imagem: google
Há já uns anos que eu, de vez em quando, aceito a incumbência de ministrar umas aulas ou cursos de inglês. Há quem me peça e eu, simpática (tipo raposa que esfrega as mãos quando percebe que já enganou mais um coelhinho para ir lá a casa jantar…), aceito tais destinos e lá vou eu, armada em conhecedora da coisa, tentar transmitir alguns dos meus parcos conhecimentos dessa tão mal tratada língua.
Haja ou não programa para o curso ou para as aulas, há sempre uma que reservo para mim e para um dos temas que penso serem dos mais importantes em qualquer língua: as asneiras.
Pois, é. Com o devido pré-aviso, informo que haverá, algures no tempo, uma aula especialmente dedicada a tais temáticas e que, durante a mesma, ninguém deverá abster-se de participar ou de tirar dúvidas. Pânico.
E então, ganhada a confiança da malta, lá vem inevitavelmente o dia em que chego e digo “É hoje! A tal aula, é hoje!”. Há quem se largue logo a rir, há quem se ajeite na cadeira, há quem comece logo num rol das que conhece mas que não sabe bem o significado enquanto os que desconhecem mesmo repetem e perguntam o que é que aquilo quer dizer… Há de tudo.
Mas não pensem que a coisa é feita de forma leviana… Não. Conjugamos verbos (I fuck, you fuck, he/she/it fucks…) e colocamos as palavras em frases, traduzimos e damos exemplos de significados semelhantes (sim, porque as expressões motherfucker ou dickhead não têm tradução directa para português…).E então, ganhada a confiança da malta, lá vem inevitavelmente o dia em que chego e digo “É hoje! A tal aula, é hoje!”. Há quem se largue logo a rir, há quem se ajeite na cadeira, há quem comece logo num rol das que conhece mas que não sabe bem o significado enquanto os que desconhecem mesmo repetem e perguntam o que é que aquilo quer dizer… Há de tudo.
Hoje houve uma dessas aulas. Hoje, em muita coisa, foi igual ou parecido às outras vezes em que tal aconteceu, tirando o facto de a aula de hoje ter sido dada a grupo de alunos da Universidade Sénior aqui da localidade. Eu posso voluntariar os meus conhecimentos a quem mais precisa, mas porra, também tenho direito a divertir-me um pouco, né?
E então, lá passamos uma hora a dizer caralho e foda-se para a frente e para trás, a conjugar o verbo “to fuck” e a analisarmos o real significado da palavra asshole e pussy. Uma horinha a arranjar sinónimos para os afamados “fode-te cabrão” e “fuck off, bitch!”, uma horinha a decifrar enigmas como o “wanker” e o tão mal aplicado “cocksucker” e a aprender-se que o “fuck me!” tem significados diferentes de acordo com o contexto. Uma horinha em que eu rezava para que não estivesse ninguém prestes a entrar na sala ou lá fora no corredor a ouvir… Sim, porque quando se tem um grupo em que metade é surdo e outra metade vê mal, é preciso falar mais alto do que o costume e é preciso escrever as coisas com um tamanho de letra maior do que o costume… Tudo coisas que apenas acrescentam emoção à coisa, pois claro.
No final da aula, invariavelmente e tal como mandam as regras, espaço para dúvidas e perguntas (e é logo tudo a rever os apontamentos que, nestas aulas, são mais que muitos…). E é aí, depois de se ter retirado a pressão e a vergonha ao tema, que as coisas fluem.
De repente, tudo quer saber como se dizem coisas do tipo “vai para a puta que te pariu oh cabrão de merda!”, “vai à merda e não me chateies os cornos” e o sempre fácil de constatar “’Tás com uma cadela que pareces um macho”… De repente, tem-se uma sala cheia de gente a repetir, até acertarem na pronúncia, coisas bonitas como o “fuck you”, “fucking hell” e “son of a bitch” (…Cuidado com o “bitch” e o “beach” e a pronúncia! Vá! Mais uma vez mas desta vez diferente: Fuck you, bitch! O que é que isto quer dizer?...).
De repente, tudo quer saber como se dizem coisas do tipo “vai para a puta que te pariu oh cabrão de merda!”, “vai à merda e não me chateies os cornos” e o sempre fácil de constatar “’Tás com uma cadela que pareces um macho”… De repente, tem-se uma sala cheia de gente a repetir, até acertarem na pronúncia, coisas bonitas como o “fuck you”, “fucking hell” e “son of a bitch” (…Cuidado com o “bitch” e o “beach” e a pronúncia! Vá! Mais uma vez mas desta vez diferente: Fuck you, bitch! O que é que isto quer dizer?...).
Hoje tive a prova de que este tipo de aula é do mais útil que se pode dar porque obriga a conhecer mesmo bem do que se fala (em termos de anatomia, então, ui!). Aconteceu eu dar um exemplo de um insulto que poderiam eventualmente ouvir e houve aluna, boa aluna, que, quando questionada sobre o que responder, atirou logo com um “Fuck you, too!” (aprendeu rápido que o “fuck you” é dos insultos mais fáceis de encaixar em qualquer resposta).
Senti-me tão orgulhosa daquela minha Senhora Menina que, foda-se, quase que a mandei logo para o caralho de tão contente que me deixou. Fuck, yeah!
19 comentários:
ahahahahhahah! lindo! também quero!
Não é para quem quer... é para quem pode!!!!
Onde é que me inscrevo???
isso significa que tenho que me mudar para a zona?
ou ser velha?
g2,
Não é preciso. Apareces e pronto! Simples!
Vai à próxima aula que 'tou a pensar fazer uns exercícios de grupo engraçados...
K,
A maior parte das Câmaras Municipais tem Universidades Sénior a funcionar. Aquilo é tudo em regime de voluntariado. Não te pagam, mas bolas,vale bem a pena. Procura. Mas não podes ser aluna...
eu quero é aprender as asneiras pá
Ahhhh!!! E queres ser minha aluna??? Queres? Queres? Queres????
pensando bem....não
SEMPRE!
Comentário de Anónimo/a deixado há pouco mas que não ficou registado no blog, apenas no e-mail do estaminé:
"Hi! Fucking perfect :) "
(penso que não fique registado por ser feito via tlm ou afins... mas como entra no mail, no problem).
Em resposta, caro Anónimo/a,
Hello! Absolutely fucking perfect! I love my non-job!!
K,
Yeah, yeah, yeah. O que tu queres, sei eu!
ai sim? então que quero eu my love?
Aprender as asneiras...
:PPPPPPPPPPPPPPPPP
(hoje, mesmo assim, o ponto alto foi, depois de ter corrido o "fuck" em toda a sua glória, ter dito "E também há o "Fuck me"... Logo tudo a desviar o olhar... Ia-me mijando a rir enquanto tentava descalçar a bota... Mas, pronto. Este já tu deves saber...)
Exercícios de grupo??? Hum..
A melani grifici anda aí nessas aulas?
G2,
Vou convidá-la... Mas só se vieres...
Me..zinha
És, de todo, a alegria da terceira idade.
Malta que na adolescência namorava no sofá com os progenitores presentes, aprende agora o mais cabeludo vernáculo na mesma língua em que a Camila Parker Bowles exige ao Príncipe Orelhudo que lhe rebente a tripa cagueira.
Ai que delírio...
Quiquinhas,
Gostavas de poder assistir às minhas aulas, não gostavas? Gostavas, pois!
Aposto que tens aí um montão de perguntas sobre esses tais assuntos do sistema digestivo que gostarias de ver esclarecidas...
O melhor conselho que te posso dar é, para essas e outras situações do tipo, utilizares expressão comum e, 99% das vezes, acertada. Atira com um "Fuck me" (me de tu, não eu, a je, moi même, que eu não faço essas coisas... YUKKK!) e depois reza para que parceiro entenda...
(juro que qualquer dia abro consultório emociono-sexual no OMQ. Já tentei uma vez mas acho que espantei a clientela...)
Enviar um comentário