Minhas senhoras e meus Senhores, foi um verdadeiro e absolutamente indescritível prazer ter sido vossa anfitriã neste espaço ao longo dos últimos 3 anos e pouco.
A todos, o meu mais puro agradecimento por terem tirado do vosso tempo (e paciência) para fazerem do Outra Merda Qualquer aquilo que é hoje: um espaço com personalidade, de amigos para amigos e sem merdas de parte a parte. Destino cumprido.
Muito, muito obrigada. Mesmo.
Vemo-nos por aí. Sempre.
17.1.10
11.1.10
Gritar a Campo
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“A Campo” é uma expressão daqui das minhas bandas e utiliza-se para designar qualquer coisa que se faz no campo. Aqui, os campos são muitos e extensos e há muito que se pode fazer a campo. “Estou a campo” quer dizer que se está no campo. Somos gente simples.
Feita a devida introdução, este fim-de-semana eu e amiga minha decidimos que iríamos Gritar a Campo. Iríamos pegar em nós e numa garrafita de vinhaça e iríamos para o campo gritar.
Gritar o quê? O que fosse.
Iríamos fazer um duelo com o Universo tendo as estrelas como testemunhas e a lua como árbitro. Seria uma sessão de vazar de tudo quanto já não nos cabe na cabeça, no peito, no coração. Iríamos, diante do Universo, cobrar promessas por cumprir e agradecer tudo quanto assim houvesse para agradecer. Iríamos chorar a alma em tom de gritos mais ou menos sonoros atirados para a vastidão do céu e da natureza porque há coisas enterradas tão dentro de nós, tão lá no fundo que só com a energia necessária para produzir um grito se conseguem soltar.
E fomos.
Eu sabia do lugar ideal. Mas não estava acessível. Fomos para outro. Abrimos a garrafa, dividimos o seu conteúdo, colocamos um fadinho para dar ambiente e… falámos. Conversamos, na rua, a campo, sob as estrelas, de forma aberta e livre. Colocamos perguntas… admitimos as respostas. Os dois graus que se faziam sentir àquela hora da noite não incomodaram (até sentirmos que nada mais havia a falar). Podíamos ter feito aquilo à mesa de um café visto o objectivo de gritar ter sido deixado um pouco para trás (afinal… não houve essa necessidade… engraçado), mas aquilo assim teve outro valor. Para mim teve.
Vi estrelas cadentes e a cada uma atribuí um nome. Uma pessoa. Um agradecimento, uma esperança, um pensamento. Sentia o frio a invadir-me o corpo e isso só fazia com que me sentisse mais viva. Empoleirada em cima de uma vedação de troncos, com o pouco vento que se fazia sentir a bater-me nas costas, senti-me levada para diante, para a frente… Admiti fraquezas, sonhos, desejos. Despojei-me de uma data de dados absolutamente inúteis e conversei com aquela outra alminha até percebermos que há coisas nas quais não podemos intervir e que há outras que complicamos e assustamos até se tornarem problemas. Até percebermos que, apesar de tudo, tínhamos tanto, mas tanto de bom à nossa volta que o resto quase que parecia irrelevante.
Na hora da ida, não me senti nem mais leve nem mais liberta. Senti-me apenas eu. E isso eu já não sentia há algum tempo. Dentro do carro, no quente, aí sim gritámos. Largamos uns bons berros sem palavras, finalizando a coisa assim dessa forma enquanto atravessávamos o campo para nos irmos embora.
É algo a repetir. É algo que agora, neste contexto, faz sentido para mim fazer. Há alturas e momentos em que não há palavras que cheguem para descrever o que se passa connosco, que não há abraços suficientes no mundo para nos reconfortarem, que não há ouvidos atentos o suficiente para nos ouvirem. Batalhar a coisa sob o Universo, numa noite gelada, vendo as estrelas, ouvindo os sons do campo e, acima de tudo, permitindo que sejamos ouvidos, é algo de muito reconfortante. E agora gente, o âmago da questão (e correndo o risco de transformar isto num confessionário… azar o vosso o blog é meu, faço o que quiser).
Eu consegui admitir, com todas aquelas testemunhas, que eu Acredito. Que eu tenho Fé.
Eu Acredito e tenho Fé num equilíbrio natural das coisas, no universo que absorve tudo de bom e de mau que fazemos e que depois nos atira com tudo para cima novamente para resolver o que ficou mal resolvido ou por resolver dentro de nós. Que nos dá os parabéns e premeia quando nos portamos bem, que nos faz viver e reviver as coisas até acertarmos. Não são castigos… são segundas oportunidades.
Admiti que os caminhos que fazemos por vezes se encontram cheios de sinais que nos vão indicando irmos bem ou mal, cheios de cruzamentos em que somos forçados a tomar decisões, cheios de paragens para darmos boleia a alguém e cheios de bifurcações onde os outros se podem juntar ao nosso caminho e nós aos dos outros, transformando o mapa final numa enorme salganhada difícil de perceber, mas fácil de sentir.
Admiti isto tudo para mim mesma, finalmente largando o medo que tinha em o fazer, em admitir que vejo e sempre vi algo mais além ou dentro de mim (e não, não entro em coisas religiosas ou esotéricas ou afins… ainda que entenda que isto possa parecer assim). Posso não ter dito tudo em palavras, mas senti-as. Penso que terá sido um bom passo no caminho de uma pequena mas importante paz em mim. Admitirmos certas coisas, aquelas que sentimos no estômago antes de se transformarem em pensamento, é difícil. Custa. Não é assim sem mais nem menos. Mas é preciso. E pode ser tão bom.
Para mim, estas coisas não têm nada a ver com crescer, com ganhar maior maturidade, com aprendizagens, por assim dizer. Não.
O que vejo nisto tudo é uma espécie de formalização do que se cresceu. É um olhar em volta e ver o que há para ver. Uma espécie de contabilidade em que se faz um balanço dos activos e inactivos, dos tangíveis e não tangíveis e em que se aceita que há coisas que vamos ter de reparar, outras que estão bem e outras ainda que já não fazem falta, tendo-se tornado obsoletas.
Gritar a Campo.
Acho que ainda sinto o frio a passar-me pelo casaco e as luvas, a fazer-me tremer enquanto me equilibrava em cima daqueles troncos.
Do que não me vou esquecer é do som da minha voz a transformar em palavras aquilo que a minha alma, aquilo que é mais profundo em mim, sente e sentiu. Admitir o que ela ainda quer vir a sentir.
Foi preciso colocar-me fisicamente num sítio desprotegido para me saber protegida. Por mim e por todos aqueles a quem dediquei uma estrela cadente enquanto voavam pelo céu.
Deviam experimentar. Vão ver que depois não querem mais nada. Eu levo o vinho e os fados. Venham a Campo Gritar. Não há melhor sítio para o fazer.
(E porque há coisas que nos ficam na cabeça e no coração, fiquem com a letra de um dos fados que ouvimos e que eu tenho ouvido repetidamente desde então. Não lhe sei o nome (Trovador da Saudade???), apenas que é Camané quem o canta e que o mesmo surge no meio de um cd de outra artista, sem mais nem menos… sem aviso prévio, quase como uma das muitas estrelas que vi a voar. E sobre o mesmo também não preciso saber mais nada. Isto basta).
O Trovador dos Sonhos acordou
Pegou numa guitarra e quis cantar.
Fechou os olhos tristes e voou
Num sonho de papel e de luar.
A voz tinha uma raiva, uma ternura
O olhar, o mar imenso e a fantasia.
Em cada lucidez, uma loucura
E em cada verso triste, uma alegria.
O Trovador da Saudade
Do presente e do passado
Canta os versos da verdade
Que descobrem cada fado.
Tem no colo uma guitarra
E no peito um coração
Que se agarra e se desgarra
Ao sabor desta canção.
Sentado num degrau desta cidade
Com todas as tristezas no olhar
O Trovador rimava uma Saudade
Com versos de papel e de luar
E enquanto a sua voz era Esperança
O seu olhar raiava a luz do dia
Como se fosse a voz de uma criança
Que ao cantar inventa uma alegria.
O Trovador da Saudade
Do presente e do passado
Canta os versos da verdade
Que descobrem cada fado.
Tem no colo uma guitarra
E no peito um coração
Que se agarra e se desgarra
Ao sabor desta canção.
O Trovador da Saudade
Do presente e do passado
Canta os versos da verdade
Que descobrem cada fado.
Tem no colo uma guitarra
E no peito um coração
Que se agarra e se desgarra
Ao sabor desta canção.
.
Obrigada a todos por me lerem.
6.1.10
Peskisinhas Deprimentes… e duram… e duram… e duram…
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4.1.10
Feel Free.
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Shut your eyes and see.
Listen and be heard.
Talk and speak.
Leap and feel your feet on the ground.
Stay still and move.
You can’t? You have to.
Want and need.
Look and see.
Be silent and scream.
Let go and hold on.
Hide and be found.
Learn things the hard way.
Do things backwards to get them right.
Love like you are loved.
Expect nothing, gain everything.
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