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"...Hold your breath and count to 10.
Then fall apart and start again..."
Placebo
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Há pessoas neste mundo que acham que o resto do mundo lhes deve alguma coisa.
Acham, com tudo quanto têm e são, que o resto do mundo é uma perfeita merda e que a existir paraíso, o mesmo encontra-se situado bem no centro do próprio umbigo.
Estas pessoas são, segundo as próprias, prova inequívoca de que deus existe, que existe sempre a excepção que confirma a regra. Fazem questão de, com murros na mesa e disparates a voar da boca, afirmar que são como são e ainda bem porque o mundo precisa é de mais gente assim, que isto é tudo uma cambada de idiotas incompetentes chapados que nada fazem e nada sabem e que, ainda por cima, nada querem fazer e nada querem saber.
Os complexos de inferioridade são difíceis de decifrar, difíceis de gerir e extremamente difíceis de aturar. Não há argumento lógico e bem fundamentado ou opinião devidamente estruturada que resista a quem passa o tempo à procura de pequenos lapsos no discurso para se fazer valer de um qualquer nível de chico-espertice que prova que está atenta e que ninguém a engana, hein!!! Não ouvem (não o sabem fazer) e nem querem ouvir. Não precisam de o fazer. Sabem tudo. Quem trouxer coisas novas apenas lhes está a tentar dar a volta, tentar ludibriar, tentar enganar e fazer mal. Gatunos!! Cambada de chulos!! Cabrões!!
Os complexos de inferioridade funcionam como uma espécie de muro que os doentes armam com guardas e bazucas e tudo quanto seja radar, não vá o resto do mundo entrar e mostrar-lhes que estão errados. Aos olhos de quem tenta puxar para cima e mostrar que há mundo para além daqueles calhaus, funcionam como farpas que a cada rasgo de pele deitam abaixo e enfraquecem qualquer boa vontade que possa existir em relação a seja o que for. Tenta-se a abordagem da gentileza, a abordagem da simpatia, a da compaixão, a da ingenuidade – tenta-se tudo que não fira susceptibilidades e permita que no tal muro se vá abrindo pequenas janelas. Não vale a pena.
A insegurança é armadura difícil de trespassar e ou se está preparado para aniquilar por completo a fraqueza e falta de segurança, assumindo todos os medos e receios para nós, ou então não vale a pena. A reacção vai ser uma fuga para a frente, um abalroar de tudo quanto se diga e faça, um despeito e negar de tudo quanto não seja conducente com as ideias e opiniões que desde sempre existiram e hão-de continuar a existir.
Conheço pessoas inseguras em relação às quais não pensaria duas vezes em pegar nos tais medos e receios para os levar para longe, em relação às quais não teria problema nenhum em partilhar o que pudesse das minhas forças e seguranças, em relação às quais faria questão de ser o tal muro até ganharem pé, até se acharem em condições de se aventurarem de forma mais segura pelo mundo fora.
E depois conheço pessoas que apenas me dão vontade de lhes dar com a merda do muro nos cornos sempre que abrem a boca, que trazem para fora o pior que há em mim, que me fazem perder qualquer tipo de controlo em relação ao que sei ser razoável e decente e normal e bom. Que apenas me dão vontade de puxar pelos galões e exigir vénia sempre que me olhem, que lavem a boca antes de me falarem, que agradeçam aos santinhos eu lhes ter aparecido na vida. Que me dão vontade de as obrigar a rebaixarem-se, a sentirem-se verdadeiramente pequenas e vulneráveis, que admitam a merda que são e que depois me desapareçam da vida.
No meio disto tudo, o que mais detesto é a falta de controlo que tenho para mostrar a inteligência que sei que tenho, é sentir-me a transformar numa bestinha igualmente prepotente e armada aos cucos quando ao pé deste tipo de gente. Nem as penso. Transfiguro-me. E quem acaba por pagar as favas sou eu, claro.
Estas pessoas, os patos bravos que por aí abundam, usam e abusam dos outros a seu bel-prazer de modo a garantir que sejam sempre eles os reis do castelo, os mais fortes do bairro, os donos do pedaço. Vale tudo na guerra que têm com elas próprias, vale tudo menos sentirem que não se aguentam à pedalada. São arrogantes, narcisistas, egocêntricas e tão fodidamente frágeis da cabeça que preferem recorrer à violência verbal e às ameaças para assegurarem a sua própria sobrevivência, nem que seja à custa dos outros.
Mas apesar dos apesares, não consigo deixar de as olhar com uma certa pena, com uma certa condescendência, até. Por muito mau que isto seja, sei que devia saber melhor do que reagir da forma que por vezes reajo. Devia ser melhor e maior que isso.
Se mais nada, ao menos que me sirva de aprendizagem.
Inspira-expira-inspira-expira-inspira-expira… breeeeeeeeeeeeeeeeeeeathe……
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O timing não podia ser melhor.
Os temas também não.
O grupo? Pronto… não o pude escolher…
A formadora é do melhor que há (Me!).
Sim, minha gente, eu estou novamente a dar formação (interna) sobre Igualdade de Género e de Oportunidades entre Homens e Mulheres.
Eu. A feminista-anti-feminista-radical. A que cospe veneno contra as mulheres e tenta atenuar o sentimento de culpa que quase que obrigo os homens (coitados) a ter. Faz parte (eles gostam).
Os meus ricos colegas andam a levar comigo a vociferar impropérios contra a sociedade, cultura e costumes, mandando vir com as mulheres e condenando as atitudes machistas à morte (cravos e ferraduras…). Já matei a publicidade no geral e a Toys ‘r’ Us no particular, já enterrei os filmes Disney e já fiz o funeral às piadas que se baseiam nas tipificações e estereótipos com base no género. Já explodi contra ideias retrógradas e já me ri com aquilo que as novas gerações consideram mais correcto. Já tomei a posição de acusar e a de vítima.
Eu, a única mulher na sala, em frente a um grupo de 7 homens, falando de sexo (não do acto, claro…), género e afins enquanto passo resmas e resmas de slides com imagens reais do mundo que nos rodeia, enquanto mostro definições de dicionário de palavras que todos achavam conhecer bem o significado.
Agora só falta eu acreditar mesmo que tais coisas sejam mesmo possíveis, seja em casa, seja no trabalho, seja onde for.
No meio disto tudo, descobri que o mulherio tem um novo problema. E não é pequeno.
Há por aí uma nova geração de homem que entende que não lhes cai um testículo se por acaso fizerem o jantar ou ajudarem a limpar o pó. Há uma nova geração de homem que não atribui às mulheres a responsabilidade de certas tarefas, assumindo eles apenas o papel de ajudante. Há uma nova geração de homem que sabe que não há mal nenhum em se mostrarem menos machos.
Minhas Senhoras, estamos fodidas.
Há aí uma nova geração de homem que finalmente percebeu que tem mais a ganhar em ser menos “homem”. Que aprendeu que nós ficamos todas caidinhas por homens capazes de coisas dantes apenas sonhadas por nós, apenas conversadas e desejadas nas idas em grupo às casas de banho de bares e discotecas. Há aí uma nova geração de homem disponível para nos ouvir, para falar, para saber dobrar meias, para abraçar e ajudar a escolher botas.
Estamos fodidas.
A única coisa que ainda me dá algum tipo de alento é saber que nós conseguimos ser tão estúpidas para quem nos quer bem quanto os homens. Talvez acabemos por conseguir matar esta estirpe masculina pós-moderna armada aos cucos para não corrermos o risco de vermos salários iguais em trabalho igual, de vermos a roupa apanhada quando chegamos a casa ou de não ouvirmos risota quando achamos que o carro está a fazer um barulho estranho. Era o que faltava!!
As mulheres são as educadoras da humanidade. Mas agora há por aí um qualquer movimento composto por rebeldes cheios de causas que contrariam o que lhes vai sendo incutido e mostrado como sendo o “normal” para depois nos despirem de argumentos e de razão quando gritamos “és mesmo homem!!” respondendo logo com um orgulhoso “não sou nada!!!!”.
Minhas Senhoras, o tempo é de luta! Vale tudo!
Eles andam aí!!!! Todo o cuidado é pouco!!!
Mulheres, às armas que estamos em guerra!!!
Eu definitivamente não sou a melhor pessoa para dar este tipo de formação. Mas eles, ao que parece, estão a gostar. Vá-se lá perceber.
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