Chovia que nem cornos.Passava das 2 da manhã, mas o Padre André Miguel ainda estava a acordado. Estava à janela, a ver o que havia para ver e a desejar ver o que ainda não conseguia ver.
Estava na Vila há pouco tempo e ainda não conhecia bem a sua paróquia ou paroquianos… Valia-lhe a ajuda preciosa de Senhora Muito Beata que, mal ele chegou, se ofereceu logo para passar as noites em animadas rezas e dignificando a glória de Deus na terra. Pelo menos era assim que ele gostava de pensar na coisa… custava-lhe menos a penitência... tanto a ele como a ela, a quem ouvia as confissões e se sentia sempre na obrigação de dar um pequeno desconto da casa por haver circunstâncias atenuantes...Não era o único que estava a acordado.
Do outro lado da vila encontrava-se o Padeiro, bem coberto de farinha e trabalhando afincadamente. Mas hoje não era para as bolinhas de mistura que ele trabalhava… não. Hoje trabalhavam nas dele… No meio daquilo tudo, o que ele mais gostava era olhar-se e ver que havia sempre uma zona do seu corpo que resistia à invasão da farinha… Achava tanta piada àquilo que passava o tempo a atirar com mãos-cheias de farinha para o ar e a gritar “Está a nevar!! Está a nevar!! Ai que frio!!! Ai que se me cai o termómetro!!”. Enfim. Era um padeiro muito carismático e cheio de jeito para amassar… o que lhe aparecesse à frente.
Num dos outros lados da vila, acordada também estava a Dona Ermelinda, viúva do Sr. Ermelindo (feliz acaso do destino, tanto os nomes como o facto de ser viúva).
Tinha apanhado o vício de ver as Televendas até altas horas da manhã, fazendo-se acompanhar por garrafita de Abafadinho e pevides. Apanhava pielas de três em pipa e não era raro encontrá-la, de copo de cristal em punho, a vaguear as ruas da vila declamando Camões e bradando os mais recentes êxitos de Tony Carreira. Ainda que a dicção ficasse ligeiramente comprometida, o tom que empregava estava quase sempre certo. Tinha sido professora de música e era tão perfeccionista que enchia sempre o seu copo com Fá-Menores de Abafadinho porque achava que isso soltava melhor os aromas da poção, tudo testado a toque de colheres de prata com suaves tlim-tlim-tlrins até acertar na quantidade certa. Ia, nesta noite, no seu 4º Fá-Menor…
No último lado da vila estava a Senhora Dona Porfíria Prazeres, ex-prostipega da Nacional 347 que, após infeliz encontro com touro bravo fugido de herdade das proximidades enquanto realizava atendimento a cliente encostada ao pneu suplente de Camião Scania de 1976, decidiu que não tinha perfil para forcada e prontamente encerrou a sua actividade para nunca mais voltar ao local. Reformou-se com pompa e circunstância, tendo convidado toda a Vila para festejar tão desejado acontecimento. Toda a vila compareceu, vestida a rigor, oferecendo presentes e conselhos considerados úteis à Senhora (coitada).
Chovia que nem cornos e enquanto uns dormiam, outros arranjavam motivos para se manterem acordados. Era assim todas as noites na Vila.Mas nesta noite, em que chovia que nem cornos, o destino interveio e nunca mais nada foi igual
(TARADO)
Nessa noite o senhor Foca, chega com grande aparato atrás do camião das mudanças. Mudou-se para a casa que acabava de vagar por baixo da residência da dona dos "Prazeres". O antigo morador, sr. Custódio, tinha desaparecido sem dar notícias a ninguém. Dizia-se discretamente que se tinha metido no jogo e com a máfia do casino local... e eles não perdoam. "Matam à colherada" - diziam a sussurar a cusquice.
Ainda chovia que nem cornos.
O Sr. Foca, decidiu mudar-se precisamente hoje. E um furo no camião das mudanças tinha atrasado a mudança. Pior. Teve de cancelar o jantar com a sua namorada, por sinal 25 anos mais nova que ele. Tinha frequencia no dia a seguir e já era tarde.
No camião pouco mais trazia do que a mesa de cozinha que seus pais lhe deixaram, a secretária que o acompanhava desde os anos de professor (antes de ser expulso por se envolver com uma aluna), e um cama de ferro de aspeco desconfortável.
"Logo nesta noite porra" - falou consigo próprio. Mal sabia ele onde se estava a meter. É que hoje, precisamente nesta noite, sería certamente a pior para o fazer.
(PKB)
"Como chovia que nem cornos, toda a mobília do professor estava molhada. Os tipos das mudanças não tinham coberto os móveis com plásticos e o pequeno percurso entre o camião e a casa era irrelevante. Chovia como cornos e nada havia a fazer. O professor, de seu nome Policarpo Helisondo, estava encharcado, a mobília encharcada estava e não havia uma toalha que fosse com que pudesse secar-se. As roupas vinham na segunda-feira. Tinha trazido apenas um saco com algo para trocar e nada mais.
"Que porra de tempo", pensou... e enquanto estava entretido nestes pensamentos banais, ouviu um som... pensou que o vizinho estivesse a ver a "Lei & Ordem" com volume demasiado alto... mas depois apercebeu-se que era real. Tinha ouvido um tiro e na rua jazia um corpo, a esvair-se em sangue, lavado pela chuva
(FISHERMAN)
Durante os festejos realizados na casa da Dona Porfiria, apareceu o Carlos, um antigo cliente da prostipega da nacional 347 e dono de um camião SCANIA. Uma pessoa que ela não contava ver além de cliente tinha-se tornado um amigo nas alturas em que escasseava a clientela e o estômago apertava. Carlos o camionista vinha-se declarar assim que soube da vontade que a Dona Porfiria tinha de abandonar a sua vida de pega. Ela não gostou, pois ao ver o Carlos fazia com que lhe viesse ao pensamento a nacional 347. Carlos desgostoso saiu há rua chovia que nem cornos.. a caminho do camião e com a falta da visibilidade o Carlos desapareceu.
(TARADO)
Olhando atentamente pela janela, usando os binóculos que tantas vezes havia usado para espionar a janela das casas de banho das raparigas a partir do 5º andar da faculdade, viu que se tratava do homem do camião das mudanças. Tinha sido alvejado. Ainda mal o Foca se tinha recomposto da molha que tinha apanhado, e viu-se na obrigação de ir à rua tentar ajudar o homem como se tal fosse possível. Estava preso na indecisão entre fazer o que achava correcto e o seu espírito de sobrevivência. Começava a recuperar do choque e decidiu fazer o que lhe pareceu mais correcto na altura. Fazer de conta que não era nada com ele. Os minutos passavam. Pareciam horas. Ninguém vinha acudir o homem. Foca começava a ficar realmente angustiado. Não era normal em si, que sempre foi um pouco egoista. Decidiu espreitar mais uma vez. O homem já lá não estava. Havia um rasto de sangue até à porta do seu prédio. O telemovel toca. Era a Susana. Atende. - Ois grosso - a Susana começa do outro lado - Olá amor. Então? Já estudaste tudo? - Não pá. Fonix. Não me consigo concentrar. Só penso em ti. - Eu tb estou com saudades amorzão. Nem imaginas o que aconteceu aqui. - Olha por fala nisso vou até aí. Preciso de carinho. Até já. - Espera. Linda? Não venhas já.... - tarde de mais... tinha de
(ME)
O Ex-cliente da Dna Porfíria Prazeres, Carlos o Camionista, tinha uma negociata com um primo afastado. Alugava-lhe o camião para de vez em quando fazer uns serviços de mudanças e de vez em quando o outro lá ia pagando. Mas Carlos o Camionista Scania das Mudanças tinha desaparecido e a única coisa que restava de tal fatalidade era o rasto de sangue que devagar devagarinho ia desaparecendo da rua devido à chuva.
Enquanto o Foca esperava e desesperava, no andar de baixo algo de muito frenético de passava.
Dna. Ermelinda, tomada por mais uma das suas vontades de declamar poemas às tantas da manhã, tinha saído de casa com o seu copito de Fá Menor, pronta a declamar o que haveria para declamar, mas rapidamente os seus planos foram alterados. Após apenas 3 estrofes d'Os Lusíadas, tropeça, cai e aterra bem em cima da cara do Carlos Camionista. Quando olhou para baixo e viu um homem deitado por baixo dela, Dna. Ermelinda largou um grito, agradecendo a Deus por finalmente ter dado resposta a tantos anos de rezas e sacrifícios animais.
Olhou à volta... não viu ninguem. Encharcada até aos ossos, tanto em água como em álcool, arrasta Carlos o Camionista até casa com intenção de se vingar de anos e anos de televendas pela noite fora.
Coloca-lhe uma mordaça na boca, lava-o bem lavadinho. Repara numa ferida, no abdomen. Sangrava com algum afinco, mas como a coisa parecia apenas um anorme arranhão, Dna. Ermelinda tratou da ferida e foi fazer chá. O seu achado estava geladinho.
Carlos o Camionista afinal não estava morto. Tinha-se esquivado a uma bala.
Toda a vila, por esta altura, estaria já quase na hora de acordar.
O Sr. Padre estava triste por não lhe ter aparecido o que ele queria que aparecesse.
O Foca estava triste por lhe ir aparecer o que ele não queria que aparecesse.
Dna dos Prazeres estava triste porque achava que tinha tratado mal o seu pretendente.
Apenas Dna. Ermelinda sorria, a bom sorrir, com o piteu que tinha pescado da rua.
(FISHERMAN)
Dona Ermelinda ainda com dificuldades em digerir todos estes acontecimentos, repara que Carlos começa a dar de si. Ermelinda com medo da reacção e ainda sem saber bem o que fazer arruma com rolo da massa nos cornos do Carlos, colocando-o inconsciente mais uma vez.
Ai de mim que matei o homem ai de mim que matei o homem…
Susana ao passar pelas ruas da vila indo ao encontro do seu Foca ouve a Dona Ermelinda aos gritos…
fica em pânico, todos sabiam o que o pânico fazia a Susana, correu para a igreja, encontrou o Padre, espantado ele diz - deus é grande.
Susana sem saber o que fazer agarra-se ao padre
(TARADO)
O Padeiro, já estava farto de amassar bolas e de bater umas à pala de um poster da Samatha Fox que de tão velho que era, já não se desinguia os mamilos do resto da teta tal a descoloração.
Ninguem na aldeia sabia, mas a velha receita de família que tanto gosto ao pão dava, não era concerteza nenhum pó mágico, nenhuma farinha especial nem mesmo alguma mistura. O seu pai tinha um ditado: "o que os olhos não vêm a boca agradece".
O Padre André era o seu melhoir cliente. Pedia sempre ao Padeiro que lhe colocasse um pouco de condimento secreto extra porque dava um sabor mais apurado ao pão que gostava de comer com doce de tomate.
O Padeiro estava finalmente cansado e quase a abrir as portas. A chuva la fora continuava a cair forte e feio. Como já conhecia os cantos à casa, foi fechar a porta da arrecadação onde guardava a farinha e frascos congelados do seu condimento especial. Quando chovia entrava 1 a 2cm de agua o que era suficiente para fazerem as baratas e as ratazanar subir para a loja.
De repente assusta-se com um estrondo na porta. E outro. Alguém batia fern+eticamente na porta de vidro acabada de por na semana anterior. "Foda-se pá!? Quem é o palhaço que me esta a dar cabo da porta?". Assim que chegou perto conteve-se. O Tenente Martinho estana à porta e com cara de poucos amigos. Teria alguem descoberto o seu segredo?
(CANTADOR DE DESGARRADAS)
Mas nem tudo era chuva, nem tudo era sexo.
Policarpo Mendes, funcionário das finanças, pensava na professora que há dias se tinha mudado para a vila. Estava hospedada na Pensão Residencial D. Clarinha, quartos com TV e comida caseira, tal como ele.
A professora tinha chegado, de cabelos soltos e vestido largo, num dia de sol, óculos em cima dos loiros cabelos e mala com rodinhas, saíra do expresso mesmo à hora em que ele saíra do serviço, de fato e gravata como convém a qualquer funcionário das finanças.
A chuva e a professora e a solidão do quarto, antónio_nobrearam-no em menos de nada, suspirava e chegava à conclusão que se tinha apaixonado.
Mas não fazia ideia de como declarar este amor, nem sequer de como chegar à fala com a dita professora, de seu nome Vanessa, de seus seios bem fornecida, de seu rir bem alegre.
Policarpo Mendes estava num reboliço...
(ME)
Susana, enquanto agarrada ao Padre e a tremer que nem varas verdes, ia contanto que tinha visto a vizinha de baixo do seu amado aos gritos com homem atado a uma cadeira. O Padre, olhando para cima, só disse: Vai barda merda oh, pá que não era para ouvir confissões que eu tanto rezo.
Mais calma, Susana convence o Padre a ir com ela ver o que se passa.
Ainda em casa, Dna Ermelinda, já na segunda garrafa de Dó-Ré-Mis, olha o seu prisioneiro e decide que não é com galo na cabeça que o quer. Vai buscar um dos chapéus de seu falecido marido e prontamente tapa a tapa que lhe deu.
É enquanto se começa a despir que Susana e o Padre chegam à janela e vêem todo aquele preparo.
- Dna. Ermelinda!!! - grita o Padre
- Vai-te cagar que este é meu! - responde Dna. Ermelinda, fechando a janela.
Sobem até ao andar de cima onde estava o Foca, focadíssimo numa mini de litro para tentar ultrapassar a crise de nervos que estava a ter.
- Meu amor! A tua vizinha de baixo agarrou num gajo, prendeu-o a uma cadeira e agora está-se a despir para o coitado! Fui chamar o Padre, não fosse aquilo ser pecado e tal! - disse Susana assustada.
- Ahhh.... não sei de nada! Não sei de nada!!
- Desculpa lá, oh Sr., mas acho que não o tinha visto antes. Nem a si nem a este bela jovem que o acompanha. - interrompeu o Padre.
- Ahhh! Desculpe! Sou o Foca e esta menina é a minha menina. Como vai Sr. Padre?
- Já estive melhor. Muito melhor! Então, se calhar vou ver da polícia para ver se resolvemos aqui o berbicacho em baixo. Até um dia destes! - despediu-se o Padre.
- Intés!! - despediram-se Foca e Suana em uníssono.
O Padre lá foi percorrendo as ruas da vila, encaminhando-se para a esquadra. Pelo caminho, reparou que havia luz na Padaria do Padeiro e decidiu, já que estava ali, né?, aproveitar para comprar o seu pãozinho especial. Aproximou-se da porta e reparou que estava por lá o Tenente Martinho a falar com o Padeiro.
- O que é que andas a meter no pão, meu cabrão?!!? - bradou o Tenente.
- Farinha... água... e um sal especial ... nada mais!! - respondeu o Padeiro assustado e agarrado a pão de quilo como se fosse a sua salvação.
- Cala-te meu aldraboso! Qual sal especial qual quê!!! Pensas que eu não sei que tu andas metido com o Policarpo Mendes, o maior traficante se farinha do hemisfério sul!??! Pensas que não sei que andas a usar farinha falsificada?!?! Tu e o Policarpo Mendes estão metidos nisto até aos olhos! Admite a tua culpa agora ou levo-te já para a choça! - ordenou o Tentente.
- Ahhh... não sei de nada... não sei do que fala... - respondeu o Padeiro. Olhou para a porta e viu a cara do Padre, lívida, a olhar para dentro.
- Sr. Padre!!!! Bom dia!!! Por aqui?!?!? - sorriu o Padeiro.
O Tente vira-se e, vendo o Padre, faz vénia enquanto declama 2 avé marias (hábitos). O Padeiro, previdente, aproveita e atira com o pão de quilo à cabeça do Tentente, fazendo-o cair redondo no meio do chão.
- Vá, anda para dentro. Temos de ver o que vamos fazer com este gajo! Como é que o cabrão descobriu o nosso segredo?!?! - suplica o Padeiro ao Padre.
Susana tinha estado com Policarpo nessa tarde, antes de ir ter com o seu Amado Foca. Tinha ido às finanças com a desculpa de ter IRS para entregar. Policarpo Mendes, que quase que desmaiava sempre que a via, aviou-a tão bem ou tão mal ue chegou à conclusão que ela teria era a receber, e não pagar. Voluntariou-se logo para pagar a dívida do estado e rapidamente encaminhou a pequena Susana para a sala dos materiais. Explicou-lhe que o meio de pagamento teria de ser faseado, por prestações, e que ela teria de ir ter com ele todos os dias durante 4 semanas. Pensando que ele a achava uma parvinha, Susana sorriu e disse: Sim, Senhora, senhor das Finanças. Estou às suas ordens! e prontamente levantou a saia e baixou as cuecas, pronta para a primeira prestação... Pelo meio de tantos cálculos, Policarpo Mendes terá deixado escapar qualquer coisa sobre farinha que não era farinha, Padre que não era assim tão Padre como tudo isso e Padeiro que fazia muito mais do que padeirar... Susana, após ter saído da sala dos materiais, encaminhou-se para a esquadra e chibou-se toda ao Tenente.
Mas não era por ser boa cidadã.... Não. Também ela tinha interesses a defender e agora que tinha o Policarpo na mão e o seu Foca no papo, estava pronta para realizar o seu grande plano.
Carlos o Camionista acordou quando Dna Ermelinda lhe bateu com um dos seios na cara. Estava a dançar ao som de Sevilhanas e entusiasmou-se.
- Oh cariño... mi gusta tua manos, cariño... - cantava ela.
- Estão atadas, oh velha pataroca! - respondeu ele.
- Não seja por isso! Se mi queiris, soy tua!!! - respondeu Dna Ermelinda atirando-se ao moço como se ele fosse um chupa... e foi, durante uns perplexos minutos ém que Carlos o Camionista não sabia bem onde se enfiar...
(CANTADOR DE DESGARRADAS)
A D. Clarinha aproveitou e mandou chamar o cabo da guarda: TINHAM-LHE DESAPARECIDO DOIS GATOS DE LOIÇA QUE ESTAVAM EM CIMA DO APARADOR!
E agora? O Policarpo disse que ela tinha feito bem, depois te ter visto o sinal de concordância que a sua amada Vanessa tinha feito com a cabeça, aproveitando também ela esse gesto para adejar os cabelos e, assim, mais pôr em rebuliço (reboliço? rebuliço? ó cum ca...raças!) o pobre do Policarpo.
Acho que a D. Clarinha fez muito bem, não acha, menina Vanessa?!
Ela virou-se para ele e perguntou-lhe: "Senhor Policarpo, quem é o Padeiro? E quem é a Dona Porfíria?
Era sobre esta que ela queria saber coisas, a pergunta sobre o padeiro foi para despistar.
(TARADO)
A Susana, nunca foi flor que se cheire. Com apenas 19 anos, já tinha um historial de amantes e de jogos de sedução que não chegava para relatar num rolo de papel higénico da Scotex.
Começou a aprender esta arte com sua mãe. Esta tinha por arte a sedução de homens ricos da alta sociedade, os quais depois chantageava por dinheiro ameaçando escandalos. Fez uma vida farta e ensinou tudo o que sabia à filha desde tenra idade. A filha com 13 anos já ajudava a mãe a seduzir os seus alvos. Era ela quem acabava por instalar todo o aparato multimedia de filmagem e fotografia que a mãe depois usava para criar as provas necessárias à chantagem.
Antes da maior idade já se tinha habituado a seduzir os seus professores e colegas de turma. De ambos os sexos. Mas sempre foi ajuizada. Nunca se envolveu romanticamente com ninguêm. Nao para álêm dos amassos. A mãe ensinou-a na arte de seduzir mas nunca dar nada em troca. E assim poupou-se de forma pouco comum para os tempos que correm, até aos 18 anos.
Foi precisamente no diz em que fez os 18 anos que começou a sua aventura de ninfa. Não ia com todos mas ía com alguns e muitas vezes. Mas tal como a sua mãe lhe tinha ensinado, não dava ponta sem nó e tudo o que fazia era cuidadosamente planeado. O Foca não fazia parte de plano nenhum. Até agora, Era seu porto de abrigo. O unico a quem nunca conseguiria dizer não. Não era paixao, mas vicio.
Infelizmente para o Foca os motivos que a traziam a sua casa hoje viriam a mudar este cenário. O Foca era parte do seu plano. Tinha de ser. Só assim fazia sentido.
Depois de matar as saudades que tinha, varias vezes, decide ir falar com o padeiro. Estava na hora de começar a agitar as aguas.
(CANTADOR DE DESGARRADAS)
Era mais ou menos sabido, que a Dona Clarinha tinha um fraco pelo Policarpo e, claro, não via com bons olhos aqueles olhares dengosos com que ele despia a Vanessa.
A Dona Clarinha era assim para o anafado, como convém a qualquer dona de pensão, cheia de pulseiras a tilintar, umas mamas deste tamanho, que ela mostrava dentro do possível. O Policarpo, magro, penteadinho, cabelo liso e rsica ao lado, tinha um medo dela que ninguém imaginava. Muitas vezes acordava de noite, o suor a escorrer-lhe pelo corpo, com um pesadelo que era sempre o mesmo: e Dona Clarinha, que tinhas as chaves de todas as portas dos quartos, entrava-lhe pelo quarto dentro e atirava-se para cima dele gritando, "Toma-me, Policarpo, toma-me.." e ele, sem saber que fazer, no sonho ou fora dele, acordava assustado que nem um pardalito em dia te trovoada.
De modo que a Dona Clarinha tinha-se servido dos gatos de loiça, que já vinham do tempo da sua avó (da minha avó que Deus tem, dizia ela, benzendo-se) para arranjar maneira de afastar o Policarpo da flausina da Vanessa, quem é que ela pensava que é, ainda agora chegou à pensão, já pensa que isto é tudo dela, é Dona Clara, olhe as toalhas do meu quarto, é Dona Clara olhe isto, olhe aquilo, nnmguém me chama Dona Clara senão a putinha, eu já lhe faço a cama, ou não me chame Clara Assunção Fagundes, Fagundes por parte do meu pai, por que sou filha de mãe incógnita.
(DESINFORMADOR)
Amanhece na vila, e continua a chover como cornos. São 7h23.
O Tenente, que tinha passado pelas brasas na sua secretária, acorda de mais uma noite mal dormida, e após uns segundos para se situar, afasta a cadeira esconça que range por todos os lados e cambaleante dirige-se à casa de banho da esquadra. Esses breves minutos usa-os para delinear a agenda do dia.
Entretanto o Padeiro executa as ultimas tarefas antes de ir fazer a ronda dos clientes habituais, a quem se supõe que deve entregar o pão fresquinho que cozeu nessa madrugada. Coloca uns aparentemente deliciosos pastéis de nata em tabuleiros, São Marcos, Rins, Croissants recheados com chocolate e afins...
Entre tanto toca o telefone na secretára do Tenente. Uma voz familiar diz: "Foi atingido a tiro um homem a tiro esta noite, e vocês inuteis nem se deram ao trabalho de sair da toca! Vocês são o que os franceses chamam de: Les incompetents!"
E ouve-se um clique e um sinal intermintente de comunicação terminada... o interrumpida abruptamente!
(ME)
Na sua ronda, o Padeiro retira uma caixa especial e bate à porta da sacristia. Abre-a o Padre, esfregando as mãos e lambendo os lábios.
- Trouxeste?
- Trouxe. – respondeu o Padeiro.
- Aquela gaja… a do Foca… A Susana… essa gaja ainda vai desbroncar aqui a cena toda… Ela viu como fiquei quando se atirou para os meus braços! Padre que é Padre não fica assim!!
- Cala-te oh inútil. Claro que fica… Não te preocupes com essa… eu trato dela… Aliás, acho que o das Finanças já lhe deu um aquecimento… Não te preocupes com nada. – mandou o Padeiro. Entregou o que tinha a entregar e foi-se.
Enquanto isto, Dna. Ermelinda jazia cansadíssima no chão aos pés de seu refém. Carlos o Camionista, ainda preso à cadeira, completamente nu mas com a boca livre, gritava que se desunhava pela libertação.
No andar de cima, empreendiam-se negociações… Susana expunha o plano… Foca fingia não ouvir os gritos do Camionista enquanto imaginava as atrocidades que a bêbeda da velha lhe fazia.
Do outro lado da Vila, Dna Clarinha engendrava o seu plano maquiavélico enquanto sorrateiramente abria a porta do quarto de Policarpo, segura de que ainda estaria a dormir. Entrou e aproximou-se da cama. Estava em tronco nu. Enquanto rezava aos santinhos que o resto também estivesse nu, levantou cuidadosamente o lençol que mal o cobria e espreitou.
- Santa Pila dos Céus!!! – exclamou quando viu o que viu
Policarpo remexeu-se e virou-se de barriga para baixo, levando com ele aquela vista tão cheia de coisas para ver. Dna Clarinha sorriu e apenas pensou no divertimento que iria ser ter aquilo tudo só para ela um dia destes.
No quarto do andar de cima, Vanessa tomava duche, massanjando-se suavemente com óleo de amêndoa e banha de porco para ficar bem suavezinha (truques).
O Tenente, após o telefonema, sentou-se e chamou o Cabo.
- Xim, meu Comandante! - respondeu ele prontamente, ainda de cuecas mas já com bastão atado à cintura.
- Houve um homicídio na Vila!
- Impoxível, meu Comandante. Ninguém xe queixou de nada!
- Vai ver quem morreu! Já! - ordenou o Tenente.
- Xim, meu Comadante!!! - respondeu o subalterno enquanto se escapulia pela porta.
O Tentente, confiante que mistério seria prontamente resolvido, volta para a casa de banho e empoleira-se na sanita para ver a menina Vanessa a esfregar-se toda bem esfregadinha. A esquadra ficava do outro lado da rua da pensão e com os binóculos, conseguia espreitar para dentro da casa de banho do quarto da moça.
-Ahhh canina... ahhhh canina... - sussurava ele enquanto tentava não cair da sanita abaixo.
Enquanto isso, outro telefonema. Desta vez, era Susana quem ligava, disfarçando a voz...
(TARADO)
A Susana chega ao Padeiro e vê que estranhamente a porta encontra-se aberta mas ninguém na loja. Entra e desde as escadas que dão para a arrecadação. Era curiosa como um raio e já sabia que algo se passava. As coisas estava a correr bem.
Chega ao final das escadas, que não paravam de ranger pese embora muito pouco (56 kg para 1.74. só tinha pena de ter cu pequeno). Descer aquelas escadas fez-lhe lembrar os tempos de novita em que tentava, em vão, em casa da mãe, chegar à sala para ver os filmes que a mãe via as escondidas... mas a mãe era mais esperta e conseguia sempre mudar de canal antes que ela pudesse ver alguma coisa.
Chega à porta da arrecadação e abre uma pequena brecha.... eis que apanha o Padre e o Padeiro a torturar o Tenente Martinho. O Padre estava a espalhar cera a ferver no peito peludo do tenente, enquanto que o Padeiro enchia um alguidar com agua a ferver.
- Mas que raio de história vem a ser esta - diz o Padre com ar autoritário ao mesmo tempo que pega numa banda de depilação e arranca sem apelo nem agravo a maior parte dos pelos do peito do seu lindinho.
- Arghufffgggggggtaaahhhhhgaggaaaaaaa - disse o Tenente com ar convencido da dor que estava a ter
- Ah tu és desses Martinhozinho - diz o padeiro ao mesmo tempo que senta o tenente no alguidar de agua a ferver.
- GAAAaauuuhhhhuhhhhgaaaaaaa - dis o tenente agora perfeitamente sintonizado com a tortura que lhe estavam a fazer
- Porra pá - diz o Padre. Mas como é que ele descobriu ó Tony?
- He pá... não sei. Nunca pensei que ele descobrisse que na realidade o segredo era a nhênha!
- Desculpa? Nhênha?
O Padre estava vidrado.
- Tony... tu estas a dizer que o condimento secreto... é nhênha? Tu estas a brincar não estas? Diz-me que estás a brincar e que o condimento era a droga que eu te dava. Diz cabrão de merda!
O padeiro ainda estava a recuperar do choque. Tinha acabado numa assentada de dar cabo do seu negócio mais proveitoso... o de impingir ao padre pão com nênha inspirada na Samatha Fox e a venda da droga que ele lhe dava.
- Ó André. tem lá calma pá. O teu pão era sempre especial por causa disso mesmo. O teu é mesmo daquele.
- Então e para o resto da malta?
- Não queres que eu diga pois não?
- Não quero nem ouvir nem ver. Vou-me embora - apagando o cigarro que fumava num dos mamilos do Tenente
- Gahahhhhhtaaaaaafuaa - Dis o Tenente como que a agradecer
- Cabrão de merda - diz a padeiro. Foi o que ele disse caso não tenhas percebido.
- Abençoado seja - diz o Padre e sai porta fora.
Nisto sente uma dor agonizante e fica como que paralizado. A Susana tinha apanhado os tomates do Padre na mão e apertado com toda a força. Passou-lhe com a lingua dentro do ouvido e disse muito baixinho:
- Estás na minha mão. Agora és a minha vaca e fazes o que eu quiser.
O padre nem susurrou. Afinal... fazia já alguns dias que alguém lhe agarrava no material com aquela violencia. E ele estava com saudades.
(CANTADOR DE DESGARRADAS)
Policarpo Mendes sonhara na última noite que a Dona Clarinha lhe entrara pelo quarto dentro e lhe estava a ver as partes púdicas. Envergonhado, mesmo no sonho, deitou-se de barriga para baixo.
No outro dia de manhã, achou que talvez tenha sido mesmo verdade e olhou para a Dona Clarinha, quando ela lhe sernis o croissant com café com leite. Não havia dúvida que a Clarinha tinha um olhar de gulosa, mas ele achou que talvez fosse devido aos croissants.
Sr. Policarpo, o senhor anda muito enganado com essa lambisgóia ada Vanessa. Você tem o que é bom debaixo dos olhos e não quer ver. Olhe que eu acho que a Vanessa gosta mais de meninas do que de meninos, digo-lhe eu, com esta experiência que a vida me de. Pelos olhares que ela deita à Susana, que é outra que tal, não se admire. Tome lá mais uma pinga de café com leite, bem precisa para encher esses músculos, tome lá...
E dito isto, enquanto entornava mais um pouco de leite na caneca do Policarpo, entornava também as generosas mamas por cima do ombro dele. E que mamas...
"Já apresentei queixa ao cabo da guarda por causa dos gatos de loiça que desapareceram e olhe que se calhar vamos ter uma grande surpresa, ou eu não me chame Clara da Assunção Fagundes."
O Policarpo levantou-se, olhou para a Dona Clarinha e disse-lhe: "esta noite sonhei consigo, espero por si logo, no meu quarto, para se acabarem os pesadelos..."
Enquanto noutros sítios da vila se desenrolavam cenas pouco edificantes, aqui, na Pensão Clarinha, quartos com tv e casa de banho, comida caseira, era o amor que imperava, o desejo contido, os olhares langorosos e um pouco de má língua, como convém a qualquer pensão.
A Dona Clarinha usava somente de má-língua, pois a boazona da Vanessa não queria meninas para nada. O que a Clarinha queria era afastar o Policarpo da órbita da Vanessa. Esta, que na escola tinha a menor taxa de faltas de alunos às aulas, sabia bem o que queria e como queria.
Não era o tenente, aliás,
Não percebo porque é que numa vila pequena há um tenente no posto da guarda. 4 guardas e um cabo e para quê um tenente. É assim que se gasta o dinheiro dos contribuintes, com o ordenado do tenente podia-se ajudar os pobrezinhos da vila, mas pronto, têm lá um tenente, que se f***.
Não era o tenente que a Vanessa queria, muito menos o padeiro. O Policarpo só lhe dava algum interesse, porque tinha ar de precisar de ser desmamado e isso punha-lhe os olhos a brilhar! O que a Vanessa queria era o cabo da guarda, 98 kgs de de gordura e músculos, um bigode que ia daqui até ali, o cassetete sempre pendurado à cinta, além da pistola, claro, e um voazeirão que assustava qualquer gatuno nas redondeza. A Vanessa imaginava-se triturada por aquele verdadeiro tanque de guerra, mas, por outro lado, as conveniências sociais obrigavam-na a ter cuidados. E para isso, para disfarçar, o Policarpo servia bem, vai daí, chegou-se à mesa dele e, para espanto da Dona Clarinha e dos outros comensais da pensão, disse em voz alta, "Policarpo, queres ir comigo ao cinema logo à noite?", às terças-feiras havia sempre cinema no salão dos bombeiros e o filme que passava chamava-se "Amor eterno" e era com actores indianos. Actores e o resto, até as lâmpadas de iluminar eram indianas.
O Policarpo mudou de cores, passou do moreno desmaiado para o amarelo, depois para o branco, avermelhou-se que nem um pimentão e, finalmente, esparramou-se na cadeira, outra vez moreno desmaiado e disse para consigo, "Estou fodido" e estava mesmo!
(DESINFORMADOR)
Bom, entretanto o Tenente levava já algum fora da esquadra, e o segundo Cabo Toni não percebia porquê. Era meio da manhã, continuava a chover como porcos e o rádio da esquadra, sintonizado num qualquer programa nacional, com os animadors a rirem a bandeiras despregadas de quem ainda estava atolado no IC 19.
E o Cabo Toni sem saber muito bem o que fazer... o Tenente era anti novas tecnologias, e nunca usava o telemovel. E desde que o orçamento foi cortado por um engravatadinho do Terreiro do Paço - facturas por pagar à PT, e outras empresas publicas de serviços, os telefones também sofriam cortes fequentes, e fazer uma chamada requeira uma solicitação em papel azul de 58 linhas.
A solução era dar uma volta pela pequena vila. Pegou na gabardina preta com um aspecto muito rasca, que comprou na feira semanal por 19 euros, depois de muito regatear ao cigano que pedia 49 euros, jurando que esta tinha saído dos armazéns muito conhecidos. Saiu porta fora, com as dobradiças a queixarem-se, e em cinco segundos ficou encharcado.
A primeira paragem foi a pensão familiar. O aspecto rústico faz-lhe lembrar a casa dos seus avós, e sempre que entra está à espera de encontrar uma mesa cheia de doces, bolos e sobremesas, arroz doce da avó, leite creme, bolo mármore, de chocolate acabadinho de fazer, ainda com o odor a pairar no ar, e a canela recém espalhada pelo arroz doce...
O resultado após duas horas a palmilhar toda a vila foi do mais desolador... o Tenente esfumou-se e aparentemente ninguém o tinha visto... De todas as pessoas com quem falou, quem pareceu mais nervosa foi a dona Susana, mas sendo ela uma pessoa nervosa por natureza, pensou que foi apenas ela mesma...
De volta à esquadra 3 horas depois, quase hora de almoço, e o Tenente sem aparecer... e de repente lembrou-se que nessa manhã, o tenente lhe disse que tinha recebido uma chamada, reportando um homicídio...
Será que ele está a seguir uma pista? Ou foi apanhado pelo assassino? Por agora não tinha nenhuma pista, e o primeiro-cabo estava mais interessado em outros mistérios mais carnais...
(TARADO)
- Pois é padreco. Como é? Isto de ser uma rapariga estudante na flor da idade tem muitos custos. A minha mensalidade tem de ser aumentada. A mesada que a minha mãe me dá mal para o telemóvel e o carro. Ou dás-me 500 euros por mês ou divulgo o vídeo que fiz com o telemóvel das vossas práticas sado. E nem pensem em sacar-me o telemóvel que um amigo meu já tem uma cópia.
O Padre estava feito. Com os tomates doridos e a ser chulado por uma pita de 19 anos.
A primeira parte do plano da Susana estava feito.
De volta ao apartamento do Foca, pelo caminho ainda teve de responder ao cabo se tinha visto o tenente. Estava-se a cagar para o tenente, mas quando viu o cabo quase lhe dava uma coisa má. É que na carteira levava já parte do pagamento do Padre. Um saco de coca.
- Foquinha amor. Isto está a correr melhor do que eu pensava. Curte isto. - Mostra o vídeo ao Foca.
- Ena pá... olha... tive uma ideia. - Logo ali Foca criou um plano para salvar o tenente e com isto ganhar pontos com ele. É que ainda faltava a segunda parte do plano e ter a policia do lado deles era uma arma a não menosprezar.
O padeiro nisto continua a depilar o tenente. Estava entretido. Mas lembra-se que a ausência do tenente e dele ao mesmo tempo podia criar uma situação em que ele não teria um álibi quando dessem por falta dele. É aqui que decide ir distribuir o pão como de costume. Já muito tarde a sua desculpa seria de que o forno tinha avariado por causa da chuva. Estava tudo bem pensado. E assim fez e pôs-se porta fora sem reparar que tinha as calças cheias de cera depilatória e sangue.