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Isto de ter um blog (faz dia 10 de Outubro 3 anos… valha-me caredo) não é fácil.
São precisas constantes doses de inspiração e transpiração para manter a coisa viva. É preciso um cadito de estalica para manter uma certa dinâmica e movimento. É preciso uma bela dose de paciência e bom senso para aturar alguns dos crazies que por aqui vão aparecendo (os bons e os maus… mas prefiro os maus… mantêm-me atenta e divertem muito mais).
Eu visito outros blogs. Os que gosto vou quase diariamente (ainda que agora não os consiga comentar…). Os que não gosto vou menos vezes, mas vou (e esses ainda bem que não consigo comentar).
Testemunho prosas intemporais que falam do poder interminável do amor ou do peso insuportável de um belo par de cornos… ou dois.
Passo por intermináveis páginas de lamentos, fúrias e conselhos contra botões soltos, gordura presa e gases libertos.
Cusco blogs de gajas-gajas que acham fantástico relatar episódios supostamente hilariantes com gatos e plantas em flor e vizinhas que usam cuecas demodé. Blogs de gajinhas que acham o máximo terem um blog para poderem relatar ao mundo o quão difícil é escolher por entre os 54 pares de sapatos que por sua vez combinam com as 23 saias e 89 malas ou para ditarem regras disto e daquilo, incluindo a melhor forma de lidar com colegas/amigos/saltos/cães/buracos na calçada e outras coisas úteis assim (incluindo os prós e contras da manteiga vs margarina, do óleo vs azeite, da canzana vs missionário… etc.).
Mas também cusco blogs de gajos que acham o máximo serem gajos (“Tenho uma pila!!! Tenho uma pila!!!”, gritam eles nas entrelinhas) e que acham que falar sobre o tamanho das mamas da colega da contabilidade é sempre muito mais interessante que admitir que quando falam em sexo anal não é sobre o que têm com as gajas que engatam de forma tão eloquente nos bares que não frequentam mas que já ouviram falar, mas sim sobre as fodas que levam das mulheres se deixarem a roupa espalhada pela casa.
Também gosto dos blogs das teenagers com as hormonas aos saltos e o português aos pulos… K saudades dos temps da scola e dos x-mês… dos keridos fofos e lindos k por sms enviam convites p partilhar pakot de batatas fritas do Mac…que axao o máximo descobrirem que têm mamas e que o papá tem kartao de krédito.
E depois frequento Blogs, daqueles em que quase que dá para ver a alminha de quem lhe dá vida e, devidamente prostrada em vénia, leio, bebo de tudo o que posso e saio, mais contente do que quando entrei.
Visito estes sítios todos e vejo-os como se fossem pequenas vilas com os seus próprios costumes e hábitos, com as suas próprias dinâmicas e tradições. Vejo o ritmo dos comentários, os conteúdos dos comentários, o gabarito dos comentadores. Dou mais atenção a esses do que a quem escreve o blog em si (uns invariavelmente reflectem o outro, por isso, às vezes é demasiado fácil ver o que por ali se passa, quase como se desse para entender quem se encontra atrás da igreja a meio da noite, quem está dentro da igreja a meio da noite e quem jura nem saber onde fica a igreja… especialmente a meio da noite). Armada em turista, visito estas vilas, tiro as minhas fotos e volto para o meu estamine para descansar, beber um copo e concluir que Home é mesmo Home Sweet Home e que, por muito que outros e outras possam dizer o mesmo, nenhum o sente bem-bem da mesma forma que eu (ou pelo menos eu não depreendo isso). Eu tenho mesmo um sentido de posse em relação a este espaço e a quem o frequenta. Vejo-o como uma entidade quase independente que vive e respira e que se zanga e que chora e que ri e que se caga… tudo. Eu vou é gerindo a coisa, protegida pelo balcão e armada com bom senso e sentido de humor suficiente para saber que as minis não devem ser abertas com os dentes e que os clientes, por muito que queiram, não têm sempre razão.
Não há muitos blogs, por muitos prémios e livros que tenham originado, que eu não consiga ver como uma espécie de prolongamento do ego de quem o escreve. A busca do elogio fácil… do reconhecimento imediato… a bajulação instantânea. Há poucos que vejo de forma contrária a esta. E mesmo este não sendo exemplo para nada, convenhamos que de convencional, pouco ou nada tem… Com um nome destes espera-se o quê? Caviar????
Ele é visitas que brigam e se mandam à merda; ele é comentadores que apagam os seus próprios comentários em protesto a outros comentários; ele é gente anónima que manda bocas mas que se mantém anónima por medo de levarem na boca; ele é confissões e desabafos que por vezes me preocupam mas que outras vezes apenas me deixam numa de repetir sem fim “WTF?!?!?!? WTF?!?!?!?”… Ele é gente bem disposta e leve que sabe que isto de ter um blog não é fácil e que mais vale levar isto na boa, com descontracção e bom humor.
Há um cadito de tudo. E eu não me nego a nada (daí permitir comentários anónimos… e não censurar ou apagar os que não me agradam). Li bem as letras miudinhas no fundo do contrato, por isso, só tenho é de me aguentar à bronca.
Este blog é Meu, encho-o com o que quiser e bem entender, falo do que me apetece e não apetece (esta é a parte difícil) e deixo a porta aberta a todos quanto venham cá parar do nada ou apenas em busca de algum reconforto assistido por animais da quinta e afins.
Quem não gostar, que vá barda merda que ninguém vos obriga a ficar. Quem gostar, vão barda merda também que ninguém vos perguntou nada…
Realmente, isto de ter um blog não é nada fácil, mas acho que 3 anos depois, todos aprendemos qualquer coisita pelo caminho.
Mas, foda-se gente, não me dificultem a vida!!!
E prontes. Obrigada.