20.7.11

Tenho um Ferrari.

imagem: google 
A propósito de limpezas…
Me – Tens aspirador?
Incauto conviva não-proprietário de aspirador – Não…!
Me – Ahhh…! Então não sabes a dificuldade que é escolher um como deve ser! Qual a potência… se é por filtro de água… qual o tamanho… a cor… Não é fácil escolher aspirador que nos encha as medidas!
Incauto conviva não-proprietário de aspirador – Ahhh… pois… Não sei.
Me – O meu aspirador é um espectáculo. Quase que tem mudanças. Aquela merda é o Ferrari dos aspiradores!
Incauto conviva não-proprietário de aspirador – Ferrari?!
Me – Sim. Daí estar sempre na garagem. Não o quero estragar.
Incauto conviva não-proprietário de aspirador – !!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! 
Não é fácil a vida de Proprietária de Imóvel. Não é fácil.

13.7.11

Eu?! Sim, eu. Foda-se.

imagem: google

Sou uma intolerante-radical-obtusa-teimosa.
Sou obtusamente teimosa em relação a certas convicções e crenças, em relação a certas formas de estar e sou capaz de quase tudo para defender o meu direito a bater o pé, colocar mão na anca e apontar dedo quando acho que tais coisas não estão a ser respeitadas pelos outros.
Mas então não é que – granda merda – de vez em quando me encontro a fazer tudo isto a mim mesma como se eu fosse um qualquer fedelho mal criado que me tenha atroplado o dedo grande do pé com o seu triciclo GT?  
Sim, é triste mas verdade. Algumas das maiores desilusões que sofremos na vida são por culpa exclusiva nossa (foda-se). Filhas da puta das expectativas que vamos criando e alimentando como se fosse o fim do mundo. Pegam-se nas palavras dos outros e nos nossos próprios desejos e criam-se as pequenas cabras com o maior desdém por tudo quanto seja racional e lógico. Até lhes fazemos festinhas, não vão as parvas fazer birra. Abraçamo-las com todo o amor e carinho, esquecendo exactamente de onde veio a semente que lhes deu vida (de lado nenhum, claro… abençoada imaculada concepção…).
Somos uma cambada de totós. Dos grandes.
Ok. É inevitável. É quase impossível não se criarem expectativas em relação a seja o que for; é quase impossível não deixarmos que a nossa imaginação leve a melhor e construa, ela própria, certos castelos no ar (que românticos somos quando deixados sozinhos com os nossos próprios pensamentos…). É muito difícil mantermos um certo espaço em aberto para certos devaneios do tipo: então e onde é que está o fundamento disto? Então e onde é que fui buscar esta ideia?? ‘Tão e quem foi que me disse isto?! Foda-se! Atão e onde fui eu buscar esta puta de ideia mais absurda, porra?!?!!?
E depois, quando os castelos vêm por aí abaixo aos trambolhões e nos enchem a boca e as virilhas de areia, isso é que é ganir e perguntar “Mas o que fiz eu para merecer isto?!” (É, né? Não é assim que a história acontece?). Colocamos as culpas nos outros, reclamamos, brigamos, discutimos, apelamos aos mais nobres dos sentimentos, fazemos birras, partimos louça e apanhamos grandes bebedeiras – tudo porque achamos que não merecemos, que não fizemos nada de mal, que tudo nos terá acontecido sem termos palavra na questão.
Somos uma cambada de totós. Dos muita grandes.
Não há, de facto, remédio contra estes males. Talvez a única coisa que resta fazer (e tendo por base que não nos vamos todos fechar ao mundo ou passar a viver a vida como se fôssemos uns cepos…) é tirar um momento para pedirmos desculpa a nós próprios, aceitando as nossas culpas em todo o processo e prometer que tal não voltará a acontecer da mesma forma novamente (promessas!).
As coisas não nos acontecem pura e simplesmente. Fazemos para que aconteçam – seja de forma mais directa ou indirecta, mas fazemos. Seja por fazermos muito, pouco ou até por deixarmos andar, mas fazemos. A inacção é figura de estilo. A culpa é nossa. Sempre. Sejam quais forem os outros intervenientes, seja qual for a situação, temos sempre quota-parte de culpa que teremos de assumir para que tudo possa tomar uma perspectiva menos assassina para com os outros, para com o mundo, para connosco.
É fodido de admitir, mas quando se olha à volta e não há mais quem culpar, talvez olharmos para nós próprios não seja má ideia. Um espelho ajuda. Acreditem (ouvi dizer… contaram-me…).

11.7.11

Derby na Figueira da Foz

imagem: telelé

Semana passada, oito da noite, Figueira da Foz, restaurante “Mar à Vista” (na muralha, do lado oposto ao relógio – quem souber, sabe, porra).
Depois de ter entrado e ter reparado em aviso (para além do acima exposto) que dizia não haver multibanco, dirigi-me a senhora sentada atrás do balcão e…

Me – Boa noite! Não tem mesmo multibanco, né?
Dona do Estabelecimento – E a menina quer multibanco para quê?
Me – Ahhh… para pagar o jantar…
Dona do Estabelecimento – Para quê se só servimos almoços?
(1-0 – Vence Dona do Estabelecimento)
Me – Ahhhh… almoços… Então e se for só para petiscar? Não tem nada?
Dona do Estabelecimento – Tinha aí uns caranguejos mas dei-os há aí uns dez minutos. Como não apareceu ninguém, dei-os.
(2-0 – Vence Dona do Estabelecimento)
Me – Oh. É pena! O seu restaurante foi-me recomendado! Não tem mesmo nada?!
Dona do Estabelecimento – Não. Não tenho ninguém para trabalhar, por isso, não há jantares.
Me – Ahhhh! Então e pode recomendar algum sítio para jantar?
Dona do Estabelecimento – Não.
(3-0 – Vence Dona do Estabelecimento)
Me – Não?
Dona do Estabelecimento – Não. Ouve dizer-se tanta coisa. Ele há com cada coisa que acontece por aí… Depois a menina ia a um sítio qualquer, era mal servida e a culpa era minha!
Me – Ahhh… Vá lá… Diga lá um sítio onde se possa ir petiscar um marisco bom.
Dona do Estabelecimento – Marisco? Aqui? Não há.
(4-0 – Vence Dona do Estabelecimento)

Lá a consegui convencer a dar-me o nome de sítio para jantar. Tudo a muito custo, claro.
No dia seguinte, voltei lá aí às três da tarde. Reconheceu-me.
Depois de lhe ter atirado um grande sorriso e um grande Olá!...

Me (para rapariga atrás do balcão) – Olá. Almoçar. Sei que servem almoços. O que há?
Rapariga atrás do balcão – Sardinhas. Só servimos sardinhas.
(5-0 – Vence Dona do Estabelecimento)
Me – Mas está ali a dizer que têm caracóis… caranguejos…
Rapariga atrás do balcão – Vou ver.
Quando voltou…
Rapariga atrás do balcão – Caracóis. Pode ser.
(5-1 – É a recuperação!!!)
Me – E caranguejos?
Rapariga atrás do balcão – Não há.
(6-1 – Vence Dona do Estabelecimento)
Me – Ok. Então, caracóis e pão torrado. Só um bocadinho.
Rapariga atrás do balcão – Não há pão.
(7-1 – Dona do Estabelecimento esmaga tentativa de recuperação)
Me – Não há pão?!
Rapariga atrás do balcão – Vou ver.
Me – Ok…
Rapariga atrás do balcão – Há broa.
(7-2 – Ponto da honra)
Me – Pode ser!!!! Torrada?!
Rapariga atrás do balcão – Vou ver.
Me - !!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
Rapariga atrás do balcão – Pode ser.
(7-2.5 – Meio ponto por insistência)
Me – Então… caracóis, broa torrada e imperial. Sim?!
Rapariga atrás do balcão – Sim.

Após comezaina, fui para pagar a conta. Estava o “staff” a almoçar.

Me – Era para pagar…
Dona do Estabelecimento – Hmmm…. Dois… três… Quantos caracóis?
Me – Duas doses.
Dona do Estabelecimento – Imperiais?
Me – Duas.
Dona do Estabelecimento – Manteigas?
Me – Três.
Dona do Estabelecimento – Dez euros.
Me – Sim, senhora!
Dona do Estabelecimento – Então e sempre foi onde lhe disse? O que comeu?
Me – Fui. Comi umas sardinhas escaladas assadas com…
Dona do Estabelecimento – O quê?! Escaladas e assadas?!?!
Me – Sim…? Com uma espécie de caldeirada de berbigão por cima e batatas cozidas. Muito bom, por acaso.
Dona do Estabelecimento – Hmmm…
Me – Nunca tinha provado…
Dona do Estabelecimento – ‘Tá. Parece bem. Eles lá servem bem.
(8-2.5 – Fim de jogo)
Me - !!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

E lá nos despedimos.
Os caracóis estavam surpreendentemente bons (arrisco dizer dos melhores que já comi fora de terrenos Ribatejanos ou Alentejanos…). A broa? Quentinha e torradinha.
Apesar dos apesares, volto lá assim que puder. Há que ter sentido de humor e a Dona Isabel, dona do estabelecimento “Mar à Vista”, tem-no em sobra (incluindo sorrisinho malandro e olhos vivos que mostram mais do que deviam).
Se calhar, e pensando bem, para a próxima levo mas é farnel não vá a Dona Isabel ter dado toda a comida que por lá tem antes de fechar à hora de jantar…
Visitem, mas não digam que vão da minha parte se não a coisa pode correr mal (ouve dizer-se tanta coisa!!!) e depois a culpa é minha!!

2.7.11

Metaforizando é que a malta de entende.

imagem: google

Estão a ver quando acontece estarmos com aquela irreprimível vontade de ir à casa de banho mas temos de aguentar e aguentar até começarmos a suar e a mudar de cor e tudo no mundo se resume a visões dantescas da vergonha que se vai passar se dentro dos próximos trinta segundos não houver casa de banho na qual descarregar tal necessidade irreprimível?
Estão?
E estão a ver aquela sensação de puro alívio e paz, em que a mente se esvazia (a mente e não só…), em que o corpo relaxa e em que se torna impossível pensar seja no que for a não ser naquela tranquilidade absoluta que nos avassala o corpo?
Estão?
Pois, então.
Eu acho que o amor é isso. Ou podia ser descrito como sendo isso.
Não o antes, claro. Não aquela primeira parte em que tudo se resume a formas criativas de se evitar profunda dor e vergonha, mas o depois. O depois de se conseguir arranjar forma de fazer com que o desconforto desapareça. Aquela paz. Aquela espécie de dormência que nos invade o corpo, nos fecha os olhos e abre a boca, que nos faz inspirar e esquecer que uns meros segundos antes, o mundo parecia estar a querer explodir por orifício demasiado pequeno para tal responsabilidade.
Sim, acho que o amor é (ou devia) ser isso.
Por isso, da próxima vez que precisarem de evacuar certas reminiscências do normal funcionamento do vosso corpo, lembrem-se que daí a pouco tempo poderão estar a ter uma das melhores sensações extrapoladas do mundo e que nem a possibilidade de não haver papel higiénico no rolo, toalha no toalheiro ou bidé na casa de banho interessa, pois quando se trata de dar ao corpo o que ele precisa, quem se preocupa com pequenos pormenores desse tipo antes de se atirar de cabeça (ou cu) para local tão desejado?
Ninguém!