29.4.11

Iú spika ingalich?


imagem: google

Me – Então e inglês? Como estás no inglês?
Conviva Atrapalhado – Inglês? Só por gestos.
Me – Ahhhhh….. ahhhhhhh…… (e desatei-me a rir quase até chorar).
Conviva Atrapalhado – O que foi?! Eu perceber, percebo! Mas a falar é que tem de ser por gestos!
Me – HAHAHAHAHAHAHAHA!!! HEHAHEHAHE!!!!!! HAAHAHAHAHAHEHA – foda-se!!! – HAHAHAHA!!!!! HAHAHAHAHA!!!!! HAHAHAHAHAHAHA!!!!

Bom fim-de-semana, minha gente. Bom fim-de-semana.

23.4.11

Distraí-me.

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Ele tem 37 anos, recém-divorciado, filhota com 2 aninhos, apaixonadíssimo pela ex-mulher, desempregado, de novo a viver em casa dos pais, zangado com o mundo, de olhar desconfiado e postura de quem acabou de ser derrotado mais uma vez por algo ou alguém.
Ela tem 32 anos, um filho com 5, 10 anos com um homem que lhe partiu uns ossos e uma esperança e fé tão fodidamente positivas na vida e nos poderes no Universo que quase me deixa sem reacção.
Ele tem 20 anos, solteiro, dono de uma beleza arrepiante, de uma calma devastadora, de uma gentileza que irrita e de uma espécie de força interior e segurança que contagia.
Ele, rancoroso, obtuso, directo e áspero, anda perdido e afastado da vida que tinha sonhado para ele, para o amor da vida dele e para a pequena filhota fruto desse amor que, em tempos, era tudo quanto lhe dava alento para viver sorrindo. Não sorri tanto agora. Parece andar sempre com aquele ar de quem precisa bater em algo para libertar stress.
(Disse-me que me achava uma mulher de armas mas que parecia que me tinha esquecido onde as tinha deixado. Disse-me para fugir daqui, para sair e voltar apenas e só quando conseguisse perceber que os poucos que dessem pela minha falta seriam os únicos aos quais deveria dedicar tempo de pensamento e noites sem dormir. Que os outros, os que falam porque não entendem e não me sabem, nunca me saberão e continuarão a adivinhar até eu reagir e entregar o ouro ao bandido. Disse-me para nunca o fazer. Nunca. Para continuar a sorrir-lhes como quem tem um segredo tão delicioso que se torna impossível não sorrir. Para fazer isso e para fazer tudo o mais que me apetecesse, fosse quando fosse, com quem fosse, onde fosse, como fosse. Para me zangar.)
A ela, já não a via há uns bons anos (teve a inteligência de ir viver fora da santa terrinha com o tal homem que lhe partiu uns ossos e lhe deu um filho). Voltou para casa dos pais e para um emprego que mal chega para pagar as despesas que tem em ir trabalhar quanto mais sustentar o filhote (claro que pai querido não contribui com o que deve…). Tem um sorriso rasgado, aberto e convidativo que recusa abandonar, mesmo quando se vê que está a fazer um esforço para assim, contente, se mostrar. Já levou com muitas patadas do Universo, mas agora quer tudo a que tem direito e não vai desistir até que a factura seja paga. Com juros.
(Disse-me que me achava apagada, pouco ciente de mim, demasiado preocupada com quem me olha, quem me fala, quem me diz. Disse-me que me achava presa, encurralada e sem forças para me libertar. Que estava enganada a meu próprio respeito, que me tinha em pouca conta, que deveria olhar bem para mim própria mas sem os “mas” todos que vão aparecendo no meio da minha própria opinião.)
Ele, doce e meigo, atinado e tão orientado que é impossível não confiar naquela calma e confiança sinceras, não é de cá e ainda anda a tentar decifrar como se vive por aqui, neste mundo tão cheio de gente que bate o pé de mãos nas ancas mas que recua assim que vêem ter tido algum efeito em quem desafiam. Tímido. Recatado. Caladinho. Observador. Dá nas vistas sem dar, atrai atenções sem se mexer e quando nos sorri, fá-lo com os olhos, com as mãos.
(Disse-me que parece que tudo me apoquenta. Que acha piada a deixar-me sem jeito e meio envergonhada pura e simplesmente por me dizer que me acha um espectáculo de amiga. Faz-me frente quando me armo em durona. Ri-se quando me vê menina.)

Três pessoas completamente diferentes que fazem parte da minha vida e que, recentemente, passaram uma noite a darem-me na cabeça que nem gente grande, tudo para ver se me conseguiam meter a olhar com olhos de ver.
Acho que fui intervencionada. Pelo menos é a sensação que tenho. Fui tomar café e saí de lá com a cabeça a andar à roda e de boca vazia de palavras. Nem tão pouco me deixavam argumentar.
Têm razão. E não me é fácil admiti-lo, mas têm. Cada um deles tem razão no que diz. Cada discurso aponta no mesmo caminho: que eu, mesmo estando no caminho certo, apenas vou ser atropelada se não me mexer (“Even if you’re on the right track, you’ll get runover if you just sit there” – Will Rogers).
Tenho uma excelente memória. Lembro-me de coisas que não lembra a ninguém. Sei coisas ao dia, ao momento. Consigo citar conversas tidas há anos e incluir descritivo da vestimenta dos interlocutores como extra.
Mas como é que foi que me fui esquecendo de mim?
Distraí-me com o facto de não ter distracção, pelos vistos.
Distraí-me.
Hmmmmm…

16.4.11

Não. Porquê? Porque sim.


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Não sei se da idade ou se do meu mau feitio ou se simplesmente dos calos que se vão ganhando de cada vez que se pega numa inchada e depois a largamos por outra, mas anda cá a parecer-me que algo me parece estar um pouco parecido com aquela coisa parecida com… ai, o que é que era mesmo?... ahhh, sim… Crescer e aparecer. E, parecendo que não, há momentos em que nos apercebemos que, afinal, tal até é possível e, surpresa das surpresas, não acontece apenas aos outros.
Tenho, ao que parece, uma incrível facilidade em dizer não ao que não me apetece dizer sim.
Grande coisa, dirão alguns. E sim, é uma grande coisa mesmo (digo eu).
Dizer que sim é, ao contrário do que possa parecer, incrivelmente simples. Colocam-nos uma questão, sugerem algo, seja lá o que for, e dizemos que sim, renegando pensamentos imediatos sobre as consequências desse sim para um afastadíssimo vigésimo plano (ou mais). Dizer sim é fácil e simples. No brainer. É só seguir a onda até à praia e esperar que não haja rochas pelo caminho.
Dizer não, por outro lado, é bem mais difícil. Um não tem de ser devidamente justificado, um sim, não. Um sim não tem de ser explicado ou refutado, discutido. Um não, na maior parte das vezes, tem de ser minuciosamente analisado e dissecado, não vá esse não representar um erro ainda maior que um sim.
Costumo dizer que só me arrependo do que não faço. Que, do que faço, em nada me posso arrepender por, naquele momento, ter tomado a decisão consciente de ir por aquele caminho. As consequências, quando más, podem-me levar a sentir que poderia ter pensado melhor, mas, arrependimento? Não. Não me iria trair assim dessa maneira. Do que não faço e me arrependo? Na maioria, oportunidades perdidas por não as ter visto, por não as ter equacionado, por ter tido receio… Penso, e agora que penso mesmo no assunto, que nem aí tenha algum tipo de arrependimento. Se, naquele momento, optei por não fazer algo, é porque na altura e com a informação que me estava disponível, essa me parecia ser a melhor coisa a fazer. Também não me iria trair assim dessa maneira, arrependendo-me só porque, afinal… Os “afinais” é que dão cabo disto tudo. Mas mantenho este dito... nem que seja por uma questão de prevenção...
Mas, e tendo por base que me tenho apercebido de uma elevada facilidade em dizer que não a certas coisas e nem pensar mais nos assuntos, acho que finalmente consigo afirmar que, com isto tudo, o que tenho feito é dizer o tal assustador sim a mim mesma. Saber, quase instintivamente, o que aceitar para mim em prol de mim e da minha paz de espírito e conseguir discernir entre os sim que dizemos porque não? e os não que dizemos porque sim, é algo que, apesar dos apesares, demora tempo a conseguir, a confiar, a ser capaz de fazer sem sentirmos aquele batuque no estômago que nos avisa de possíveis problemas com decisão tomada. 
Não sou inconsequente, também costumo dizer. E ainda que isto possa ter vários níveis de aplicação, a minha não inconsequência leva-me a nem me dar ao trabalho de olhar para algo mais do que uma vez se, à primeira, sentir que dali não poderá advir nada de bom ou proveitoso para mim e para o meu futuro. Egoísmo? Não. Egoísmo seria olhar e olhar e olhar e olhar até... 
E é o que tenho feito. Estar muito quietinha, muito sossegada, muito pacientemente à espera que os meus nãos arranjem razão para se transformarem em sins. Não arrisco o meu lugar à sombra por lugar melhor ao sol se souber, no fundo de mim, que o melhor que daí poderia retirar é um belo bronze.
E gostava que houvesse mais gente que não fosse inconsequente, que pensasse mais e melhor nas opções que toma hoje, tendo sempre em vista a forma como as vão ver no amanhã.
Gostava que houvesse mais pessoas com respeito por elas próprias. Que fossem boas para elas próprias. Que fossem amigas delas próprias. Que se gostassem e adorassem a elas próprias. 
Gostava. Mas isso parece-me, ou quer parecer-me, ser algo a que se diz um grande sim, mas depois, na prática, é tudo um enorme não.
Gostava. 

12.4.11

Detesto! Detesto!! DETESTO!!!!


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Detesto bancos. Detesto. Detesto. DETESTO!
Detesto aquela atitude de fuinha que têm para com os clientes, como se tudo quanto temos e somos, lhes pertence. Quase como se fossem Deuses do Olimpo e nós, infiéis e insignificantes mortais, tivéssemos de realizar doações de sangue e cem gramas de carne todos os meses para os manter satisfeitos e garantir que o sol brilha. Detesto-os.
Por altura da aquisição do meu amado imóvel, e quando os excelentíssimos senhores do “meu” banco me andavam a acartar centenas de euros da conta sem me avisarem e para pagarem as despesas processuais e afins, tive oportunidade de iniciar a minha missão de demonstrar exactamente até que ponto os detesto. Escrevi mail, em letra tamanho 72, ao meu suposto gestor de conta (pfff!) simplesmente a dizer o seguinte: “VOCÊS NÃO SÃO DONOS DO MEU DINHEIRO. VOLTAM A MEXER NA MINHA CONTA SEM ME DAREM CONHECIMENTO PRÉVIO E NUNCA MAIS TENHO SALDO POSITIVO NESSA INSTITUIÇÃO”.
E, a partir daí foi um ver se te avias… Adoro-os como adoro uma infecção urinária, uma unha encravada, uma virose bem alojada nos intestinos que nos mete de diarreia durante uma semana e ao ponto de já nem sentimos a porra do buraco do cu. Adoro. E, sempre que posso, digo-lhes. Não vão eles esquecerem-se.
Adoro entrar no balcão do “meu” banco e ver que o meu tal suposto gestor de conta até muda de cor. Nunca sabe o que dali vai sair. Se uma visita para saber como vão as coisas… se uma visita para perguntar o que significa aquele sinal de menos antes de uns valores esquisitos que eles me garantiram nunca cobrar…  Às vezes, só para o sossegar, aproximo-me e digo qualquer coisa do tipo “Não tenha medo… só o vim cumprimentar… Tenha uma boa tarde, sim?” e piro-me de sorriso malandro e de coração cheio de alegria por o ter visto tremer. Nunca faço cenas, mas… isso eles não sabem…
Quando comprei o Brutus, decidi fazer a coisa da forma mais discreta possível. Fui ter com ele e perguntei quanto mais poderia acrescentar ao meu empréstimo habitação sem que eles me perguntassem nada (como não tinha pedido o valor total da avaliação…). Ele, cumpridor, foi ao computador, fez umas contas e lá me deu o valor. Sorri-lhe e informei que iria precisar de x parte desse valor. Mobílias?, perguntou ele. Não, sorri. Vou comprar um carro e esse valor chega perfeitamente.
Ui! Estão a ver quando alguém crispa os lábios e a cara como se estivesse a tentar impedir de se cagar todo naquele preciso momento? Foi essa a cara que fez. Quinze dias depois, tudo arranjado e feito como deve ser e eu de bólide nas unhas.
Hoje tive nova oportunidade de fazer visita.
Precisava saber porque me andavam a tirar uns dinheiros da conta sem que isso lhes tivesse sido autorizado.
“Erro do sistema”, respondeu-me depois de passar uns minutos a esfregar os dedos nervosos no teclado.
“Quero esse dinheiro todo restituído na minha conta”, respondi.
“Ahhh… podíamos aumentar o plafond e assim já não havia problema caso estas coisas voltem a acontecer…”, tentou.
“Sim, podemos. Ou então, eu posso deixar a conta a zeros e depois de vocês me descontarem a prestação da casa e os seguros e essas coisas todas, eu vinha cá, depositava o valor exacto e deixava tudo a zeros novamente…”, sugeri.
“Ahhh… ‘tá bem, então… Vamos deixar como está”, concluiu.
Levantei-me e, do meio da sala (aquela porra estava vazia, merda…! Mau timing da minha parte!!) perguntei numa voz um pouco mais alta do que o normal: “Ouça… é preciso fazer nova escritura de uma casa quando se transfere um empréstimo para outro banco?”
“Sim, claro… e olhe que é bem cara!”, respondeu-me. Só depois de responder é que se viu aquele precioso momento de iluminação divina que apenas compreensão total do que nos dizem pode trazer. Sorri-lhe.
“Então, tenho de começar a poupar dinheiro!”, atirei.
“Não diga isso! Você gosta de nós! Não diga isso!”, ouvi enquanto me dirigia para a saída e lhe acenava um adeus.
Cabrões-filhos-da-puta-de-uma-granda-besta-que-os-pariu. Detesto-os a eles e aos “erros do sistema” e tudo e tudo e tudo!!!
O meu maior sonho na vida é um dia poder chegar ao “meu” banco e perguntar quanto devo (tipo mercearia). Depois de me dizerem, sonho em poder sacar de um cheque e pagar aquela merda toda, incluindo as taxas por liquidar o empréstimo de uma só vez. E depois de entregar o cheque, deixar lá umas moedas de gorjeta pelos serviços prestados.
É o meu maior sonho.
Foda-se como eu detesto bancos!! Foda-se!

9.4.11

Quem de seguida vier.

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No início de um namoro, como todos sabemos, qualquer coisinha meio engraçada que seja dita ou feita pela razão de ser dos nossos batimentos cardíacos faz com que nos apaixonemos ainda mais por aquele ser tão perfeitamente capaz de fazer o sol brilhar num dia de chuva ou de nos encher a alma de repastos absolutamente deliciosos e fartos (e sem que a mesma embuche ou precise de doses maciças de Eno…).
O início de um namoro, e deixando agora a ciência de parte, é como andar-se permanentemente naquele estado que se consegue atingir quando bebemos aquele copo que nos solta as amarras. Não o que nos embebeda, não. Mas aquele, aquele mesmo, que coloca um marco inequívoco entre a sobriedade pura e o caminho iniciado para o contrário dela (se lá se chegar).  
No início de um namoro, parece que até o Universo conspira para que o ar fique mais leve e fresco, para que a comida fique mais saborosa, para que tudo seja lindo, fantástico e maravilhoso. E tudo, de facto, o é… durante uns tempos. O sexo enche-se de paixão e de fomes várias, os beijos deixam bocas a arder, os olhares perfuram estados de espírito e os toques, vosso deus, eriçam tudo quanto seja pilosidade num raio de três metros.
E depois, a coisa amaina. Acalma. Estabiliza. Um dia, sem aviso prévio, os abraços são mais de reconforto e de carinho e não desculpas para se ficar com o cheiro da outra pessoa embrenhado em nós. O sexo vira-se de lado, cheio de si próprio, e ainda que possa haver maior margem de progressão em termos de fazer o que antes não era feito (seja no bom ou mau sentido), lá sossega e muda de nome para fazer amor.
As brigas? Deliciosas. Cheias de tormento e divinalmente bem regadas com tudo quanto seja razão para mais tarde se fazerem as pazes.
A vida, depois do início do namoro, torna-se mais suave… Mais real…
E depois, se o namoro não tem lugar cativo no destino de ambos os elementos do mesmo, a vida começa a atravessar uns períodos menos propícios a manifestações de agrado e, in extremis, o que mais se deseja é não mais dar continuidade a algo que faz sofrer, que dói e que magoa. As lembranças, saudosas e tão agridoces que revoltam estômagos, são muitas vezes a única coisa que permite que haja uma morte lenta de algo que, em tempos, era a vida em si.
Fim. Acaba-se tudo. Aprendem-se lições, lambem-se feridas, incendeiam-se fotografias e perdem-se rumos. Inicia-se viagem para novo caminho, caminho esse feito com bagagem adicional, cheia dos sumários das aulas anteriores onde se aprendeu que o B vem depois do A e que é impossível tentar fazer com que assim não seja. Os sumários, vistos e revistos como quem estuda para um exame, guardam preciosas informações quanto ao que se deve, não deve, pode e não pode fazer de futuro de modo a que o mesmo destino não volte a revelar-se.
Aprende-se. Fazem-se curativos. Integram-se novos conhecimentos. Procuram-se novas informações. Corta-se o cabelo e muda-se de estilo e, com bênção das estrelinhas, tudo se prepara para novos inícios, comecem eles no início de algo ou não.
Quem de seguida vier receberá dádiva de poder testemunhar versão supostamente upgrade desse alguém tão cheio de lições e aprendizagens. Quem de seguida vier, sabendo do passado, terá de saber lidar com as malas extra, com os pesos adicionais e com um acréscimo perigosamente delicado de esperteza e finura aos actos e atitudes agora demonstrados.
Quem de seguida vier, terá de saber que tem responsabilidade adicional e acrescida porque, à segunda, as confianças quebradas e os corações partidos nem equacionam a hipótese de negociar melhorias – corta-se o problema pela raiz e siga. Não há segundas-hipóteses, não há cedências – há o “é como eu digo e se não quiseres, a porta é ali”.
Quem de seguida vier, poderá, sabendo fazê-lo, receber o melhor que alguma vez possa ter sido feito por e para alguém, desde que entenda que em nada o passado se poderá repetir sob pena de novamente tudo se transformar exactamente nisso – passado. O bom tem de ser melhor, o mau tem de ser bom, o maravilhoso tem de ser soberbo e o péssimo tem de ser absolutamente belo e com razão útil de ser.
Voltar ao que já se viveu só que, desta feita, com uma cara diferente ao lado? Mudar-se apenas o cenário? Reviver o que não se quis viver e que deixou cicatrizes difíceis de disfarçar ao olhar quanto mais no sentir? Só lições mal aprendidas e sumários mal escritos poderiam levar a que isso acontecesse.
Quem de seguida vier terá de trabalhar o dobro para conseguir metade do que dantes se dava por inteiro e sem pensar.
Mas é preciso que haja quem de seguida vier para que entre o agora e o dantes, haja um dos tais marcos inequívocos, tipo inspirar profundo, que assinalam o antes e o depois de algo (por norma, de nós próprios).
Não é nunca o nosso carrasco que nos vai fazer festinhas e meter bem tudo que de mal nos fez. Não é nem poderá ser.
Não é quem nos destrói que vai pegar nos pedaços para nos reconstruir como se tudo não passasse de um passatempo engraçado vindo do mundo dos puzzles.
Não é e nunca pode ser.
E pronto. Foi a primeira e última vez que se fala de política no OMQ.

6.4.11

Abertura de Época.

imagem: google (José María Manzanares)

Há uns tempos atrás, insistiram comigo para que eu explicasse o porquê de as mulheres gostarem (as que gostam, claro) de ir ver corridas de touros.
Eu bem que tentei não falar muito e não ter que proferir certas palavras que pudessem ferir susceptibilidades… Eu bem tentei, mas insistiam tanto e empurraram-me tantas vezes o copo para a frente que eu, imbuída de Sagres (Olé!) e de boa fé em toda a humanidade, lá tive que partilhar aquilo que poucas ou nenhumas mulheres alguma vez admitiriam sob pena de nunca mais lhes ser permitido meter vista em cima de homens que se vestem com roupas muito justas e que… Pronto. Eu lá expliquei.
- Sexo. Tem a ver com sexo, explodi, não conseguindo conter mais o segredo.
José María Manzanares

Conviva informou-me que já sabia (pois, pois…) disso e que entendia perfeitamente.
Caca de boi. Caca de boi!
Procedi com explicativo, ignorando ar sábio (armado em esperto!) de conviva que tinha colocado questão.
Expliquei que tinha a ver com atitude e que não havia mulher nenhuma que, vendo a forma como os toureiros se mexem, como olham, como se param em certos momentos, que fosse capaz de ficar indiferente e de não imaginar logo o exemplar em ambiente mais íntimo, digamos.
Aquilo é sexo. Quer-se lá saber do touro ou da faena ou se a merda do ferro ficou bem posicionado ou se a verónica ficou bem feita ou se o par de bandarilhas ficou lá ou não… Só se vê é olhares, movimentos, mãos que acariciam o capote, a muleta, as rédeas… Só se vê é caras cheias de expressão e corpos que ondulam e se mexem ao ritmo do andamento do touro ou do cavalo. Só se vêem é costas muito direitinhas e queixos muito encostados ao peito enquanto os olhos fixam, de forma quase mágica, o alvo. Não se vê touro nenhum (até o profissional levar cornada e aí rapidamente nos lembramos que existe lá bichano de quinhentos quilos que, num instante, pode acabar com visões tão prazeirosas…).

José María Manzanares

Não é, para mim, por uma questão de masculinidade, de poder, de coragem. Nem é uma de beleza física (e agora peço desculpa, mas eu juro que não fui capaz de encontrar mais fotos nenhumas de outros toureiros que não estes… cabrão do Google… estamos a ser invadidos pelos espanhóis!!). É aquela merda daquela atitude (e que, desculpem-me novamente, os espanhóis exemplificam de uma forma tecnicamente muito mais correcta que os produtos nacionais…). É o olhar. A forma como levantam os braços e mexem os dedos, como mexem as pernas e dão aqueles passos tão bem definidos e cuidados, pensados. Os jeitos que dão à boca. É toda aquela envolvência que criam numa situação com todo o potencial para ser desastrosa mas que, miraculosamente, quase que conseguimos esquecer. E isto vale tanto para os toureiros a pé como para os a cavalo.
Sergio Galan

Não há mulher nenhuma que veja um homem neste tipo de preparos e que não se imagine logo a ser ela o alvo de tais olhares, de tais movimentos, de tais fôlegos e ondulações de corpo. Não há. E pode ser a maior aficcionada do mundo e adorar touros e cavalos e ser capaz de opinar quanto a todos os pontos técnicos de uma lide (que é o que eu gosto mesmo, mesmo, mesmo nas corridas… opinar sobre estas coisas…). Pode até saber a lenga-lenga toda daquela balhana toda e envolver-se em acesas discussões quanto à bravura de uma casta ou à aptidão de determinado praticante (como eu, que consigo ver tudo ao mais ínfimo pormenor, esquecendo-me quase por completo de outros pormenores que não touro, muleta e cavalo), mas porra, as espanholas não andam lá de leque pronto a abanar por nada…
Sergio Galan

Por isso, Mulheres, aproveitem que estamos em início de época e se nunca experimentaram tais coisas… Dêem lá uma oportunidade à coisa, ‘tá?
Vá por usted! 

2.4.11

Das Impossibilidades.


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Hold out. Hold on. Hold up. Hold back. Hold breath. Hold against. Hold by. Hold down. Hold fire. Hold breath. Hold ground. Hold it. Hold off. Hold over. Hold breath. Hold still. Hold tight. Hold tongue. Hold true. Hold breath. 
Hold. 
substantivo
posse
poder
domínio
influência
suporte
força
pega
presa
apoio
alça
impressão
fortificação
verbo
manter
segurar
conter
possuir
reter
sustentar
agarrar
considerar
defender
pegar
celebrar
levar
permanecer
julgar
durar
presidir
vigorar
embargar

Hold. 

1.4.11

Nothing's Missing

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É possível ter-se saudades de se ter saudades?
Hmmm…
Fiquem-se com essa e bom fim-de-semana, minha gente. Bom fim-de-semana.