29.8.11

Ai a merda...

Em recente devaneio por terras Facebookianas, li um artigo que me causou espécie daquela mesmo forte e profunda e, provida de tempo e paciência, respondi a quem tão afavelmente tinha deixado tal artigo exposto em mural.
Não obtive resposta, muito menos comentários de outros visitantes... Não sei porquê!
Para quem tiver a necessária pachorra, fica aqui o ARTIGO.
Para quem tiver ainda mais pachorra, fica aqui a resposta que ficou sem resposta.
"Li o artigo com algum cuidado. Há partes em que concordo, outras em que, naturalmente e muito provavelmente por saber que cada caso é um caso, discordo.
É mais que sabido que o maior e curiosamente mais irónico problema entre pais e filhos (ou colaboradores e empregadores… em qualquer relação, basicamente) é o da falta de comunicação verdadeira e genuína. Ninguém fala com ninguém e espera-se sempre que a máxima “Para bom entendedor…” se faça valer acima de qualquer explicação ou simples desabafo. 
Há uma geração de jovens criados por pais que fizeram questão de lhes dar mais do que alguma vez receberam, por sua vez, de seus pais. Verdade. Estes pais, os que trabalhavam e trabalhavam, foram justificando as ausências físicas e emocionais da vida dos seus filhos com razões ligadas exactamente ao trabalho que tanto os fazia sofrer mas que permitia ganhar o dinheiro que depois daria para os tais ténis, ou bicicleta ou férias ou computador, etc. A este processo chama-se “educação”. Há toda uma geração de jovens que foram educados a acreditar que é para isso que os pais servem: irem trabalhar para depois o cartão multibanco funcionar como deve ser num qualquer centro comercial nos poucos momentos que decidem passar com seus rebentos. O conceito de família, seja devido aos tempos modernos que inverteram certos princípios, obrigando a que cada vez se passe mais tempo fora de casa exactamente para se ter casa, foi alterado para um de mercado: procura e oferta. E destas leis é fácil perceber que nem sempre tudo é tão linear como querem que acreditemos.Há uma geração que considera que apenas tem de ficar sentada, sossegada, exercendo a devida paciência e falando apenas quando lhes pedirem para falar, para que tudo lhes caia no colo. Verdade. Foi assim que foram educados. Foram educados na base da acção-recompensa/acção-castigo (se se tirar boas notas, recebe-se uns patins; se se tirar más notas, fica-se de castigo – como se estas e outras questões pudessem alguma vez ser alvo de compensas ou castigos como não receber os tais almejados patins, mas vá). Há uma geração de pais que não concorda com a educação que recebeu e, furiosa com quem lha deu, jurou por tudo que tal bênção nunca recairia sobre seus filhos.É um ciclo vicioso em que, ao que parece, ninguém sabe muito bem qual o melhor caminho mas em que todos, sem excepção, sentem aquele pequeno arrepio no estômago que lhes indica qualquer coisa parecida com consciência pesada por reconhecer que, seja enquanto filho, seja enquanto pai ou mãe, nem sempre fizeram tudo o que puderam e que, em última análise, haverá sempre um dedo que lhes poderá ser apontado, por muitos que se apontem de volta.Só podemos ensinar o que sabemos. Só se aprende aquilo que se vê ter utilidade para nós (daí o sofrer certas coisas na pele ser lição tão útil por oposição a sabermos a teoria na ponta da língua – desde que haja coragem para tal, claro). Tudo isto para dizer que creio que todos devemos uns bons pedidos de desculpa uns aos outros – seja de pais para filhos, filhos para pais… seja o que for. Todos nos devemos a admissão de nem sempre termos sabido o que andávamos a fazer e que só mais tarde, quando o tempo nos apanha de soslaio e nos sussurra “eu avisei…” ao ouvido, é que realmente podemos dar valor a certas coisas. Mas aí já é tarde: já os pais estão falidos devido ao curso e casa e carro dos filhos e já os filhos estão a educar os seus próprios filhos, enchendo-os de colégios privados, joelhos imaculadamente protegidos de tudo quanto contenha terra e olhinhos bem fechados a todos os perigos que este mundo contém. Mas é claro que há casos e casos e cada caso é um caso… Ou pelo menos é isso que nos diz a nossa consciência enquanto nos tenta desviar o olhar de todas as coisas nas nossas vidas que fazem de nós precisamente mais um caso…Por isso, talvez em nome de uma boa dose de justiça quanto ao assunto, mudaria o título do artigo de “Meu filho, você não merece nada” (até porque a palavra e o conceito de “merecer” me causa alguma espécie quanto a correcto entendimento da questão…) para “Meu filho, tu tens direito a tudo… e eu, enquanto teu pai ou tua mãe, prometo fazer essa viagem contigo, ao teu lado porque também eu, enquanto filho ou filha de alguém, tenho igual direito”. Talvez precise de edição, está um pouco comprido, mas… perdoa-se o mal que soa pelo bem que faria a muita gente."

A guerra entre pais e filhos nunca será ganha... Filhos somos, pais seremos... Mas bolas. Agora nem vontade de falar sobre o assunto parece haver.
Boa semana para todos.

27.8.11

Afectações.

imagem: google

Ao que parece, e porque aqui a Je anda a ficar sem tempo para esperar pelo próprio futuro, arranjou-se espécie de trabalho/emprego.
A Je, cheia de experiência e boa vontade para com os outros, decidiu aceitar oferta de ir dar uma mãozinha num restaurante com bar de um senhor amigo… Ao que também parece, a malta minha amiga que decide abrir este tipo de estabelecimento acha que eu tenho jeito para a coisa (para grande desilusão de meus queridos pápis que tanto investiram numa educação como deve ser aqui para a moçoila e para grande preocupação minha que talvez não esteja a ver bem os sinais que o Universo me vai enviando quanto à minha verdadeira vocação…).
Mas, como estas coisas são como tantas outras, tive hoje, após 5 dias ao serviço, a primeira prova de fogo…
Cliente afectadíssimo: Menina, diga-me. Os filetes são frescos? Não são congelados?
Me (mentindo com quantos dentes tenho na boca): São frescos de ontem. Deixamos sempre a marinar de um dia para o outro… por isso, frescos… sim!
Cliente afectadíssimo: Ahhh… muito bem. Então pode ser. E só mais uma coisa…
Eu (afectada mas por outras razões…): Diga.
Cliente afectadíssimo: As cadeiras… belíssimas! São feitas de que madeira?
Eu (sem saber se me haveria de rir ou de lhe perguntar se estava a gozar comigo): É uma excelente pergunta, a que me faz! Vou tentar saber e já o informo!
E lá descobri e lá o informei e o gajo nem uma gorja me deixou, oh pá.
Ehhhh. Barda shit. Para a próxima digo que são de plástico. Humpf!

20.8.11

Brincar aos clientes - Derby Final da Figueira da Foz

imagem: google

De passagem pela Figueira, fui novamente ao castigo… No Mar à Vista e com a Dona do Estabelecimento, passou-se o seguinte…

Me (ingénua e jovial, alegre até!) – Olá! Boa tarde, Dona Isabel! Lembra-se de mim?
Dona Isabel – Boa tarde… hmmm… mais ou menos (e sorri… armada em malandra).
Me (mais ingénua e jovial ainda) – Olhe, queria fazer-lhe uma encomenda de caracóis mas é para amanhã! Amanhã!
Dona Isabel – Caracóis? Na-na-na-na… Não há.
Me (Parvinha de todo) – Amanhã não há?
Dona Isabel – Oh, menina! Sabe o trabalho que me dá fazer aquilo?! Separá-los e lavá-los?! Aquilo dá muito trabalho!
Me (a ver os caracóis a fugirem a toda a velocidade) – Pois, claro que sei! Daí vir cá encomendá-los já feitos…
Dona Isabel – Aquilo dá muito trabalho! Muito mesmo! Ahhh… não…. Caracóis, não…
Me (derrotada) – Então e hoje? Tem?
Dona Isabel – Acha?! Não! Aquilo dá muito trabalho! Não volto a fazer caracóis tão cedo!
Me (semi-enterrada) – Ok. Pronto. Obrigada na mesma… Tenha uma boa tarde, então.
Dona Isabel – Se isso for por causa de estar grávida, está enrascada…
Me (de funeral feito) – O quê?! Ahhh… Mas, não. Nada disso. Boa tarde, Dona Isabel. Até um dia destes!
Dona Isabel – Hmmm…. Boa tarde, Menina…

Foda-se. Não brinco mais aos clientes com aquela mulher. Fodaaaaaa-se!