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Difícil:
adj. 2 gén.
1. Não fácil.
2. Custoso; complicado; espinhoso.
3. Arriscado.
4. Exigente.
5. Mau.
6. Pouco provável.
(Priberam)
Ao que parece, há por aí uma qualquer moda de os Homens dizerem que as Mulheres são difíceis. Ou seja, não são fáceis, são custosas, complicadas, espinhosas, arriscadas, exigentes, más e pouco prováveis. Não serão todos os Homens, nem todas as Mulheres, mas, ao que parece, há cada vez mais Homens a dizer que há cada vez mais Mulheres difíceis.
Resistindo eu a tentação de proferir comentários jocosos e, quiçá, repletos de sarcasmo quanto a esta questão, vou, ao invés, explicar, ou tentar explicar, o porquê de vocês tão rápida e facilmente utilizarem esta singela palavrinha aquando de referência a certas Mulheres.
Mas antes, temos de esclarecer em que campo se joga o jogo do difícil.
Sexo.
É no campo do sexo e seus derivados que se joga este joguinho que, por admissão própria, os Homens parecem andar a perder.
As Mulheres só são difíceis, e corrijam-me se estiver errada, quando não vão para a cama (banco de trás de um carro/carrinha/autocarro, beco escuro, prédio abandonado, banco de jardim, etc.) com um homem quando e como ele quer que ela vá para a cama (banco de trás de um carro/carrinha/autocarro, beco escuro, prédio abandonado, banco de jardim, etc.) com ele.
Mas isto não é, como poderia parecer à primeira vista ou para os mais incautos, tão simples como endereçar convite… não. Há todo um processo devidamente estudado e, por vezes, treinado, que os Homens executam de modo a poderem angariar evidências em como determinada Mulher é, para além de toda a dúvida, difícil. Na prática, isto significa que as Mulheres podem ser rotuladas de difíceis caso não correspondam a um olhar, a um sorriso, a um olá, a um toque no ombro, a um pedido de número de telemóvel… blah, blah, blah… mensagem, chamada, convite para ir tomar café, jantar fora, ir ao cinema… e por aí fora. Ou seja, qualquer falta de cumprimento e colaboração durante o (suposto) estudado e/ou treinado processo de sedução poderá conceder a determinada Mulher o título de Difícil.
Ora, se virmos isto do prisma de quem tem de decidir aceitar ou negar as tais estudadas e, quiçá, treinadas investidas, atrevo-me a dizer que o caso muda de figura.
Aqui, e ali (e além também, claro), o termo a empregar passa a ser o tão ambicionado Fácil.
Fácil:
adj. 2 gén.
1. Que não custa a fazer.
2. Que se consegue sem grande trabalho.
3. Claro.
4. Simples, natural.
5. Provável.
6. Brando, dócil.
7. Acessível.
8. Precipitado, que reflecte! pouco.
9. Complacente.
10. Muito susceptível!.
(Priberam)
Isto é, e na minha lógica de ver o problema aqui em mãos, aquilo que não custa fazer (por exemplo, dizer que não a marmanjo que axa k baxtao tréz sms p consegir entrada livre p kueka), o que se consegue sem grande trabalho (por exemplo, virar costas a figurinha patética que coça tomates enquanto pergunta sobre possibilidade de tomada de café com ele e respectivo escroto massacrado por anos de maus tratos manuais auto-inflingidos), o que se torna claro (por exemplo, que espécimen tem QI equivalente ao tamanho do sapato) o que é simples e natural (por exemplo, aquela sensação de enjoo, aquele sabor a vómito que fica na boca quando há algum regurgitamento de comida meio digerida mas que não chega mesmo à boca, que fica ali na garganta numa espécie de limbo, de cada vez que tentativa falhada de Homem vai lambendo os lábios – e coçando os tomates - enquanto nos olha para as mamas e nos sussurra o quão belas somos e em como os nossos olhos o fazem lembrar as estrelas do céu e o sol a raiar no dia) e o que é provável (por exemplo, utilizar as palavras “vai” e “merda” na mesma frase) é que as Mulheres considerem fácil resistir e, por vezes, combater efusivamente tais investidas com base em teorias estudas e, quiçá, treinadas porque, em termos de pontaria para o alvo, acção equivale a mijar fora da sanita e estragar tais ditos sapatos equivalentes, em termos de tamanho, ao referido QI. É fácil. Não dá luta. Não cansa. Nem moer, mói.
Mas, obviamente, é precisamente nesta encruzilhada entre o “então, doeu muito quando caíste do céu?” e o famoso e eficaz “tens a braguilha aberta” dita só para chatear e dar tempo de fuga enquanto espécimen se atira às partes como se não houvesse amanhã, que as coisas, para elas, se tornam fáceis e que, para eles, elas se tornam difíceis.
Eles, vocês, portanto (mesmo que nem todos, vá), talvez preferissem que a restante definição da palavra fácil viesse à tona e se mostrasse sob a forma de Mulher branda e dócil, acessível, precipitada, pouco reflectida, complacente e deveras muito susceptível aos vossos tais avanços estudados e, quiçá, treinados. É claro que sim. Quem não gostaria que Mulher se atirasse ela própria à tal supostamente aberta braguilha só numa de garantir que mão não servirá, nessa noite, apenas para segurar copo?
Verdade seja dita: se as há difíceis, é porque os há fáceis.
E enquanto perdurarem certo tipo de teorias estudas e, quiçá, treinadas, as Mulheres (algumas, nem todas) vão continuar a ser difíceis (e monumentalmente orgulhosas disso) e, possivelmente, imunes a quem gostaria que fossem, pelo contrário, fáceis, seguras de que não estarão a perder nada a não ser breves trechos de tempo enquanto, com sorriso simpático e brilho nos olhos, vos (nem todos vocês, mas alguns) informam que o que procuram podem mais facilmente encontrar nas páginas centrais de um qualquer jornal diário (ou à beira da estrada) do que ali, com elas.
E isto, desculpem, é tão fácil de compreender que acho difícil ninguém o conseguir fazer.
Até lá, meus caros, ou não, agasalhem-se que está aí o inverno e este, figurado claro, é capaz de durar…