28.11.09

Breathe Out

imagem: google
"...Hold your breath and count to 10.
Then fall apart and start again..."
Placebo

26.11.09

Inspira-expira-inspira-expira-inspira-expira...

imagem: google Há pessoas neste mundo que acham que o resto do mundo lhes deve alguma coisa. Acham, com tudo quanto têm e são, que o resto do mundo é uma perfeita merda e que a existir paraíso, o mesmo encontra-se situado bem no centro do próprio umbigo. Estas pessoas são, segundo as próprias, prova inequívoca de que deus existe, que existe sempre a excepção que confirma a regra. Fazem questão de, com murros na mesa e disparates a voar da boca, afirmar que são como são e ainda bem porque o mundo precisa é de mais gente assim, que isto é tudo uma cambada de idiotas incompetentes chapados que nada fazem e nada sabem e que, ainda por cima, nada querem fazer e nada querem saber. Os complexos de inferioridade são difíceis de decifrar, difíceis de gerir e extremamente difíceis de aturar. Não há argumento lógico e bem fundamentado ou opinião devidamente estruturada que resista a quem passa o tempo à procura de pequenos lapsos no discurso para se fazer valer de um qualquer nível de chico-espertice que prova que está atenta e que ninguém a engana, hein!!! Não ouvem (não o sabem fazer) e nem querem ouvir. Não precisam de o fazer. Sabem tudo. Quem trouxer coisas novas apenas lhes está a tentar dar a volta, tentar ludibriar, tentar enganar e fazer mal. Gatunos!! Cambada de chulos!! Cabrões!! Os complexos de inferioridade funcionam como uma espécie de muro que os doentes armam com guardas e bazucas e tudo quanto seja radar, não vá o resto do mundo entrar e mostrar-lhes que estão errados. Aos olhos de quem tenta puxar para cima e mostrar que há mundo para além daqueles calhaus, funcionam como farpas que a cada rasgo de pele deitam abaixo e enfraquecem qualquer boa vontade que possa existir em relação a seja o que for. Tenta-se a abordagem da gentileza, a abordagem da simpatia, a da compaixão, a da ingenuidade – tenta-se tudo que não fira susceptibilidades e permita que no tal muro se vá abrindo pequenas janelas. Não vale a pena. A insegurança é armadura difícil de trespassar e ou se está preparado para aniquilar por completo a fraqueza e falta de segurança, assumindo todos os medos e receios para nós, ou então não vale a pena. A reacção vai ser uma fuga para a frente, um abalroar de tudo quanto se diga e faça, um despeito e negar de tudo quanto não seja conducente com as ideias e opiniões que desde sempre existiram e hão-de continuar a existir. Conheço pessoas inseguras em relação às quais não pensaria duas vezes em pegar nos tais medos e receios para os levar para longe, em relação às quais não teria problema nenhum em partilhar o que pudesse das minhas forças e seguranças, em relação às quais faria questão de ser o tal muro até ganharem pé, até se acharem em condições de se aventurarem de forma mais segura pelo mundo fora. E depois conheço pessoas que apenas me dão vontade de lhes dar com a merda do muro nos cornos sempre que abrem a boca, que trazem para fora o pior que há em mim, que me fazem perder qualquer tipo de controlo em relação ao que sei ser razoável e decente e normal e bom. Que apenas me dão vontade de puxar pelos galões e exigir vénia sempre que me olhem, que lavem a boca antes de me falarem, que agradeçam aos santinhos eu lhes ter aparecido na vida. Que me dão vontade de as obrigar a rebaixarem-se, a sentirem-se verdadeiramente pequenas e vulneráveis, que admitam a merda que são e que depois me desapareçam da vida. No meio disto tudo, o que mais detesto é a falta de controlo que tenho para mostrar a inteligência que sei que tenho, é sentir-me a transformar numa bestinha igualmente prepotente e armada aos cucos quando ao pé deste tipo de gente. Nem as penso. Transfiguro-me. E quem acaba por pagar as favas sou eu, claro. Estas pessoas, os patos bravos que por aí abundam, usam e abusam dos outros a seu bel-prazer de modo a garantir que sejam sempre eles os reis do castelo, os mais fortes do bairro, os donos do pedaço. Vale tudo na guerra que têm com elas próprias, vale tudo menos sentirem que não se aguentam à pedalada. São arrogantes, narcisistas, egocêntricas e tão fodidamente frágeis da cabeça que preferem recorrer à violência verbal e às ameaças para assegurarem a sua própria sobrevivência, nem que seja à custa dos outros. Mas apesar dos apesares, não consigo deixar de as olhar com uma certa pena, com uma certa condescendência, até. Por muito mau que isto seja, sei que devia saber melhor do que reagir da forma que por vezes reajo. Devia ser melhor e maior que isso. Se mais nada, ao menos que me sirva de aprendizagem. Inspira-expira-inspira-expira-inspira-expira… breeeeeeeeeeeeeeeeeeeathe……

24.11.09

Comunicado da Administração

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A Administração do Outra Merda Qualquer (OMQ) vem por este meio emitir o seguinte comunicado para todas as visitas (acidentais ou não), leitores (acidentais ou não) e restantes elementos da população mundial que por aqui venham passear (de propósito ou não): 1. O blog OMQ (para os amigos) tem dona. É a Me (adiante designada por Dona Me); 2. Na qualidade de Dona do Blog, a Administração tutela nela o desígnio de Mestra Universal de Todos os Bens Materiais e Imateriais que pelo blog OMQ possam estar, não estar, ter estado, ir estar ou encalhar; 3. Na qualidade de dona do Blog OMQ, a Dona Me pode vir para aqui largar as postas de pescada que bem quiser e bem entender; 4. O blog OMQ tem visitas (e afins – ver acima), feliz ou infelizmente, depende; 5. As visitas podem vir para aqui largar as postas de pescada que bem quiserem e entenderem; 6. O blog OMQ, sendo um espaço de relativa democracia, não discrimina ninguém em função de qualquer característica natural ou adquirida, tirando a conhecida por Estupidez (natural ou não); 7. A Estupidez será, no OMQ, tratada com o devido despeito, desrespeito e ofensa (gratuita ou não) de modo a que a mesma se vá e não mais queira voltar caso não se pretenda emendar de seus atentados à inteligência; 8. É da exclusiva responsabilidade da Dona Me empreender todas as acções (necessárias ou não) para garantir que a Estupidez se vá (e não volte) podendo a mesma utilizar de linguagem rude e ofensiva ou do sarcasmo e tom irónico sempre que assim lhe aprouver; 9. Caso a Estupidez (natural ou não) teime em fazer do blog OMQ poiso, recorrer-se-á a medidas mais extremas como seja a opção “DELETE” a cada um das suas manifestações; 10. Relembra-se que o destino do blog OMQ pertence à Dona Me e a todos os pitis mentais, físicos ou mistos que lhe derem, não derem ou estiverem por dar, havendo por aí bom remédio para quem disto discordar; 11. O blog OMQ não é conhecido pela Santa Casa da Misericórdia, e como tal, não se rege pela máxima também utilizada pelos EUA de “Bring me your weak, your poor, and insane people”, pelo que qualquer tentativa de transformar o blog OMQ em casa de acolhimento será repudiada com cães, gás pimenta e o arroz de pato de uma senhora que conhecemos de um restaurante aqui perto; 12. O anonimato é direito de todos, inclusivamente da Dona Me; 13. Quem deste direito abusar acarretará com as devidas consequências; 14. Recorda-se que o blog OMQ possui endereço de e-mail disponível 24 horas por dia e por mais meia dúzia durante a noite sendo para o mesmo que vai parar toda e qualquer tentativa (frustrada ou não) de comentar o blog OMQ pelo que dizer algo qualificável como “Totó”, sofrer arrependimento, apagar a coisa e depois substitui-la por outra não menos “Totó” pode parecer muito bonito na caixa de comentários, mas na inbox do mail, não; 15. Informa-se igualmente que daqui em diante (a partir de hoje para os leigos) a Administração do OMQ tem activo sistema de gestão de reclamações devido à implementação do SGQ pela NP ISO 9001 na semana passada por filho da vizinha do terceiro frente; 16. Qualquer reclamação receberá a devida atenção sendo posteriormente descartada ou não consoante o nível de Estupidez ou capacidade de fazer rir quem a lê (podendo nestes casos ser publicada para espalhar felicidade pelo ciberespaço); 17. E prontes. Era mais ou menos este o comunicado que se tinha a fazer. Com os mais cordiais dos simpáticos dos empáticos dos respeitosos dos atentos cumprimentos, Tankiú e igualmente, A Administração do OMQ Contacto: outramerdaqualquer@yahoo.com

22.11.09

Breathe

imagem: google
Remembering how to breathe.
Back soon.

20.11.09

She’ll be right.

She’ll be right, mate. -
She’ll be right.
-
It’ll be ok. It will.
-
Will it to be ok…
-
Where there’s a will, there’s a way, right?
-
Willing to see the way.
-
Willing.
-
She’ll be right, mate.
-
She’ll be right.

18.11.09

I'm going home

imagem: google
Sabem que mais? Em relação ao tema da Igualdade entre Homens e Mulheres, fiquem com a mensagem da imagem acima (quem quiser, claro… quem não quiser que esteja à vontade). I’m going home… E não vou tomar uma posição tão extrema como aquele casal na Suécia que escondeu o sexo do filho/filha de os amigos (apenas familiares e amigos mais próximos sabiam…) para que a criança não crescesse tendo por referência estereótipos de género e afins. Também não é preciso tanto (para mim, não). Defendo que as diferenças devem ser celebradas de modo a que possam ser aceites e dignificadas, não utilizadas como armas de discriminação negativa, deitando abaixo quem calhar ficar na parte mais difícil da coisa. É preciso discriminar positivamente de modo a ganharmos algum tipo de equilíbrio nas coisas. Acredito que Homens e Mulheres têm de ter igual acesso a tudo quanto seja direito consagrado pura e simplesmente por todos nascermos seres humanos e sei perfeitamente que por enquanto ainda existe muita discriminação para com as mulheres e para com os homens em relação a precisamente este acesso a direitos. Ao nível das obrigações, cada um aceita as que achar que deve e não refila. Temos pena. Acredito que as mulheres, no geral, têm feito uma bela merda de trabalho em relação a este assunto, assumindo que para haver igualdade, têm de ser iguais aos homens. Não é verdade. Os homens também têm culpa neste campo. Elogiam mais as mulheres que têm atitudes tipicamente “masculinas”, descrevendo-as como sendo mais fortes e inteligentes do que o restante mulherio. Alimentam a coisa… Acredito que os homens, no meio desta merda toda, também têm sofrido com estas coisas, deixando de saber muito bem em que lugar se devem colocar. As mulheres tanto querem a besta abrutalhada que as encosta à parede e lhes mostra exactamente o que querem como a alma sensível que chora durante os filmes românticos. Os homens andam todos baralhados, sendo que as mulheres independentes lhes atrofiam a cabeça porque ficam a pensar que não se precisa deles e as que não o são deviam ser porque estamos no século XXI e a dependência e afins eram coisas do antigamente. Aquilo que se “pedia” a um homem há uns anos atrás não é a mesma coisa que se pede hoje e nem sequer se deu tempo para se adaptarem. As mulheres, numa de evidenciar a masculinidade que reside em todas as boas fêmeas, agarraram-se a princípios machos e, numa clara missão de serem mais filhas da puta que o próximo, exacerbaram o masculino, espetaram-lhe com um par de saltos altos em cima e chamam-lhe “Sucesso” enquanto fazem questão de andar com decotes até ao umbigo, insultando a inteligência dos homens e restantes mulheres que acham que não é por aí. Admitamos, de uma vez por todas, que ninguém sabe andar nesta merda e que as mulheres são as que mais têm a perder com toda a perdição em torno do “se eles podem, nós também podemos”. Ainda que isto não deixe de ser verdade, enquanto as mulheres se continuarem a avaliar por padrões masculinos, tornando-os no ideal, nada vai mudar. Apenas se reforça. As mulheres têm medo de ser mulheres de direito próprio e os homens até já têm medo de dizer que nos preferem ver de saias porque isso seria sexista, quanto mais serem tudo aquilo que acham que podem ser (para o bem e para o mal). Deixemo-nos das merdas de discursos que vitimizam, que desculpabilizam, que retiram a responsabilidade de cima dos ombros de cada um. A mudança destas coisas começa em cada um de nós, se assim o quisermos. Quem viver bem com o que tem, faça favor de ser feliz. Mas não me lixem a cabeça com merdas sem jeito, com argumentos sem nexo e muito menos me venham para aqui dizer que me sinto inferior às outras mulheres porque me acho menos inteligente ou com menos beleza como modo de contrapor esta minha visão das coisas. Com as vossas inseguranças posso eu muito bem.
Lamento informar, mas é preciso um pouco mais que bom raciocínio e um belo par de mamas para me fazerem sentir inferior a seja quem for. Cresçam e apareçam. I’m going home.

14.11.09

Eu sei que sei uma coisa que sei e que já sabia

imagem: google
Eu sei uma coisa muito boa de saber mas que tive de descobrir da pior forma possível mas depois quando a soube e admiti que sabia foi muito bom porque parece que tudo ficou mais leve e mais claro e mais fresco e agora apetece-me dizer a toda a gente e apetece-me gritar o que sei mas não posso porque eu sou uma senhora (foda-se!) e as senhoras não andam para aí aos gritos a gritar as coisas que sabem ou deixam de saber e de qualquer das formas nunca o faria porque vocês não têm nada a ver com isso por isso escusam de estar com merdas armados em cuscos que eu não me vou descoser ainda que me apeteça muito porque aquilo que eu agora sei é muito bom de saber e melhor mesmo só quando contar a quem também tiver de saber aquilo que sei. Mas isso são outras conversas. E não foi nada fácil eu ficar a saber o que sei porque tive de falar muito comigo e chatear-me muito a mona e é claro que ajudou ter levado na cabeça para me porem no lugar mas isso até fui eu que pedi que sou completamente apologista daquela coisa da automedicação, mas pronto, lá fui falando e conversando até saber o que sei e até descobrir que há coisas que quando se sabem, são mesmo boas de saber e que pronto enfim é bom e pronto. Resumindo, saber não ocupa lugar. Muito pelo contrário, cria-o. E aquilo que sei pode até nem servir de nada, ou então de muito pouco, mas pelo menos sei e saber que sei já é meio caminho andado para servir de muito. Tenho dito. Quer dizer, tenho sabido. Bom fim-de-semana, minha gente. Bom fim-de-semana.

10.11.09

Igualdade a quanto obrigas...

imagem: google O timing não podia ser melhor. Os temas também não. O grupo? Pronto… não o pude escolher… A formadora é do melhor que há (Me!). Sim, minha gente, eu estou novamente a dar formação (interna) sobre Igualdade de Género e de Oportunidades entre Homens e Mulheres. Eu. A feminista-anti-feminista-radical. A que cospe veneno contra as mulheres e tenta atenuar o sentimento de culpa que quase que obrigo os homens (coitados) a ter. Faz parte (eles gostam). Os meus ricos colegas andam a levar comigo a vociferar impropérios contra a sociedade, cultura e costumes, mandando vir com as mulheres e condenando as atitudes machistas à morte (cravos e ferraduras…). Já matei a publicidade no geral e a Toys ‘r’ Us no particular, já enterrei os filmes Disney e já fiz o funeral às piadas que se baseiam nas tipificações e estereótipos com base no género. Já explodi contra ideias retrógradas e já me ri com aquilo que as novas gerações consideram mais correcto. Já tomei a posição de acusar e a de vítima. Eu, a única mulher na sala, em frente a um grupo de 7 homens, falando de sexo (não do acto, claro…), género e afins enquanto passo resmas e resmas de slides com imagens reais do mundo que nos rodeia, enquanto mostro definições de dicionário de palavras que todos achavam conhecer bem o significado. Agora só falta eu acreditar mesmo que tais coisas sejam mesmo possíveis, seja em casa, seja no trabalho, seja onde for. No meio disto tudo, descobri que o mulherio tem um novo problema. E não é pequeno. Há por aí uma nova geração de homem que entende que não lhes cai um testículo se por acaso fizerem o jantar ou ajudarem a limpar o pó. Há uma nova geração de homem que não atribui às mulheres a responsabilidade de certas tarefas, assumindo eles apenas o papel de ajudante. Há uma nova geração de homem que sabe que não há mal nenhum em se mostrarem menos machos. Minhas Senhoras, estamos fodidas. Há aí uma nova geração de homem que finalmente percebeu que tem mais a ganhar em ser menos “homem”. Que aprendeu que nós ficamos todas caidinhas por homens capazes de coisas dantes apenas sonhadas por nós, apenas conversadas e desejadas nas idas em grupo às casas de banho de bares e discotecas. Há aí uma nova geração de homem disponível para nos ouvir, para falar, para saber dobrar meias, para abraçar e ajudar a escolher botas. Estamos fodidas. A única coisa que ainda me dá algum tipo de alento é saber que nós conseguimos ser tão estúpidas para quem nos quer bem quanto os homens. Talvez acabemos por conseguir matar esta estirpe masculina pós-moderna armada aos cucos para não corrermos o risco de vermos salários iguais em trabalho igual, de vermos a roupa apanhada quando chegamos a casa ou de não ouvirmos risota quando achamos que o carro está a fazer um barulho estranho. Era o que faltava!! As mulheres são as educadoras da humanidade. Mas agora há por aí um qualquer movimento composto por rebeldes cheios de causas que contrariam o que lhes vai sendo incutido e mostrado como sendo o “normal” para depois nos despirem de argumentos e de razão quando gritamos “és mesmo homem!!” respondendo logo com um orgulhoso “não sou nada!!!!”. Minhas Senhoras, o tempo é de luta! Vale tudo! Eles andam aí!!!! Todo o cuidado é pouco!!! Mulheres, às armas que estamos em guerra!!! Eu definitivamente não sou a melhor pessoa para dar este tipo de formação. Mas eles, ao que parece, estão a gostar. Vá-se lá perceber.

7.11.09

Dominar ou Calar? Dominar.

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Destinada a dominar. Parece que fazia parte do meu destino dominar… e não calar. O que começou por sucessivos calares, transformou-se num murmúrio… depois em conversas e terminou numa espécie de reclamação. Reclamação ouvida e devidamente registada, houve mais um calar para ver o que dali resultaria. O resultado, nada benéfico, só me deixou uma hipótese: dominar a coisa, resolvê-la (à minha maneira e o melhor que pude dadas as circunstâncias) e terminar, em definitivo, com a mesma. Ao que parece, estava destinada a dominar. Ainda bem. Nunca fui muito de calar, mesmo que sempre esperasse para ver. Bom fim-de-semana, minha gente. Bom fim-de-semana.

3.11.09

De chave na mão.

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Domina ou cala.
Não te percas, dando
Aquilo que não tens.
Que vale o César que serias?
Goza bastar-te o pouco que és.
Melhor te acolhe a vil choupana dada
Que o palácio devido.
Fernando Pessoa / Ricardo Reis É assim? Ou dominamos ou calamos? Sem meio-termo possível, tipo sesta a meio da tarde que remedeia noite mal dormida e permite que o resto do dia seja mais leve? Lutamos pelo inalcançável, sabendo-o assim, na esperança de colhermos gloriosos tesouros caso a sorte e fortuna estejam de feição, fazendo de conta que nada é impossível, que tudo se consegue, que o que é nosso a nós há-de vir? Ou escolhemos bem as nossas batalhas de modo a não desperdiçarmos tempo e energia de forma vã? Escolhemos o que é seguro e controlável ou seguimos em frente, sem medos, prontos a aceitar o que nos tiver reservado?
Pegamos o metafórico touro pelos cornos sabendo que volta à praça no final poderá ser em glória, em ombros ou que, pelo contrário, pode até nem se conseguir sair da mesma sem ajuda? Pegamo-lo na mesma, aceitando ambos os casos, entregando-nos nas mãos de um destino em tudo maior e muito mais valente que nós? Confiamos que ele existirá para nós e que ninguém se esqueceu de nós no momento de escrever os destinos de cada um? Confiamos no sistema, entregando-nos de corpo e alma à causa de não sermos mais nada se não a causa em si?
Ou olhamos o bichano, e com ligeiro piscar de olho e aceno de cabeça, dirigimos-lhe um pensamento que diz que há batalhas que não é preciso serem lutadas para sabermos que a derrota nos aguarda, de sorriso na boca e machado na mão? Em pensamento, dizemos-lhe que não vale a pena cansar nenhuma das partes evitando-se assim que ambas digam “já sabia que assim iria ser” em relação aos seus resultados?
Dominamos, mesmo que solitários, banhando-nos na paz e sossego que apenas as certezas nos podem dar? Ou vamos dando e dando e dando na esperança de que alguém retribua dádivas permitindo-nos depois receber, receber, receber? O altruísmo, meus senhores e senhoras, é mito. É engano do espírito humano. Não existe. Temos sempre algo a ganhar em sermos altruístas. Sempre.
Passamos os dias a olhar a tal choupana sabendo-a nossa, ou divagamos pelo palácio vazio e ainda por pagar na totalidade? Dominar é acto contínuo; requer esforço e trabalho. O contrário, não. E o contrário não significa ser-se dominado… Saudavelmente remediados e com avanços bem pensados e seguros, ou saltos de lebre sem nos preocupar o que esconde a moita?
Vou ou fico? Tenho ou perco? Sou ou deixo de ser? Corro ou paro? Falo ou calo? Durmo descansada sabendo tudo arrumado e no lugar ou sonho pesadelos com tudo o que poderia ter sido mas nunca chegará bem a ser, nem nunca foi? Olho e vejo ou olho e cego? Admito ou nego? Domino ou calo? Domino ou calo.