14.9.11

Não lhes digam nada... Eles já sabem.

imagem: google

Será possível descobrir-se que se desconfia que mais ou menos se ama alguém já depois de se ter chegado à conclusão, há muito tempo, que a coisa não funciona?
Será possível desconfiar que se descobriu tal coisa mesmo que se saiba que durante o tempo em que se andava a descobrir que a coisa, afinal, não seria por ali, até que não se amava-amava tal pessoa?
Será possível o amor nascer depois de se terem destruído as hipóteses que teria de viver?
Será possível ter-se tal desconfiança mas, ao mesmo tempo, ficar-se desconfortável só de se pensar em voltar a estar com essa pessoa? A descobri-la de novo? A descobrir-nos a nós de novo nela?
Será possível viver anos e anos com esta desconfiança, a que se aloja na garganta, bem atravessada, sem se fazer rigorosamente nada para ver se afinal há ou não fundamento em tal coisa?
Será possível viver-se com tanta confiança nesta desconfiança que ver a outra pessoa com alguém não faz diferença nenhuma porque também se desconfia, com a devida certeza, que do outro lado, o sentimento é mútuo? E que isso é o suficiente? É o quanto basta para se conseguir ter uma vidinha normal, com as alegrias e tristezas que calham a todos?
E será que é possível saber-se isto de duas pessoas que, no fundo, se amam e sempre se amarão, mesmo que nunca mais troquem um olá que seja, e ficar-se calado, sem dizer nada, pacientemente a aguardar que parem com tais merdas antes que seja tarde demais (se é que, neste caso, exista sequer o tarde demais)? Ficar-se calado, caladinho e não se dizer nada porque se sabe que, nestas coisas do amor, daquele que existe e subsiste, recusando-se a morrer mesmo que o matem, duas pessoas podem estar juntas sem o estarem? Ficar-se calado e não se dizer nada de cada vez que se apanha um olhar trocado de soslaio, em que se percebe perfeitamente que aquilo não é um olhar, é um chamamento, uma súplica, uma declaração?
Sim. Tudo isto é possível. Infelizmente. Ou felizmente? Não sei. Mas tenho pena de não saber.
Até lá… shhh… não se pode dizer o que se vê e se sabe a quem também o vê e também o sabe, não vá o amor que os une calar-se também ele de vez, escondendo-se ainda mais fundo naqueles dois corações que vão batendo, silenciosamente, um pelo outro e que se abraçam sem se tocarem, sem se olharem. Shhhh…

11 comentários:

  1. E de silêncio em silêncio se perde a oportunidade de ser feliz...seja porque resultou, seja porque se tentou e não deu e fica um não definitivo.

    AH Fosca-seeeeee o amor é dos corajosos!!!!!!!!!!! Ó SE É

    desculpa, estou apaixonada em silêncio e apeteceu-me gritar aqui :P

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  2. Não sei se se aplica um não definitivo a esta situação. São ambos cagarolas, cobardes, têm medo do que já viveram e não confiam que ambos possam ter aprendido a lição no entretanto.
    Mas, também há o outro lado: testar para ver e estragar tudo ou deixar andar assim, com aquele sentimento bem vivo, mas sereno?
    O amor é para os corajosos, sim. Para amarem e se deixarem amar. Para os corajosos e para os que sabem fazer chinfrim... alarido. Que se fodam os silêncios. Não servem de nada a não ser para criar arrependimentos com o que não se fez enquanto se estava caladinho...
    Entendes? Entendes, pois!
    E mais vale um coração partido por uma certeza do que um que se vai partindo sem se saber ao certo porquê...
    Beijo.

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  3. ó minha carangueja com este teu comentário saiste da carapaça!!!!! :))


    CLAP CLAP CLAP = som das minhas palmas cheias de entusiasmo...há esperança para que os caranguejos se mostrem UFAAA :))

    Entendo sim :) Bom fim de semana :))

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  4. Não sei se a "história" existe ou não. É-me indiferente. É curiosidade que "não me assiste".

    Sei apenas que o texto é GENIAL!

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  5. Maria,
    Saí? Porquê?
    Acho que o que mostrei foi uma grande confusão de ideias quanto a esta situação... Isto de quem vê de fora...
    Mas, obrigada na mesma!
    (vou-me recolher só um cadito que faz frio cá fora...)
    ;)

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  6. AR,
    Envergonhada até à raiz dos cabelos todos mas contente que nem macaco com banana nova! :D
    Muito, muito, obrigada! Vénia, Mestre!

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  7. A semana passada fui para o trabalho de transportes.

    Entrei no metro e perguntei a uma senhora que estava sentada ao meu lado se estava a ir na direcção correcta. Queria ir para o rato. Ela responde timidamente que sim. Mas na realidade para onde eu queria ir era para a rata.

    Discretamente comecei a encostar-me mais a ela e coloquei a minha mão "sem querer" na perna dela. Ela estremeceu e mexeu ligeiramente a perna. Estava a espera de levar com um murro na cara, ou até ser insultado várias e de múltiplas maneiras. Mas não. Ela ou gostou ou sentia-se demasiado envergonhada.

    Eu apertei ligeiramente a mão. Conseguia sentir por baixo do vestido que trazia uma meia com renda. Apertei mais.

    Ela não se mexia nem um milimetro.

    O cagão que estava sentado a nossa frente levanta-se e sai no Picoas.

    Olho para ela e inclino-me:
    - Este vestido fica-lhe a matar. Não consigo resistir. Estou apaixonado!
    - Não seja inconveniente. Está-se a aproveitar
    - Não está a gostar, peço desculpa - Tiro a mão.
    - Mas, porque tirou a mão? Eu não disse que não estava a gostar

    A esta altura a velha que estava nos lugares ao lado olhava para nós com cara de caso. De reprovação. Claramente

    - Ouça, estamos quase a chegar ao rato e gostaria imenso de lhe pagar um Café. Ou um pequeno almoço. - Eram 4 da tarde.
    - Sabe, posto dessa forma não tenho forma de recusar. É injusto.

    Saímos no Rato e fomos ali a um café todo catida. Bebemos um café excelente e depois de acabarmos tinha-mos de ir embora. Ela ía tratar de umas compras. Eu ía para casa.

    eu: - Gostei muito deste bocadinho. Temos de repetir. Que achas?
    - Acho muito bem. Ainda me lembro da cada da velhota no metro. Ela topou-nos bem
    - Também notas-te
    - Sim
    - Eu acho que ela percebeu a nossa quimica
    - Sem dúvida
    - Posso?
    - Isso pede-se?

    E beijo-a apaixonadamente. Um beijo longo, daqueles que faz com que os transeuntes pensem ou digam "arranjem um quarto pá".

    eu: - Beijas bem
    - Tive um bom professor.
    - Então até já
    - Sim até já. Por falar nisso quando chegares a casa estende a roupa que lavou durante a noite que eu não tive tempo, e aquece a comida que está no forno para ti e para a miuda que eu hoje devo chegar tarde.
    - Ok amor. Ate logo.

    Só mesmo para dizer que a vida é muito mais bonita quando se o vive com alguma fantasia a mistura e com quem se ama.

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  8. Olhó Tarado! Há quanto tempo!
    Isso é tudo muito bonito e, por mais, de elogiar. Casais assim... Há poucos.
    Para o caso em mãos, apenas vejo que se aplique a parte da fantasia porque em termos de partilha, não parece que haja. O pessoal é, por norma, totó. Mas há quem seja teimosamente totó. Enfim. Cada um escolhe o seu caminho e tem de o percorrer como melhor sabe. Talvez um dia se cruzem novamente!
    Até lá, tu continua nessas viagens de metro... ;)

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  9. Se não levo o carro para o trabalho o Patrão ainda mo tira :) E eu gosto de poder usar o carro da empresa em trabalho... familiar durante o fim de semana :D

    Pois é... estou de volta. Aos poucos porque isto anda movimentado. Amanhã lá mais para a tardinha vai à nossa explanada para saberes das novidades :)

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  10. Esplanada? Boa ideia! Tenho de montar aqui uma coisa destas para quem apenas quer passar numa de cuscar!
    Cá fico à espera! :)

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