe quem eu sou. HA!)
Exemplo: Numa qualquer rua movimentada de seja onde for.
Diz o Gajo: Oh Boa! Papava-te toda agora e aqui mesmo em cima da sarjeta! (se não tivermos em conta a assinalável poesia deste tipo de afirmação, porque essa distrai-nos, podemos até ver que a perspectiva de se ser papada em cima de uma sarjeta talvez seja o sonho de Qualquer Gaja – sub-tipo 3.2 na classificação de Gajedo).
Responde a Gaja (tem de ser das que não têm este tipo de sonho, claro): Vai-te-cagar-oh-porco-nojento-da-merda-impotente-da-piroca-deves-pensar-que-estás-a-falar-com-a-tua-mãe-oh-pila-mole!
E pronto. Problema resolvido. Ou isso ou então, se for uma Gaja Séria (sub-tipo 4.9), faz de conta que não ouviu e o Gajo fica a rir-se de a Gaja não ter respondido porque é isso que se espera de uma Gaja Séria. Não que ele a considere Séria, não. Ele apenas sabe que a “sociedade” não admite que uma Gaja Séria se saia com meia dúzia de palavrões para insultar o parvalhão que acabou de lhe fazer uma proposta sexual em cima da sarjeta. Claro. Pessoalmente, tenho dias. Tanto faço que não ouço porque há coisas que mais vale nem ouvir, mas, às vezes, quando me apetece (quando a Gaja Séria fica em casa) também vou respondendo com uns “’Migo, se é esse tipo de convite que faz à sua Mulher/Namorada, não pense que todas as mulheres/namoradas são assim desse género”… qualquer coisa assim que dê para ofender logo mais do que uma pessoa ao mesmo tempo (neste caso, a mulher/namorada do Gajo e o próprio Gajo por andar ou estar casado com uma Gaja Pouco Séria (sub-tipo 7.1). Quando possível, tento também incluir referências a Mães (sub-tipo 10.3). Muito mais eficaz. Complexados de Édipo do caraças).
De qualquer das formas, esse Gajo vai-se lembrar da Gaja Boa (sub-tipo 6.4) que lhe dirigiu uma boca cheia de impropérios, deixando-o envergonhado ao pé dos amigos pedreiros e trolhas, e nunca mais lhe vai dizer seja o que for. Objectivo atingido. Peço desculpa pelo exemplo, mas foi o que se pode arranjar assim em cima da hora.
Situação 2: Descalçar uma Bota das de Biqueira de Aço.
Diz a Gaja: E se levantasses esse cu mole do sofá para me vires ajudar com as limpezas?
Responde o Gajo (se soubesse como responder como deve ser): Oh minha (mostra posse, logo carinho e devoção) linda (adjectivo dos bons… beleza e tal… sempre bom), então o que se passa? (pergunta que mostra preocupação, logo carinho e afecto). Estás bem? (idem). Eu ouvi o que disseste (assinalar facto de audição estar em perfeitas condições) e compreendo o que dizes (capacidade de compreensão também) e penso estar agora em condições de te responder (mostra que a coisa não passa em branco, que não a vai ignorar), se me quiseres ouvir, claro (mostra vontade de fazer tudo certinho, sem contrariar a Menina Gaja – sub-tipo 9.4). Sinto-me muito afectado (sentir e afectado… mostra que o Gajo não só sente como consegue dar uma nome ao que sente… é só marcar pontos) quando decides (mostra que se vê a Menina Gaja como pessoa pensante e com capacidade de decisão, ao mesmo tempo que demonstra algum afastamento em termos de “culpabilidade” na origem do problema… boa estratégia) que deves (ui!) dizer-me algo que dê a entender (UI!) que eu nada faço aqui na nossa casa (nossa… mostra que o Gajo sabe perfeitamente que a casa – por exemplo – é dos dois… reconhecer o "óbvio"… as Meninas Gajas gostam disso…). Deves ter as tuas razões (acaba de lhe dar razão) por isso, vou fazer um esforço para que não mais sintas necessidade de me dizeres essas coisas (num brilhante volte-face, assume a culpa… deixando a Menina Gaja baralhada mas feliz por ter ouvido as palavras “esforço”, “sintas” e “necessidade” tudo na mesma frase).
Responde a Gaja: Ohhh. 'Tá bem, amor. Desculpa. (HA!!!)
E pronto, problema resolvido.
Com os Gajos, é preciso ter uma abordagem mais directa para eles compreenderem exactamente o que se está a dizer. Com as Gajas, é precisamente o contrário… quanto mais floreado, melhor. Caraças! Não admira que depois digam que Gajos e Gajas vêm de planetas diferentes!
Agora, digam-me lá, meus senhores e minhas senhoras, se esta coisa de andarmos cá todos ao de cimo da terra ao mesmo tempo, enfiados nas casa uns dos outros, a partilhar locais de emprego, trabalho, estradas, relações, fluidos sexuais e tal, a fazer filhos, a desfazer amizades, a tomar cafés e outras coisas mais, não seria muito mais fácil se pura e simplesmente disséssemos exactamente o que queremos, exactamente o que precisamos, exactamente o que necessitamos, exactamente o que esperamos da outra pessoa e exactamente o que ela pode querer/esperar/precisar/necessitar de nós? Porra. A cena do “deixa andar que ele/ela há-de perceber” pura e simplesmente não devia figurar na lista de coisas a fazer quando é necessário resolver um qualquer problema/situação.
É como pedir desculpa e dizer amo-te (por exemplo e agora num tom mais sério… Brrr!). Há momentos certos para tudo. Se se deixar passar esse momento… nada feito. E isto aplica-se a tudo. Tudo mesmo. E tenho pena que hajam por aí pessoas que vivem num absoluto tormento, constantemente zangadas com tudo e todos menos com quem realmente merece, por tanto tempo pura e simplesmente porque não conseguem, no momento certo e quando é preciso, dizer exactamente o que precisam, querem, esperam, seja o que for. Tenho pena que essas pessoas existam, não tenho é pena nenhuma delas. A tal cena do “deitas-te na cama que fizeste…”, “colhes o que plantaste”… essas cenas todas. Depois admiram-se. Oh pá.
E pronto. Era só isso.
PS: Parabéns ao querido (para mim, pelo menos) Outra Merda Qualquer. Fez agora 1 ano de vida. Vamos ver o que o futuro lhe reserva. Vamos ver.