16.3.11

Ladrões.


imagem: google

Em conversa sobre impotência sexual masculina e sobre o receio que existe nos homens em não conseguirem satisfazer as parceiras...
“Não é assim que se mantém uma mulher. Não é pelo sexo que se consegue fazer com que uma mulher não nos largue”, disse ele, em tom baixo e sem querer continuar a conversa.
Pensei, pois claro que não é. Registando-se as devidas excepções, não é mesmo nada devido a uma pila que uma mulher se mantém firme (passe a piada) ao lado de um homem. Esperei que continuasse enquanto restante malta indagava resposta a tão intemporal questão. Eu, conhecendo-o, já mais ou menos sabia o que ia dizer…
Hesitante, como se estivesse a revelar segredo dos deuses, respondeu:
“Não é pelo sexo. Aliás, nesse campo, há que usar a imaginação quando existem elementos que não… ahhh… funcionam…”, continuou.
“Mas eu farto-me de trombar!!”, exclamou conviva claramente afectado por todas as idiossincrasias de quem se vê resvalado a outros meios para atingir os mesmos fins. Depois da risota geral, Guardador de Segredo dos Deuses lá se manifestou.
“Não, pá. Tens uma mulher, e ela a ti, quando lhe consegues roubar um bocadinho da alma pelos olhos. É isso que elas querem. É isso que todos queremos”.
Seguiu-se um silêncio geral tão doce que quase que dava para sentir os quereres e vontades de todos quanto estavam à mesa reunidos a voar pelo ar.
Que nos roubem um bocadinho da alma pelos olhos. Não são eles os que a espelham?
Acho que nunca ouvi a questão colocada de forma tão eloquentemente assombrosa e linda como esta.
Haja habilidade nos ladrões e olhos bem abertos em quem se quer deixar roubar. Haja. 
(Sim, porque para o resto, há comprimidos e o bem-dito trombar para resolver certas questões...).

13 comentários:

AR disse...

Ladrões, nem mais...!

Basta ver o preço a que vendem os comprimidos...

Abram mas é esses olhos, sempre sai mais barato...!!!

Lima disse...

Olha que uma pila não agarra uma mulher, mas pode muito bem fazer com que ela se ponha a andar.

Sempre achei muita piada a este adágio "o sexo não é tudo", mas, apesar de não ser com sexo que se sustenta uma relação, é com a falta do mesmo, ou a falta de qualidade do mesmo, que as relações de desboroam.

Aliás, não é à toa que o débito conjugal, como dever do cônjuge postulado em 1966, se tenha mantido na reforma do Divórcio em 2008...

Sejamos românticos, mas não sejamos etéreos ;)

Me disse...

AR,
Pois. Não acho que são bem as questões económicas e financeiras que aqui estão em questão, mas vá... Sempre é melhor do que andar-se por aí com os tais comprimidos escondidos (ou não...) no bolso à espera que Cupido arreie seta nas bimbas de algum sortudo ou sortuda...
;)
De olhinhos abertos é que andamos bem. Nem que nos dê ar de freaks speedados.
:D

Me disse...

Lima,
Sexo só se faz com pila? Hmmmm...

E não é uma questão de se ser romântico. Acho, mesmo, que se duas pessoas chegarem a um nível de entendimento e de relacionamento adequados, há coisas que se ultrapassam de muito boa vontade e que isso não será impeditivo de nada.
Talvez esteja a ser romântica... Mas eu também não faço parte do grupo de Mulheres que seriam capazes de largar o homem que gosto só porque a sul do cinto a coisa não funciona com a devida pompa e circunstância...
(e mais! esses receios, essas coisas, incluindo essa lei, é machista e fundamenta ainda mais uma ideia errada do que são as relações. fosse a tal lei escrita por mulheres e não seria nada disso...)

Lima disse...

Face a isso, a questão que se impõe é:

Saberes que não pertences a esse grupo é de experiência feito, ou apenas uma previsão construída à custa da tua auto-avaliação?

Muitas vezes tomamos posições e declaramos ser capazes de determinado sacrifício (seja ele qual for), para constatarmos que, na verdade, para tal não estamos preparados.

PS: O débito conjugal ( a falta de) é fundamento mais comummente invocado pelo cônjuge mulher que pelo cônjuge marido.

Lima disse...

E eu tenho noção que a pergunta que acabei de lançar é atentatória da t/ intimidade, e estou preparado para não obter resposta e, por esse facto, não tirar qualquer espécie de conclusão sobre o assunto em causa.

Me disse...

Lima,
Gostei dessa tua preocupação em deixares all bases covered... Ai, ai :)

Vamos lá ao que interessa.
Antes de mais... Sacrifícios?
Se vês isso como sendo um sacrifício!

Há também outra coisa que alegre conviva de ontem referiu: As Mulheres, a que pertencem à "outra facção", não voltam desse mundo.
Explica lá tu isso.

E agora, falando por mim, do que me conheço e caso estivesse numa relação daquelas sem prazo, não vejo que ter que recorrer a certos outros pontos de imaginação em termos de meios para atingir fins fosse algo de muito grave. Sinceramente, não.
E mantenho: os homens dão mais importância a isso do que as mulheres (como em quase tudo no que se refere a pilas).
E tu? Se fosses tu? E correndo eu o risco de não receber resposta... Deixarias alguém por não a conseguires satisfazer sexualmente da forma "tradicional"? Hmmm? E se ela te deixasse a ti? Acharias normal? Compreenderias? Instigarias, aliás, qual altruísta certo de que no mundo não faltam equipamentos em funcionamento? Reduzirias uma relação, das que não têm prazo, a isso? E sim, todas as perguntas requerem resposta. Amanha-te.

Lima disse...

Eu sou egoísta suficiente para dizer que sim, deixaria; mas lúcido ao ponto de admitir que compreenderia ( seria fodido...mas compreenderia) no caso inverso.

Quanto às mulheres do "Sindicato", não tendo expectativa no sentido fálico, não têm como ficar desiludidas. (que tal esta interpretação mecanico-simplista da coisa?) :P

Me disse...

Lima,
Gosto tanto quando me tentam espetar reviengas e eu a ver...
Tu deixarias uma mulher nessas condições mesmo que ela quisesse continuar contigo e não achasse que isso seria problema??? A sério?
A opinião dela não contaria para nada? Irias reduzir uma relação a uma pila???? Irias-te reduzir a ti a uma pila?!?!?

Quanto às Mulheres do Sindicato, como dizes, vivem bem sem o tal sentido fálico, né? E olha que não as há que saiam do tal Sindicato...
Vocês, no que concerne ao sexo, são demasiado simplistas (e acho que é mesmo por essas questões, por acharem que uma mulher só quer ou só gosta de pila, que muitas vezes as deixam insatisfeitas...).
Mas isto sou eu que tenho a mania que sou muito moderna e compreensiva e o catano... e que sei que quando se gosta, gosta-se e mai'nada.

Lima disse...

Vou repetir, com mais pormenor:

Se a gaja fosse um mono sem criatividade, em suma, nem para foder servisse, por muito boa que fosse, ia de patins.

Se eu fosse um mono sem criatividade, em suma, se nem para foder servisse, por muito bom que seja ( ehehehahahaha) e fosse de patins, seria fodido, mas compreenderia.

Quanto às mulheres do Sindicato, antes de mais deixa-me chamar o teu/tua conviva à razão e dizer-lhe que o simples facto de afirmar, tout court, que "não voltam" demonstra a pequenez de fronteiras e falácia de raciocínio.

Portanto se achas que não as há que saiam do tal Sindicato, estás mal informada. Facto!

Sem dúvida, somos muito simplistas, mas temos uma virtude: é uma simplicidade assumida. Não andamos a disfarçar instintos básicos insuperáveis com sentimentos de cordel.

Finalmente, se viveres uma vida inteira com um "meia bomba" e usares o teu último fôlego para dizer " nunca me senti insatisfeita a que nível fosse", então eu dou credibilidade às tuas palavras de auto-avaliação de modernidade e o catano. Caso contrário, ou seja, até lá, estás a usurpá-las.

Me disse...

Lima,
Ok. "Não voltam" quer dizer que já lá tiveram e se foram. Em muitos casos, é mesmo isso que acontece. Mas vá.
Se as há que "voltam"? Sim. Tal como os Homens...

Não estou a usurpar nada.
Estou apenas a tentar explicar que, nas questões do sexo, há todo um território que as Mulheres gostam de ver explorado e que esse território, infelizmente para vocês, não se encontra entre as nossas pernas.
E reafirmo: numa relação daquelas sem prazo, em que o que poderá estar em questão é mais do que simples instintos animais terem que ser satisfeitos de acordo com agenda, há coisas mais importantes. Muito mais importantes. E, tudo bem, não significa que sexo não o seja, mas, e nisto, porra, teimo, há sexo, e depois há sexo e depois ainda há sexo. E sexo não se resume apenas a uma pila!

Sabes que mais? Passamos a primeira metade da vida a arranjar currículo nesta merda do sexo. Haja quantidade e variedade porque tudo quanto seja para experimentar está lá para ser experimentado. Tudo muito bem.
E depois, a partir de certa altura, não são as quecas miraculosamente fodidas que o pessoal mais gosta ou se lembra sequer. São as outras, as que envolvem mais do que apenas carne, as que se fodem por completo e com quem nos entregamos por completo que ficam na memória e na saudade.
Sexo é sexo. Foder é foder. Mas os momentos mais memoráveis, mais sentidos e que dão real significado ao tema, são os que envolvem sexo, fodas, quecas e afins com emoção.
Vais-me dizer que lá estou eu com a lenga-lenga habitual das gajas... Talvez esteja.
Mas há algo que vocês, homens, e registando-se as devidas excepções, ainda não perceberam: as gajas só mandam quecas, mesmo que inconsequentes, se gostarem do homem. Têm de gostar qualquer coisa. Não vos vimos como um caralho pronto para a acção (para isso, inventaram uns electrodomésticos muito giros que não chateiam e não nos fazem sentir tipo merda quando, uma semana depois, fingem nem nos conhecer - apesar de já terem dito a meio mundo que nos foderam).
E também te digo outra coisa, não fosse pelas Mulheres terem uma ideia diferente destas questões do que aquela que vocês têm, e haveria por aí mil vezes mais homens sozinhos a partir de certa altura da vida... Comprimidos ou não.
E nisso, meu caro, não tens como argumentar.
Seja por biologia, seja por educação, seja pelo que for, vimos estas questões de forma diferente. Ponto.

Lima disse...

Repetiste a falácia: lá porque uma mulher não veja um homem como uma pila, podes muito bem crer que se isso falha, lá se vai o gajo.

Tudo o que negue esta evidência cai no pseudo virtuosismo das mulheres que, reiteradamente, caem no cliché da superioridade sentimental da mulher face ao homem.

Desde que têm voz, as mulheres propagam o homem como um animal menos humano que elas e como tal há que perpetuar o mito.

Me disse...

Tu deves de te estar a passar. Só pode, Lima.
Tenho sempre dito, nestes devaneios, que tendo por base o tipo de relação, não é uma pila que vai acabar com tudo, porra! (ainda que possa haver mulheres que achem que sim, que isso é motivo para acabar com tudo. Mas, mesmo nestes casos, pode ser é a bela da desculpa que se procurava...).
E se tu e o teu ego masculino não aceitam isso, azar!
E sim. Em termos emocionais e de percepção de uma relação e do que deve ser dado, recebido e partilhado, as mulheres procuram outras coisas nem sempre coincidentes com as que vocês querem dar. Sempre foi assim, sempre assim será. Seja por que razão for: biologia, educação... whatever.
Fomos construídos de forma diferente, vimos o mundo de forma diferente e vivê-mo-lo de forma diferente. Temos pena. Azar.
SIGA!