15.6.07

Hear no Evil, See no Evil, Say no Evil

Ainda hoje, e devendo eu saber melhor do que isso, fico sempre “admirada” quando elementos de uma suposta espécie mais avançada simplesmente não conseguem fazer o mesmo. Eu sei que deve ser difícil encontrar algo que ocupe a cabecinha de gente com vidas vazias a não ser pela promessa da queca semanal à 4ª feira… para os que ainda podem confiar nessa promessa … porque outros, nem isso. Tenho uma sugestão. Por que é que, em vez de gastar tanta energia cerebral e até física (meus senhores, admitamos uma coisa: ir à janela de 10 em 10 minutos para ver o que os vizinhos andam a fazer ou ir a correr para o café de cada vez que se pensa ter algo para contribuir para o caldeirão das cusquices-verdadeiras-ou-falas-não-interessa, é cansativo, bolas) neste tipo de actividade recreativa sem fim lucrativo rigorosamente nenhum, as pessoas não se dedicam a outras causas mais nobres? Para quê gastar tanta criatividade e imaginação a inventar a vida dos outros quando se pode, por exemplo, sei lá, olhar para o que se tem dentro de casa e tomar mais atenção a, por exemplo, qualquer coisa como as marcas que os filhos têm nos braços… as idas dos maridos para “jogar snooker” com os amigos três vezes por semana (assim já aquela tal promessa da queca semanal fica com outro significado, não é? Um homem não é de ferro…) … as constantes dores de cabeça que, por vezes, acabam com a tal promessa à 4ª feira mas que, incrivelmente, são compensadas com “reuniões de chá” com as amigas… as reuniões de trabalho sempre tão inesperadas e prolongadas… ou as horas que o filhote, tão inteligente e bom com os computadores, passa ao mesmo, enchendo o disco rígido com coisas que depois a polícia judiciária vai usar para o meter atrás das grades durante uns bons anos… ou então à filhota, tão boa rapariga, que parece ter sempre tanto dinheiro para gastar onde mais lhe apetece… sem nunca se saber muito bem de onde ele vem ou onde ela vai naquelas saídas nocturnas tão demoradas… ou as mensagens de telemóvel escritas às escondidas e recebidas com cara de pânico que podem conter outro tipo de sugestão mais… ahh… digamos… sugestiva. Eu sei, minha gente, que deve ser difícil para estas pessoas sentarem-se sozinhas, apenas com aquele fedor a podridão de pecados nunca admitidos, apenas com aquela corzinha amarelo-esverdeada por anos de cobardia escondida atrás dos cortinados, com os ouvidos a zumbir com a réplica de todas as conversas tidas em que supostamente se desmascarava um qualquer horror da vida alheia e com as mãos a tremer devido à falta de coragem de dizerem a elas próprias que vivem uma vida insignificante e colorida a belos e magníficos tons de castanho-merda. Eu até compreendo que a única diversão que reste a esta gentinha seja tentar fazer com que mais gente os acompanhe até este patamar de vida triste, infeliz, rasgada, morta, sem medirem sequer as consequências que meia dúzia de palavras pode ter nas vidas dos outros. Eu compreendo que queiram companhia para partilhar da merda em que vivem. Compreendo isso tudo. E, ainda que agora me apeteça deixar aqui um belo rol de asneiras bem direccionadas e especificas ao ponto de indicar qual o local exacto que determinados objectos deveriam ser colocados, não o vou fazer. Não vou. O pior que lhes posso fazer é sorrir-lhes, dizer-lhes “Bom dia! Como vai? Está muito bonita hoje! Cumprimentos à família linda que tem!”, sorrir novamente, virar-lhes costas e sorrir uma vez mais por saber que aquela minha pequena frase deu azo a que dezenas de memórias esquecidas ganhassem de novo vida para atormentarem a ressequida, encolhida e inactiva mente dessas lindas pessoas que nos passam pela vida querendo, à força, deixar as suas marcas. E pronto.

6 comentários:

Anónimo disse...

Graças a Deus que não lido com gente dessa... pelo menos que eu saiba, e por isso sou feliz :)))))))Aleluia!!!!!!!!!!
Gabi ;)

Me disse...

Pois... eu conheço e a situação que falo no post, por acaso, até nem é em relação a mim directamente. Mas é em relação a pessoas que conheço e que ficam na merda por causa duma situação destas.
ehhh... it's the way of the world. infelizmente.
beijos :)

Anónimo disse...

Será que quem tem dinheiro fica menos na merda que os outros? por exemplo... sempre pode ir ao psiquiatra... à massagista
( daquelas que fazem massagens só com as mãos e não com o corpinho todo)fazer uma viagem... pagar a alguém para limpar o canastro a outro alguém... :)
é uma dúvida que eu tenho!
beijinhos
Gabi

Me disse...

hmmm.... interessante dúvida. acho que vou pensar nisso...
:)

Anónimo disse...

Toinnnnn!

Me disse...

Pois é, minha Partículazinha. Estas dúvidas existenciais batem forte. Mas, not to worry. Creio que não teremos bem oportunidade de viver bem a experiência de ser rico ao ponto de contratar um gangster para limpar o sebo a um psicólogo... ahh... contratar um psicólogo para limpar o sebo a um gangster??? Um massagista para nos pagar uma viagem???? oh, pá. O que faz a falta de $$$$ à cabeça de uma jovem como eu!!! Caredo.